30 de junho de 2022

Furiosamente fixe


Portugal parece estar na moda como local e cenário para filmagens de cenas de exterior para diversos filmes. O caso recente de "Velocidade Furiosa 10", com cenas a gravar em Portugal, tem sido público e já deu azo a polémicas, nomeadamente em Lisboa, com o corte previsto de ruas.

O país, pelo Estado ou pelas autarquias, investe milhões em incentivos à vinda destas produções e dizem que o retorno é superior. 

A verdade, porém, porque há números e aspectos contratuais que serão sempre segredo, em rigor qualquer proveito é sempre residual e apenas para alguns. O comum dos portugueses, como eu e quem eventualmente lê estas palavras, nunca verá no seu bolso um cêntimo que seja resultado da coisa.

Depois há sempre uma certa (muita) parolice só porque alguns locais do país são palco de filmagens. Na realidade, as cenas destes filmes, como o caso de "Velocidade Furiosa", são sempre muito rápidas e curtas e muitas delas alteradas digitalmente pelo que em rigor quando alguém assiste ao filme não vai estar a apreciar a paisagem e muito menos saber que é de Portugal, Itália ou de outro sítio qualquer. Um dia de filmagens pode resultar numa cena de 5 segundos. Vai é ver tiros, muitos, explosões, a potes, choques à fartazana, etc, etc. De resto o "Velocidade Furiosa" é tudo menos cinema para apreciar a natureza. Para isso, temos o BBC, Vida Selvagem ou o National Geographic.

Mas, ok, vamos fazendo de conta que é uma coisa fixe ter cá o Vin Diesel e Companhia, e que Portugal e todos os portugueses ganham balúrdios de massa com isto. Pessoalmente estou a contar que me dê para pagar umas férias de sonho numa qualquer ilha paradisíaca.Não quero por menos. Obrigado Toretto!

Mas, ok, agora a sério: Apesar de não ser o que parece, não deixa de ser positiva esta exposição mediática do nosso país, com uma indústria que rende milhões e milhões a vir cá aproveitar incentivos, serviços e mão-de-obra baratucha. Com este mediatismo, de algum modo, há sempre excursões a quererem vir ver as novidades, e por onde passam vão deixando algum, no Porto e em Lisboa, sobretudo. 

Pena que Guisande não seja palco de filmagens, nem sequer do Domingão da SIC.

Tretas! Bullsith!

26 de junho de 2022

O sabor das coisas



Faz-me sempre confusão que algumas pessoas teçam elogios à paisagem e aos lugares, quando passam por elas e por eles a correr, apressados, com minutos contados e metas por destino. É, pois, um quase paradoxo, senão total. 

Não poder ver ao longe uma torre de igreja a rasgar o verde, nem um ponto branco de uma capela a luzir na crista do monte, o apreciar uma flor, o pormenor e contraste de uma folha, ver um lagarto a absorver o sol, seguir com o olhar um pássaro a saltitar de ramo em ramo, ouvir o canto lamuriento, alegre ou impetuoso de um regato ou ribeira é tudo menos saborear a natureza. E nestas coisas não podemos estar com Deus e com o diabo. São incompatíveis e os meios termos são apenas pretextos filosóficos.

Quem engole apressado um prato de assado no forno, sem se deter nos pormenores que levaram a isso, desde o que esteve na origem daquele animal sacrificado para nosso deleite, o lavrar, o semear e o colher dos ingredientes, até ao saber e paixão de quem preparou, confeccionou e serviu, não pode simplesmente exclamar, de boca cheia - Isto está bom p´ra caralho! Quem assim procede está a passar pela vida demasiado apressado, sem se deter a questionar se aquele aroma e sabor é de tomilho, de hortelã ou alecrim..

Em suma, há coisas que só nos são plenas se absorvidas da mesma forma, cheia e intensa. O resto são cantigas de trovadores mal amanhados.

23 de junho de 2022

Marco dos quatro concelhos



O "Marco dos Quatro Concelhos" é um sítio amplamente referido e conhecido como correspondendo ao local de junção dos limites dos territórios dos concelhos de Santa Maria da Feira (freguesia de Canedo, Vale e Vila Maior), pelo poente, Arouca (S. Miguel do Mato), pelo sul, Castelo de Paiva (Pedorido, Raiva e Paraíso), pelo nascente e Gondomar (Lomba), pelo norte. Localiza-se nas coordenadas 41°00'06.8"N 8°23'24.3"W ou 41.001888, -8.390090.

O local pode ser acedido mais facilmente  a partir do lugar do Viso, na freguesia de S. Miguel do Mato, mas também pelo estradão que sobe pelo lugar de Rebordelo, em Canedo, ou mesmo pelo lado da Inha,  Labercos ou mesmo por Pedorido a partir das localidade da Póvoa.

O sítio, com base pavimentada, é composto por dois elementos em granito: O marco, uma espécie de pilar, com quatro faces, em cada uma delas com a inscrição de um dos quatro concelhos, apoiado numa base aproximadamente quadrangular e encimado por um elemento piramidal. Ainda uma mesa em granito ladeada por quatro bancos também em granito, um em cada lado.

Os actuais elementos foram reimplantados em 14 de Maio de 2004, supondo-se que no lugar onde noutros tempos existiriam elementos semelhantes mas desaparecidos.

As informações sobre as origens são escassas ou inexistentes. Por isso, eventualmente baseado em factos, mas já numa quase espécie de lenda, diz-se que em tempos antigos ali se reuniam ocasionalmente os administradores dos quatro concelhos para tomarem entre si decisões que a ambos dissessem respeito. A mesa, então seria redonda e não quadrada como a actual.

Não parece crível que pudessem existir assuntos do interesse simultâneo dos quatro concelhos, mas certamente, que enquanto territórios confinantes, teriam assuntos a tratar se não com todos, pelo menos com algumas das partes. Talvez sobre estradas ou caminhos comuns. Nesses tempos antigos pouco mais haveria a combinar.

Todavia e apesar de se designar de "Marco dos Quatro Concelhos, a verdade é que não existe um ponto único e comum aos quatro municípios. É certo que os limites estão muito próximos mas não são coincidentes num único vértice. De resto, por exemplo, Santa Maria da Feira não chega sequer a confinar com Castelo de Paiva.

A ter em conta os limites administrativos constantes em alguma cartografia, os atrás referidos elementos, o marco e a mesa, estão implantados na sua totalidade em terreno da freguesia da Lomba, do concelho de Gondomar, embora muito próximo do limite deste concelho com Santa Maria da Feira e logo de seguida a Arouca.

Por conseguinte, o local e os seus elementos são notoriamente simbólicos, e de facto localizados muito próximos entre os diferentes limites mas, como se disse, não coincidentes, apesar de essa ser uma ideia propagada e tida como verdadeira.

O local fica próximo do marco geodésico do Sobreiro ou Cabeço do Sovereiro, a uma altitude de aproximadamente 470 m. Sem os eucaliptos que predominam  nesse monte do Sobreiro e da serra do Camouco ou monte de Meda, que se interligam, é possível avistar paisagens longínquas, icluindo, do lado norte, trechos do rio Douro.

Tenho fotos próprias do lugar, que já visitei em várias ocasiões, a pé, de jipe e de bicicleta, mas utilizo, no entanto, pelo seu significado, uma foto de autoria do Pe. António Machado, ex-pároco de Caldas de S. Jorge, numa visita que em 2010 fez ao local com o saudoso Pe. Domingos Moreira, nessa altura já em estado de debilidade (faleceu em 10 de Janeiro de 2011).

21 de junho de 2022

O deixa andar...

Hoje em dia não é politicamente correcto dizer-se que alguém é tolo, ou muito menos atrasado mental. E nem deficiente. Quando muito, e correndo riscos de más interpretações, devemos dizer que é alguém especial com particularidades especiais ou apenas algumas dificuldades mentais ou motoras. Ou seja, já não há tolos. Quando muito, toleirões.

Passe a questão da semântica, importa que cada um tenha o devido respeito, enquadramento e tratamento de acordo com a sua condição.

Não me parece é que seja acertado nem correcto que a alguém nessas condições, tudo se permita, num deixa andar à vontade a fazer o que lhe apetece, a causar danos a terceiros e ao bem público, sem qualquer controlo ou vigilância, seja parental seja institucional. Só porque é "especial" não se podem fechar os olhos.

Enquanto isso, enquanto quem tem responsabilidades nesta matéria andar a assobiar para o lado em nome do politicamente correcto, andamos para aqui feitos anjinhos a ver disparates que ultrapassam a razoabilidade.

De repente parece que não há autoridade nem autoridades. Uma espécie de anarquia do disparate em que este por mais grosseiro que seja, é desculpável porque é engraçadinho e feito por alguém "especial". 

Até quando?

16 de junho de 2022

Tá-se bem!

Numa certa freguesia, nas redondezas, parece que tem havido algum alvoroço sobre certas obras e delas um certo estado de coisas.

Feitas as contas, o "problema" dessa freguesia é comum a muitas outras: Há sempre quem se "revolte" com determinados estados de coisas, e contra eles ou por eles dê a cara e expresse publicamente o salutar pensamento, a opinião, o contraditório. Tenho admiração por essa gente por os considerar, de algum modo, meus pares. Mas pregamos no deserto.

Todavia, no geral, a maioria está-se a marimbar, para não dizer "cagar", para essas mesmas "coisas". 

No fim das contas, por mais certa que esteja a "prova dos nove", quem mais dá a cara e expressa publicamente a opinião, que fica registada (e há caçadores de registos a gastar tinteiros e a encher discos), é quem mais tem a perder e adquire o estatuto de "ovelhas ranhosas", os "sempre os mesmos". E queira-se ou não, isto faz mossa e desmobiliza. Às tantas, por tão domesticados, somos apenas mais "uma Maria que vai com as outras".

Mesmo que sem generalizar, porque há sempre bons e contrários exemplos, e enquanto os houver há ainda alguma esperança, as nossas queridas terras já são constituídas essencialmente por gente que segue as suas vidinhas, legitimamente, sem se ralar com questões comunitárias ou de cidadania. Nesse sentido, gente amorfa que entre muda e sai calada, que não aquece nem arrefece. Zeros à esquerda. 

Ora contra isto, contra esta dita "maioria silenciosa e caixeirinha", pouco há a fazer. No fundo é ela que, com maiorias absolutas ou resultados rés-vés Campo de Ourique", timbra e legitima quem decide por nós. Assim, perante esta legitimidade sistémica, dita democrática, pouco há a fazer para colorir o quadro. É comer e calar!

Num sentido mais nacional, que importa a confusão, degradação e caos do SNS e seus serviços de urgências? Daqui a 10, 20 ou 50 anos ainda vamos andar a justificar que o problema é estrutural, como se este seja um "bicho-papão" para o qual não há remédio quando, sempre disse o povo, que o que não tem remédio, remediado está. 

Enquanto isso, tomem lá uma maioria absoluta, governem ou desgovernem, que já pouco nos importa. Estamos no rebanho! Tá-se bem!

Nota de falecimento



Faleceu Joaquim Pereira dos Santos, de Cimo de Vila, Guisande. Tinha 88 anos de idade. 23 de Outubro de 1933 a16 de Junho de 2022.

Homem de trabalho, pai de uma tribo de filhos, deixou assim uma larga família e um legado de gente boa e honrada.

Que Deus o tenha em eterno descanso agora que se junta à sua esposa, a Ti Laurinda.

Sentidos sentimentos e profundo pesar a todos os familiares, de modo particular a filhos e netos.

Cerimónias fúnebres no Sábado, dia 18 de Junho, pelas 10:30 horas, na igreja matriz de Guisande. No final irá a sepultar no cemitério local.

Missa de 7º Dia na Sexta-Feira, 24 de Junho pelas 19:30 horas.

15 de junho de 2022

José Baptista e Délia Lopes - Bodas de Ouro

 

No Grupo Coral aquando do meu casamento

Num momento de convívio num aniversário da LIAM

Ouvi dizer que o José Baptista e a Maria Délia Lopes estão por estes dias a celebrar 50 anos de matrimónio (Bodas de Ouro).

Sendo assim há que endereçar os parabéns a ambos e ficar à espera dos 75. Não é para todos mas há que ter esperança.

O Zé Baptista sendo de Lobão, é de Guisande há pelo menos este meio século e como tal é dos nossos. Não podemos negar que é uma figura carismática da nossa freguesia e que a ela tem dado um positivo contributo nomeadamente nas suas participações na Assembleia de Freguesia, dirigente do Guisande F.C. e sobretudo no âmbito da paróquia onde por várias fases e durante muitos anos foi um elemento destacado do Grupo Coral, com a sua voz bem timbrada e característica. Mesmo quando fora do grupo, mas apenas na assembleia das celebrações, a sua voz ouve-se e distingue-se.

É certo que o peso dos anos amacia as pessoas e como tal também ele está mais caseiro, menos participativo nas coisas comunitárias, mas sempre com uma grande energia que dedica no amanho e cultivo da terra, que faz com paixão.

Estão já para trás os seus tempo de mais juventude, em que o nome José Pereira Baptista era sinónimo de Picheleiro e Electricista, como assim publicitava o jornal "O Mês de Guisande" pela década de 1980. 

Adepto ferrenho e apaixonado do F.C. Porto e politicamente Social Democrata convicto, tem sido uma pessoa de convicções mesmo que por vezes com um temperamento exacerbado, mas que mais que um defeito é uma característica positiva da sua forte personalidade. De resto, a freguesia precisa de pessoas feitas com esse molde. Gente que nem aquece nem arrefece, que entre muda e sai calada, é o que não falta por cá. Fazem falta mais Batistas.

Pessoalmente tenho por ele uma grande estima e consideração pessoal e creio que ele o reconhece. Nos momentos em que tivemos oportunidade de conviver, nomeadamente no Grupo Coral, Grupo da LIAM, etc, foi sempre uma pessoa positiva e bem disposta. Por vezes vira-se do avesso, é certo, mas, caramba, até os melhores têm os seus arrebates.

Quanto à  Maria Délia, como a conhecemos, é bem mais sossegada e discreta, mas igualmente dedicada às suas coisas e fazendo parte também das nossas, da paróquia, nomeadamente como catequista, na LIAM, etc. 

De um modo ou outro, este casal procurou viver de acordo com os bons valores do matrimónio como a compreensão, tolerância, estima e dedicação. Não tiveram a felicidade de ter filhos mas têm-se um ao outro e sobretudo à grande família de ambos e também os amigos Só com essas qualidades alguém, nos dias de hoje, pode ter o privilégio de celebrar bodas de ouro matrimoniais.

Parabéns a ambos e felicidades para o que falta vir!