3 de maio de 2023

Ainda a leste do Facebook

No início do ano informei por aqui mais uma pausa na minha frequência da rede social Facebook, o que de resto já havia feito noutras alturas.

A pausa dura assim há quase quatro meses e de facto não tenho acedido à conta pelo que não tenho partilhado ou visualizado qualquer publicação. 

Entretanto, e porque não estava mesmo a utilizar e poderia confundir alguns amigos, nomeadamente deixando-me mensagens a que não daria resposta, desactivei mesmo a conta temporariamente. 

Como se costuma dizer, nem sempre nem nunca e por isso em qualquer altura pode-se retomar a coisa, mas por agora vai seguindo assim.

Escusado será dizer que quem quiser acompanhar o que vou escrevendo e partilhando, pode sempre visitar esta minha página que, ao contrário do Facebook, tenho mais controlo em muitas das definições e privacidade de dados.

Eu vi um sapo


Anteontem, quando fazia uma corrida em bicicleta, eu vi um sapo. Não um sapo feio com a boca torta a comer um bom jantar, como o sapo da cantiga que a pequenita Maria Armanda  interpretou no 23° Sequim D'Ouro (Zecchino d'Oro) que teve lugar em Bolonha - Itália a 22 de Novembro de 1980, cujo concurso venceu, mas apenas um pobre sapo morto. Grande e esmagado ali na valeta de uma rua na freguesia do Vale.

Fiquei mesmo com pena do bicho, ali no lugar da Pena, mas face a essa fatalidade, de resto muito vulgar nas nossas estradas, passei o resto do percurso até casa a reflectir nessa situação. O progresso, a abertura de estradas e o trânsito que nelas circula, sempre apressado, não se compadece com outras questões, nomeadamente a segurança de animais, grandes ou pequenos. 

Há países e regiões que até adoptam algumas soluções para permitirem a passagem de animais entre os lados opostos das estradas, mas em rigor são meras excepções e por isso a morte de animais nas nossas estradas, mesmo em zonas urbanas, são mais que muitas e já não impressiona ver um cão, um gato, um coelho, um ouriço-cacheiro ou até, como agora, um sapo morto, esmagado. Ou mesmo, aves queimadas nas redes eléctricas que enfeitam os céus.

O progresso tem sido madrasto e padrasto para os animais. Há duzentos anos um sapo nunca morreria esmagado na estrada porque nem havia estradas e muito menos veículos como motas, carros ou camiões. Eventualmente por uma roda de carroça mas mesmo aí era preciso grande azar. Por conseguinte era mais provável que morresse à pedrada, porque, infelizmente, os sapos iveram sempre má fama, e sub-valorizados na sua real utilidade, como bom hortelão e defensor na horta e jardim contra muitos insectos prejudiciais ás culturas, do que esmagado por uma qualquer roda.

Esta analogia, serve para muitas coisas. De facto o desenvolvimento e progresso humanos quase sempre ao longo da história, e de modo especial nos últimos dois séculos, foram sempre concretizados em desfavor da natureza, do ambiente, da fauna e flora. Voluntária ou involuntariamente, temos sido mestres na aniquilação de habitats e espécies. É certo que já começamos a dar conta do impacto e do mal que isso está a causar aos equilíbrios ambientais e aos poucos vamos introduzindo políticas e práticas na sua defesa e valorização, mas em rigor muita coisa já está irreparavelmente perdida. Espécies e ambientes extintos são mais que muitos. E a lista de espécies em real perigo de extinção é extensa.

Não sabemos no que isto vai dar, ou quando se atingirá mesmo um ponto de não retorno, mas a par das alterações climáticas e de todo o progresso e conforto a que nos habituamos e não abdicamos, a coisa virá mesmo a ficar preta para o planeta azul. E isto se a coisa não for antecipada pelos senhores da guerra e donos da destruição nuclear. Mas mesmo sem ela, parece mais que certo que o futuro dos nossos futuros será tudo menos risonho. Pelo menos e seguramente que nada será igual ao que até aqui tem sido.

Eu vi um sapo, morto, esmagado, mas daqui a mais alguns anos, nem mortos, quanto mais vivos. Talvez em fotografias e ilustrações como as que nos mostram os extintos mamutes, os tigres-dente-de-sabre, o rinoceronte lanudo e até mesmos os dodós.

2 de maio de 2023

O hidrogénio verde é sportinguista?

 


Está na moda falar-se de "hidrogénio verde".

O hidrogênio verde é um tipo de hidrogénio produzido a partir de fontes renováveis de energia, como energia eólica, solar e hidroelétrica, por meio de um processo chamado eletrólise da água. Durante esse processo, a água é decomposta em hidrogénio e oxigênio usando eletricidade renovável.

A principal vantagem do hidrogénio verde é que ele é produzido sem a emissão de dióxido de carbono (CO2), tornando-o uma opção de combustível muito mais limpa do que o hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis. Além disso, o hidrogénio verde é considerado uma fonte de energia de alta densidade, o que significa que ele pode armazenar grandes quantidades de energia em um espaço relativamente pequeno.

Atualmente, o hidrogénio verde está sendo explorado como uma alternativa aos combustíveis fósseis em muitas aplicações, como transporte, geração de energia e aquecimento. No entanto, a produção de hidrogénio verde ainda é relativamente cara em comparação com outras fontes de energia, e a infraestrutura necessária para distribuição e armazenamento ainda está em desenvolvimento.

Quanto à relação entre a energia dispendida e a energia ganha, afinal o "calcanhar de aquiles " da procura de energia abundante e barata, como no caso da fusão nuclear em que cientistas procuram simular o processo de fusão no sol, depende do processo de produção de hidrogénio utilizado e das condições locais de produção e uso de energia.

Em geral, o processo de eletrólise para produção de hidrogénio consome uma quantidade significativa de energia elétrica, o que pode reduzir a eficiência geral do sistema. No entanto, se a eletricidade utilizada para produzir hidrogénio é proveniente de fontes renováveis, como energia eólica ou solar, a relação de benefício pode ser maior.

Além disso, a eficiência do processo de conversão de hidrogénio em eletricidade ou outras formas de energia também pode variar. A célula de combustível, por exemplo, é uma tecnologia que pode converter hidrogénio diretamente em eletricidade com alta eficiência. Já a queima de hidrogénio em motores a combustão pode ter uma eficiência menor.

Em geral, é importante avaliar o ciclo de vida completo de um sistema de produção e uso de hidrogénio para entender sua eficiência e benefícios ambientais em relação às alternativas disponíveis.

Diário de Bordo - 02/05/2023

1 - Querido diário: - Muitos de nós achamos que por estes tempos a coisa já bateu no fundo do poço e do que vai acontecendo um pouco por todo o mundo já pouca coisa tem a capacidade de nos surpreender. Mas quando se espera isso, aparece sempre algo ou alguém a provar que afinal o poço não tem fundo e é possível continuar a escavar e a descer até às profundezas do núcleo da coisa.

Deste vez li que dois irmãos, espanhóis, um homem e uma mulher, vivem juntos como um normal casal, já têm filhos, dos quais são pais e tios simultaneamente e os filhos entre si são sobrinhos, irmãos e primos, ou seja, uma autêntica salsada de uma relação incestuosa.

Apesar disso e dessa anormalidade, mesmo que em Espanha o incesto já não seja crime (porque, querido diário, é um país desenvolvido e prá-frentex) o casalinho ainda vem a público a reclamar a mudança da lei, ou seja lá o que isso for, para poderem casar legalmente. Com jeitinho e dentro desta açorda, pode vir a seguir a possibilidade legal de um pai casar com a filha, o filho com a mãe, e por aí fora, até um deles poder casar com o cão, com o gato ou com o porco ou boi do vizinho, salvo seja!.

Para além de tudo, surprende, ou talvez não, que a imprensa dê cobertura a esta anormalidade. Se a coisa vai arder porque acende, então a coisa vende!

- Com tudo isto, à falta de paciência, apetece gritar: - Carregem nos botões vermelhos, ou abram-se as comportas do céu para um novo dilúvio!

2 - Continua a saga da TAP e dos artistas nela envolvidos. Da comédia ao drama, não falta ali enredo para novelas, sejam elas brasileiras ou mexicanas. Com esta qualidade de argumentistas Portugal pode muito bem ser um fornecedor de enredos para este tipo de entretenimento. Podemos até sugerir alguns títulos: - "Galamba Jones e o portátil secreto";  "O Bom, o Mau e o Galamba"; "Galamba no País das Taparilhas"; "O Costa do Castelo de Cartas".

3 - O F.C. do Porto continua a defender com unhas e dentes o notável primeiro lugar no número de penalties a seu favor. Nesta semana foi mais um decisivo. Assim, com esta garantia de galinha de ovos de ouro e com o Benfica a não se aguentar nas canetas, está à vista o próximo campeão!

4 - Terminou o prazo para a realização das limpezas florestais. Com o BUPI em velocidade cruzeiro, já há uma interessante lista de proprietários identificados e identificáveis pelo que pode começar a caça à multa! E alguns, pela total disciplicência e laxismo, como quem diz "caguei p´rá cena!" merecem! Bendito BUPI que nos ajudas a identificar os incumpridores! Amém!

5 - Por cá, continuam a ser substituidos postes da rede eléctrica que aos poucos têm sido abalroados por adeptos do "Velocidade Furiosa" na Rua Nossa Senhora de Fátima, adorada pelos aceleras. Ficamos à espera do próximo.

6 - A Rua de Trás-os-Lagos continua a aguardar a  repavimentação. Está a amadurecer e a compactar à custa dos amortecedores de quem nela circula!  Há duas semanas o meu carrito foi à inspecção e teve que levar dois amortecedores. O imposto de circulação do meu carrito vai ser pago este mês. Deve dar para tapar um buraco. Com sorte, lá para o Verão!

7 - Eu que não sou fiscal municipal, tenho observado que pelas redondezas têm sido feitas construções em terrenos classificados como Espaço Florestal, Reserva Agrícola e Reserva Ecológica. Apesar disso, dessas ilegalidades, convenhamos que são amendoins quando comparados com a A32 que passou literalmente por cima de todas essas bonitas classificações do nosso território. Nesta questão como noutras, e como diz a cantiga, "ou há moralidade ou comem todos".

1 de maio de 2023

Primeiro de Maio, dia do trabalhador e do malandro

 



Primeiro de Maio. Dizem que dia do trabalhador, mas num país em que ainda há muita aversão ao trabalho, até porque há quem perfira viver com menos mas apenas à custa do Estado, sem cumprimento de horários, responsabilidades laborais, fiscais e outras obrigações, este dia é democraticamente de todos. Assim é tanto do trabalhador como é do malandro. 

Ora a começar tal dia, pequeno e saboroso pequeno-almoço por terras arouquesas. Mas para que uns desfrutem do dia e do feriado, outros há que têm que manter estabelecimentos e postos de trabalho a funcionar e a servir quem a eles ocorre, seja nos serviços públicos, seja na casa do pão de ló, no talho ou restaurante. Porventura serão esses que melhor merecem a dignidade do dia do trabalhador, porque, em grande medida, são os que mantêm este país a funcionar.

30 de abril de 2023

Acólitos e acolitar

 



Amanhã. Segunda-Feira, dia 1 de Maio de 2023, acontece em Fátima a XXVII Peregrinação Nacional de Acólitos. As paróquias afectas ao Pe. António Jorge Oliveira, Guisande, Pigeiros e Caldas de S. Jorge, vão também participar com os seus acólitos, tendo para o efeito sido organizado um autocarro inter-paroquial.

Desde há alguns anos, e sobretudo com o empenho e incentivo do Pe. Farinha, e naturalmente com o apoio dos pais, Guisande tem tido um interessante grupo de acólitos, que enriquecem o cerimonial litúrgico dos serviços religiosos, tendo até merecido rasgados elogios, nomeadamente do Pe. Nuno, aquando da celebração da recente Vigília Pascal no Sábado Santo.

Apesar disso e sem qualquer depreciação, e é apenas a minha humilde opinião, parece-me que há ali alguma coisa que poderia melhorar. Assim, várias vezes e principalmente em cerimónias mais festivas e nas missas de Sábado, por vezes parece-me um número exagerado de acólitos, de algum modo atrapalhando-se e distraindo-se uns aos outros e por vezes mesmo a quem está na assembleia. Mas como não há fartura que não traga fome, ou o contrário, por vezes não está nenhum para amostra, como aconteceu ontem, Sábado, na missa das 17:30 horas, cabendo ao António "tapar o furo" e acolitar o pároco.

As coisas são como são e compreendemos que as nossas crianças e adolescentes andam muito ocupados e têm muitas actividades para além das ligadas à escola e também dependentes da vontade e disponibilidade dos pais, mas nestas coisas tem que haver algum sentido de responsabilidade e compromisso e não me parece de todo razoável que numa  missa estejam em simultâneo, 6, 7, 8 ou mais acólitos e no dia ou semana seguinte não esteja um único.  

Eu não sou nem tenho pretensões de ser acólito (e valorizo esta função), muito menos não sou padre e pároco, mas creio que, sendo possível, nas missas sem motivos litúrgicos mais festivos ou cerimoniosos, como no tempo de Natal e Páscoa, dois acólitos bastariam para as funções que deles se espera, pelo que até, no caso de um grupo ser numeroso, permitiriria existir uma escala de modo a que dentro do possível nas celebrações do fim-de-semana não faltassem acólitos e simultaneamente aliviasse o compromisso semanal dos elementos.

Seja como for, nas nossas igrejas os acólitos emprestam às celebrações um enriquecimento próprio, até pela habitual juventude dos mesmos, o que vai sendo raro na participação nas nossas missas, já quase sem jovens e crianças, mas convém que a sua participação e presença, a acontecer, tenha uma correspondência adequada e não ao ritmo das vontades e disposições. Ou somos ou não somos.

Obrigações sem deveres

 



Para quem edifica, quando a operação urbanística é um loteamento ou com impacto semelhante a loteamento, os promotores têm que cumprir parâmetros regulamentares e legislativos quanto a cedências obrigatórias para o espaço público. Assim, tem que ceder espaço para alargamento das ruas, para passeios de peões e ainda para estacionamento, jardins e zonas para equipamentos. Tal está definido pela Portaria n.º 216-B/2008 de 3 de Março.

Em certas situações, quando não há possibilidade de garantir certas cedências, os operadores têm que pagar elevadas taxas de compensação aos municípios. E tantas vezes paga-se um, dois ou três lugares de estacionamento em frente da nossa porta para depois qualquer um ali estacionar.

Apesar de tudo, apesar de cumprimento dessas normas regulamentares e de por uma ou outra forma os proprietários ou promotores cumprirem o estipulado, o certo é que depois de cedidas essas áreas ao domínio público, é que "a porca torce o rabo", porque invariavelmente as entidades que têm a obrigações de gerirem e cuidarem desses espaços públicos na maior parte dos casos demitem-se dessas responsabilidades. Logo o que não falta por aí, nomeadamente no nosso município, são espaços públicos desmazelados e deteriorados, jardins transformados em selvas e passeios rebentados, a merecerem requalificação, mas que na maior parte dos casos mantêm-se sem qualquer acção de conservação ou requalificação, constituindo, em tantos, até um perigo objectivo para quem neles circula. E se olharmos para a coisa sob um ponto de vista de acessibilidades, então é melhor nem perder tempo porque as ratoeiras e obstáculos são mais que muitos.

É o que é! Temos uma cultura e normas regulamentares e legislativas que até são rígidas no aspecto de exigências e cumprimento de obrigações aos contribuintes e promotores, mas, infelizmente,  já quanto aos deveres de cuidar da coisa pública, por parte do próprio Estado e das Autarquias, é uma miserável desgraça.