7 de novembro de 2021

Nota de falecimento

 


Faleceu Fernando dos Santos Alves (Fernando do Teixeira), de 67 anos de idade, natural da Pereirada, freguesia de Guisande. Vivia no lugar de  Sobreda, emCanedo.

O funeral terá lugar na freguesia de Canedo, amanhã, 8 de Novembro, pelas 16:30 horas. Missa de 7º dia no Sábado, 13 de Novembro, pelas 16:30 horas, na igreja matriz de S. Pedro de Canedo.

Sentidos sentimentos a todos os familiares. Paz à sua alma!

5 de novembro de 2021

Paradoxos


Por força do meu trabalho, um pouco por todo o concelho tenho visitado inúmeras instalações de pavilhões industriais, modernamente ditos de actividades económicas, na maior parte das vezes, com uma raíz clandestina ou com ampliações e alterações substanciais relativamente ao título de edificação original, sem alvarás de utilização e com actividades quase sempre sem as necessárias autorizações. E algumas dessas empresas literalmente com largas dezenas de trabalhadores. 

A enfeitar o ramalhete, muitas dessas instalações, onde trabalham pessoas, não têm condições de higiene e segurança nem cumprem alguns dos requisitos regulamentares, nomeadamente quanto a pés-direitos, instalações sanitárias, acessibilidades, etc. Já para não falar nas questões de gestão e tratamento de resíduos e efluentes. Quanto à integração urbana e qualidade arquitectónica, é melhor passar.

Mas apesar de tudo, porque a economia não pode parar, as coisas vão rolando nesta ilegalidade e parece que ninguém fiscaliza nem penaliza. De resto o problema não é de agora e a incidência é naturalmente maior em construções concretizadas nas décadas de 1970, 80 e 90 e englobam muitas das chamadas empresas de vão de escada. As zonas industriais vieram estabelecer alguma ordem e construções e actividades relativamente licenciadas, mas para trás é um Deus nos acuda.

Ainda por estes dias, estive numa empresa com a instalação implantada literalmente à face de uma linha de água com alguma importãncia na nossa rede hidrográfica, com instalações ainda sem acabamentos interiores, com tijolo e blocos à vista, com um sanitário para homens e mulheres, com as diferentes peças sanitárias num único espaço, etc. Pensei que isto não era possível nestes tempos, em que para se fazer um galinheiro ou levantar um muro aos 2,20 metros é obrigatório um projecto e uma licença. Mas sim, são mais que muitas estas situações precárias. No nosso concelho, claro.

Mas paradoxalmente, e nestas coisas há sempre paradoxos, fico chocado quando, como ainda há algum tempo em Canedo, o proprietário de uma humilde habitação, só porque estava a habitar sem o respectivo alvará de utilização, foi penalizado com a aplicação de uma coima que naturalmente teve que pagar, mesmo que com o especial favor de ser em prestações. O choque e esta disparidade de critérios, é maior quando se sabe que a família tem poucos recursos, a esposa tem um simples emprego de ordenado mínimo e o marido sem emprego porque com problemas de doença e de mobilidade.

Como cereja no topo do bolo, importa dizer que habitações habitadas no nosso concelho sem os respectivos alvarás de utilização são mais que muitas. Mesmo muitas. Já quanto a construções com alterações e ampliações não licenciadas, serão seguramente aos milhares.

Deixemos, pois, a economia rolar porque importa o índice de empregabilidade, dê-se tempo e lugar a que as empresas regularizem as suas situações, mas, por favor, não penalizem quem menos pode, quantas vezes por uma mera lana caprina, porque  só acentua o sentido de injustiça para os mais fracos e impunidade de quem mais pode e prevarica com coisas de significado. No fundo, evitar a máxima "ser fortes com os fracos e fracos com os fortes".

4 de novembro de 2021

Narrativas...


Todos sabemos que o combate à pandemia da Covid-19 foi duro nos seus piores momentos e envolveu o empenho e dedicação de todo o sistema do Serviço Nacional de Saúde - SNS. 

Mas também sabemos, mais ou menos, quais as consequências e custos dessa dedicação quase exclusiva. Desde logo o aumento significativo da taxa de mortalidade quando comparada com anos anteriores, mesmo descontando os casos relacionados aos efeitos da Covid-19. Por outro lado, a ter em conta outros dados, nomeadamente os que por estes dias foram divulgados pela imprensa, conclui-se que quase 14 milhões de consultas ficaram por realizar no SNS devido à pandemia e mais de quatro mil cancros terão ficado por diagnosticar.

Estes dados com origem no Movimento Saúde em Dia, que inclui a Ordem dos Médicos e a Associação de Administradores Hospitalares, revelam que terão ficado por realizar 13,9 milhões de consultas nos centros de saúde. Desses elementos, o indicador mais preocupante é o das urgências, estimando-se que tenham ficado por fazer mais de 1,6 milhões diagnósticos de doentes considerados urgentes.

Ou seja, não restam dúvidas que para combater um mal, o SNS por ordens e directivas da tutela governamental, descurou todo o resto. Apesar disso, desde os primóridos da pandemia, em que se jurava que o SNS estava preparado, a narrativa do Governo e da sua Ministra da Saúde gira sempre em torno de exaltar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde e da sua resiliência.

Mas pergunta-se: Que resiliência e capacidade, quando todo o resto foi descurado com um agravamento brutal das condições de saúde dos portugueses. Os números do que não foi feito, deixado de fazer ou adiado, são impressionantes e conduzem necessariamente a uma ilacção lógica de que evitaram-se muitas mortes pelo combate à pandemia, é certo, mas imensamente mais aconteceram pela tal opção de exclusividade.pelo que deixou de ser feito. Quando se conclui que mais de 1,6 milhões de diagnósticos de doentes considerados urgentes tenham ficado por fazer, parece claro quanto ao desfecho, como agravamento das morbilidades e, infelizmente, as mortes por não ser possível essa despistagem e o tratamento. Mas, cá está, essas mortes não são divulgadas diariamente e para o Governo parecem não contar para o totobola e são apenas números e estatísticas, atribuindo-se às mesmas causas naturais, ondas de calor, ondas de frio, etc. Tudo menos pelo descalabro do SNS.

Assim, andamos todos para aqui a papar narrativas de que o SNS está em perfeita saúde e funciona exemplarmente, quando está mais que claro que a realidade é bem mais negra. De resto os recentes casos de demissão de directores clínicos em vários hospitais, agastados com as recorrentes faltas de meios humanos e técnicos é sintomático da falta de saúde do sistema de Saúde. Por outro lado, esta aversão da esquerda extremista às parcerias com os serviços privados na área da saúde, de resto como à de todos os sectores, também não ajuda, sobretudo em rempos em que todos os recursos, públicos ou privados são poucos.

Em tudo isto, e é apenas a minha opinião, há que conseguir equilíbrios entre o execesso de uma visão ultra liberal e um extremismo fundamentalista que defende o controlo total do Estado sobre as diferentes áreas, nomeadamente sobre as Saúde, Educação e Transportes.

3 de novembro de 2021

Coisas do futebol

Como adepto benfiquista, mesmo que nos últimos tempos pouco seguidor, não sei se me custa mais encaixar uma nova pesada derrota, mesmo que no pressuposto de ter sido contra, porventura, a melhor equipa do mundo e arredores (o Bayern de Munique), se as (in)justificações do seu treinador, Jorge Jesus, que, parece-me, cada vez está mais um mestre das basófias do que outra coisa qualquer incluindo a de treinador.

Bem sei que, como lugar comum, isto são coisas do futebol e que se ganha a um Barcelona e que a seguir se perde com um Portimonense, etc, e portanto coisas  a relativizar, mas pelo menos alguma coerência e objectividade ficam sempre bem a quem se desculpa. É que a dado momento já não há pachorra para ouvir alguns dos nossos treinadores. Ouvir Jorge Jesus ou Sérgio Conceição é já quase como tomar remédio das bichas ou óleo de fígado de bacalhau. 

Em resumo, são mesmo coisas do futebol e só uma carga muito grande de irracionalidade e doentismo é que nos leva a perder algum tempo a ou dar alguma importância a estas coisas. 

Entretanto, outro mestre das táticas e dos seus esquemas em papel, que tanto sucesso fizeram enquanto treinador do F.C. do Porto, o NES, Nuno Espírito Santos, lá foi despedido do Tottenham, mas parece que, tal como o Mourinho, o Special One,se prepara para vir com uma mão à frente e outras atrás com, fala-se, 17 milhões. São uma imoralidade estes valores pagos pelo insucesso ou, quiçá, incompetência, mas, cá está, são as tais coisas do futebol. Com 17 milhões pode reformar-se e ir treinar algures um clube de veteranos lá para a Polinésia, que tem boas praias e melhor marisco.

Quanto ao Mourinho, o relógio estará em "countdown". Tic-tac, tic-tac. Os romanos que preparem mais uma malada para a despedida.

2 de novembro de 2021

Festa do Viso 2022

 

Devido à pandemia da Covid-19 e às restrições dela decorrentes, a nossa Festa do Viso, em honra de Nª Sª da Boa Fortuna e de Santo António, não se realizou em 2020 nem em 2021. 

Sem certezas de como evoluirá a situação da pandemia e se haverá ou não retrocesso nas restrições, por ora vamos tendo esperança de que com a normalidade possível vamos ter a edição da festa em Agosto de 2022.

Tendo em conta o que consegui saber da Comissão de Festa de 2020, nomeadamente por parte do elemento Johnny Almeida, há uma vontade e um compromisso de renovar a vontade de realizar a festa, mesmo volvidos dois anos, embora com dificuldades acrescidas, que mais não seja porque os compromissos pessoais de cada um dos festeiros obviamente que foram alterados. Os pressupostos de aceitação e disponibilidade para a edição de 2020 já não são os mesmos, como se compreenderá. Em face disso há pelo menos um dos festeiros solteiros que optou por não reassumir, estando assim a equipa desfalcada e por isso com uma sobrecarga de tarefas.

Em todo o caso, mesmo necessitando do apoio de toda a comunidade, e eventualmente com o orçamento a ter que ser reformulado, e não sendo o Santo António o S. Tiago, é de enaltecer este espírito demonstrado pelos festeiros restantes ao decidirem aceitar e assumir o desafio de organização da festa na sua edição de 2022.

Vamos, pois, redobrar o apoio à Comissão de Festas!

- Tome apenas o que quiser!

 


Como povo e país temos muitas singularidades e algumas particularidades que mereciam ser alvo de um caso de estudo, uma delas a de valorizar, adoptar e mesmo importar de forma exagerada os anglicanismos e até mesmo algumas tradições.  Neste caso, o Halloween ou Dia das Bruxas, claramente uma importação asociada aos interesses comerciais e decorrente da colonização do show business das terras do Tio Sam. 

Esta, também uma forma de pandemia (e para a qual não há vacina), espalhou-se rapidamente e já não só interessa a espaços comerciais e restauração, como as própias escolas adoptaram-na e impuseram-na ao calendário, porventura até com mais força do que as relacionadas ao calendário litúrgico e religioso, como Natal e Páscoa, porque a muitos pais e educadores tá-se bem para a cultura das fantasias, bruxinhas e abóboras escavacadas, do que algo que se relacione à religião. Credo em cruz!

Assim, vamos indo confortáveis nesta onda a que alguns rotulam de provincianismo, mas já não há volta a dar a esta colonização. Claro está que, muitas das nossas genuínas  tradições ficam esquecidas ou desprezadas, mesmo que uma ou outra, a reboque de alguma agenda turística e de destaque dos média vá ganhando importância, como, por exemplo, os "caretos" de Podence, em Trás-os-Montes, mas quase sempre num contexto local.

Nada melhor, pois, que uma tradição que nos é servida em doses maciças em tudo quanto é série e filme com produção na terra dos camones.

Mas, como diria o Tiririca, "pior do que está não fica", e também não é por aí que vem o mal ao mundo e depois e além disso, como responderia o tasqueiro perante a reclamação do cliente de lhe ter servido o café com a chávena demasiado cheia, "- Ó amigo, tome apenas o que quiser!".


[Nota: Bruxinha "roubada" à Palmira no Restaurante "O Lavrador".]

1 de novembro de 2021

A idade do tempo ou o tempo da idade


Quando tinha 12 anos, desejava ter 18. Quando tinha 18, não me importava de reverter aos 25. Quando fiz 25, já fiquei na dúvida se não seria preferível voltar a ter 18.

Quando fiz  30 percebi que estava no meio da ponte, não como um burro, porque esse pode sempre voltar para trás, mas numa aceitação passiva de que nem novo nem velho, porventura na idade com que se poderia desejar que o contador do tempo parasse de forma definitiva.

Aos 40 deixou de haver qualquer piada em festejar o próprio aniversário. Aos 50 a certeza de que a coisa agora era sempre para descarrilar, porque a partir dali o caminho é sempre a descer e só fica a faltar saber, como a um calhau que se lança ravina abaixo,  em que curva vamos ficar imobilizados.

Em resumo, já pouco interessa  desvendar a dúvida de saber os anos que temos e os que possamos vir a ter, porque a certeza de uma jamais poderá responder à incerteza de outra.

Cícero, esse filósofo da velha Roma, já dizia que os homens eram como os vinhos, aos quais a idade azeda os maus e apura os bons. O problema é que às tantas já nem sabemos se estamos mais apurados ou mais azedados e com os mais novos a beberem apenas Coca Cola e refrigerantes, já não vamos ter quem nos julgue e avalie com competência e sobretudo sabedoria.

Assim como assim, e porque não há volta a dar, sigamos na expectativa de que somos um bom vinho, apurado quanto baste, mas sem veleidades de vir a ser saboreado na plenitude.

Para além de tudo, esta coisa de ter aniversário em Dia de Todos os Santos, não ajuda, antes carrega de um simbolismo esta dictomia da angústia ou libertação do tempo e da idade.