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18 de outubro de 2019

Mané, um maná no deserto da riqueza


Quem vai acompanhando o futebol profissional mundial, sabe que Sadio Mané, senegalês de 27 anos, é uma das grandes figuras da equipa inglesa do Liverpool, vencedora da última Liga dos Campeões e actual líder isolada da Premier League.

Bastará isso para perceber que não sendo um Lionel Messi ou um Cristiano Ronaldo, ou outros que tais, é um profissional da bola pago a peso de ouro. Por isso têm corrido de forma viral pelas redes sociais e na imprensa, algumas das frases extraídas de uma entrevista que deu ao sítio nsemwoha.com, nomeadamente, em resposta à pergunta, porque ganhando tanto (diz-se que 680 mil euros mensais) levava uma vida modesta e sem exibição de luxos?

Respondeu: "...para que quero 10 Ferraris, 20 relógios com diamantes e dois aviões? Que faria isso pelo mundo? Eu passei fome, trabalhei no campo e sobrevivi a tempos difíceis, joguei descalço e não fui à escola. Hoje com o que ganho posso ajudar muita gente."

E continua: "...no meu país, Senegal, construí escolas, um campo de futebol, ofereço roupas e calçado, alimentos para pessoas em extrema pobreza. Dou ainda mensalmente 70 euros a todas as pessoas de uma região muito pobre do Senegal para contribuir para a sua economia familiar".

Como se percebe, ainda há muita gente que valoriza esta atitude e a realça, nem que seja de forma automática pelas redes sociais. Ou seja, as pessoas percebem o alcance desta postura de alguém que tendo origens na pobreza e tendo a felicidade de ascender a uma posição ou profissão muito bem paga a aproveita para de forma humilde e despojada ajudar quem mais precisa na sua terra, deixando para plano secundário os aspectos de uma vida de luxo e extravagância, tão característica das estrelas mundanas.

Ora se o Sadio Mané faz isso e tem essa consciência humanista, leva-nos a pensar que com muito mais condições, porque infinitamente mais ricos, poderiam também fazê-lo figuras como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, entre muitas outras tanto no mundo do desporto como do espectáculo, etc. Mas mesmo com boas vontades como as do Mané e de muitos outros, a verdade é que a extrema pobreza existe porque em contra-ponto existe a extrema riqueza. Esta de poucos se comparada com aquela, de muitos mais.

É claro que esporadicamente vai-se noticiando que figuras como Messi e Ronaldo, apesar da sua ganância que os leva a fugir ao pagamento de impostos e daí condenados, têm ajudado muitas pessoas e contribuído para organizações, muitas vezes de forma anónima. Claro que têm todo o direito elegitimidade a ter uma vida compatível com o que ganham, por isso de luxo e milionária, mas, mesmo assim, e no caso de Ronaldo, tomado como mero exemplo e porque com luxos e extravagâncias mais divulgadas e mesmo ostentadas, afigura-se-nos como imoral que alguém tenha tanto e de forma tão extravagante e desnecessária, imensamente acima do que precisa para ele e para os seus mesmo que num padrão de muito alta qualidade de vida, pelo que apetece perguntar: No que daria para ajudar pessoas e instituições, um dos seus muitos carros, um dos seus iates, um dos seus muitos relógios de ouro e diamantes, uma das suas muitas casas?

Mas, em tudo isto, e aparte o mero exemplo de alguém apenas porque  é conhecido à escala global, não são culpados nem de longe nem de perto, todos os Cristiano Ronaldos e Messis deste mundo, nem muitos outros bilionários, nem têm eles por si só obrigação de o salvar, mesmo que pudessem (para além do que darão), dar imensamente mais a pessoas e a entidades que zelam pelas pessoas.
A verdadeira culpa é de toda a sociedade, como um todo, que ajuda e permite que indústrias como o desporto, de modo particular o futebol, o espectáculo, o entretenimento, etc,  paguem estas imorais exorbitâncias, como 100 ou 220 milhões por um futebolista (que dizem que custou Neymar ao Paris Saint Germain), acrescidos de ordenados de milhões anuais, e muito, muito mais.

Em resumo, nesta sociedade capitalista e consumidora reside em muito a justificação para que 1% da população detenha 80% da riqueza mundial. Esta é que é a imoralidade e para ela, em muito, contribuímos porque vamos todos contentes pagar bilhete para ver uns artistas pagos a peso de ouro dar uns pontapés na bola, pagar bilhete para ver uma banda ou um artista musical que está na onda, mas em muitas mais opções meramente consumistas que ajudam a alimentar grandes lucros de grandes indústrias, mesmo a desportiva.

Mas é o que temos e estes exemplos como os de Sadio Mané, são mesmo lenitivos que fazendo a diferença para quem os recebe, sem dúvida, mas que se mostram insignificantes na escala do que é necessário para que pelo menos se erradique a extrema pobreza.

Mas Sadio Mané dá um exemplo a seguir a todos os que como ele ganham milhões, que podem ajudar de forma decisiva muita gente, apenas a troco de prescindir de alguns excessos. O excesso aqui deveria ser apenas o de bondade e humanismo. Tão só.

3 de outubro de 2019

2 de setembro de 2019

Singularidades da bola


O futebol, já se sabia, é prodigioso em coisas mirabolantes. Apesar da sua secularidade, é ainda um poço de surpresas e quando pensamos que já vimos tudo, eis que se nos escancaram novas surpresas; Algumas de fazer sorrir, outras de arregalar os olhos pelo ineditismo.

Para justificar a introdução, basta analisar as particularidades ou mesmo singularidade dos jogos desta última jornada do nosso campeonato em que estiveram envolvidas as equipas dos chamados "três grandes".

- No Sporting- Rio Ave (2-3), o defesa-central Coates foi um autêntico rio de asneiras de que resultaram outros tantos penalties e a sua expulsão, promovendo a vitória inédita (pelos penalties) dos de Vila do Conde, para mais num jogo em que esperavam os sportinguistas a consolidação do lugar de líder na tabela classificativa na frente dos rivais. Como dizem alguns adeptos leoninos, mais valia que o uruguaio fosse expulso logo na falta do primeiro penaltie;

- No F.C. Porto - V.Guimarães (3-0), a equipa da casa viu-se em vantagem numérica logo nos primeiros segundos do jogo. Não terá sido inédito (dizem que o record refere-se a uma expulsão aos 3 segundos num jogo nas divisões inferiores em Inglaterra, e mesmo aos 2 segundos em Itália, por insulto ao árbitro), mas estará seguramente entre os mais rápidos, pelo menos em Portugal e com referência ao tempo da partida. Certo é que com a vantagem de apenas um golo conseguida depois da superioridade de unidades, os "dragões" viram a vida facilitada e subiram a parada para 3-0 já depois dos vitorianos estarem a jogar com apenas 9 jogadores. Dizem que, apesar disso, não foi fácil. Pois não. Talvez se fosse contra 8...

- Finalmente, no S.C. Braga - S.L. Benfica (0-4), apesar de incontestável o resultado (fácil num jogo teoricamente difícil), não deixa de ser significativo que os dois últimos golos dos encarnados tenham sido auto-golos dos bracarenses. Não havia necessidade nem fizeram falta mas ajudaram a expressar a goleada.

- E porque os "pequenos" também são grandes, merece nota o Tondela - Santa Clara (0-0) com os serranos a falharem dois penalties, desperdiçando assim a vitória e 2 pontos. O culpado, logo se vê, é o treinador.

- Como se vê, houve de tudo e faria mais sentido se em vez de um período de final de férias estivéssemos em plena época de Carnaval ou mesmo no dia das mentiras. Mas o futebol é isto e para além das "tragédias" não faltam as "comédias", o que só confirma a sua teatralidade.

25 de agosto de 2019

Tempos....


Parabéns ao F.C. do Porto pela vitória de ontem frente ao Benfica. Não vi, mas pelo que dizem e escrevem, foi sem "espinhas" e , melhor do que isso, ou por isso, sem polémicas.

No futebol há tempo para ganhar, tempo para perder, tempo para estar ora por cima, ora por baixo, tempo para a alegria, para a tristeza e frustração. Há igualmente tempo para reconhecer o valor e mérito do adversário embora este seja escasso. 

Não deveria haver tempo para o confronto, para a desconsideração e para a falta de respeito com picardias e mesmo provocações gratuitas. 
Aquele ou aqueles que reconhecem os tempos adequados, são os que fazem jus ao conceito de desportista. Os demais, são meros arruaceiros,  que pouco ou nenhum respeito merecem, mesmo que fiquem contentes consigo próprios. Infelizmente, estes são cada vez mais e os outros cada vez menos. De resto, nem surpreende já que os maus exemplos vêm de cima, de quem deveria promover os bons. Ora quando assim é...

Seja como for, é apenas um jogo de futebol, mesmo que quem nisso veja apenas uma guerra de tronos e um caso de vida ou de morte.

11 de junho de 2019

Justiça (im)popular

Da imprensa:
Cerca de 200 adeptos do FC Porto reuniram-se na tarde desta segunda-feira (10 de Junho)  junto ao Palácio da Justiça, no Porto. Os manifestantes protestavam a condenação da SAD do FC Porto a pagar cerca de dois milhões de euros por causa da divulgação dos emails do Benfica"

Se a Justiça não nos agrada nas suas decisões, nada como convocar uma manifestação de "indignados". Diz-se que terão sido 200, mas podiam ter sido mais, os adeptos do F.C. do Porto sedentos por justiça popular. Por eles, o Benfica já não existia ou estaria na competição distrital e todos os seus dirigentes, "esses bandidos", estariam há muito a penar na prisão. 

Sendo certo que nem sempre a Justiça será justa, é com ela que se governa e com ela que supostamente funciona um Estado de Direito. Ademais, o que seria da coisa se todos os dias tivéssemos à porta dos tribunais pessoas enfurecidas em manifestação pela condenação dos seus familiares e amigos? 

Em todo o caso, todos sabemos que nisto de decisões do tribunal a coisa tem sempre muito pano para mangas e naturalmente há uma carrada de recursos disponíveis para ambas as partes, sendo que esta primeira decisão não deixa de ser um aviso sério à navegação, porque nem tudo pode servir de justificação, e um crime nunca justificará outro. Mas há quem pense que sim, invocando, em interesse privado, o "interesse público", esse matulão abstracto de costas largas que bem pode arcar com os  ódios e vinganças entre clubes.

26 de março de 2019

Estamos no bom caminho

A selecção portuguesa de futebol, porque nacional deixou de o ser já há algum tempo,  arrancou a fase de apuramento para o Europeu de 2020 com dois empates caseiros, precisamente contra os principais concorrentes no grupo, Ucrânia e Sérvia. Estamos, pois, no bom caminho para o apuramento e menos do que isso não se espera à ainda campeã em título. 
Sem ironia, porque faz sentido que se conquistamos o Europeu de 2016 com exibições medíocres e pouco futebol, alguma ou mesmo muita sorte e um grande coelho final de uma cartola improvável, com estes dois empates Portugal mantém-se fiel a esse futebol super canalizado para Ronaldo. Após a sua saída no jogo de ontem por lesão, a selecção até jogou um pouco melhor, mas ainda assim insuficiente para dar a volta.
Fernando Santos, o treinador, diz que vamos ganhar à Ucrânia e à Servia e com isso conquistar o primeiro lugar no grupo, mas parece-nos que é apenas mais uma das suas católicas fezadas. Oxalá que sim, que tenha razão, mas para que isso aconteça os nossos rapazes e os brasileiros vão ter que jogar um pouco mais.
Todavia, pelo menos por mim, antes Portugal ficar pelo caminho que uma dor de dentes. É apenas futebol.

12 de março de 2019

Veteranos do Carrasqueira, 2 - Belenenses SAD, 2

Sabemos que o futebol é pródigo em surpresas e em anedotas. O Youtube está repleto desses momentos. Todavia, quando num jogo de extrema importância, com a casa cheia, contra um adversário de valia que já foi do Belenenses, um clube chega à vantagem de dois golos, já na segunda parte, e depois em escassos minutos comete duas gordas fífias, duas infantilidades, que já seriam anedóticas num jogo de iniciados ou de veteranos barrigudos, a ponto de se deixar empatar e com isso perder a possibilidade de continuar isolado no primeiro posto da classificação, não tem desculpas. Mais do que isso, não merece que o mais humilde adepto, mesmo que recostado sem custos no seu sofá, perca tempo e fique desconfortável com esse balde de água fria que até os rivais surpreendeu. 
Pode-se perdoar um ressalto que se desvia, um corte involuntário, etc, etc, mas asneiras como as que fizeram o guarde-redes e o defesa central do Benfica não têm justificação a este nível e um clube que assim desperdiça uma vitória numa altura crucial da competição só pode merecer não ganhar merda nenhuma. Há mínimos, até porque acreditava eu que tínhamos esquecido a derrota em Portimão por 2-0 sem que o adversário tenha marcado qualquer golo.
O Youtube não precisava de mais estas pérolas. Vão-se foder!

11 de fevereiro de 2019

Significâncias

A expressiva vitória de 10-0 do Benfica sobre o Nacional da Madeira, em jogo de ontem ao fim da tarde, não tem nada de especial sob um ponto de vista de apenas números. Sabe-se que em futebol estes resultados, ou similares, acontecem. Não todos os dias, pois não, mas acontecem, principalmente quando a meio minuto de jogo já se está a perder. E se as diferenças de qualidade técnica e de orçamento entre Benfica e Nacional são notórias e de algum modo atenuantes ou justificáveis para o desnivelamento do resultado, ainda no mesmo dia de ontem, em Inglaterra o Manchester City aplicou 6-0 ao Chelsea, sendo equipas notoriamente parecidas no seu poderio técnico e económico. Por isso.

Creio que, como adepto do Benfica, mais significativo que o 10-0, é o facto do clube estar a jogar bem melhor, a recuperar nitidamente e sobretudo a dar espaço, lugar e tempo a jogadores da formação. Mais significativo é o facto de no mesmo jogo de ontem, se não estou em erro, ter feito alinhar sete jogadores portugueses. Como contrapartida, e também significativo, o rival F.C. do Porto por estes dias chegou a jogar sem um único português. 
Bem sabemos que estas significâncias pouco ou nada valem nos dias de hoje e os adeptos querem é títulos e campeonatos nem que os jogos sejam ganhos por 11 marroquinos ou 11 brasileiros, sem desprimor para estes.

Em todo o caso, face ao contexto económico dos clubes portugueses, que vivem na generalidade acima das possibilidades, seria positivo que mudassem alguns paradigmas, mesmo que com algum prejuízo desportivo no imediato mas certamente com vencimento de juros a médio e a longo prazo. Mas sim, é uma quimera e vai continuar a ser mais do mesmo. Significâncias, apenas.

15 de janeiro de 2019

Futebóis


O F.C. de Arouca está à 17ª jornada do Campeonato da II Divisão, chamado Liga 2, no último lugar de uma tabela de 18 clubes. Depois de um brilharete que o conduziu à 1ª Liga e por onde se aguentou durante quatro épocas, está agora numa posição difícil que a não inverter-se na 2ª volta da competição o empurrará para uma divisão inferior e com isso o regresso à normalidade de um clube de um concelho ainda muito interior e com baixa densidade populacional. 

Mas o nosso C.D. Feirense, ainda na 1º Liga, não está melhor e se a 2ª volta da prova for mais do mesmo, a 2ª Liga é já ali ao dobrar da esquina. Não particularizando nem generalizando, este tipo de clubes muito suportados por apoios de empresários locais, quase numa lógica familiar, e de fortes investimentos, transparentes ou disfarçados das Câmaras Municipais, podem fazer uns brilharetes mais ou menos efémeros mas a normalidade tende a ser as divisões secundárias. De resto alguns clubes de grandes e médias cidades, e que já foram presença habitual nas principais provas do nosso futebol, andam por aí a amargurar em divisões inferiores, quiçá em campeonatos distritais. Exemplos como o F.C. Arouca e Tondela são excepções e condenados a curtos reinados. 

Mas é apenas futebol e este há muito que deixou de ser e pertencer ao povo e nalguns casos aos clubes. Agora a lógica é a do dinheiro e dos interesses de investidores abrigados pelas SADs desaculturados da cultura geográfica e social das cidades e municípios onde têm sede. O futebol do povo, das sandes de couratos e porradas nos árbitros e algum amor às camisolas ainda pode residir nos distritais mas também esse já teve melhores dias no que a clubismo diz respeito. 

Sinais dos tempos em que os interesses das massas andam por outros campos. Mas mesmo sem futebol na 1ª ou 2ª Ligas, Arouca terá sempre fortes motivos de visita. De resto, sendo visitante frequente, nunca lá fui arrastado pelo futebol. Um bom assado no forno, de vitela arouquesa foi sempre um futebol mais entusiasmante.

26 de dezembro de 2018

Natalidades


Fiquei comovido com uma pequena reportagem da RTP sobre o espírito de Natal, com alguns dos nossos clubes de futebol a participarem em campanhas solidárias. Alguns dos seus treinadores e jogadores a dizerem coisas bonitas de saúde, paz e amor. Bonito. Até uma "invasão" de crianças à Academia de Alcochete.
Pena, porém, que para que este espírito seja perfeito e sincero só ficarem a faltar 364 dias, aqueles em que a tónica é novamente a guerrilha, a desconsideração, o desrespeito e mesmo até o desprezo uns para com os outros, até mesmo entre adeptos. E por estas redes sociais ao longo do ano vai sendo destilado muito desse quase ódio.
Mas anormal seria que assim não fosse. O Natal serve para realçar o lado bom das pessoas mas simultaneamente, como contraponto, o nosso lado mais negro e hipócrita.

31 de outubro de 2018

39


O Guisande Futebol Clube foi formalmente constituído como associação em 31 de Outubro de 1979, com o objectivo de promoção desportiva, cultural e recreativa. Em rigor hoje é o seu 39º aniversário e para o próximo ano será com conta redonda a representar quatro décadas. Todavia, este 39º aniversário é de algum modo emblemático mas triste porque em rigor o clube está inactivo desde há alguns anos, por isso sem actividade e sem corpos directivos. 

Felizmente, tem estado activa uma equipa designada de Veteranos Guisande F.C. que tem participado no campeonato da Associação de Atletas Veteranos de Terras de Santa Maria, uma organização fora do âmbito da Associação de Futebol de Aveiro, mas que de forma meritória tem reunido um bom conjunto de clubes da nossa região numa competição muito positiva sobre vários aspectos para além dos da própria competição. 
Embora de forma não oficial, reconhece-se esta equipa dos veteranos como a legítima representante do clube e que o tem dignificado com um lote de bons atletas e gente com paixão pelas suas cores e pelo seu passado. De resto, inicialmente houve a vontade e a intenção do grupo em regularizar a situação do clube, mas por impedimentos vários, desde logo os compromissos financeiros para com a Associação de Futebol de Aveiro (que se mantêm), tal não se concretizou. 
A equipa tem vindo a utilizar as instalação do Campo de Jogos Oliveira e Santos e tem assegurado a sua manutenção, no que é de louvar.

Neste contexto que, reconheça-se, não é o melhor, é sempre importante pelo menos lembrar as datas significativas, como o aniversário da fundação, porque fazendo-o lembramos o esforço e dedicação de muitas pessoas que ao longo dos tempos, mesmo antes da fundação, deram muito à história do clube. De algum modo, com esse propósito tenho procurado pelo menos trazer à memória alguns momentos e aspectos documentais ligados ao clube, como os que aqui tenho vindo a escrever.

Quanto ao futuro, é imprevisível porque para além da situação presente as expectativas não são de facto as melhores e o contexto de uma União de Freguesias centralizadora e sem sensibilidade para as questões identitárias, só veio piorar a situação mesmo quando em teoria seria para melhorar.
Para além disso, cada vez mais se nota um desligamento das pessoas aos actos de cidadania inerentes a uma sociedade e comunidade e poucos são os que pretendem investir o seu tempo e muitas vezes o seu dinheiro em dinâmicas associativas que na maior parte das vezes são desvalorizadas, desconsideradas e até mesmo criticadas, o que é duplamente penalizador para quem tem a ousadia de se integrar num qualquer grupo associativo a favor da comunidade. É que, infelizmente, em Guisande ainda há muitos que pouco ou nada fazem mas muito criticam. E pior do que isso, nem fazem nem deixam fazer e minam mesmo o trabalho, esforço e dedicação de quem se aplica. Mas, mesmo que eventualmente pintada com cores pessimistas, em grande medida é esta a nossa realidade e temos que saber viver com ela e esperar que das novas gerações surja a curto prazo um envolvimento e interesse pelas coisas da sua terra, o que, diga-se, não é muito expectável.

7 de outubro de 2018

Veteranos Guisande F.C. - Arranque em grande


Com duas vitórias em outros tantos jogos, a equipa dos Veteranos Guisande Futebol Clube começou em grande a época 2018/2019 do Campeonato da Associação de Atletas Veteranos das Terras de Santa Maria
Vitória em S. Roque, por 0-1, a abrir o campeonato e neste sábado, 7 de Outubro, nova vitória, caseira, frente ao Cucujães, ocupando e dividindo o 1º lugar da tabela com o S. João de Ver.
Na próxima jornada, no próximo sábado, 13 de Outubro, o clube auri-negro visitará os Sandinenses, actual "lanterna vermelha"..

27 de setembro de 2018

The Best - Ora bolas


A avaliar pelas opiniões e comentários expressas nos média online e redes sociais, parece que muita gente ficou desiludida ou até mesmo revoltada com o facto de Cristiano Ronaldo ter perdido o troféu de melhor futebolista mundial pela FIFA, para o seu ex-colega de equipa no Real Madrid, Luka Modric.
Certo é que depois do croata ter vencido recentemente o troféu de melhor jogador para a UEFA, adivinhava-se que Ronaldo não teria hipóteses de somar o seu sexto troféu (tem 5 tal como Lionel Messi). 

Pode ser apenas uma teoria, mas o facto de Cristiano Ronaldo ter deixado o Real Madrid no contexto em que o deixou, pode ter feito toda a diferença. Há quem garanta que se o CR7 ainda estivesse no Real o troféu não lhe fugiria. Não custa nadinha a acreditar.

Certo é que, como Messi, que nem sequer estava nomeado, Cristiano Ronaldo certamente pré-avisado do resultado, nem se dignou a aparecer à cerimónia. Verdade se diga, para além de todas as grandes qualidades de Ronaldo, tanto quanto atleta como homem, o saber perder nunca foi uma das suas boas qualidades. Daí, mesmo que com as habituais e legítimas desculpas, acabou por não aparecer. Ora é bom saber ganhar mas mais importante saber perder, independentemente dos critérios e do sentido de justiça da atribuição do troféu a Modric.

Pessoalmente acho sempre uma piada que os defensores de Ronaldo esgrimam a seu favor o número de golos e de títulos. Ora por estes critérios, pode-se pôr de lado a possibilidade de atribuição do troféu a um jogador na posição de defesa e mesmo a um guarda-redes (coitados, poucos ou nenhuns golos marcam). Por conseguinte, dito isto, creio que a atribuição de tal troféu não pode de todo corresponder tão somente aos golos e aos títulos mas à classe e qualidade intrínseca de um futebolista, em suma, a genialidade (no que Messi tem de sobra). Ora a conquista do "The Best" por Luka Modric veio de alguma forma fazer jus ao nome do troféu, mostrando que os golos não podem nem devem ser factor decisivo. Caso assim não fosse seria preferível e menos hipócrita que a FIFA tivesse um prémio semelhante para cada um dos sectores do futebol conforme a sua organização, ou seja, o melhor avançado, o melhor médio, o melhor defesa e o melhor guarda-redes. Seria preferível porque mais consentâneo com as características próprias de cada atleta na respectiva posição. Eventualmente até um prémio para cada posição específica, no que resultaria em 11 troféus. 

Mas manda quem pode e afinal de contas este tipo de troféus e cerimónias a eles associadas não passam de show-off e entretenimento à volta de quem ganha milhões a dar chutos numa bola. Portanto merece a importância que merece ou aquela que cada um de nós lhe quiser dar. Por mim, dou pouca.

8 de setembro de 2018

Eleições esverdeadas


Hoje é dia de eleições no Sporting Clube de Portugal. O que é que um benfiquista, com simpatia pelo Sporting pode desejar? Que tudo corra bem, com civilidade e democracia e que do acto eleitoral saiam um presidente e corpos dirigentes com competência e responsabilidade e sentido de Estado. E que daí fique definitivamente afastado o pequeno líder e ditador, BdC. Claro que ainda estrebucha e vai disparando com artifícios que a lei lhe confere, como providências cautelares e impugnações, mas creio que no final vai prevalecer a lei e a razão e sobretudo a vontade da maioria dos sócios.
Depois, o caminho para o futuro presidente não será nada fácil, mas terá que ser precorrido, porque o Sporting é um grande clube e instituição e é necessário e faz falta no panorama do desporto e do futebol em Portugal e sempre em grande nível.

[acima, uma equipa do Sporting da época 77/78]

5 de setembro de 2018

Que se extinga forever


Por estes dias, quem leu, ouviu e viu as notícias, ficou a saber que no âmbito do designado processo "e-toupeira", a Benfica SAD entre outros arguidos individuais, ficou a conhecer o enquadramento da acusação e segundo o "super isento" Jornal de Notícias da cidade do Porto, noticia eufórico que o  Ministério Público pretende que a equipa de futebol profissional encarnada fique privada de competição entre seis meses a três anos (pouca coisa, digo eu, para tão hediondo crime). 

Sem mais delongas, até porque não sou jurista, nem inspector, nem magistrado, resumo toda a questão no seguinte: Mesmo sendo adepto do Benfica, embora em modo cada vez mais desligado, não só do percurso do clube como do futebol nacional em geral, se neste ou noutros casos vier a ser inequivocamente provada e fundamentada culpa que tenha contribuído directamente para a adulteração da verdade desportiva, que sim, que seja penalizado, ou que desça de divisão, cumprindo-se a lei e o que dela resultar.

Mas, já agora, a pedido de muitas famílias, que seja mesmo extinto, indo aqui de encontro ao desejo de toda a nação rival, desde logo com o F.C. do Porto à cabeça.

Que a justiça não fique por meias medidas e que não se repitam impunidades descaradas como a do famoso "apito dourado" só porque alguns procedimentos na investigação, nomeadamente as escutas telefónicas, foram consideradas como "ilegais" pelo tribunal cível, mesmo que descaradamente visíveis e audíveis a cegos e a surdos. Mas, meus meninos, lei é lei e mesmo que fosse um reles assassino a confessar um crime, tal prova não serviria para a condenação. Justiça é justiça mas tem as suas regras, dizem. Assim sendo, tudo o que se ouviu, e que ainda se pode ouvir, foi algo que aconteceu apenas de forma fantasiosa no país das maravilhas em que a Alice se chamava Carolina e os convidados eram prendados com fruta fresca e viçosa a mando do rei de copas a partir do seu castelo à beira mar plantado.

Com o Benfica extinto(ufa, finalmente), regressará a harmonia ao nosso futebol e tudo será paz e amor entre virgens e anjos e como estes não têm sexo, de tal coexistência não haverá diabo que nasça para endiabrar a mui nobre e invicta nação lusitana do futebol. O F.C. do Porto, à maneira dos bons velhos tempos, ficará assim com todas as condições para dominar, sem rivais à altura. Vencer 10 títulos seguidos será canja, até que se enfadonhe e, por desfastio e benevolência, lá permita que o Sporting (se entretanto também não for extinto), ou mesmo um Braga, um Rio Ave ou um Tondela, meta um título pelo meio, para depois voltar afanosamente a recomeçar um ciclo de mais 10 títulos sem espinhas. Nada como ninguém a incomodar a nossa vidinha, mesmo que a mesma se torne uma pasmaceira de tão fácil.

Em conclusão, que sim, extinga-se esse cancro do futebol português, o Benfica, que entre outros pecados tem o dislate de ter 38 jogadores da sua formação convocados em todas as selecções nacionais de futebol (24 do clube e 14 ex-clube), mais do dobro do que os seus principais rivais. Não é admissível que tanto profissional do pontapé na bola possa medrar nesse antro de matéria negra (encarnada). 
Vade retro satanás! Que se extinga e que comece um novo ciclo purificado porque, tirando essa corja de corruptos, todos os demais são dóceis virgens e meninas do coro.
Que se extinga!

1 de julho de 2018

Rebentaram-se as águas


Já toda a nação sabe: A selecção portuguesa de futebol está fora do Mundial 2018 que se desenrola na Rússia. O culpado, a selecção do Uruguai que com Cavani cavou com mestria e demasiada simplicidade dois golos na baliza de Rui Patrício, contra apenas um golo do aportuguesado brasileiro Pepe. Com esse resultado Portugal de Ronaldo fica-se pelos oitavos e faz companhia à Argentina de Messi. A campeão do Mundo, a Alemanha, essa já está de férias há uma semana.

Uma vez rebentadas as águas e desfeita essa frágil película amniótica que nos mantinha numa espécie de bolsa de sonho, altamente alimentada pelos média e a costumeira fézada de Fernando Santos, importa sermos objectivos e realistas. Ora, nesta realidade, Portugal, o campeão europeu de 2016, não jogou um "corno" e, ironia das ironias, o jogo mais bem conseguido, muito pela posse de bola concedida pelos uruguaios sempre que em posição de vantagem no marcador (e foi quase todo o jogo), acabou por dar na única e fatal derrota. Os anteriores três jogos, mais fraquinhos, deram em dois empates e uma vitória, mesmo que com jogos muito sofridos.

Com tudo isto, regressou a normalidade, porque, convenhamos, a medalha e o estatuto de campeão europeu valiam de pouco ou nada até porque esse título conquistado há dois anos assentou num futebol medíocre, desempates em penalidades e um coelho da cartola do "patinho feio" Éder, numa final em que fomos massacrados, futebolisticamente falando. De resto essa ou esta França, depois de despachada a Argentina, será seguramente uma das fortes candidatas ao título mundial. A ver vamos.

Quanto a Fernando Santos, não houve fézada que lhe valesse e com os muitos equívocos estratégicos e de má escolha de pedras postas em jogo sai (in)satisfeito com os objectivos mínimos.
Ronaldo, apesar de tudo o menos mau, teve o habitual problema, o da idolatria exagerada, colocando-o constantemente nas nuvens, e depois quando cai ou desce à terra percebe-se que entre um ou outro jogo determinante, há os demais jogos em que anda por ali, como apenas mais um. De resto quando Ronaldo, por força da idade e do peso das pernas, deixar a selecção, porventura perceber-se-á que nem fará tanta falta, porque uma andorinha nunca fez primaveras e porque este Portugal de Fernando Santos joga demasiado para o seu capitão e os companheiros debatem-se a cada momento com essa "obrigação" de culto e de subserviência ao seu jogo. Ora, qualquer treinador de equipa adversária percebe isso, como percebeu Óscar Tabárez do Uruguai, anulando-o completamente em jogo corrido. Ficam fora desse controlo os livres directos e os penaltis, mas nem aí a coisa correu bem, com os poucos mísseis a explodirem nas barreiras. Não fosse isso e Portugal teria sempre melhores jogos e resultados e daí melhores perspectivas neste tipo de competições, porque tem um leque de bons jogadores que renderão bem mais sem a sombra intimidatória do CR7, de resto um pouco à imagem do que sucede com Messi na Argentina.

Em todo o caso, e em resumo, vistas as coisas de forma objectiva, Portugal fez um papel dentro da sua realidade. Não a realidade dos média e de muitos portugueses embalados nessa onda, mas não desprestigiou e cumpriu os tais mínimos. No mínimo, que seja sempre assim.

Ronaldo, esteve melhor no final do jogo do que dentro dele, tecendo considerações ponderadas e adequadas e que de algum modo, desfeita a tal nuvem da ilusão, retratam a sua participação e a de Portugal, resumindo-se na afirmação de que: "...«Jogámos melhor que o Uruguai, mas quem marca mais é quem ganha, infelizmente. Queríamos ganhar, a equipa bateu-se bem e temos que enaltecer aquilo que Portugal fez. O Uruguai está de parabéns. Em termos globais, saímos de cabeça erguida», afirmou o internacional português na zona mista do estádio, abordando depois o orgulho em capitanear esta seleção:
«Estou muito orgulhoso de representar a seleção de Portugal como capitão. Este é um grupo de trabalho fantástico. Estou orgulhoso dos meus companheiros e da equipa técnica. Não é um balanço brilhante, mas batemo-nos bem. Desfrutei bastante desta competição. Foi um torneio bem estruturado e uma organização que surpreendeu pela positiva».

[Citação de Ronaldo extraída da Bola Online]

28 de junho de 2018

Afinal qual é o problema do Queiroz - Perguntem ao Carlos!


Durante e depois do jogo entre as selecções de futebol de Portugal e o Irão, um jogo decisivo para o apuramento para os oitavos de final da prova do Campeonato do Mundo de Futebol, a decorrer na Rússia, parece que o verniz voltou a estalar entre alguns jogadores portugueses e o treinador Carlos Queiroz, seleccionador do Irão. Sobretudo no "bate-papo" entre este, ex-seleccionador da selecção portuguesa, e Ricardo Quaresma.

Carlos Queiroz, que esteve a uma remate, um pouquinho ao lado, de eliminar estrondosamente Portugal, queixou-se da desconsideração da maior parte dos jogadores portugueses ao não o cumprimentarem no final da partida que terminou empatada (1-1). Já depois do jogo e de Quaresma ter insinuado que sobre ele mais valia nada dizer porque teria muito a dizer, Queiroz deu uma entrevista ao jornal "Público" onde volta ao assunto da desconsideração de Quaresma, Ronaldo e a maior parte da companhia, dizendo entre outras "verdades" que "...conquistei títulos europeus e mundiais, com reformas e ideias. A história da Federação Portuguesa de Futebol não começou na ilha da Madeira com Cristiano Ronaldo. Começou muito antes. E os valores que eu recebi do José Augusto, do Simões, do Eusébio, do Torres, do Jaime Graça, do Humberto Coelho, do Toni não foram estes. Não estou a dizer que estão errados, apenas que não são os meus e não são os de muita gente. Já tive a minha conta na África do Sul [Mundial de 2010, quando orientava a selecção nacional]. Algumas das pessoas que tentaram destruir na altura a minha vida pessoal e profissional hoje até são arguidos e alguns estão na cadeia ou a ir para lá.".

Eu não sei se Carlos Queiroz tem toda a razão nestes episódios à volta do jogo entre Portugal-Irão, nomeadamente pela sua constante atitude de arreliado, sempre a questionar e a pressionar os árbitros (afinal apenas a defender os interesses da sua selecção), mas creio que já todos percebemos que, não só dos tempos em que foi seleccionador português, nomeadamente na campanha do Mundial da África do Sul (2010), que tem sido um treinador acossado por cá e muito desconsiderado pelas altas esferas do nosso futebol federativo e também por muitos dos jogadores que desses tempos ainda por ali andam, como Ronaldo, Quaresma, Moutinho e muitos outros.

Para contextualizar  o agora caso, recorde-se o episódio ocorrido a 17 de Novembro de 1993, em Milão, quando então seleccionador nacional falhou a qualificação para o Mundial-94 quando a Selecção Nacional caiu aos pés da Itália aos 83 minutos do jogo. No final, ainda no relvado, Carlos Queiroz, "explodiu" e soltou para fora toda a sua indignação, dizendo "...É preciso varrer a porcaria que há na federação portuguesa. Há muita coisa para mudar!". Esta declaração ficou para sempre na história do nosso futebol. É certo que depois disso Queiroz voltou a ser seleccionador mas as coisas voltaram a correr mal na relação entre federação e jogadores.

Em contraponto a Carlos Queiroz, Fernando Santos (amigos) tem tido a tarefa mais facilitada e mesmo premiada (mesmo com um mau futebol), sobretudo com a cereja do título de campeão europeu (2016). Porventura Fernando Santos nem será grande treinador mas, como bom católico, é certamente mais bonacheirão e uma figura paternal e sobretudo demasiado mole ou mesmo subserviente quanto às figuras principais da selecção, como Ronaldo, Quaresma, Pepe e Moutinho, etc.. Seja Fernando Santos treinador da selecção por mais vinte anos e todos esses jogadores, assim o queiram, têm lugar garantido na equipa principal. Serão os quatro e mais sete.

Ao contrário, Carlos Queiroz nunca colocou o vedetismo dos seus jogadores acima dos interesses da selecção. Resulta daí, e de outras coisas mais, que seja desconsiderado por Quaresma, Ronaldo e companhia, que não lhe passam cartão. De resto, Ronaldo, aziado no final de um mau jogo na África do Sul (2010), atirou às perguntas dos jornalistas: " - Perguntem ao Carlos!", numa clara alusão de que Queiroz era o responsável por uma fraca campanha.

Queiroz diz agora que "...A história da Federação Portuguesa de Futebol não começou na ilha da Madeira com Cristiano Ronaldo. Começou muito antes. E os valores que eu recebi do José Augusto, do Simões, do Eusébio, do Torres, do Jaime Graça, do Humberto Coelho, do Toni não foram estes. Não estou a dizer que estão errados, apenas que não são os meus e não são os de muita gente.". 

Ora Carlos Queiroz, dizendo a verdade que diz, tem um problema ao dizê-lo, é que a maior parte dos actuais jogadores e a larga maioria dos que idolatram Ronaldo e companhia não conheceram esses tempos nem essas figuras. De resto os valores nunca poderiam ser os de então, porque agora são sobretudo os do dinheiro, sempre ele, e o do prestígio, aquele que se joga sobretudo fora dos campos.

E pelos vistos, a imprensa portuguesa, até alinha nesta idolatria, sobretudo a Ronaldo, numa verborreia exagerada e até ridícula, como a da comparação entre as atitudes na marcação dos penaltis de Ronaldo (contra a Espanha) e de Messi (contra a Islândia). Para Ronaldo era a confiança, a determinação a liderança e para Messi era o desconforto, a descrença, a desmotivação. Afinal, como há tiros que saem pela culatra, até Ronaldo (até tu, Brutus), falhou um penalti contra o Irão, no que poderia ter custado o apuramento. Pois, quando se fala de mais...

Não surpreende, pois, que a maioria daqueles jogadores portugueses que aparentemente sabem cantar o hino nacional e beijam o emblema das quinas, acabem por ter uma demonstração de fracos valores e falta de educação ao desconsideraram de facto uma figura que, controversa ou frontal, foi sem dúvida uma pessoa importante na formação de largas dezenas de jogadores e que em muito contribuiu para o actual prestígio da federação portuguesa e das suas diferentes selecções.

Assim sendo, não dando toda a razão ao Queiroz, não deixo de lhe reconhecer alguma nas verdades que disse depois do jogo. O problema para ele, outro, é que certas verdades doem, e não será por preconceito, porque, ciganos ou não, burros e convencidos há em toda a parte. E seguramente não será Quaresma a dar lições de bom comportamento, a Queiroz ou a quem quer que seja. Uma boa trivela e ou um fantástico golo não são garantia de nada para lá do rectângulo e da dimensão do jogo.

18 de junho de 2018

Semáforo intermitente



Parece-me que o Jornal de Notícias padece de alguma isenção e imparcialidade quanto a alguns assuntos, nomeadamente quando toca a escrever sobre o Benfica. É apenas a minha opinião, mas que nem será surpresa se tivermos em conta que sendo um jornal nacional tem muito de regionalista e por conseguinte nas matérias sobre o clube de Lisboa fala sempre à sombra da sua protecção e preferência ao F.C. do Porto. 
Neste contexto, na edição de hoje, segunda-feira, 18 de Junho, na sua rubrica "Semáforo" coloca o futebolista Luisão no sinal vermelho, de cariz negativo, considerando que o mesmo jogador, aos 37 anos está na "mó de baixo" e que poderá sair pela "porta pequena" ou remetido a um "plano secundário", apesar de se prever a renovação do seu contrato com o clube encarnado.

É que nem uma coisa nem outra. Naturalmente que com 37 anos, como com todos os futebolistas desta idade, já não se espera a frescura necessária para se continuar a impor como titular. É, pois, naturalíssimo, que o estar na "mó de baixo" seja apenas um reflexo da perda natural de capacidades físicas para o desenvolvimento da profissão a um nível de alta exigência competitiva. Já o sair pela "porta pequena" é igualmente uma conclusão disparatada quando se analisa o percurso do futebolista e dos números e títulos conseguidos. Será isto sair pela "porta pequena"? Numa perspectiva positiva, os argumentos para este "sinal vermelho" poderiam precisamente ser motivos para um "sinal verde".
Com jeitinho, e no mesmo contexto, agora que se fala na possível renovação de Maxi Pereira no F.C. do Porto (com baixa de salário), apesar de há muito ter perdido a titularidade e das perspectivas continuaram nesse sentido, ficando como segunda ou terceira opção para o lugar de defesa-direito, um dia destes o JN vai colocá-lo no "sinal verde". É ficar atento, porque aí a coisa será de "mó de cima" e "porta grande".

Como é que alguém deste calibre pode sair pela "porta pequena", tanto mais que apesar das limitações da idade o clube tem intenções de renovar o contrato? E já por várias vezes tem sido manifestada a intenção de integrar Luisão na estrutura do clube da Luz. Ou, para os iluminados do Camões, o sair pela porta grande implicaria que o fizesse numa situação de titular? E que grandes jogadores o têm feito nesta perspectiva, a não ser um ou outro guarda-redes, habitualmente com as carreiras mais estendidas? Por exemplo, Casillas, actualmente no F.C. do Porto não saiu pela "porta pequena" do Real Madrid? Creio que não, apenas porque naquele clube e com aquela exigência o seu percurso chegou naturalmente à fase descendente, como aconteceu a Pelé, a Eusébio, a Maradona e acontecerá  naturalmente a Ronaldo, a Messi e a tantos outros. E isto porque, como se dirá mais prosaicamente, é a vida!

Para Luisão sair do Benfica pela dita "porta pequena" teria que ser num situação de ruptura e de total desconsideração pelo clube, o que não nos parece que venha a acontecer. Se sair, de futebolista ou de um eventual cargo técnico, será sempre por opção do brasileiro, o que terá que se respeitar. Para além de tudo, cada fase da nossa vida não é necessariamente a de um "plano secundário" mas sim uma nova etapa, da resto a vida é feita delas.

Enfim, ler estes disparates com a chancela do JN, logo a começar a semana, é mesmo de se ficar  na "mó de baixo" quanto a bom jornalismo e daí a vontade de atirar o jornal pela "porta pequena" de uma qualquer sanita.

14 de junho de 2018

Lorpategui


Creio que quem acompanha o fenómeno do futebol, por estes dias ficou a saber do caso Lopetegui, o treinador da selecção espanhola, presente e favorita no campeonato do mundo que arranca hoje na Rússia. De facto, numa fase de treino e concentração para a competição, já em terras russas, o treinador basco foi contratado pelo Real Madrid, órfão de Zidane, e em vez de deixar para depois do mundial a formalização do contrato e a divulgação da notícia, como se impunha, tudo foi tratado e comunicado em pleno estágio, ao arrepio do combinado com o presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, e até mesmo dos superiores interesses de concentração da equipa, como se compreenderá.

Face a esta situação e aos  princípios e procedimentos inerentes, o presidente da Federação só podia ter tomado a decisão que tomou, a de despedir Lopetegui e nomear um substituto (Fernando Hierro). Os riscos desta decisão e neste timing, são concretos para a equipa, mas há princípios e valores de que não se pode abrir mão. Pelas reacções que se seguiram a esta "bomba", parece ser mais ou menos consensual a opinião de que foi tomada a decisão acertada por parte do responsável federativo.

Julen Lopetegui, que já havia passado, sem êxito pelo F.C. do Porto, mesmo aí e em muitas circunstâncias mostrou ter pouco nível quanto a fair-play, e sempre com muita sobranceria. Esta sua recente atitude, mesmo que tendo em conta o peso do Real Madrid, mesmo que segunda ou terceira escolha, só lhe acentua esse défice de carácter. Poderá até a vir a ter sucesso como treinador, o que não é difícil com um plantel de estrelas, mas ninguém lhe tirará este rótulo de traidor e de mau carácter. 

A ver vamos, mas creio que é justo que face ao seu desplante não lhe tivesse sido dado o prémio de dirigir a selecção durante a prova que hoje começa, até porque se abririam precedentes perigosos. Em todo o caso, o percurso que a selecção espanhola vier a ter neste mundial, ficará sempre ligado à sua decisão e às suas consequências, para o bem e para o mal, sendo que para bem de Lopetequi será desejável que a selecção tenha êxito, porque de alguma maneira colherá a sua parte de louros. Correndo mal as coisas, acentuarão o peso da traição e certamente que muitos dos aficionados espanhóis jamais lhe perdoarão.

Das muitas ilacções deste caso, que não é único e nem vai deixar de ser, é que sobretudo no futebol profissional tanto jogadores como até treinadores, mais do que amor e paixão pelos emblemas que representam e até beijam, gostam sobretudo o dinheiro e, se possível conciliar este com o prestígio e  o êxito pessoais. Como alguém já disse, no geral esta classe não difere muita das prostitutas de rua, alinhando com quem melhor lhes pagar. Dar-lhes mais que esse crédito é fanatismo porque o verdadeiro amor aos clubes por parte de atletas, é história de um passado já bem longínquo.

28 de maio de 2018

Erros que saem karius

Tivesse sido num jogo de amadores veteranos e a coisa já seria escandalosa. Mas não, aconteceu ao guarda-redes da equipa do Liverpool, o alemão Lorius Karius, e logo num jogo com a importância de uma final da Liga dos Campeões de Futebol frente ao Real Madrid.
O resultado, que deu a 13ª Taça dos Campeões à equipa espanhola, já todos sabem: 1-1 na normalidade e 3-1 se juntarmos dois erros incríveis e infantis do guardião dos "reds".
Ronaldo, esteve demasiado discreto e nem seu deu por ele. Figura do jogo, foi o galês Gareth Bale, com um magnífico golo de "bicicleta" que só não tem sido mais falado e extasiado porque não foi do rei Midas Ronaldo.
Pelo meio, o "mauzinho" do costume, Sérgio Ramos, com a maldade e impunidade habituais, tratou de despachar o egípcio Salah, o goleador do Liverpool, prendendo-lhe o braço que na queda teve um deslocamento do ombro, atirando-o para fora do jogo e de outros futuros jogos, estando em risco a sua participação no Mundial da Rússia. No final, cinicamente, Ramos deseja-lhe as rápidas melhoras. Sem Salah e com Karius, o jogo ficou resolvido. Olé! 
É futebol, mesmo que se diga que este, da Liga dos Campeões, é de outro nível. Na verdade...até os "frangos" a este nível são monumentais e servidos em dose dupla e decisiva.
Há erros que saem Karius.