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13 de abril de 2023

A tomada de Ceuta e o Sr. Silva


Sejamos claros: Lula da Silva é tão presidente do Brasil como o é um político condenado em três estâncias judiciais do seu pais, por corrupção e cuja liberdade só se deveu a uma (como se diz?) especificidade técnica do Supremo Tribunal de Justiça. Além de uma ou outra absolvições, há ainda processos suspensos, outros arquivados e alguns prescritos contra o antigo dirigente do PT - Partido Trabalhista. Estão em causa crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução à justiça, tráfico de influência, organização criminosa. Ou seja, o Sr. Inácio Silva tem todos os ares e lastro de um corrupto e como tal está acusado, com a agravante de que mesmo nessa condição está de novo a governar os brasileiros.

Apesar disso, a nossa esquerda tem por este velhinho com ares de pai-natal enfrascado um devoção ideológica inolvidável, tão grande na justa medida contrária à que nutria pelo ex presidente, outro bronco, o Bolsonaro. O Brasil, para além doutra meia dúzia de jaquinzinhos mais ou menos da mesma laia, não teve grande opção de escolha e por isso entre um acusado de corrupção e um bronco extremista optou pelo primeiro, mesmo que com um resultado que vincou ainda mais a divisão da sociedade brasileira.

Espanta, pois, ou talvez não, que neste nosso Portugal a classe política que nos governa com uma estável maioria que se vai divertindo com novelas mexicanas como a da TAP, tenha tido a tão nobre ideia de convidar o Sr. Silva a discursar na sessão solene do 25 de Abril, envolto em cravos vermelhos. Fosse vivo, seria justo que em igualdade de direitos e de não discriminação, Salazar também fosse convidado a enaltecer a democracia, liberdade e justiça. Felizmente, alguns ainda tiveram o decoro de separar as águas, mesmo contra a ideia do nosso presidente, muito dado a dar a mão ao Governo.

Passem o sarcasmo e a ironia, de facto a nossa classe política não tem emenda e só vai andando ali pela larga gamela porque o nosso povo sempre foi e será de brandos costumes. Marquem novas e futuras eleições que lá estaremos todos a dar-lhes essa legitimidade, se possível com maioria, para o "fartar vilanagem" como se ali todos os dias fosse a tomada de Ceuta, investindo à "espadada" sobre cidadãos indefesos que apenas seguem o ritmo tranquilo do seu quotidiano.

Ontem como hoje, a bandidagem é sempre bandidagem e com as portas escancaradas da nossa Ceuta há sempre caravelas a abarrotar, a aportarem lá para os lados do Tejo.

12 de abril de 2023

TAPar buracos e totobola


Isto da TAP, a cada dia que passa é um fartote. Cada cavadela, cada minhoca gorda. O que se vai ouvindo na Comissão Parlamentar de Inquérito, diz muito ao caso.

Para além de tudo, e não é pouco, uma questão que se impõe? Para que tanta importância com a questão da urgência e necessidade do novo aeroporto de Lisboa, quando o Governo está a estrangular o alojamento local e quando em Lisboa já há controlo de estadia de turistas com o pagamento da respectiva taxa. Isto é, têm sido tomadas medidas para controlar o afluxo de turistas à capital, limitar quantos vivem e dormem. Não será, pois, mais um daqueles paradoxos da política à portuguesa!

Entretanto, parece que o Governo lançou uma plataforma onde até o Zé da Esquina e a Maria das Galochas podem dar palpites sobre a posssível localização do novo aeroporto. Surreal, mas é verdade.

Aceitam-se apostas. Pode usar duplas ou triplas!

24 de janeiro de 2023

Pedradas...

...Quem nunca tomou conhecimento e aprovou uma indemnização de meio milhão de euros a uma correligionária, e depois esqueceu-se disso, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca fez um orçamento de 750 milhões de euros e que logo de seguida resvalou para três milhões, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca foi secretária de Estado por 24 horas, que atire a primeira pedra.


O problema é que um dia destes não há pedras que cheguem.

13 de janeiro de 2023

Espécie em extinção

Segundo a nossa imprensa, foi já  publicado nesta sexta-feira, em Diário da República, o questionário de verificação prévia a preencher por nomeados para cargos de ministro ou secretário de Estado. Dizem que são 36 perguntinhas que abrangem os últimos três anos de atividade dos hipotéticos convidados, alargando-se ao agregado familiar. 

O questionário reparte-se por cinco áreas: atividades atuais e anteriores; impedimentos e conflitos de interesses, situação patrimonial, situação fiscal e responsabilidade penal. Os partidos da oposição no geral encaram o mecanismo aprovado em Conselho de Ministros como uma inutilidade. 

Pessoalmente concordo com a posição de João Cotrim de Figueiredo da IL que considera o documento "uma mão cheia de nada". Na realidade, tal como argumenta o deputado da Iniciativa Liberal, em rigor não há nada no questionário que o primeiro ministro ou ministro, querendo e fazendo o trabalho de casa (e para isso têm gente e meios) não possam procurar saber por outras vias ou mesmo dos próprios elementos convidados à nomeação. O que tem faltado até aqui, e com os resultados conhecidos de um vai-e-vem de entradas e saídas no Governo da maioria, é uma falta de escrutínio básico, pelo que as nomeações têm sido feitas de forma ligeira e a envolver gente com relações familiares ou do aparelho político.

Parece-me, pois, que este estratagema de António Costa é apenas uma subterfúgio para não ficar mal em próximas fotografias e de algum modo passar também essa co-responsabilização para o presidente da República que, neste aspecto, tem estado muito mal, alinhando na trapeirice de Costa.

A ver vamos! Em todo o caso, não há perspectiva da coisa melhorar porque toda esta gente relacionada a cargos públicos e políticos de um modo geral vai navegando e vivendo de esquemas de interesseses e influências com muita promiscuidade. Os recentes casos são disso ilucidativos.

Ainda sobre este questionário, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, disse em recente entrevista ao Expresso, reconhecendo que estas balbúrdia de nomeações e demissões tem desgastado o Governo, que deve haver algum cuidado nesta matéria e neste questionário sob pena de aumentarem as dificuldades futuras em nomear e contratar quadros qualificados para a administração pública. Grosso modo, do que disse pode-se concluir que não deverá ser apertada a malha do crivo sob pena de ninguém passar. Em resumo, gente honesta, impoluta, sem rabos de palha ou interesses que se cruzam com imcompatibilidades, são cada vez mais umas preciosas raridades, uma espécie em extinção.

Assim vai a república!

4 de janeiro de 2023

Guerra de quintais

Da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal e que amanhã Quinta-Feira, 05 de Janeiro, será debatida e votada na Assembleia da República, bem sabemos que está condenada ao fracasso porque o Partido Socialista dispõe de maioria absoluta. De resto, se uma maioria absoluta não é garantia de uma boa governação, é pelo menos uma salvaguarda quanto à rejeição de moções de censura apresentadas pela oposição.

Apesar disso, do desfecho previsto, estas moções servem apenas para confirmar que na realidade os portidos estão divididos não por politicas mas por ideologias. Assim, mesmo com os partidos da esquerda a criticarem a acção do Governo, já disseram que vão cotar contra a moção. E seria exactamento igual se fosse ao contrário, ou seja os partidos da direita a votarem contra se a moção partisse da esquerda.

Assim sendo, face a este tipo de política pequenina, em que cada um defende apenas o seu quintal, pouco há a esperar dos nossos fracos políticos, porque as divergências ideológicas são mais fracturantes que as políticas ou necessidades do país. 

Antes partir que torcer.

3 de janeiro de 2023

Buracos e pedreiras

João Galamba, ex-secretário de estado da energia, que foi investigado no âmbito dos obscuros e manhosos processos das concessões das pedreiras de lítio e do hidrogénio verde, ganhou experiência em buracos e pedreiras e por isso faz todo o sentido que o primeiro ministro o promova a ministro das infraestruturas, ficando assim com a tutela da TAP, de todos o maior buraco, a maior pedreira do país.

Vamos a ver no que dá, mas ao contrário de uma boa pedreira em que dela se extrai qualquer coisa de valor, que mais não seja, calhaus, provavelmente continuará a ser mais do mesmo, um enorme buraco onde o erário público ali enterra ouro, em que uma boa parte dele é para distribuir em prémios e carrões por malta porreiraça que ali vai de vez em quando marcar o ponto.

A ver vamos como é que a coisa vai aterrar!

29 de dezembro de 2022

Voando e aterrando

O ministro das infraestruturas e habitação Pedro Nuno Santos, finalmente, depois de um longo e atribulado voo, aterrou, e já não faz parte do instável Governo da maioria. 

Depois de vários casos que o debilitaram, nomeadamente o puxão de orelhas do primeiro ministro a  propósito da localização do putativo aeroporto, e agora da recente escandaleira com uma tal de Alexandra Reis, a juntar a outros tantos, só tinha mesmo essa saída. 

Foi a decisão que se impunha mas já vai tarde, quase três anos. 

Quanto à TAP, nem deveria existir porque é uma empresa ruinosa que desbarata milhões e milhões de todos nós contribuintes e, contudo, continua a ter uma gestão milionária, como se vivesse de forma independente e altamente rentável. Negociar prémios chorudos à administração, contratar frotas de automóveis de luxo, e dar euromilhões a quem sai, é no mínimo de bradar aos céus, o que faz sentido sendo uma companhia aérea.

Assim, sendo, há ainda muito a fazer, desde logo demitir a actual administração, a custo zero, e logo que possível privatizar o que resta desse buraco negro antes que continue a absorver fundos e dinheiros que, está visto, não temos.

Claro está, que António Costa, vai-se esgueirando por entre os pingos da chuva, mas ele próprio tem muitas responsabilidades e só por isso se justifica que um governo de maioria, que deveria ser estável, já vá  numa dezena de saídas e outras tantas entradas.

Como bem comentou João Batalha, da Frente Cívica, exigia-se ao primeiro ministro mais qualidade e escrutínio em quem mete no Governo e saber do seu passado ético e político de modo a evitar estes contratempos que o desgastam. Não o fazendo e, pior do que isso, enredando-se numa teia de nomeações, interesses e ligações familiares ou partidárias, põe-se a jeito.

28 de dezembro de 2022

Reis parta a coisa!



Nas próximas eleições legislativas vamos todos contentinhos, arrigementados, a votar nos mesmos, a renovar novas maiorias.

Talvez por isso, por cá, os pensadores andam entretidos com banalidades, mudos e calados, ou estão de férias natalícias. Comentar o SNS, ou casos como o do euromilhões concedido pela TAP, ou pelo sistema, a uma tal de Alexandra Reis, é o comentas.

Siga! Vamos lá sorrir de contentes que a TAP é para isso mesmo, para fazer o nosso dinheiro voar. 

A senhora Reis recebeu 500 mil mocas mas parece que queria quase dois milhões (1,47). Uma gulosa! É um bocadito mais que os 125 euros que o Governo nos devolveu do que nos tira. Cada um é para o que nasce. 

Assim, a somar ao meio milhão, uma insignificância, serão necessários à nossa aérea mais 225 mil para tributação. Pouca coisa, a nova injecção de insulina já está aprovada.

Siga que é Portugal!

25 de novembro de 2022

25 de Novembro de 1975


Este sim, o 25  que traçou o rumo da liberdade e democracia, Até ali, apenas os desmandos de um PREC dominado pelo PCP que mais não pretendia que apenas mudar a agulha no disco da ditadura, da direita para a esquerda, cubanizando o país. 

Importa não esquecer. Quem celebra o 25 de Abril e esquece ou omite o de Novembro, diz tudo não dizendo nada.

Convém ainda não esquecer o que Cunhal disse na famosa entrevista à italiana Oriana Fallaci, publicada em 6 Junho de 1975, porque era esse o modelo de "democracia e regime que planeava para Portugal.

Dizia:  “Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições (...) Se pensa que o Partido Socialista com os seus 40 por cento de votos, o PPD, com os seus 27 por cento, constituem a maioria, comete um erro. Eles não têm a maioria”. “(...) Se pensa que a Assembleia Constituinte vai transformar-se num Parlamento comete um erro ridículo. Não! A Constituinte não será, de certeza, um órgão legislativo. Isso prometo eu. Será uma Assembleia Constituinte, e já basta (...). Asseguro-lhe que em Portugal não haverá Parlamento (...)”.

22 de novembro de 2022

Princípios

Eu sei que se fosse no contrário da barricada, também Jerónimo e os seus correligionários, com um alto grau de probabilidade, provavelmente ficariam sentadinhos. Mas há princípios que definem quem está nas coisas por eles, pelos princípios. 

Ora estes, os princípios, podem ser muitos e diversos, nomeadamente os de carácter ideológio e doutrinário, mas os do respeito pelas pessoas e pelas diferenças devem ser comuns e transversais. 

Por isso, a posição dos deputados do CHEGA na despedida de Jerónimo de Sousa da Assembleia da República, ficando sentados e indiferentes, enquanto todas as demais bancadas estavam a aplaudir em pé, em jeito de homenagem, sendo que os deputados da IL aplaudindo mas também sentados, fica mesmo mal e a roçar uma indiferença desrespeitosa. 

Mas as atitudes ficam com quem as praticam. Não é com isto, com este radicalismo, que o Chega, ganha respeito. Por mim seguramente que não. Seria uma boa oportunidade de vincarem alguma diferença positiva, senão nas ideias, pelo menos no respeito político, democrático e pessoal, mas nem isso. Fracos!

Não sou comunista, sendo que até  já votei pelo partido, e naturalmente com muitos princípios políticos opostos, mas acima de tudo tenho apreço e respeito por Jerónimo de Sousa, que de resto sempre me pareceu ele próprio respeitoso, cordial e de muita verticalidade. 

Teve uma larga maioria de respeito e consideração na hora de sair, mas merecia, parece-me, uma unanimidade.

13 de outubro de 2022

A ONU a nú

Os pilares e os fundamentos da criação da ONU - Organização das Nações Unidas, em 24 de Outubro de 1945, por isso quase logo após o desfecho da Segunda Guerra Mundial, fez todo o sentido e na altura parecia ser um garante de eterna paz, mas o certo é que ao longo da sua existência pouco mais tem sido que um mero pingarelho que nas questões que realmente importam, as relacionadas com os direitos humanos, segurança e paz, de pouco ou nada tem validado.

Veja-se a actual situação quanto à invasão e agressão da Rússia à Ucrânia: De que têm valido as resoluções de condenação?

Na prática quando as questões importantes afectam directamente os Big Five, China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos, as coisas não passam dali. Não há volta a dar.

Descodificando, para tótós, como numa analogia com o futebol, a Rússia neste momento é um grande clube com um enorme passado e que está a jogar mal e porcamente, a apanhar cabazadas, na prática descendo de divisão, mas os seus adeptos continuam a achar que está na mó de cima, a jogar bem, no caminho certo e que não vale a pena despedir o treinador. Bastará dar tempo ao tempo. A culpa é dos adversários que não facilitam e os não deixam jogar.

Assim, nesta ONU, se portam todos os países que de algum modo têm relações importantes e dependentes com a Rússia ou que servem de bloco de oposição ao Ocidente e Estados Unidos, desde logo a China.

Em suma, esta ONU não tem ponta por onde se lhe pegue e a actualidade só o tem demonstrado.

Dali não sairá nada de substancial que modifique o actual estado da guerra na Ucrânia, parece-me!

Todavia e paradoxalmente é a única esperança para algum entendimento.

6 de outubro de 2022

Andamos tapados


A malta da TAP é muito eficiente. Vai-se fazer transportar em carrões e diz que com isso vai poupar uns milhares. 

É assim mesmo. Esta TAP é um exemplo exemplar. Não são Porches como o que já teve o ministro da tutela, mas convenhamos que BMWs acima dos 52 e 65 mil euros são um bacadito melhores que o meu Citroen Saxo de 2001.

Até para voar é preciso sonhar alto.

Paga Américo, tu que nunca puseste o cu num aviãozinho da TAP!

Desagregação de freguesias


Sou assinante online do jornal "O Correio da Feira". 

Do que li sobre a sessão da Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, de 23 de Setembro último, quanto à votação que aprovou a desagregação da nossa ainda União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, pareceu-me que o deputado Carlos Martins da Iniciativa Liberal, face à troca mútua de responsabilidades entre o PS e PSD, terá sido o mais assertivo na questão dos argumentos ao dizer não entender  a"necessidade de partidarização do tema”. “As populações quando o fizeram não foi para defenderem este ou aquele partido, mas defenderem aquilo em que acreditam”.

Na realidade, a agregação foi feita ao arrepio da generalidade das populações e teve nos principais partidos, como PS, PSD e CDS os grandes responsáveis. 

Por conseguinte aberta agora a possibilidade de rever algumas das situações, deve ser numa base supra-partidária porque os valores ou interesses que estão em causa nada têm a ver com facções políticas.

Ao PS louva-se a possibilidade criada para poder ser possível reverter e ao PSD louva-se o entendimento natural de não obstacularizar.

Assim sendo, a partir deste momento importa de facto não partidarizar a questão, entende-la como da vontade da maioria das populações e aguardar o desfecho na sua etapa final. 

Se se vier a concretizar, depois teremos outras questões por resolver, que não são menores.

[foto: Correio da Feira]

23 de setembro de 2022

E não foi o 25 de Abril há meio século?

A imprensa por estes dias noticiou  que  2,3 milhões de portugueses correm risco de pobreza. É um número que, grosso modo, representa 1/4 da população portuguesa. 

50 anos depois de uma esperança de democracia mas igualmente de uma melhoria de vida, certo é que mesmo com a imensa dívida pública, que nos vai mantendo à tona com ares de que vivemos bem, impressiona ainda a dureza destes números e do que representam. 

Numa sociedade de estatísticas, as pessoas são apenas isso, números, e como tal é uma questão de contabilidade, de matemática. 

Importa humanizar os números e as contas mas as esperanças de que tal aconteça são as mesmas de que havemos de viajar ao centro do sol.

12 de setembro de 2022

Bizarro


...E o Manuel Pizarro, que nestas coisas do Facebook não me tem como amigo nem eu o tenho como tal, aparece-me por cá, na minha página pessoal, descontraído, sorridente, com ar de quem foi meu colega da primária ou meu companheiro da comunhão solene.

Ainda por cima ao lado de uma pilha de livros que diz ter comprado na Feira deles, em Lisboa.

Bem sei que que o Dr. Pizarro é doutor, embora, em boa verdade, o ditado diga que um burro carregado de livros também o é.

Longe de mim dizer que o novo ministro da nossa Saúde é burro. De resto não o conheço tanto assim, para além de o ouvir ser falado como crónico interveniente nas lutas pela presidência da Câmara Municipal do Porto.

De resto deve ser uma figura inteligente e sobretudo destemida, para aceitar substituir a Temido.

A talhe de foice, não tenho, como alguns, uma opinião maternalista do que fez ou deixou de fazer a D.ra Marta, e fizesse o que fizesse, fê-lo no dever do ofício e foi paga a propósito. Para além de aguentar com a onda da pandemia, o que não foi pouco, de concreto, pela Saúde, pelas suas reformas e estruturação, pouco ou nada fez, e deixa um SNS como um barquito de papel a afundar-se. Os políticos, por mais competentes e sérios que sejam (e não são muitos), como a Dr.ª Marta temido, têm sempre este problema, o de serem descortinados não pelas suas competências e méritos, mas pelos olhos inquistórios de quem leva a ideologia para lá do exercício democrático e nela as competências passam a incompetências e as pequenas falhas a erros crassos. D resto, as trincheiras ideológicas têm sido o nosso principal entrave à necessidade das nossas reformas. E vamos continuando entrincheirados. 

Assim sendo, retomando o Dr. Pizarro, desejo bom trabalho ao novo ministro, o que não será fácil com o SNS de pantanas.

Quanto ao essencial, o motivo de me aparecer por cá esta figura, o Facebook é manipulador e sabe usar marionetas e dá-nos este teatro, de borla, como sugestão, diz. 

Obrigado Facebook, mas quanto a seguir políticos e figuras públicas eu gosto de seguir os meus instintos e gostos. Dispenso, pois, sugestões destas. Prefiro o Manel da Esquina e o Zé da Micas aos Drs. Pizarros, aos Ronaldos, aos Gouchas, Cristinas e outros que tais. Todos juntos não valem um Zé da Micas.

Ademais o Dr. Pizarro se levar a sua nova função a sério não terá muito tempo para perder tempo com redes sociais, até porque a assistência é implacável a criticar e a julgar. Que o diga o Taremi, que tem sido crucificado, só porque recorrentemente confunde o azul da piscina com o verde da relva. E isto do futebol, bem vistas as coisas, não passa de lana caprina.

Ora o Dr. Pizarro deve querer aguentar pelo menos até ao fim da legislatura. Depois, quem sabe poderá voltar a tentar a Câmara do Porto e o assalto aos Aliados.

23 de agosto de 2022

O adeus a um ditador

Por mais que se pinte o quadro com tons coloridos, José Eduardo dos Santos foi o líder de uma longa ditadura, por isso ditador. De resto, tal é reconhecido até por uma das próprias filhas. 

Foi uma governação que para além dos malefícios da brutal guerra civil, incapaz de implantar uma democracia plena (e a independência foi já há quase 50 anos), canalizou a imensa riqueza angolana para o aparelho familiar e do estado. Os seus familiares eram autênticos Midas que onde tocassem a merda transformava-se em ouro e diamantes tornando-se ricos e milionários, donos de empresas da esfera do poder. O povo, apesar de um crescimento económico minado por corrupção sistémica e permanente, continua na miséria.

Após a sua morte e depois do folclore à volta do destino do seu corpo, ao que dizem mesmo contra a sua vontade expressa em vida, vai ser mesmo sepultado em Angola.

O nosso (que não meu) presidente Marcelo, vai estar presente nas cerimónias fúnebres. É naturalmente uma participação polémica, mas não surpreende, porque na semântica das palavras e das acções há ditadores que são suavizados e quando muito são classificados como autocratas. 

Curioso que os habituais defensores dos direitos, liberdades e garantias, não andem por aqui a bradar os malefícios do ditador angolano e do rasto de morte e pobreza que deixou no país, apesar de uma retirada quando esgotadas as forças do apego ao poder. 

Os posicionamentos ideológicos sempre tiverem destas coisas paradoxais, como no futebol em que o nosso clube por mais rasca que seja e jogue, é sempre o melhor do mundo. Os outros, é que são os maus. 

Mas que descanse em paz! No fundo, foi apenas mais um e há-de haver sempre ditadores, mais ou menos soft, mais ou menos merecedores de exéquias de estado com gente importante na despedida! O protocolo e as relações internacionais e diplomáticas obrigam a que alguns sapos sejam engolidos.

28 de março de 2022

Fracturas expostas


Parece que o Pedro Adão e Silva, inefável defensor e propagandista de António Costa, o que é legítimo, mas talvez por isso prendado com o cargo de Comissário para as comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, com todas as mordomias, e agora de novo re-premiado com outro cargo, o de Ministro da Cultura, terá dito que "datas fracturantes como o 25 de Novembro de 1975 não se devem comemorar".

Custa a crer que alguém nomeado para defender a nosso Cultura e logo a nossa História, se permita a esta pérola. Mas então o 25 de Novembro é fracturante? Para quem? Para quem pretendia para o país uma ditadura de esquerda? Mas então o 25 de Abril de 1974, também não foi fracturante? Claro que foi e ainda bem! Fracturante é passados 50 anos sobre essa data ainda haver gente no Parlamento declaradamente contra a democracia liberal, alguns dos quais acérrimos apoiantes de regimes como o de Putin, China, Coreia do Norte, Cuba, etc.

Considerar certos assuntos ou temas que agradam à maioria de uma certa esquerda moralista, e catalogá-los como "fracturantes" como desculpa para os não reconhecer, é adoptar uma atitude escorregadia ou mesmo covarde. Fracturante foi perdoar a terroristas de sangue, como fizeram a Otelo, e que no entanto acham estruturante que se faça dele um herói como se a sua importância e papel na revolução de 25 de Abril, indesmentível, possa ser, todavia, esponja capaz de apagar crimes de sangue e morte que varreram o país. Haja limites! 

Diria, pois, que Pedro Adão e Silva começa mal ainda entes de tomar posse. Uma data como a do 25 de Novembro de 1975 mais do que fracturante é estruturante e o nosso actual regime, com todos os defeitos e virtudes, é o que dali emanou. Mereceria e bem um feriado nacional com todas as honras. Goste-se, ou não.

14 de fevereiro de 2022

A responsabilidade continua solteira

O recente caso da anulação de mais de 157 mil votos no círculo eleitoral da Europa, a que correspondem mais de 80% do total, é um absurdo e um autêntico desrespeito para com os eleitores. Incompreensível a todos os níveis mas que nos mostra que no geral todos lamentam mas igualmente sacodem a água do capote. 

Apesar das queixas e da coisa ir ao Ministério Público, em rigor a culpa e responsabilidades vão uma vez mais morrer solteiras. Certinho e direitinho.

É o que temos!| Não se pode esperar que um castanheiro nos dê maçãs.

7 de fevereiro de 2022

Só nós dois é que sabemos...

Creio que já o disse ou escrevi por aqui: O nosso sistema eleitoral só benefecia os dois grandes partidos e daí os mesmos não terem interesse particular em mudar a coisa. Não surpreende, por isso, que o Partido Socialista com 41% do total de votos tenha conseguido a maioria de deputados. Parece anedótico e contrário às leis da matemática, mas é a realidade.

Ainda com este sistema, em Portugal e para as legislativas são cerca de meio milhão de votos que valem absolutamente nada em termos de representatividade, apenas para dar uns trocos aos respectivos partidos. Em distritos pouco populosos, como Bragança, Guarda ou Portalegre, por exemplo, qualquer cidadão que for às urnas votar em qualquer partido que não o PS ou PSD, é, na prática, uma pura perda de tempo. Valerá apenas o valor que os partidos recebem por cada voto, 13 euros, o que até nem é mau e vai dando argumentos para a existência de partidos residuais que assim, para além do tempo de antena, sacam umas massas ao Estado.

Outro exemplo dos paradoxos do nosso sistema, no caso o CDS que no global do país teve muitos mais votos que o Livre (cerca de mais 13 mil) e no entanto não elegeu nenhum deputado. Dá que pensar?

É claro que este deficiente sistema não é exclusivo de Portugal. Há outros sistemas igualmente esquisitos, incluindo os Estados Unidos. No Reino Unido, por exemplo, com um sistema de 650 distritos, em que cada um elege um único deputado (o vencedor). Com tal sistema, um partido até pode ter menos votos que o adversário, no global, e alcançar a maioria dos deputados, o que de resto já aconteceu.

Em ambos os casos ou em sistemas onde existem estas anormalidades e paradoxos, em regra beneficiam sempre os dois grandes partidos de cada país, daí não interessar aos mesmo alterar as respectivas leis eleitorais, no fundo, as leis do jogo. É, em resumo, uma espécie de batota em que os meninos grandes enxotam os meninos pequenos da roda do jogo. Como numa sala para assistir a um filme pornográfico, só entrem os de maior idade.

6 de fevereiro de 2022

Extremismos

O Bloco de Esquerda e a sua coordenadora Catarina Martins, levaram uma coça de todo o tamanho nas eleições legislativas no passado Domingo, com a redução do seu grupo parlamentar de 19 para 5 deputados. O eleitorado, ao Bloco e também ao Partido Comunista, castigou-os, culpando-os da situação que levou à dissolução da Assembleia da República e à consequente convocação de eleições antecipadas.

Apesar disso, da derrota, do rombo e da perda da importância, continuam a dizer que manterão o combate à extrema direita, sobretudo ao Chega de André Ventura que lhe arrebatou o lugar de terceira força política no Parlamento. Na noite do rescaldo, apelidou mesmo os deputados eleitos pelo Chega de racistas, sem tirar nem pôr.

Em resumo, o Bloco e a sua dirigente, parece que ainda não perceberam que muito do êxito do Chega resulta precisamente do extremismo com que o têm tratado. O Chega mereceria porventura apenas a indiferença e o seu esvaziamento, mas o Bloco teima em insuflá-lo e usar um posicionamento radical, adoptando valores como o extremismo e uma postura de quase ódio. O Bloco mostra-se assim também ele intolerante e faccioso. Pode desrespeitar a esmo os deputados eleitos do Chega mas deveria ter em consideração os milhares de portugueses que em liberdade e legitimidade os escolheram.

Assim, apesar da derrota e da sua quase vaporização, o BE continua arrogante e fala do alto da burra como se ainda tivesse 19 ou 50 deputados e mais do que isso, a exclusividade dos valores da democracia e cidadania. 

Podemos não gostar do Chega e de alguns dos seus princípios, e eu também não gosto, mas importará perceber onde é que a democracia e os seus intérpretes têm falhado a ponto de gerar um descontentamento de largos milhares de portugueses. As respostas parecem ser fáceis e óbvias mas o actual sistema de uma esquerda moralista  tem tido orelhas moucas e línguas mudas. Discursos de ódio como os dos Mamadous Bas, não ajudam de todo e só acirram e cimentam o extremismo de ambas as partes, 

Não espanta, pois, que a onda de revoltados comece a ganhar importância e peso eleitoral, goste-se, ou não. O Bloco diz não gostar, mas tem que os aguentar. Bem gostaria de os exterminar por decreto, mas não é por aí que a coisa se resolve. Talvez na China ou na Coreia do Norte, mas não por cá.