7 de dezembro de 2021

Acordeão desafinado


Bem sabemos que as nossas televisões, incluindo a pública RTP, há muito que encontraram nos telefonemas de valor acrescentado uma mina onde podem garimpar uma substancial receita e pau para toda a colher. Daí que em programas ditos de entretenimento, tantas vezes de apenas "encher chouriços", abundem os pseudo-concursos, apenas com o claro intuito de angariar verbas.

Assim, no programa "Praça da Alegria" que na RTP entretém reformados e salas de espera até que chegue à hora do almoço, começou agora um pseudo-concurso designado de "Acordeão D´Ouro", que supostamente pretende premiar e encontrar o melhor acordeonista de quantos se inscrevem e participam. 

Ora, a ter em conta o exemplo da primeira ronda de hoje, vê-se claramente que quem decide é o público e os seus votos-telefonemas, logo quem conseguir arrigimentar mais familiares, vizinhos e amigos e quem cativar mais popularidada e simpatia. 

O verdadeiro saber, a meritocracia, são atributos que valem pouco ou mesmo nada. Assim, um qualquer zé cabra das teclas, especialista em dar uns toques, pode facilmente vencer um aluno de Conservatório, com técnica apurada e formação musical, desde que faça figura de bom e alegre rapaz.

É certo que existe um júri, desde logo com o profissional e competente Tino Costa, algarvio com mais de 50 anos de carreira, mas a televisão não quer que a coisa seja decidida por júris, por quem supostamente percebe da poda, e daí o povo é que decide com o seu voto telefónico. Podia lá ficar de fora?...

Neste contexto, um dias destes teremos o povo anónimo a votar em qual será o melhor foguetão para nos levar a Marte. 

Portanto, quando se brinca com coisas sérias, a coisa não é para levar a sério. É pena, mas os modelos de negócio das televisões e dos média em geral não se compadecem com lirismos e coisas sérias.

6 de dezembro de 2021

Acerto de estipêndio


Na Diocese do Porto, como nas demais nacionais, a tabela de taxas e tributos, data de Junho de 2008. 

Entretanto em Maio de 2019, os bispos portugueses aprovaram o documento "Contributos por serviços pastorais e atos administrativos nas Dioceses de Portugal", relativo à tabela de taxas por diferentes serviços na Igreja, que entra em vigor após a aprovação pela Santa Sé. 

A Tabela de Taxas e Tributos, relativos à obtenção de documentos, da celebração de festas, da construção de novos espaços, da celebração de sacramentos, da alienação de bens temporais, ou da prestação de contas das Comunidades Paroquias, das Irmandade ou Associações e outros, será “reconhecida pela Santa Sé, para uniformizar na Igreja em geral, apesar das diferenças locais” e entrará em vigor posteriormente. Desconheço se tal documento já foi aprovado. Assim, por enquanto presume-se que está em vigor a versão de Junho de 2008.

Da tal tabela de 2008, entre os diversos actos previstos, a alínea a) do ponto 33 refere que o estipêndio referente a missa com intenções(ofício exequial) tem o valor de 10,00 euros.

Neste contexto, nas missas de Sábado e Domingo passados o nosso pároco Pe. António Jorge Oliveira contextualizou e justificou o acerto do valor das missas por intenções, para os tais 10,00 euros tabelados desde 2008. Tal significa, no caso da paróquia de Guisande, um acerto de 100%, já que desde há anos que se vinha praticando excepcionalmente o valor de 5,00 euros. É certo que é um significativo aumento mas de facto, independentemente de se considerar, ou não, ser caro ou barato,  não se justifica que na mesma diocese e vigararia se pratiquem diferentes valores.

Esta actualização será aplicada a partir de Janeiro de 2022.

Em consequência, o pároco pretende também que as intenções de missa sejam marcadas com alguma antecedência de modo a que as mesmas possam ser anunciadas uma semana antes, de resto uma prática já em vigor em várias outras paróquias.


5 de dezembro de 2021

Bodas de Prata Sacerdotais e Paroquiais do Pe. Francsico

 


O saudoso Pe. Francisco Gomes de Oliveira, celebrou as suas Bodas de Ouro Sacerdotais e Paroquias em 15 de Agosto de 1989, numa festa que envolveu de alegria e participação toda a comunidade. Antes, porém, em 15 de Agosto de 1964 celebrou as correspondentes Bodas de Prata. Foi igualmente um dia de festa para toda a comunidade mas que, pelas naturais limitações da época, tiveram um carácter menos participativo por parte da população, Basta pensar que em 1989 foi organizado um grande almoço tendo sido convidada toda a população e que decorreu nas amplas instalações da fábrica da Utilbébé, enquanto que em 1964 o almoço restringiu-se à família do pároco e de pessoas mais ilustres da terra. Decorreu então no rés-do-chão do Salão Paroquial nessa altura ainda em obras de construção e ainda por acabar.

A lembrar essa data, acima reproduzimos três "santinhos" que o Pe. Francisco mandou estampar para assim distribuir não só pelos convidados como pela população.

Hoje em dia este tipo de lembranças e recordações são bem mais espampanantes, como acontece nos convites de casamento, mas na realidade pouco efeito têm e muitas vezes passam a ser lembranças efêmeras dada a rapidez e incidência dos divórcios. Mas estas são contas de outro rosário e o que aqui interessa é mesmo evocar a data das Bodas de Prata Sacerdotais e Paroquiais do Pe. Francisco Gomes de Oliveira.

Mas voltaremos a este assunto acrescentando-lhe mais dados e fotografias.

4 de dezembro de 2021

Cartaz da Festa do Viso - Antigo - 1949?

 


Encontrar um cartaz da Festa do Viso em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, mesmo que relativamente recente, é por si só difícil, já que não há o cuidado e a sensibilidade de se arquivar de ano a ano. Ora, por ordem de razão, encontrar um mais antigo, como aconteceu agora entre papeladas da paróquia, é uma sorte, mas, azar dos azares, o mesmo não faz referência ao ano. 

Todavia, sabendo que a festa se realiza desde tempos imemoriais sempre no primeiro Domingo do mês de Agosto, sabemos que neste caso o dia 7 de Agosto calhou num Domingo. Fazendo um exercício especulativo mas com grande probabilidade, considerei numa primeira estimativa que o presente cartaz se reportava ou ao ano de 1955 ou 1949. Isto porque abaixo dos anos 1960 e até 1940, o primeiro Domingo apenas foi dia 7 nesses dois anos. Por outro lado, os dados mais antigos que temos sobre a nossa festa, incluindo indicação de comissões de festas reporta-se aos anos 1930. Por outro lado ainda, não deverá ser acima dos anos 1960, pois por essa década já tenho memória de cartazes com outros formatos e bem maiores. Este exemplar aqui é aproximadamente do tamanho A4.

E nesta especulação, obviamente que não podemos ter em conta alguma da ortografia e vocabulário, pois o termo Egreja passou a ser escrito  Igreja a partir do Acordo Ortográfico de 1911. Seria de facto extraordinário que este cartaz acima publicado fosse anterior a 1911, o que remeteria para uma data próxima da construção da Capela (em 1859). Sendo pouco provável, é no entanto possível.

A impressão foi feita na Tipografia Heróica, que ainda existe na Rua das Flores, no Porto. Esta empresa entre outras particularidades produz anualmente milhares de folhinhas com as quadras populares que são aplicadas nos vasos de manjericos. Poder-se-á, pois, tentar procurar na empresa caso exista arquivo, mas certamente será tarefa inglória.

Entretanto, por posterior pesquisa, consegui apurar a informação de que a Banda Musical dos Bombeiros Voluntários de Vila da Feira, que consta no cartaz, foi fundada em 1924 e extinta em 1942, o que significa que o referido impresso é ainda anterior a 1949, data inicialmente estimada. Fazendo nova pesquisa dos dias 7 de Agosto entre 1924 e 1942 apenas aparecem os anos de 1927, 1932 e 1938. Ou seja, o cartaz será seguramente de um destes três anos.

Quanto a este cartaz, ele diz-nos que no Sábado, dia 6, estiveram no arraial duas bandas de música, a da Vila de Arouca e a dos Bombeiros Voluntários de Vila da Feira (que já não existe). Não deixa de ser curiosa a indicação de que as bandas se exibiram até às...3 da madrugada.

Ainda a descrição interessante sobre a ornamentação e a iluminação a "acetilene e à minhota" pelos hábeis Sr. Rufino de Almeida Postal e Manoel Pinho, de Oliveira de Azeméis. Repare-se que acetilene ou acetileno é um hidrocarboneto, por isso usado em iluminação. Daí a novidade, já que com toda a certeza nessa altura Guisande ainda não tinha rede eléctrica e iluminação pública.

Descreve ainda, que "além da ornamentação alugada, o arraial estará revestido de admiráveis efeitos pelas mãos delicadas de um grupo de gentis meninas da freguesia". De facto, deliciosa esta descrição.

Quanto ao dia 7 de Agosto, Domingo, bem cedo, pelas 09:30 horas, a imponente procissão da Igreja Matriz para a capela. Pelas 11:00 horas a missa solene com pregação do Rev.mo Abade de Pedroso - Vila Nova de Gaia. Nova curiosidade, as mesmas bandas de música que actuaram no Sábado, voltam a actuar no Domingo. Realmente muito trabalho. Finalmente pelas 17:00 horas, "combate de fogo Chinês entre os referidos pirotécnicos".  Tendo em conta a hora e o dia de Verão, não nos parece que o fogo de artifício tivesse assim tanto impacto, mas pelos vistos era então a norma.

Analisando este cartaz como outros programas, não há dúvida que por esses tempos, anos  1930, 1940 e 1950, a parte de entretenimento da nossa festa centrava-se muito na actuação de bandas de música e fogo de artifício. Já a partir dos anos 1970 tornaram-se habituais os conjuntos típicos e ranchos e só mais tarde, já a partir de meados de 1980 é que começaram a surgir os ditos cantores pimba, "artistas da rádio e televisão".

Interessante como um aparentemente simples papel amarrotado e misturado com outros papéis igualmente maltratados, nos pode dar muitas informações obre aspectos da nossa vivência e história comunitária.

3 de dezembro de 2021

Pe. António Santiago - Pedido para a Missa Nova

 


O documento acima, existente no acervo de velhos papéis da paróquia, é importante e interessante. Trata-se de um requerimento datado de 7 de Agosto de 1961, dirigido ao Bispo do Porto por parte do Pe. António Alves de Pinho Santiago, a pedir autorização para celebrar a sua Missa Nova, no dia 15 de Agosto de 1961, acompanhada pela Banda Musical de S. Tiago de Lobão, com sermão pelo guisandense Pe. José Pereira de Oliveira, da Congregação do Espírito Santo, e exposição solene do Santíssimo no final da missa, bem como a poder continuar a celebrar o santo sacrifício da Missa desde esse dia em diante.

O pedido naturalmente foi deferido, dando-se a curiosidade de lhe ter sido concedida a autorização para poder celebrar durante vinte dias. Certamente que depois com a autorização definitiva logo que nomeado pároco, já que nesse mesmo ano de 1961 recebe do seu Bispo a nomeação para coadjutor da paróquia de Lourosa, concelho de Vila da Feira, onde permaneceu durante dois anos.

Em 30 de Agosto de 1963 foi nomeado pároco de Santa Marinha de Palmaz, concelho de Oliveira de Azeméis. Anos mais tarde, em 1993, ficou também com a responsabilidade da paróquia vizinha de Travanca, no mesmo concelho.

Com a graça de Deus, ainda que debilitado de saúde, continua entre nós!

2 de dezembro de 2021

Exterminem-se os alto-falantes (a bem da Nação)

 


O documento acima publicado, existente no acervo de velhos papéis da paróquia, trata-se de uma  missiva  do então presidente da Câmara Municipal da Feira, Dr. Domingos Caetano de Sousa, ao Pe. Francisco Gomes de Oliveira, pároco de S. Mamede de Guisande, em que pedia a este o obséquio para ser avisado nas missas dominicais a veemente proibição de uso de alto-falantes, que se verificaria em algumas freguesias, incluindo a de Guisande, não sendo concedidas licenças para tal uso e que foram transmitidas instruções às autoridades para procederem à apreensão de todos os instrumentos amplificadores de som, atentatórios do sossego e tranquilidade públicas.

Ora em resposta, o Pe. Francisco escreveu: O Sr Presidente enganou-se. Tem havido alto-falantes nas freguesias limítrofes, mas nesta já há muito tempo que não. Guisande, 23 de maio de 1958.

Não deixa de ser curiosa esta nota da Câmara Municipal. Pelos vistos o uso de alto-falantes para animar bailaricos deveria ser então uma moda e um praga pois "desassossegava e ofendia" a tranquilidade às pessoas. Pelos vistos, seria festa com fartura, o que não agradaria a todos, incluindo à Câmara.

Curiosa igualmente a resposta do pároco, dizendo ao Sr. Presidente que este se enganara.