Rabiscos deste fim de semana. Partilhados no Pixabay. Apontamentos rápidos em técnica vectorial.
9 de setembro de 2018
Barbearia Central ao Domingo
Porque é Domingo, porque as dias continuam a correr e a somar. Barbearia Central, aberta por conveniência e por excelência..
8 de setembro de 2018
Eleições esverdeadas
Hoje é dia de eleições no Sporting Clube de Portugal. O que é que um benfiquista, com simpatia pelo Sporting pode desejar? Que tudo corra bem, com civilidade e democracia e que do acto eleitoral saiam um presidente e corpos dirigentes com competência e responsabilidade e sentido de Estado. E que daí fique definitivamente afastado o pequeno líder e ditador, BdC. Claro que ainda estrebucha e vai disparando com artifícios que a lei lhe confere, como providências cautelares e impugnações, mas creio que no final vai prevalecer a lei e a razão e sobretudo a vontade da maioria dos sócios.
Depois, o caminho para o futuro presidente não será nada fácil, mas terá que ser precorrido, porque o Sporting é um grande clube e instituição e é necessário e faz falta no panorama do desporto e do futebol em Portugal e sempre em grande nível.
[acima, uma equipa do Sporting da época 77/78]
7 de setembro de 2018
Os azulejos da nossa personalidade
É mais ou menos famoso o azulejo que neste belo painel da nossa igreja matriz (Guisande) está trocado, melhor dizendo, no sítio certo mas com uma rotação errada (90 graus no sentido oposto ao movimento dos ponteiros de um relógio).
Ficará sempre a dúvida se tal erro foi distracção e erro involuntário do trolha ou se propositado para testar o sentido de observação. O saudoso Pe. Francisco usava este painel para pôr à prova algumas contradições humanas de alguns dos seus fregueses, perguntando-lhes se neste painel era a parte ou o todo que estava mal (sim, porque há soldados que ante o seu solitário desacerto, insistem que a restante companhia é que vai desacertada no passo).
Também como desafio ao sentido de percepção de quem para ela olhava, mas nunca, pelo menos a mim, revelou se o azulejo foi rodado por distracção do assentador, se a seu mando. Em todo o caso, o seu sorriso deixou sempre algumas suspeitas.
Seja como for, também na vida somos assim uma espécie de painel de azulejos, à primeira vista com todos os ladrilhos no sítio, bem assentes, polidos, certinhos e direitinhos, mas em rigor, observando não o todo mas cada um dos aspectos da nossa personalidade, lá está o nosso azulejo trocado, fora do sítio, rodado ou invertido. O nosso mais disfarçado vício, pecado ou defeito ali escancarado sem que quase ninguém o perceba. Seja apenas um ladrilho de um painel de 42 deles e menos mal, que o desacerto passará quase despercebido. Pior é, todavia, quando o painel está todo baralhado e com todas peças fora do sítio. Aí a figura será desorganizada como algo abstracto.
Não surpreende, pois, que ande por aí muito artista com as peças fora do sítio, com os parafusos, dirão alguns, com os azulejos, dirão outros.
5 de setembro de 2018
Que se extinga forever
Por estes dias, quem leu, ouviu e viu as notícias, ficou a saber que no âmbito do designado processo "e-toupeira", a Benfica SAD entre outros arguidos individuais, ficou a conhecer o enquadramento da acusação e segundo o "super isento" Jornal de Notícias da cidade do Porto, noticia eufórico que o Ministério Público pretende que a equipa de futebol profissional encarnada fique privada de competição entre seis meses a três anos (pouca coisa, digo eu, para tão hediondo crime).
Sem mais delongas, até porque não sou jurista, nem inspector, nem magistrado, resumo toda a questão no seguinte: Mesmo sendo adepto do Benfica, embora em modo cada vez mais desligado, não só do percurso do clube como do futebol nacional em geral, se neste ou noutros casos vier a ser inequivocamente provada e fundamentada culpa que tenha contribuído directamente para a adulteração da verdade desportiva, que sim, que seja penalizado, ou que desça de divisão, cumprindo-se a lei e o que dela resultar.
Mas, já agora, a pedido de muitas famílias, que seja mesmo extinto, indo aqui de encontro ao desejo de toda a nação rival, desde logo com o F.C. do Porto à cabeça.
Que a justiça não fique por meias medidas e que não se repitam impunidades descaradas como a do famoso "apito dourado" só porque alguns procedimentos na investigação, nomeadamente as escutas telefónicas, foram consideradas como "ilegais" pelo tribunal cível, mesmo que descaradamente visíveis e audíveis a cegos e a surdos. Mas, meus meninos, lei é lei e mesmo que fosse um reles assassino a confessar um crime, tal prova não serviria para a condenação. Justiça é justiça mas tem as suas regras, dizem. Assim sendo, tudo o que se ouviu, e que ainda se pode ouvir, foi algo que aconteceu apenas de forma fantasiosa no país das maravilhas em que a Alice se chamava Carolina e os convidados eram prendados com fruta fresca e viçosa a mando do rei de copas a partir do seu castelo à beira mar plantado.
Com o Benfica extinto(ufa, finalmente), regressará a harmonia ao nosso futebol e tudo será paz e amor entre virgens e anjos e como estes não têm sexo, de tal coexistência não haverá diabo que nasça para endiabrar a mui nobre e invicta nação lusitana do futebol. O F.C. do Porto, à maneira dos bons velhos tempos, ficará assim com todas as condições para dominar, sem rivais à altura. Vencer 10 títulos seguidos será canja, até que se enfadonhe e, por desfastio e benevolência, lá permita que o Sporting (se entretanto também não for extinto), ou mesmo um Braga, um Rio Ave ou um Tondela, meta um título pelo meio, para depois voltar afanosamente a recomeçar um ciclo de mais 10 títulos sem espinhas. Nada como ninguém a incomodar a nossa vidinha, mesmo que a mesma se torne uma pasmaceira de tão fácil.
Em conclusão, que sim, extinga-se esse cancro do futebol português, o Benfica, que entre outros pecados tem o dislate de ter 38 jogadores da sua formação convocados em todas as selecções nacionais de futebol (24 do clube e 14 ex-clube), mais do dobro do que os seus principais rivais. Não é admissível que tanto profissional do pontapé na bola possa medrar nesse antro de matéria negra (encarnada).
Vade retro satanás! Que se extinga e que comece um novo ciclo purificado porque, tirando essa corja de corruptos, todos os demais são dóceis virgens e meninas do coro.
Que se extinga!
Que se extinga!
4 de setembro de 2018
Decoro nas condecorações
É certo que percebo as recepções e condecorações do Presidente da República, Dr Marcelo Rebelo de Sousa, como as que agora teve para com os atletas Nélson Évora e Inês Henriques (vencedores do triplo salto e 50 km marcha (Europeus de Atletismo - Berlim), bem como anteriormente a outros atletas e selecções.
Segundo o presidente, "Nelson Évora e Inês Henriques têm em comum talento, determinação, capacidade de luta, resistência física e psíquica, e espírito de reinvenção ilimitados. Para eles não há fronteiras inultrapassáveis, nem desafios invencíveis".
Todavia, apesar de estarmos mais ou menos todos de acordo com estes reconhecimentos públicos por parte do nosso presidente, porque merecidos e animadores das hostes, todavia, dou por mim a pensar em tantos milhares de portugueses anônimos, igualmente eles com todos os adjectivos e predicados referidos pelo Dr. Marcelo, desempregados ou vencendo precariamente ordenados mínimos, com filhos para educar e alimentar, com rendas, luz, água, telefone, medicamentos para pagar, enfim atletas dominadores de todas as acrobacias diárias necessárias a quem procura levar a vida com poucos recursos, certamente que com ordenados imensamente inferiores aos de qualquer um dos que têm sido condecorados, mas com dignidade, sacrifício e coragem. Atletas e heróis, sem medalhas, sem hinos e mas sem tempo de antena.
Mas, claro está, estes anónimos atletas, de reinvenção ilimitada, que correm, marcham e saltam nas pistas da vida e do dia-a-dia, ganhando medalhas na prova de sobrevivência, não são convidados do Palácio de Belém nem aí recebem condecorações vistosas e elogios sumptuosos.
A vida é mesmo assim, mas mesmo que compreendendo estas situações, até porque politicamente correctas, creio que há nestas manifestações algum exagero, como se portugueses haja-os de primeira e de segunda. Não que considere que o presidente faça essa acepção, mas que os há, há.
3 de setembro de 2018
O meu catecismo da primeira classe
De todos os livros que marcaram a minha infância, e creio que a de muitos rapazes e raparigas da minha geração, os catecismos, a par dos livros da escola primária, ocupam um lugar especial na prateleira das nossas recordações, memórias e nostalgias.
Hoje trago à luz da memória o meu catecismo da primeira classe. Trata-se do primeiro volume de uma série chamada “Doutrina Cristã – Catecismo Nacional”, uma edição do Secretariado Nacional de Catequese, publicado durante os anos 50 e 60 e que serviu de base para o ensino da catequese ao nível de todo o país. Estes catecismos foram impressos na Litografia União Limitada, de Vila Nova de Gaia.
Este primeiro volume está profusa e excelentemente ilustrado pela mão da artista portuense Laura Costa, com o seu traço inconfundível, repleto de cor e pormenor. Cada ilustração, por si só, era uma lição e estou certo de que muitos recordarão o seu Catecismo apenas pela beleza das respectivas gravuras, muito bucólicas. De resto, Laura Costa notabilizou-se a ilustrar os populares contos de fadas nos anos 40 a 60, que encantaram muita rapaziada que os liam a partir da biblioteca itinerante da Gulbenkian que todos os meses aportava ao largo de Casaldaça trazendo estantes de conhecimento e fantasia.
O Catecismo tem uma dimensão de 12 x 17 cm e 32 páginas a cores.
É importante referir que estes catecismos, tinham uma publicação de apoio, chamada de Caderno de Trabalhos Práticos (que possuo), com gravuras das lições, a preto e branco, destinadas a serem pintadas pelos alunos, bem como textos picotados, também destinados a serem preenchidos. Todavia, talvez pelo seu custo, acrescido ao do catecismo propriamente dito, e dadas as dificuldades económicas da maioria dos pais das crianças nesse tempo, tenho a ideia de que muito raramente este caderno era adquirido. Pelo menos não me recordo de o possuir na altura nem de o mesmo ter sido aplicado na minha Catequese.
Por outro lado, existia ainda um volume auxiliar, destinado às Catequistas, chamado Guia de Ensino (que também possuo), bastante extensivo, com a explicação da mensagem da aula e respectivas actividades, constituindo-se num excelente auxiliar das sessões de Catequese, principalmente em meios pobres onde nem sempre as Catequistas tinham formação adequada.
De referir que quando transitei para a segunda classe da Catequese, foram adoptados outros catecismos, pelo que tudo indica de que esta série de que falei deixou de ser publicada e utilizada, desconhecendo-se se tal mudança ocorreu a nível nacional, ou apenas no âmbito Diocesano, mas tudo parece indicar que a alteração editorial foi geral. De qualquer forma esta fantástica série “Doutrina Cristã – Catecismo Nacional”, vigorou pelo menos durante duas décadas, um caso invulgar de longevidade, tendo em conta que actualmente os manuais de escola e catequese mudam quase de ano para ano e com edições diversas.
Os objectivos deste primeiro volume, vocacionados para a preparação da Primeira Comunhão, estavam assim expressos no prefácio do mesmo:
“ Eu sou a Verdade” – disse Jesus. O presente Catecismo vem dar cumprimento a um voto do Concílio Plenário. É destinado a todas as crianças de Portugal, que devem fazer a sua primeira Comunhão à roda dos 7 anos (como desejava São Pio X) a fim de despertar já nos seus corações infantis uma autêntica vida cristã.
Foi para facilitar o trabalho educativo nas Famílias, nas Catequeses e nas Escolas, - a quantos são responsáveis pela alta missão de fazer desabrochar na alma infantil a virtude e a santidade, - que este Catecismo se elaborou por iniciativa do Venerando Episcopado.
Espera-se que o zelo de todos os educadores cristãos faça valorizar o presente texto oficial, cujas lições se acham ligadas ao Tempo Litúrgico (de fins de Outubro a Maio: as lições marcadas –A, servem para melhor permitir essa ligação, na hipótese duma aula semanal).
Ensinando-se, cuide-se da formação cristã da criança: atenda-se às condições várias da sua preparação cristã e desenvolvimento; faça-se com que ela compreenda toda a doutrina, a ame e aplique à sua vida; procure-se que retenha de memória o que deve reter e consequentemente se prepare de modo a poder já confessar-se e comungar pelo Tempo Pascal.
Na festa de Nª Sª do Rosário, aos 7 de Outubro de 1953. M. Cardeal Patriarca.
Como verificamos por este texto, este primeiro volume tinha objectivos específicos mas concretos no ensino da doutrina das crianças que pela primeira vez entravam no ciclo da Catequese.
Escusado será dizer que possuo na minha biblioteca os quatro exemplares desta série, referentes às respectivas classes de catequese (1º. 2ª 3ª e 4ª).
Escusado será dizer que possuo na minha biblioteca os quatro exemplares desta série, referentes às respectivas classes de catequese (1º. 2ª 3ª e 4ª).
- As duas últimas imagens referem-se ao tal caderno de trabalhos práticos, que servia de apoio às lições de catequese.
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