10 de agosto de 2022

Coisas de regedores e foucinhas

Na minha pesquisa relacionada aos apontamentos sobre os regedores em Guisande, que como já confidenciei por aqui, tenciono incluir no livro que pretendo publicar lá para o princípio do próximo ano, tenho falado com os mais velhos e escutado histórias curiosas e mesmo divertidas. Algumas serão naturalmente como os contos, em que, conforme vão sendo contadas, alguém sempre lhes acrescenta um ponto.

É claro que por razões óbvias não interessa nem importa referir nomes e os aqui usados são fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, como é costume avisar. É certo que os intervenientes já partiram, mas há familiares que poderiam ficar melindrados. Mas, o mais importante, o essencial, é que fiquem registadas as particularidade deste nosso género humano, tão rico em diversidade de personalidade, do ser e do viver.

Assim, conta-se que um certo guisandense, com fama e proveito de ser amigo do alheio, apesar de ser uma alma mansa e pacífica, terá "mudado" de lugar uma certa alfaia agrícola, no caso uma foucinha, artefacto imprescindível ao corte de ervas, centeios e aveias nos campos ou mesmo corte das canas do milho  após a colheita das espigas. 

O dono, o lesado, desconfiado do larápio do costume, queixou-se ao regedor, homem austero e experimentado com as coisas da vida e conhecedor do dia-a-dia das suas "ovelhas" e suas manhas. Ora o regedor,  após o final da missa, dirigiu-se calma e pacatamente a casa do suposto subtractor. Bateu na porta fronha e logo depois, da negrura do quinteiro assomava a figura de quem procurava, no seu aspecto franzino mas vivaço.

- Ora viva, Sr. regedor! A que devo o prazer da sua visita?

- Ouve lá, ó Justo! Devolve-me a foucinha do Ti Correia, que ele amanhã vai cortar centeio e precisa dela - Ordenou em voz grave e austera.

- Tá, bém, tá bem, tá bem! - respondeu o Justo num tom apaziguador procurando amansar o ar autoritário do regedor. - Mas, Sr. regedor, venha ali comigo!

Dirigiu-se a uma barraquita ao lado da capoeira e ali estavam penduradas na velha parede uma dúzia de foucinhas e outras alfaias, que mais parecia uma tenda de ferreiro na Feira dos Dezoito.

- Qual será destas, Sr. Regedor? Qual será destas? - perguntou nervosamente o Ti Justo. 

- Mas então tu não sabes a que roubaste? Achas que eu sou entendido em foucinhas e que conheço todas as foucinhas da freguesia? - ripostou o regedor, já a perder as estribeiras com aquela humilde descaradeza  do Justo.

- Tá, bém, tá bem, tá bem! Deve ser esta! Deve ser esta! É mesmo esta! Até tem a marca com o nome do Correia! - respondeu com ar de entendido, enquanto pegava na foucinha, quase nova, e a devolveu ao regedor.

O regedor, habituado a estas tropelias do Justo, pegou na foucinha, virou costas, mas antes de transpor as portas fronhas, voltou-se e sentenciou! - Olha lá, não me obrigues a voltar cá por causa de foucinhas, que eu tenho mais que fazer!  Além disso, para que raio queres tu tantas foucinhas?

Respondeu-lhe o mãos levezinhas, encolhendo os ombros estreitos: - Sabe, Sr. Regedor, nestas cousas é melhor ter a mais que a menos! É! É melhor a mais que a menos! - repetiu, encolhendo novamente os ombros, justificando-se.

Fingir é preciso

É por demais conhecida a parte do poema "Autopsicografia" em que Fernando Pessoa diz que:

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

Ora este fingimento em Pessoa, que lhe é reconhecido, é mesmo para levar a sério. Senão vejamos: Desde logo o recurso aos seus heterónimos como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares, em que cada um é uma personalidade própria.

Depois, para lá de tudo, da poética e da linguagem, um exemplo concreto desse fingimento, e dele a contradição descarada e comprovada: Como Bernardo Soares, no "Livro do Desassossego", diz que:

"Porque é bela a arte? Porque é inútil. Porque é feia a vida? Porque é toda fins, propósitos e intenções."

O mesmo Pessoa, in "Ideias Estéticas da Arte", diz que:

"Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes- tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte se vê, porque dura."

Ou seja, resumindo o fingimento, Fernando Pessoa, dá uma no cravo e outra na ferradura. Vê e julga a arte com a mesma desenvoltura e contradição filosóficas,  considerando-a agora "útil", e logo como "inútil".

Pessoa julga bem. O jogo de palavras, ideias, metáforas, sentimentos, analogias, etc, etc, não tem que brotar do real sentimento do poeta nem da sua coerência. Se assim fosse, era um desgraçado à deriva num mar revolto em constante turbilhão de sentimentos e emoções. 

Fingir, pois, é preciso!

9 de agosto de 2022

A capela do Viso e outras memórias


Costumo dizer que, até ter casado, eu não ía à Festa do Viso; eu estava na Festa do Viso, já que ali nasci e cresci, mesmo encostadinho à capela e ao arraial. Por conseguinte, são muitas e remotas as memórias ligadas à festa, àquele bonito lugar e aos pormenores e singularidades de outros tempos, que naturalmente foram mudando com o correr dos anos. A própria fotografia, acima, de 1969, evidencia algumas coisas mudadas, sobretudo as árvores, as acácias, que já desapareceram.

A capela, é certo, continua imutável no mesmo sítio, desde que foi edificada por 1859, mas também ela foi sofrendo obras, sobretudo de conservação, umas mais ligeiras, outras mais profundas. Estas, as mais significativas, do que tenho memória ocorrerem em 1969, à passagem do centenário da edificação, com obras de decoração interiores, de trolharia, carpintaria, pintura e douramento os altares, requalificação do tecto e aplicação de azulejo na fachada principal incluindo os paineis das figuras da Senhora da Boa Fortuna e de Santo António, e ainda a construção do arco sineiro. 

Mais tarde, em 2004, com a requalificação da cobertura e destapamento do pavimento em soalho ficando com o interessante pavimento original em lajes de pedra do Monte de Mó. Ainda a reformulação do coro e construção de escada interior, facilitando o serviço. De registar melhoramentos como a instalação de bancos, a colocação do relógio com amplificação, etc.

Depois disso foram sendo dadas umas pinturas ligeiras, ainda o levantamento do arco sineiro para acomodar o automatismo dos toques, mas o certo é que neste momento a capela está de novo a precisar de obras de conservação, sobretudo ao nível das vedações na cobertura e nos rebocos interiores, que se apresentam vergonhosamente em mau estado e aspecto.

Para além das intervenções na capela propriamente ditas, ao longo dos anos, também a sua envolvente foi sendo mexida, com a realização de passeio cimentado e uma parte em calçada de pedrinha de calcário e basalto, mas certo é que ainda continua sem dispor de uma envolvência requalificada com uniformidade e dignidade. É um caminho que falta percorrer.

Ate mesmo o próprio monte ou arraial, depois das obras de transformação durante os anos 90 e seguintes, continua ainda a carecer de melhoramentos. A calçada frontal à capela e guias delimitadoras estão em mau estado, sobretudo decorrente do crescimento das árvores e respectivas raízes. Ainda o parque de merendas que continua bruto e com desorganização de árvores e arbustos. Enfim, não faltam motivos e pretextos para realizar obras de requalificação e melhoramentos. Haja o que não tem havido, vontade e dinheiro.

Já o tenho dito, quando participei na primeira Junta da União das Freguesias, fiz elencar como uma das obras de charneira em Guisande, a requalificação da zona do parque de merendas e envolvente da capela. Infelizmente, como quem não manda não pode, a juntar às dificuldades financeiras herdadas da transição, e com pouca ou mesmo nenhuma vontade política de quem na realidade mandava, incluindo a Câmara Municipal, a coisa passou, como tantas vezes acontece, como uma mera promessa eleitoral não cumprida. Depois disso veio mais um mandato de quatro anos e o assunto continuou na gaveta e a não merecer qualquer interesse e nem mesmo a limpeza regular do espaço foi assegurada, apenas pautada pelo calendário dos eventos. Entretanto o tempo avança e um terceiro mandato já está quase a completar um ano de quatro.

Apesar dessa minha incapacidade, porque apenas um mero vogal, penalizo-me por isso, é por essas e por outras, por não sermos tomados em conta ou até mesmo desconsiderados, que somos levados à desmotivação quanto ao continuar a dar tempo e dedicação à cidadania. Mas, adiante, até porque já correu muita água sob a ponte da Lavandeira.

Tenho esperança que a actual Junta ali faça qualquer coisa de relevante, sabendo que as pedras no sapato são muitas, mas pelo menos nota-se em quem dela faz parte, sobretudo do seu presidente, um maior interesse e abertura a fazer ali obras.

Resumindo  há tanto a escrever sobre a capela e monte do Viso, e mesmo das memórias relacionadas à festa, que espero, de algum modo vir a incluir algumas delas no meu futuro livro de apontamentos sobre a freguesia.

O Dino Meira


Quem não conheceu o Dino Meira? Não é uma pergunta de retórica. Na realidade o Dino, de Armandino Marques Meira, nascido em Espinho em 11 de Setembro de 1940, e que faleceu inesperadamente em 11 de Novembro de 1993, vítima de um enfarte de miocárdio, foi um dos bons cantores de música ligeira portuguesa. 

Bons temas, boa voz, excelente sonoridade e harmonia. Teve grandes êxitos que ainda hoje ecoam no ouvido de muitos portugueses e sobretudo de emigrantes, já que recorrentemente cantava as particularidades de quem vivia e trabalhava por esse mundo fora, sobretudo a saudade, o regresso e as dificuldades do quotidiano.

"Zum Zum Zum", "O Homem Vestido de Branco", "Mariana","Meu Querido Mês de Agosto", "Helena", "Voltei" e tantos outros temas que ainda andam por aí em cassetes e CD´s consagraram o Dino Meira como um dos grandes nomes do género. 

Fosse vivo, e para estar in ou cool, teria que cultivar uma imagem mais candy, mais modernaça, com tshirts e camisas estampadas e com crista no cabelo, o que seria difícil com a sua caracolada, e mesmo depilar a laser aquele tapete persa no peito e a envolver os mamilos, mas acredito que ainda continuaria a cantar boas canções, mesmo que sem as muletas do padre, do sacristão e dos bailaricos de verão nas aldeias, como o faz o já velhinho jovem José Malhoa. 

Neste "Meu Querido Mês de Agosto", é justo evocar a figura e canções do Dino Meira, que deixou muitas saudades.

Trocava de bom grado o Dino Meira pelos 4 Mens, logo na última noitada da Festa do Viso, mas à falta do Dino, lá terá que ser. 

Que descanse em paz o Dino!

Festa do Viso 2022 - Momentos - Tapete de flores


Em certa medida, e como analogia, uma Festa, como a nossa, é como um restaurante. Chegamos à mesa reservada, o ambiente está quentinho ou fresquinho conforme faça frio ou calor, somos bem atendidos, petiscamos e depois o consolo de um excelente assado ou um bacalhau generoso, logo rematados com uma deliciosa sobremesa e café. 

Pagamos e, satisfeitos, vamos a bater com a mão na barriga para outras paragens. 

Mas para isso, por detrás da cortina desse palco, há azáfama, antes, durante e depois, com gente que trabalha, na logística, na despensa, na contabilidade, na limpeza e, obviamente, na cozinha e na serventia. 

Ora nem sempre pensamos nisso e damos como adquirido que tudo nos chega à mesa de forma automática, como numa máquina dispensadora de tabaco em que o dinheiro entre por uma ranhura e o maço sai por outra.

Assim, para uma Festa, como a nossa, há gente que organiza, comanda e se responsabiliza pelo êxito ou fracasso, mas há igualmente gente que se dedica com bairrismo a judar naqueles momentos especiais, como é ocaso, de forma particular, a preparação da passadeira ou tapete de flores, ainda a participação na procissão tranportando os andores, alfaias ou estandartes. 

O processo por mais desorganizado que seja, e infelizmente é quase sempre improvisado,  exige tarefas prévias como angariar flores e verdura, preparar e colorir serraduras, e naturalmente pedir ajuda de colaboradores.  Depois é sair mais cedo do almoço de família, e andar por ali regra geral com calor e moscas e apanhar uma valente suadela.

Posto isto, todas as pessoas envolvidas, de uma forma ou outra, merecem o nosso apreço e fazem-nos ter esperança que apesar das dificuldades crescentes, nomeadamente em nomear comissões de festas, com gente que assuma com orgulho a sua identidade, raízes e bairrismo, a nossa Festa do Viso, está aí para dar e durar.  

Oxalá que sim!

















8 de agosto de 2022

Presidentes de Câmara, ou equiparáveis, de Vila da Feira - Santa Maria da Feira

1800 - Sebastião Pitta de Castro

1811 - José Bernardo Henrique de Faria (Juiz de Fora)

1829 - José Apolinário da Costa Neves

1883 - Bernardino Maciel Rebelo de Lima (Juíz de Fora interino)

1833 - Francisco Monteiro Mourão Guedes de Carvalho (Juiz de Fora)

1834 - João José Teixeira Guimarães (Comissão Municipal)

1836 - Pedro José Correa Ribeiro

1837 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1838 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1841-1842 - Bernardo José Correa de Sá

1845-1846 - Francisco Correa de Pinho de Almeida Lima

1846 - António Fernandes Alves Fortuna (Juíz da Comarca)

1846 - António Soares Barbosa da Cunha

1847-1848 - Joaquim Vaz de Oliveira Júnior

1847 - Bernardo José Correa de Sá

1848-1851 - Bernardo José Correa de Sá

1852 - 1854 - Bernardo José Correa de Sá

1854-1855 - José António Varela Falcão Souto Maior

1856-1857 - João Nunes Cardoso

1858-1859 - Miguel Augusto Pinto de Menezes

1860-1861 - Fausto da Veiga Campos

1862-1863 - José Bonifácio do Carmo Soares

1866-1867 - Domigos José Godinho

1868-1869 - José António Varela Falcão Souto Maior

1870-1871 - Domigos José Godinho

1876-1877 - Manuel Augusto Correa Bandeira

1880-1881 - Manuel Pinto de Almeida

1882-1883 - António de Castro Pereira Corte Real

1884-1885 - António de Castro Pereira Corte Real

1888 - Roberto Alves (Presidente da Câmara)

1890 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1893-1897 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1897 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1899 - Pe. Manuel de Oliveira Costa (Comissão Administrativa)

1899-1901 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1905 - João Pereira de Magalhães

1907 - João Pereira de Magalhães

1908 - Eduardo Vaz de Oliveira (Comissão Administrativa)

1911 - António Ferreira Pinto da Mota (Comissão Administrativa)

1912 - Elísio Pinto de Almeida e Castro (Comissão Administrativa)

1914 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1917 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1918-1919 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1919 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Administrativa)

1923-1925 -Saúl Eduardo Ribeiro Valente

1926 - José António Teixeira Saavedra

1926-1933 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1933-1937 - Gaspar Alves Moreira

1934-1937 - Presidente da Comissão Administrativa: Gaspar Alves Moreira.

1937-1939 - António Soares de Albergaria (Conselho Municipal)

1937-1945 - Roberto Vaz de Oliveira

1945-1959 - Domingos Caetano de Sousa

1959-1971 - Domingos da Silva Coelho

1971-1974 - Alcides Branco de Carvalho

1974-1976 - Arnaldo dos Santos Coelho (Comissão Administrativa)

1976-1982 - Aurélio Gonçalves Pinheiro

1982-1985 - Joaquim Dias Carvalho

1985-2013 - Alfredo de Oliveira Henriques

2013-2017 - Emídio Joaquim Ferreira dos Santos Sousa 

O beliscar de direitos - Importa reflectir

O incidente registado há dias na zona onde decorre o evento Viagem Medieval, em Santa Maria da Feira, para além do contexto em que ocorreu e do injustificado e condenável incumprimento das ordem e orientações da autoridade, por parte de um morador, que irrompeu pelo espaço com a sua vistosa viatura, colocando em perigo e segurança física dos agentes e visitantes, deixa, contudo, a meu ver, uma oportunidade para reflectir sobre a coisa.

Em rigor, durante o longo período em que ali ocorre o evento, as pessoas são literalmente impedidas de aceder e circular num espaço que é público. Os moradores têm livre trânsito, era só o que faltava que não tivessem, mas ainda assim com os naturais inconvenientes e restrições. E não é de somenos importância.

Em suma, eu cidadão livre, estou impedido de aceder e circular num espaço público, não a pretexto de um qualquer motivo maior, mas simplesmente porque ali ocorre um evento de entretenimento.

Em situações normais, estes eventos, nomeadamente pela sua duração e massificação de visitantes, deveria decorrer em recinto próprio, como um qualquer parque de diversões. Mas aqui, não. O parque é o centro histórico de uma cidade onde todos deveriam e poderiam circular livremente, sem pulseiras ou sem cobrança de bilhetes.

Mas não é assim e não tem sido assim e por isso lá vamos andado feridos de um direito constitucional de poder circular livremente no espaço público. E no geral achamos isto perfeitamente normal, legítimo e justificado. Quem se levantar a dar opinião contrária, corre riscos de ser atacado como ave rara.

Mesmo que a não frequente nem a aprecie para além do seu valor intrínseco, compreendo e também não me custa a aceitar a génese da coisa, mesmo que pela sempre propalada importância económica, mesmo que o dinheiro não justifique tudo e mais alguma coisa, mas, como seres pensantes, importará sempre reflectir e questionar quando está em causa o beslicar dos nossos mais elementares direitos. Aceitar que o façam de ânimo leve pode ser perigoso e o caminho para uma extrapolação fica mais aplanado. Quando dermos por ela, estamos a ser comidos de cebolada. Ora o estado das coisas, nomeadamente no contexto da pandemia, já mostrou que a limitação e castração de elementares direitos tem sido fácil de aplicar, porque no geral tudo aceitamos como mansos cordeiros. Quem se opõe e se manifesta é crucificado como negacionista, radical e fundamentalista. No fundo é com estas sementes que crescem os regimes controladores.

Haja, pois, sempre bom senso e que não percamos o sentido crítico das coisas mesmo que isso nos possa custar.

Quanto ao resto, nada vai mudar e porventura a tendência será alargar o tempo do evento, quando na maioria das cidades e vilas este tipo de eventos ocorrem apenas em 3 ou 4 dias, num fim-de-semana, o que já parece razoável quanto à limitação de acessoa ao espaço público. 

Por aqui a coisa é interminável e como as pilhas de uma certa marca, dura, e dura e dura.