7 de novembro de 2019

33 anos


O tempo e os seus dias, as suas datas, podem ser escritas a giz branco sobre um quadro preto, mas depressa passam e o tempo continua a fluir e os dias a galopar e tudo o que é ser vivo entra nessa roda frenética da mudança que passa quase despercebida no dia-a-dia mas significativa ou mesmo dramática quando o salto é de 33 anos.

É esse mesmo o tempo que decorreu após aquela data de 7 de Novembro de 1986, ali escrita no quadro, numa fotografia de grupo na Escola Primária da Igreja - Guisande, com a Professora D. Célia Azevedo com os então seus alunos. Passam precisamente, hoje, 7 de Novembro de 2019, 33 anos.

Todas aquelas crianças, de caras felizes e reguilas, andarão certamente por aí, já não despreocupadas das rotinas infantis e das coisas próprias da escola, mas certamente casados, com filhos, afinal com outras canseiras e responsabilidades, porventura já com algumas rugas que marcam os seus rostos mudados ou com cabelos a menos e a pintar.

Claro que, com vida e saúde, estarão prontos para mais 33 ou mais além, mas bastar-lhes-á que venha um de cada vez, porque eles, os anos, correm e somam depressa demais e por isso não há pressa de os contar.

Mas é apenas a vida e os efeitos do tempo. Uma fotografia antiga tem esta virtude de nos emocionar, como um pedaço de nós ou de alguém, presente ou ausente, que jamais o poderão repetir. Neste quadro com quadro, o máximo que podemos fazer é não matar as memórias mas antes ressuscitá-las.

31 de outubro de 2019

Guisande Futebol Clube - 40 anos


O Guisande Futebol Clube desde há alguns anos que está inactivo, sem corpos gerentes e sem qualquer actividade. Apesar disso, tem uma história e um passado que importa que não sejam esquecidos. 

Neste sentido, hoje, 31 de Outubro de 2019, o clube completa 40 anos sobre a sua fundação oficial, data em que foi outorgada a escritura pública.

É certo que as suas origens são mais antigas, pelo menos quase duas décadas, mas em termos oficiais e jurídicos, a data é 31 de Outubro de 1979.

Apesar do repto por aqui lançado com tempo para que se organizasse qualquer evento comemorativo nesta data, eventualmente um jantar de partilha de memórias e confraternização, nada se organizou e nada se fez. Por conseguinte, mesmo que lembrada a data, em rigor a coisa passou em branco. Não faltaria gente com legitimidade histórica para o fazer, nomeadamente antigos presidentes do clube e dirigentes ou mesmo jogadores. Assim não aconteceu. É pena, mas as coisas são como são, e reconheçamos que com o clube inactivo não sobra grande vontade. Da Junta de Freguesia estamos órfãos, pelo que dali, desconhecedores da história, identidade e cultura do clube e da terra, nada veio no sentido de congregar e organizar qualquer evento comemorativo.

Embora num contexto diferente, felizmente temos tido a equipa dos Veteranos Guisande F.C, que tem vindo a utilizar e a zelar pelas instalações do campo "Oliveira e Santos", bem como a dignificar as cores do clube. A organização do eventual evento comemorativo dos 40 anos do clube poderia com legitimidade ser assumida pelo grupo mas, com as razões que lhes são legítimas, entenderam não dever envolver-se, o que se respeita.

Assim, sendo, mesmo sem bolo, parabéns! e parabéns a todos quanto ao longo da sua vida, mesmo que em diferentes contextos, desde presidentes, dirigentes, atletas, sócios e adeptos, ajudaram a criar e a fazer crescer o clube da nossa terra.

27 de outubro de 2019

Nota de falecimento

Faleceu Irene Conceição Alves dos Santos, de 77 anos. Natural do Viso - Guisande, esposa de Fernando Gomes de Fontes, residentes em Milheirós de Poiares.

Velório na capela de S. Geraldo, em Milheirós de Poiares na Quarta-Feira, dia 30 de Outubro de 2019, com chegada do corpo às 10:00 horas.
O funeral será no mesmo dia, pelas 16:00 horas com cerimónias na igreja matriz de Milheirós de Poiares, indo no final a sepultar no cemitério local.

Sentidos sentimentos a todos os seus familiares, de modo particular a seu marido, filhos, irmãos e irmãs.
Que descanse em paz!

"Retratos" em tons de cinza

Por estes dias estive em conversa com um casal da freguesia do Vale. Depois de vários anos entre França e Suiça e já com filhos por lá instalados, regressou de vez à sua terra, o que aconteceu já há alguns meses. Mas a esposa, disse que estava já quase decidida a regressar à Suiça, porque não se estava a adaptar a uma vida demasiado tranquila, desocupada, numa freguesia que "parou no tempo", com menos dinamismo que há anos atrás e em que o desenvolvimento parece ter parado, com os mesmos problemas de há anos por resolver, os mesmos buracos na rua por tapar, as mesmas obras ou melhoramentos por fazer e qualquer coisa de estrutural nem sequer equacionada. Enfim, "uma tristeza de sítio", lamentava-se. O marido, pouco falou, encolhendo os ombros, mas com ar de quem concordava.
Ainda os procurei animar, dizendo que deviam aumentar o círculo de amizades, envolver-se nas coisas e causas da freguesia e da comunidade, para se sentirem úteis e com interesses, mas parece que não os convenci. Daqui a poucas semanas estarão de regresso a outras paragens, fechando mais uma casa a juntar a muitas outras com os estores descidos.

Este "retrato" pelo casal "pintado", referente ao Vale, poderia igualmente ser "pintado" com as mesmas cores por um qualquer casal de Guisande, de Pigeiros ou de outras pequenas freguesias que já no anterior sistema tinham imensas dificuldades em resolver as necessidades mais básicas e prementes, mas que uma vez forçadas a uniões de freguesias indesejadas, têm visto agravar-se as dificuldades, com um óbvio distanciamento entre os eleitos e os eleitores, mesmo que nos slogans eleitorais se fale em proximidade, a par de danos graves no desrespeito pela identidade e cultura intrínsecas de cada freguesia.

As freguesias cabeças de união tendem naturalmente a chamar a si o grosso do investimento e a olhar com ares de superioridade para os seus umbigos enquanto que as outras, as pequenas, estão no fim da fila das preocupações, à espera do último ano de mandato para verem algum alcatrão. É claro que as coisas mesmo neste contexto de orfandade poderiam ser diferentes, mas não tem havido mandantes com visão equitativa  à altura e as boas vontades manifestadas em sorridentes campanhas eleitorais desvanecem-se logo nos primeiros dias da gestão. 

No caso da freguesia do Vale, rica de tradições e de boa gente, até há alguma identidade preservada  em associações como a centenária Banda Marcial, o Rancho de Pessegueiro, etc, mas no caso de Guisande o esvaziamento tem sido notório e mesmo com uma falta de desconsideração objectiva traduzida numa total inoperância, num nada fazer. Em rigor a Junta de Freguesia tem servido apenas para ajudar a enterrar os mortos e pouco mais. Dos vivos e das suas necessidades não tem tratado. Faltam dois anos para o final do mandatoe quando a importância dos votos começar a fazer sentido, alguma coisa será feita, mas até aqui o marasmo tem sido sepulcral. 

A própria situação do Centro Social de Guisande, com a sua "vida" suspensa por decisões e apoios prometidos que tardam, ajuda a realçar a desmotivação e o desinteresse de quem manda e decide. Muito tem feito o seu presidente, mas perante tanta desconsideração tem sabido resistir e lutar. Por mim as chaves já tinha sido entregues para ficaram penduradas no chaveiro autárquico e o equipamento encerrado como monumento à indiferença. 

Os "retratos" que se queiram pintar sobre estas nossas pequenas e pobres freguesias têm necessariamente que ser em tons de cinza, o que até parece estar na moda. Mas que é triste e desmotivador, é.