22 de outubro de 2018

Pelo menos tapem os buracos


De vez em quando por lá passo os olhos, no jornal online "O Mirante". Nele, mesmo que já recessa, de 2011, li a queixa de um certo António Bento, morador da freguesia de Pinheiro Grande  (actualmente integrada na União das Freguesias de Chamusca e Pinheiro Grande) relativamente ao suposto tratamento do seu presidente de Junta, não tratando de igual modo os seus habitantes,  ignorando o seu pedido de reparação dos buracos de uma certa estrada. Rematava dizendo que "...Eu não peço alcatrão na referida rua mas sim que se digne de tratar os habitantes de Pinheiro Grande da mesma forma e com o civismo que deve ou devia ter para com a minha pessoa."

Independentemente das razões do cidadão Bento para com o seu presidente de Junta de então, porventura resumem muitas das queixas de moradores de muitas outras freguesias e lugares destas, em que se sentem esquecidos e ignorados. 
Ora, em Guisande, à data, com mais de um ano de exercício da actual Junta percebe-se perfeitamente este sentimento de marasmo e inactividade, sem qualquer sinal de obra ou melhoramento por mais simples que seja, a ponto de já se ouvir as pessoas a dizerem precisamente isto: - Pelo menos tapem os buracos!

E há muitos para tapar e pedaços de estradas por refazer e há situações deploráveis como os casos de troços em estado reles como na Rua do Outeiro, Rua do Jardim de Infância, Rua Nª Sª da Boa Fortuna, junto ao cruzamento com a Rua de Cimo de Vila e várias outras, bem como a situação de águas no cruzamento da Rua da Igreja com a Rua das Quintães, que se arrasta há meses e com o pavimento a degradar-se dia para dia e ainda sem a chegada do Inverno.
De facto, não querendo pedir muito a quem tem o poder da decisão, pelo menos tapem os buracos. Se a tarefa for complicada, pelo menos os mais granditos. 

21 de outubro de 2018

Quem disse que o papel higiénico só serve para limpar o sr. doutor?



O papel higiénico dispensa apresentações nem necessita de workshops para ensinar a sua utilização. Com mais ou menos eficiência todos o usam, pelo menos no mundo chamado desenvolvido.
A acreditar na Wikipedia, antes de sua invenção para tal finalidade, que remontará ao início século XIX, as pessoas costumavam fazer a sua limpeza com folhas de hortelã, água e por vezes sabugos de milho. Diz-se que o papel higiênico foi inventado na China, em 875, mas a invenção também já foi atribuída a Joseph Gayetty, de Nova Iorque, Estados Unidos, que a teria concebido em 1857.
 
Seja como for, limpar o sr. doutor com sabugos, que por cá conhecemos como "canhiços" nem é novidade e anda por aí e por aqui muita gentinha que em determinada altura da vida já o fez.
Mas sim, o papel higiénico, tão subestimado, é hoje em dia, nos nossos padrões de higiene, um elemento indispensável e veio de há muito tirar lugar ao papel de jornal. É certo que com esta mudança andam por aí muitos sr.s doutores analfabetos e bem que precisavam que lhes esfregasse diariamente o alfabeto no olho, salvo seja. Mas isso levaria a outras histórias.

Mas, à falta de papel cavalinho ou de esquiço, o papel higiénico pode muito bem receber uma momentânea inspiração de um qualquer artista. Assim, se já não for hoje, amanhã quando estiver a usar este papel macio e absorvente, pense no que poderia fazer com ele em termos plásticos.

Rock and rolas




São mais que muitas as rolas que por aí andam. Ainda neste ano fizeram ninho e criaram nos loureiros que tenho ao fundo do quintal. Gosto de as ver, calmas, sempre aos pares, ou então em reunião de bando como hoje ao início da manhã nuns cabos eléctricos de média tensão. De repente, um gavião, no caso um avião, que passou  bem por cima das rolas e estas esvoaçaram não fosse mesmo um gavião. Mas de aviões, parece-me que por agora são bem mais que as rolas e de há algum tempo que passam sobre o nosso céu a um ritmo impressionante, seja de dia ou de noite. Como diria o Futre, a descarregar paletes de chineses e outros turistas na cidade do Porto. Não surpreende, pois, que turistas pela Invicta sejam mais que rolas, ou mesmo mais que pardais. Não tarda que venham a ser mais que moscas e por ali já não se possa pôr pé. Como aprendemos no velhinho ditado "O que é de mais é moléstia".

20 de outubro de 2018

O poder de uma letrinha



O Centro Social S. Mamede de Guisande vai promover no próximo sábado, dia 27 de Outubro, a sua 2ª Noite de Fados. Por pessoa, 20,00 euros, com entradas e sobremesa. Será um pouco puxadito mas está inerente o objectivo de angariação de fundos para ajudar as responsabilidades financeiras da instituiçao. Assim, quem reconhece a importância da associação e seus objectivos e tem acompanhado o esforço da Direcção num contexto de dificuldades, dará por bem empregues o tempo o custo do jantar e a noite de convívio. Pelo contrário, quem não reconhece ambas as coisas, a importância e a dedicação, não tem que se preocupar porque falta faz quem cá está. E há sempre andorinhas que se perdem pelo caminho da Primavera mas esta não deixa de florir nem espera por quem não vem..
 
Em todo o caso, não esquecendo o título da prosa, estava eu a preparar o convite para o evento, a pedido do presidente do Centro, quando por lapso troquei apenas umas letrinhas na palavra "fados", trocando as posições do "a" e do "o". Toca a corrigir, é claro, porque mesmo que acompanhada por guitarra e viola ninguém quereria participar numa 2ª Noite de Fodas. Ou talvez sim, mas não seguramente nesse local e contexto.
 
Ora como este processo do Centro Social já tem conhecido "fodas" suficientes, algumas de quem menos se esperava, venham antes os fados e as guitarradas, que sempre têm o condão de nos alegrar a alma. Depois de um bom jantar a alma fica mais receptiva às melodias choronas da guitarra e com isso ajuda-nos a esquecer as "fodas" da vida.
 
Silêncio, que se vai cantar o fado!

19 de outubro de 2018

Pelo Portal do Inferno e mais além




Em 1960 ainda não era eu nascido e por isso não tive como testemunhar a suposta primeira chegada ao alto do Monte de S. Macário do primeiro automóvel conduzido por um tal de José Inácio Coelho, precisamente no dia 29 de Maio desse ano. Pode até ter havido um intrépido piloto a realizar a façanha bem antes, mas não teve a pioneira ideia de registar o acontecimento numa lápide de mármore e encravá-la no duro granito da serra. Assim o mérito ficou do Coelho, de resto um animal bem adaptado a esta serra agreste, uma elevação com 1052 metros de altitude máxima junto à capela e que se localiza a pouco mais de 10 km a norte de São Pedro do Sul.
 
Creio que já por lá estive pelo menos umas quatro vezes, uma delas não de mota mas de bicicleta, há bem pouco tempo, neste Verão, sozinho, por isso sem testemunhos e ainda por cima com o telemóvel sem bateria para registar o acontecimento. Foi uma jornada e tanto.
 
Mas as fotos que ilustram este artigo reportam-se a 1 de Setembro do ano passado, dia que aproveitei para dar a conhecer a pessoas de família alguns dos belos sítios da zona, como Rio de Frades, Covelo de Paivô, Regoufe, Pena (onde almoçamos), Covas do Monte, Covas do Rio, S. Mácario e outros mais que o tempo não teve tempo.
 
Por antigas investidas com amigos no Geocaching (Luis Bastos e Higino Almeida), talvez já com pelo menos meia dúzia de anos, fiquei então a conhecer grande parte da Serra da Freita e Arada e todas aquelas belas e ermas aldeias alcondoroadas aos rios Frade, Paiva e seu afuente Paivô. Para além das já referidas, ainda Drave, Paradinha, Ponte de Telhe, Janarde, Meitriz, Fujaco, Coelheira, Póvoa das Leiras, Candal, Cabreiros, Manhouce e outras mais. Sem pretenciosismos, direi que já quase conheço estes lugares como as mãos.

O bom de tudo, é que mesmo visitando uma e outra vez estes lugares, há sempre vontade de os revisitar, eventualmente em diferentes épocas do ano, mesmo que a passar pelo tenebroso Portal do Inferno. Mas de bicicleta bastou uma vez. Agora só de carro como o Inácio Coelho em 1960.

Pobre tijolo de 7

Este tijolo é de 30x20x7cm e tem 8 buracos. Se fosse um tijolo de 30x20x15cm e de 12 buracos,  ou um bloco térmico, toda a gente fazia like e partilhava, mas como não, pobrezinho, todos o ignoram. 
Bem que gostaria de fazer parte de paredes exteriores de uma moradia moderna mas relegam-no para paredes interiores, de fiada simples e até já está a ser preterido pelas fininhas paredes de pladur. Por vezes até o assentam em paredes exteriores mas, veja-se só o desrespeito, apenas em galinheiros ou caixas-de-visita por onde passam os esgotos.
Vamos lá ser solidários com este pobre tijolo de 30x20x7cm, partilhando e fazendo likes. Afinal de contas, é da mesma massa, como quem diz, do mesmo barro, do gabarolas do tijolo de 30x20x15cm. É verdade que só tem 8 buracos mas há quem tenha só um e mesmo assim leva bem a vida.

- Raminhos Nogueira

17 de outubro de 2018

A dar à costa


Estou deveras céptico com a anunciada medida do Governo em baixar o IRS para aqueles que estando emigrados no estrangeiro queiram regressar a Portugal. 
Obviamente que nada contra quem procurou levar melhor a vida noutras paragens e que agora queiram e possam regressar e até gosto de os ver por cá. Todavia, creio que esta medida, mesmo que de efeitos temporários, é apenas mais uma que nos leva a ter a certeza que há portugueses de primeira, de segunda e mesmo de terceira.

Para além de duvidar dos efeitos práticos, porque não estou a ver que portugueses a trabalhar no estrangeiro, certamente com melhores condições e já focados e inseridos nessa nova realidade, decidam regressar só porque vão poupar uns trocos no imposto sobre o chorudo rendimento em Portugal, cheira-me, contudo, que esta medida é pura demagogia e sobretudo um sinal ideológico ao marcar terreno contrapondo o suposto incentivo ao regresso, ao suposto encorajamento à saída, então pelo anterior Governo quando a crise era aguda.

Por outro lado, se alguns milhares de portugueses se sentiram então obrigados a procurar melhor vida fora do país e ali encontraram alternativa, e quem me dera a mim a muitos outros terem tido essa oportunidade de sair, pior do que isso foram os milhões que foram obrigados a ficar por cá no vendaval da crise e que tiveram que aguentar os cavalos, certamente sob piores condições do que aquelas que a larga maioria dos emigrados teve de enfrentar. É certo que haverá excepções, mas creio que no geral ninguém avançou para o estrangeiro sem o mínimo de garantias de ali encontrar emprego e melhores condições de vida, ou pelo menos de rendimento.

Seja como for, com esta "irrecusável vantagem fiscal", é ver para crer se vamos ter uma avalanche de emigrantes a retornar, a dar à costa, e o ganho que isso representará para o país. É que não estou a ver, de todo, sobretudo o pessoal qualificado, a deixar os seus bons e reconhecidos empregos por essa Europa e mundo fora, onde são valorizados, regressarem a um país que ciclicamente enfrenta crises à beira da insolvência, onde milhares de licenciados estão desempregados e não encontram trabalho à altura da qualificação e dos objectivos para que se prepararam, a ponto de, para levarem a vida, aproveitarem o que vem à rede, quase sempre petinga da miúda.

Mas o Costa e o Centeno lá saberão. Sempre é mais fácil acenar com a "cenoura" da redução do IRS do que baixar o preço escandaloso dos combustíveis e reduzir na generalidade o IVA da electricidade e de outros dos muitos impostos directos e indirectos que trazemos às costas.