30 de março de 2018

Paixão



Na correria dos dias nem sempre damos atenção aos pormenores, porque estes quase sempre são isso mesmo, pormenores ou coisas pequenas, e nos tempos que correm, em sentido contrário, valorizamos tudo o que seja em grande e à grande, até se possível "à francesa". 
Mas há pormenores, simples olhares, que no tempo e no contexto próprios ressaltam da sua natureza discreta e agigantam-se no significado, ou, se quisermos,  na mensagem que transmitem, porque, acreditem, há alturas em que as pedras falam. Creio que é o que acontece com os baixos relevos de cruzes que ornamentam o granito antigo das  fachadas da igreja matriz de Santa Eulália - Arouca. São várias as cruzes, certamente numa alusão às estações da Paixão de Cristo, com um grupo a representar a cena final no Calvário, a meio da fachada norte. E nesta Semana Santa, este olhar ganha um sentido próprio, distinto.
A igreja, um bonito monumento, com alguns traços e elementos que a remetem para a sua origem ou estilo medieval. Está implantada num local pacato e recatado, com um interessante enquadramento no topo de uma alameda de tílias e plátanos, mas com uma envolvente a  nascente e parte a sul algo desmazelada, porventura a merecer mais atenção da Sé e de autarcas.