8 de setembro de 2020

Toques de Midas, petinga, peixinhos da horta e outras chulices

 

Circula por aí, nas redes sociais, pois claro, a imagem (acima) de um talão de uma despesa no famoso café Magestic, na cidade do Porto, com um absurdo valor aplicado a dois cafés, um descafeinado e  duas garrafas de 1/4 de água sem gás.

Pela data, parcial, deduz-se que a coisa não é de agora o que é de supor que de lá para cá a coisa ou manteve-se ou mesmo aumentou. É claro que, supondo que a imagem não está manipulada, é de facto um valor absurdo face aos preços tidos como correntes, mas nestas coisas quem quer experienciar coisinhas fofas e jetsetianas tem que pagar e não bufar.

Ainda há dias, por sugestão de alguém e pela experiência de "conceito", decidi um jantar a dois num já popular restaurante moderno, dito winebar, localizado numa aldeia recentemente requalificada e por isso num contexto ou cenário com o bucolismo apetecíveis, tanto mais que o fim de tarde ia quente, adequada a comer na esplanada. 

O tal "conceito" é o de comer ou degustar tapas, em rigor petiscos e entradas. Mas porque a coisa é "fina", e embalada como tal, comer petinga, pexinhos da horta e ovos estrelados, só porque com uns pós de perlim-pim-pim, e com um toque gourmet, coisa de "chefs", a coisa é cobrada ao preço do melhor caviar e filé mignon.

Assim, para muitos restaurantes, como cafés e afins, vocacionados para uma certa classe endinheirada, nada como o dom do toque de midas e facilmente da merda se faz ouro, como quem diz, da petinga e peixinhos da horta se fazem uma "experiência interessante num conceito moderno". 

Em suma, cada vez mais vale o antes parecer que ser. E nós gostamos disso, gostamos de ser fodidos, desde que seja algo de magestic.

Paga Quim!