Reúno aqui, sem qualquer ordenamento de data ou temática, alguns simples cartazes para diversos eventos da paróquia e outros, que fui realizando ao longo dos últimos anos.
Reúno aqui, sem qualquer ordenamento de data ou temática, alguns simples cartazes para diversos eventos da paróquia e outros, que fui realizando ao longo dos últimos anos.
O homem num desígnio bíblico
É de pó feito, transformado,
E à terra em pó tem seu retorno
Como fraqueza de humanidade.
Mas será um destino ciclíco,
Num recomeço renovado
Ou apenas um inerte abandono
À terra por toda a eternidade?
A. Almeida
O poema aborda a condição humana em relação à mortalidade e à sua conexão com a terra. Através de uma análise técnica e poética, podemos explorar os elementos presentes no poema e sua significância.
A estrutura do poema é marcada por duas estrofes curtas, ligadas, e versos breves, o que contribui para transmitir uma sensação de concisão e contundência. O uso de rimas num esquema ABCD, ABCD, e a métrica regular procuram conferir um ritmo cadenciado à leitura, enfatizando os contrastes presentes no conteúdo.
O poema inicia-se com a afirmação de que o homem é feito de pó e que, eventualmente, retorna à terra. Essa imagem evoca a ideia bíblica da criação do homem a partir do pó da terra e sua consequente morte e decomposição. A primeira estrofe também sugere uma reflexão sobre a transitoriedade e fragilidade da condição humana, ressaltando a inevitabilidade do fim.
Na segunda estrofe, surge a indagação sobre o destino do homem após seu retorno à terra. O termo "ciclíco" indica a possibilidade de um recomeço ou renovação, sugerindo a ideia de um ciclo sem fim. Essa interpretação pode estar relacionada à noção de renascimento ou reencarnação presente em algumas tradições espirituais.
No entanto, a última linha da estrofe sugere uma outra possibilidade: a de um "inerte abandono à terra por toda a eternidade". Essa expressão poética evoca a ideia de um fim definitivo e a noção de que, após a morte, o homem estaria abandonado à terra, sem qualquer tipo de existência ou consciência.
A análise técnica e poética desse poema permite-nos perceber a forma como o autor explora contrastes e questões existenciais. O uso de imagens bíblicas, como a criação do homem a partir do pó e seu retorno à terra, adiciona uma dimensão simbólica e religiosa ao texto. A ambiguidade presente nas possibilidades de um destino cíclico ou um abandono inerte cria uma tensão entre a esperança e a resignação diante do inevitável ciclo da vida e da morte.
Em suma, este poema apresenta essencialmente uma reflexão sobre a condição humana, explorando a transitoriedade, a mortalidade e diferentes perspectivas sobre o destino após a morte. Através de sua linguagem poética e imagética, o poema convida o leitor a refletir sobre a natureza efêmera da existência humana e as questões relacionadas à vida, morte e eternidade.
Para quê ser todo sorrisos
Se meus lábios estão presos?
Importará ser criança meiga
Se não sei como ela brincar?
Meus passos vão indecisos,
Na noite há medos acesos;
Sou um rio preso na veiga
Que demora a chegar ao mar.
Para quê tentar ser doce
Se a amargura me inunda?
Porquê esperar suave cetim
Se não sou mais que rudeza?
Sou a modos, como se fosse
Uma inquietação profunda
A contradizer tudo em mim,
Onde até a dúvida é certeza.
A. Almeida
"Contradições" é um poema que explora o tema das contradições internas e a luta entre diferentes aspectos da personalidade. ma e sua expressão lírica.
O poema é composto por quatro estrofes, ligadas duas a duas, cada uma com quatro versos, seguindo uma estrutura regular de quartetos com um esquema de rimas ABCD, ABCD, ABCD, ABCD. A combinação de versos curtos e a presença de pausas criam um ritmo marcado e uma cadência pausada.
A primeira estrofe apresenta a contradição entre a aparência externa e a realidade interna. O eu lírico questiona a necessidade de parecer alegre e inocente quando, na verdade, seus lábios estão presos e ele não sabe como ser uma criança brincalhona. Essa contradição revela uma tensão entre a persona que se mostra para o mundo e a essência interior.
Na segunda estrofe, o eu lírico expressa a indecisão e os medos que o acompanham durante seus passos incertos. A imagem do rio preso na veiga, que demora a chegar ao mar, representa a sensação de restrição e a dificuldade em alcançar a plenitude ou a liberdade desejada. Essa estrofe reforça a ideia de limitação e frustração.
A terceira estrofe aborda a contradição entre a tentativa de ser doce e a presença constante de amargura. O eu lírico se pergunta por que esperar por suavidade quando é envolto pela rudeza. Essa dicotomia entre a doçura desejada e a amargura presente cria um conflito interno que o eu lírico enfrenta.
A quarta estrofe revela uma contradição profunda dentro do eu lírico, em que até a dúvida se transforma em certeza. Essa afirmação sugere uma inquietação constante e uma tendência à contradição interna. O poema termina destacando a luta entre diferentes aspectos da personalidade, enfatizando a complexidade e a ambiguidade do eu lírico.
"Contradições" procura um retrato da experiência humana de viver com conflitos internos e a dificuldade de se adequar a expectativas externas. O poema utiliza imagens vívidas e metáforas fortes para expressar a tensão entre a aparência e a realidade, entre o desejo e a limitação.
A repetição das palavras "para quê" no início de cada estrofe enfatiza a busca de respostas e a reflexão sobre a relevância de certos comportamentos ou expectativas. As contradições apresentadas no poema refletem a complexidade da existência humana e a luta constante para conciliar diferentes facetas da personalidade.
A linguagem poética é marcada por uma dicotomia entre opostos, como sorrisos e lábios presos, criança meiga e desconhecimento de como brincar, doçura e amargura, suavidade e rudeza. Essas contradições intensificam a sensação de conflito interno e a dificuldade em encontrar.
A. Almeida
Nesta como noutras coisas, cada cabeça sua sentença. Independentemente de se gostar ou não do design e grafismo escolhidos, parece-me que sob um ponto de vista formal o cartaz da nossa festa, que foi apresentado publicamente no último Domingo, desconsidera alguns aspectos que tenho como importantes. Desde logo, mesmo que conhecida por Festa do Viso, é acima de tudo e antes de mais a Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e de Santo António. Assim, creio que a esta designação devia ser dado maior destaque e não apenas uma anotação de forma discreta em roda-pé.
Por outro lado, posso estar a ver mal, mesmo com óculos, mas em todo o cartaz não vejo qualquer referência a Guisande. Ora em qualquer cartaz de evento, para além da designação do mesmo e da data, é fundamental que tenha o local. E antes e mais do que ser do Viso, a festa é de Guisande. Seria e será sempre imprescindível que tenha a referência à freguesia e até mesmo ao concelho, porque hoje em dia estas coisas podem ser divulgadas bem ao longe e importará saber-se onde fica o Viso, até porque pelo país fora há outras festas do Viso. De facto, em várias localidades portuguesas há o culto a Nossa Senhora do Viso, pelo que também por aí são conhecidas como as festas do Viso.
Ainda alguns outros pormenores, menores mas também importantes, como indicar "21H - Rancho de Lobão". Qual deles? É que lá existem dois e até já foram três. Será o Rancho Regional da Vila de Lobão ou o Rancho Folclórico de S. Tiago de Lobão? Também o Rancho de Sanguedo, designa-se como Rancho Folclório Santa Eulália de Sanguedo. É sempre bom chamar "os bois pelos seus nomes". Dentro da mesma falta de atenção, também parece-me que a missa marcada para Segunda-Feira, não costuma ser assim tão "solene" como isso. Ou neste ano terá novamente sermão, a Banda Marcial do Vale a acompanhar e foguetes a estourar a "Santos"? Ainda no que toca a solenidade, a missa vespertina de Sábado, na igreja matriz, será também solene? Talvez importe aqui, para não vulgarizar, distinguir o conceito de "solenidade" aplicado a uma missa. As missas em si são todas iguais no seu fundamento mas a solenidade festiva que se lhe empresta, essa ou tem ou não tem.
Finalmente ainda um pequeno reparo: A forma escrita "Em honra da Nossa Senhora..." não é a certa. A forma mais correcta seria "em honra de Nossa Senhora". A preposição "de" é usada para indicar posse ou pertença, e indica que a honra está relacionada a Nossa Senhora.
Palavra de honra, e juro de forma solene, que isto são apenas reparos construtivos.
A Rua de Trás-os-Lagos aqui em Guisande esteve várias semanas condicionada com as obras de instalação de redes públicas de água e esgotos, num destapa, tapa, destapa, e até nem se compreende que as mesmas não tivessem sido realizadas há já vários anos aquando nas demais ruas, a não ser por motivos meramente economicistas da empresa concessionária.
Certo é que as ditas obras aparentemente já terminaram há várias semanas e da parte de quem tem essa responsabilidade ainda não foi reposto o pavimento. Se não de toda a plataforma da rua, como se espera, pelo menos das valas que foram abertas. E já agora limpar o resto dos materiais nas bermas.
Assim, sobretudo os moradores, vamos circulando diariamente aos solavancos, ora com poeira, ora com lama e com os carros a sofrerem nos eixos.
Não me parece, de todo, correcta esta situação que só demonstra irresponsabilidade e uma gestão de timings sem qualquer controlo, num dolce far niente, porque são obras não para se fazer mas para se ir fazendo, quando calhar, quando der jeito, bem à portuguesa. Afinal de contas, a quem incomoda? Apenas a meia dúzia de moradores? Todos os demais estão a leste da preocupação e reponsabilidade.
Esperam-se, pois, mais umas largas semanas, quiçá meses. Estamos a contar.
Querida neta, cá arrecebi o teu amail. Ainda me atrapalho com estas coisas do computador e tenho que ler as instruções que me escreveste, mas lá conseguir abrir a caixa de entrada. Raio da caixa esta que não tem tampa.
Olha, como sabes que não andei na universidade como tu, e só fiz a terceira classe à custa de muita porrada do professor Lúcio e do teu bisavô, ainda dou muitos erros mas o que me socorre nalguns é o tal tradutor do amail. Estas ferramentas modernas fazem de tudo e até um cego consegue ver e um mudo falar.
Olha, fiquei triste por saber da morte do Zeca do Caneiro. Pobre homem, não era mau diabo apesar de não gostar de tomar banho nem cortar a barbucha. Deus Nosso Senhor, que é pai de todos, o enxergue ao seu lado mas que o S. Pedro lhe dê primeiro um valente banho. Já lhe rezei dois terços e quando cá vieres levas 10 euros para uma missa aí em Guizarães. Gostaria de mandar rezar mais mas o raio das missas aí estão caras comó diabo. Bem que podiam ser mais em conta como aqui com o padre Tobias. Assim as almas do purgatório têm que penar mais tempo por falta de missas.
Querida neta, é um segredo mas estou a tricotar umas meias de presente para quando fizeres 27 anos. Ainda andei tentada a tricotar umas cuecas para no frio do inverno ficares com o cu bem agasalhadinho mas a vizinha Francelina, quando lhe contei, disse que era asneira porque a juventude de agora não quer tapar o traseiro, mas andar com ele destapado. Modernices e poucas vergonhas é o que é. Quando eu tinha a tua idade para fazer as necessidades perdia 10 minutos a destapar a barrica. Desculpa lá, mas sabes que sou um bocado desbocada.
Olha cá na aldeia sempre vão fazer obras na capela de S. Tomé, mas, a jeito do santo, primeiro ver para acreditar. Que a capela está uma miséria, está. Até chove na careca do S. Domingos e a serra do S. José está cheia de ferruge. O padre Tobias diz que vai ser preciso fazer um peditório à freguesia porque o saldo em caixa não chega p´ra nada. O presidente da Junta sugeriu que se fizessem uns leilões de orelheiras e pernis de porco para arrecadar dinheiro pelo menos para as pinturas e vedações mas o padre Tobias disse que para isso tinha que decapitar e amancar mais de 100 porcos e nunca mais seria noite para além da carne salgada fazer mal aos paroquianos. A freguesia está farta de peditórios mas vai ter que se virar para mais um. Também vão fazer umas rifas e o primeiro prémio será três livro de rifas pró próximo sorteio e o segundo prémio dois livros de rifas e por aí abaixo.
Olha, se gostares de brócolos passa cá a casa que eles já estão bem cheios. O Dr. Mirandela diz que são bons para prisão de ventre e para mais uma carrada de coisas.
Querida neta, já escrevi muita coisa e sabes que escrevo devagar, por isso fico-me por aqui. Vou tirar a ficha do computador e ver o “Preço Certo”. Depois de jantar vou ver se me alembro de rezar mais dois terços pelo Zeca do Caneiro.
Muita saúde aí para casa e o teu pai que não abuse dos brufenes que ainda é novo e é preciso sofrer pelos pecados do mundo como sofreu o santinho do padre Pio!