16 de junho de 2022

Tá-se bem!

Numa certa freguesia, nas redondezas, parece que tem havido algum alvoroço sobre certas obras e delas um certo estado de coisas.

Feitas as contas, o "problema" dessa freguesia é comum a muitas outras: Há sempre quem se "revolte" com determinados estados de coisas, e contra eles ou por eles dê a cara e expresse publicamente o salutar pensamento, a opinião, o contraditório. Tenho admiração por essa gente por os considerar, de algum modo, meus pares. Mas pregamos no deserto.

Todavia, no geral, a maioria está-se a marimbar, para não dizer "cagar", para essas mesmas "coisas". 

No fim das contas, por mais certa que esteja a "prova dos nove", quem mais dá a cara e expressa publicamente a opinião, que fica registada (e há caçadores de registos a gastar tinteiros e a encher discos), é quem mais tem a perder e adquire o estatuto de "ovelhas ranhosas", os "sempre os mesmos". E queira-se ou não, isto faz mossa e desmobiliza. Às tantas, por tão domesticados, somos apenas mais "uma Maria que vai com as outras".

Mesmo que sem generalizar, porque há sempre bons e contrários exemplos, e enquanto os houver há ainda alguma esperança, as nossas queridas terras já são constituídas essencialmente por gente que segue as suas vidinhas, legitimamente, sem se ralar com questões comunitárias ou de cidadania. Nesse sentido, gente amorfa que entre muda e sai calada, que não aquece nem arrefece. Zeros à esquerda. 

Ora contra isto, contra esta dita "maioria silenciosa e caixeirinha", pouco há a fazer. No fundo é ela que, com maiorias absolutas ou resultados rés-vés Campo de Ourique", timbra e legitima quem decide por nós. Assim, perante esta legitimidade sistémica, dita democrática, pouco há a fazer para colorir o quadro. É comer e calar!

Num sentido mais nacional, que importa a confusão, degradação e caos do SNS e seus serviços de urgências? Daqui a 10, 20 ou 50 anos ainda vamos andar a justificar que o problema é estrutural, como se este seja um "bicho-papão" para o qual não há remédio quando, sempre disse o povo, que o que não tem remédio, remediado está. 

Enquanto isso, tomem lá uma maioria absoluta, governem ou desgovernem, que já pouco nos importa. Estamos no rebanho! Tá-se bem!