10 de fevereiro de 2020

Claridade

Olhei ao alto
na procura
de um lençol de claridade,
mas a sombra
de um sonho
mal sonhado
pairava como mortalha
acendida
no braseiro febril
do delírio.

A chuva mitigadora,
refrescante,
tardava
no desejo de um afogamento
nos teus braços
onde a paz mora abençoada.

No teu seio,
há uma lagoa,
límpida, clara,
onde velejo,
suave,
nas mornas ondas
do sopro dos teus lábios.


Ocirema  Adilema

Olhares - Marcas do tempo


Há na decrepitude um não sei quê de beleza...

Por vezes uma simples fotografia, e dela um olhar, tanto mais de algo decandente e decrépito, tem uma história agregada, que pode ser privada ou pública.

Neste exemplo que captei hoje, apesar da falta de letras no letreiro, descobri que trata-se de um pormenor das instalações da RIMARTE, uma empresa fundada em 1950, ligada ao sector da latoaria, em concreto de embalagens de folha flandres. Foi uma das primeiras e mais importantes do tecido industrial de Vale de Cambra, em concreto na freguesia de Vila Chã. Foi fundada por António Ribeiro, sobrinho de Manuel Ribeiro, este co-fundador, com seu irmão, da primeira inústria de latoaria do concelho.

Como muitas outras empresas, as alterações sociais, tecnológicas e hábitos de consumo, forçaram e ditaram o seu final, o que terá acontecido já no final do anterior século.

O concelho de Vale de Cambra tem um importante historial de importantes empresas, algumas que fecharam, outras que mudaram de mãos, como a Lacto Lusa, e outras que continuam como nomes de prestígio no âmbito nacional e mesmo internacional, como a Colep, a Vicaima, a Arsopi, a Progresso, etc.

Resta dizer que as instalações da Rimarte, bem localizadas e no centro de Vila Chã, ocupam uma importante área, de quase 3500 m2, na sua generalidade degradadas.

6 de fevereiro de 2020

Idade das trevas


Quando fiz parte da Junta, realizei largas dezenas de reportes de falhas de iluminação na rede pública, quer a pedidos de moradores quer por iniciativa própria. Foram voltas e voltinhas à freguesia, de noite, a contar lâmpadas como quem conta gambuzinos. Na altura ainda vigorava o poupadinho sistema de "poste sim, poste não", no que a juntar às situações de avarias e lâmpadas fundidas, a freguesia vivia num estado de semi-apagão. Caminhar de noite pelas nossas ruas era uma aventura para machos.

Depois supostamente terminou a "idade das trevas" em que em teoria todas as lâmpadas em todos os postes foram ligadas. Mesmo depois de estar fora de qualquer responsabilidade, com algum sentido de cidadania, e amor à camisola, continuei a reportar situações de lâmpadas sem luz, quer por email quer usando o sistema da EDP Distribuição. Mas, regra geral, era chover no molhado, mesmo apesar de reiteradas comunicações. Muito poucas situações foram solucionadas. Em face disso, perante essa espécie de "estamo-nos cagando"  por parte dos senhores da luz, acabei por desistir. 

Não surpreende, pois, que actualmente na freguesia sejam dezenas de postes sem luz. Mesmo nos últimos dias e mesmo semanas, como ainda hoje, parte  do lugar de Casaldaça continua ás escuras. São pelo menos 6 postes seguidos sem luz, incluindo toda a zona do largo de Casaldaça. Uma por outra, como a que está defronte do Café Progresso, lá se lembra das suas responsabilidades de vez em quando dar à luz. Uma espécie de "ilumino se me apetecer". Também a rua da urbanização de Linhares está toda desligada. Na Rua da Zona Industrial, da Utilibébé à rotunda são pelo menos três postes seguidos. E muitos outros locais onde está bem escurinho.

Por isso que fazer? Que fazer quando mesmo no uso de cidadania a preocupação e resposta, ou falta dela,  de quem tem a obrigação é de indiferença. Perante esse "estamos-nos a cagar" dos senhores da luz, a melhor resposta será, porventura, "vão-se foder !".

3 de fevereiro de 2020

Com S. Domingos no horizonte






Entre S. Domingos e o Arda e a Senhora da Livração, olhares profundos em vales verdejantes. Entre minas de ouro negro, fabrico de papel e pão-de-ló. Tão perto e tão desconhecido.

1 de fevereiro de 2020

Centro Social - Assembleia Geral 31 de Janeiro de 2020

Teve lugar, ontem, 31 de Janeiro, uma sessão ordinária da Assembleia Geral do Centro Social S. Mamede de Guisande. O acto decorreu pelas 21:30 horas nas instalações do Centro Cívico, no Monte do Viso e teve na ordem de trabalhos a apresentação e  aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para o ano de 2020. Ambos tiveram aprovação por unanimidade dos sócios presentes.

Os documentos que estiveram disponíveis para todos os presentes  podem ser consultados junto da Direcção ou da Assembleia Geral.

Quanto ao segundo ponto da agenda de trabalhos, a Direcção presidida por Joaquim santos comunicou que com a intermediação da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, chegou-se a um acordo de pagamento com empreiteiro da obra, com o pagamento remanescente em dívida em prestações mensais durante um ano, no que em muito vem ajudar nesta responsabilidade que se mantinha.

A Direcção apresentou ainda valores como receita expectável, nomeadamente o apoio da Junta da União de Freguesias, bem como o recebimento do valor em falta ainda detido e na posse particular de dois ex-autarcas. Estas verbas, consideradas na processo de candidatura à obra de construção, são importantes e a Direcção tem a legítima expectativa de a vir a receber.

28 de janeiro de 2020

Nem sempre se escreve direito por linhas tortas


Eu faço por perceber as motivações de alguns dos defensores desse "mártir" da Justiça, Rui Pinto, mas, confesso, faz-me alguma confusão porque, de algum modo, irracional ou pelo menos ligeira.

A questão, e não sou eu que o digo, mas concordo com o que, entre muitos, disse ontem na RTP 3 o camarada comunista Eng.º Honório Novo: "...se o Estado, ele próprio, não pode usar meios de prova recolhidos pelas suas entidades de forma não legítima, como escutas telefónicas, sob coacção ou invasão de propriedade e privacidade sem mandato claro e específico do Poder Judicial, como é que se pode agora, no caso do hacker Rui Pinto, inverter-se esse legítimo direito, e pensar-se como normal usar toda a informação, por mais relevante que seja, obtida num contexto de crime e ilegitimidade?".

Que essa "lebre" levantada do matagal pelo "podengo" Pinto, possa e deva servir de ponto de partida para investigações próprias dos poderes da Justiça, parece normal e legítimo. Já a usar elementos e documentos de prova recolhidos à margem das leis não pode ser normal, porque, para o bem e para o mal, goste-se ou não, estamos num chamado Estado de Direito. Talvez num Estado autoritário de atropelo aos elementares direitos à privacidade isso fosse normal, mas não, para já, em Portugal.

Com tudo, podem, incluindo as anas gomes, continuar a adorar o Rui Pinto e a fazerem-lhe procissões, invocando satánicas figuras da corrupção portuguesa como exemplos paradoxais do tratamento ao hacker, este preso e aqueles à solta, mas um pouco mais de distanciamento não fará mal a ninguém.

Eu que até já tive uma conta de email hackeada e a partir de um ilícito dela fui envolvido em negócios fraudulentos, a que felizmente e por sorte consegui estancar a tempo, não posso de modo algum apoiar quem nos entra pela porta adentro sem permissão, invadindo a nossa privacidade, a nossa intimidade, mesmo que, porventura, tenhamos alguns "podres" a esconder.

Cada coisa no seu lugar e é nessa diferenciação que se distingue um Estado de Direito e de salvaguarda de direitos fundamentais. Para a criminalidade existe a Justiça e a polícia. Se assim não for, estamos na lei da selva.