19 de julho de 2021

Amigos, amigos, política à parte

Ainda não vi nem li documento oficial que o confirme, mas a ter em conta informações tidas como fidedignas, o representante de Guisande na lista do PS- Partido Socialista, concorrente às próximas eleições autárquicas, será novamente Celestino Sacramento, antigo presidente de Junta.

Ou seja, pelo PSD teremos Joaquim Santos e pelo PS será Celestino Sacramento. Não deixa de ser curiosa esta situação tendo em conta que ambos são amigos e fazem parte do elenco directivo do Centro Social de Guisande. 

Esta conjugação pode ter outras leituras, mas para mim resulta de que a política não tem necessariamente de ser divisionista ou fracturante, e embora por vias e pessoas diferentes, os interesses de uma freguesia podem ser defendidos em diferentes lados e por diferentes visões relativamente ao posicionamento político.

Assim, importante será que qualquer um deles, em caso de eleição e se na Junta ou na Assembleia de Freguesia, possam ter voz activa e empenhada na defesa das particularidades e necessidades de Guisande no contexto da União.

Se me perguntam quem tem melhores condições de vencer em Guisande, respondendo e deixando de lado as aprecições de estilo e personalidade, porque diferentes, mas apenas pela leitura do contexto actual que tenho por aqui analisado, parece-me que Celestino Sacramento e o PS têm todas as condições para ganhar, porque objectivamente o impacto da gestão do PSD em Guisande neste último mandato foi de facto uma nulidade, em todas as frentes. Se é certo que o primeiro mandato, porque mais curto e com as finanças condicionadas por responsabilidades herdadas das anteriores Juntas, foi difícil e mesmo com o ônus do experimentalismo face à nova realidade administrativa, ainda assim se conseguiram realizar certas obras e melhoramentos. Nos últimos quatro anos, num mandato já a expirar, paradoxalmente tem sido de facto uma nulidade, e nem mesmo nos aspectos básicos de limpeza das ruas as coisas correram bem, como o panorama na envolvente no edifício da Habitação Social o demonstra.

Creio que por este cenário será difícil ao PSD e seus concorrentes explicar aos Guisandenses que tal nulidade não terá resultado de algum ressentimento pela vitória do PS em Guisande, em contra-mão com as restantes freguesias. E não venham, como bandeira, com a lista das pavimentações porque o povo não é burro e sabe que estas foram da exclusiva responsabilidade e investimento da Câmara Municipal, a  exemplo do que tem feito por todo o concelho, num esforço notório da requalificação das nossas estradas. E mesmo assim tudo indica que ainda vão ficar algumas ruas em mau estado, como a da Zona Industrial, a Rua de Estôse e Rua dos Quatro Caminhos ou mesmo parte da Rua de Trás-os-Lagos.

Vamos, pois, ver no que dá esta interessante disputa entre dois amigos em posições diferentes. Certamente que terão em comum a defesa de Guisande bem como da concretização de apoio ao processo de funcionamento do Centro Social, o qual, recorde-se, tem estado condicionado por opções políticas ao nível do Estado bem como por sucessivos entraves, para além do contexto da pandemia.

A ver vamos, sendo certo que me parecem ambos dois bons candidatos. Esperava-se, é certo, novos elementos, com outra juventude e dinâmica, tanto mais que ambos já deram o seu contributo no passado, mas isso também revela as dificuldades no contexto actual em conseguir cativar elementos mais jovens para estas coisas da cidadania e poder local. O cenário de uniões de freguesias veio afastar todos aqueles que no passado o faziam por amor à terra. Assim, como diria o outro, é o que se pode arranjar!