9 de março de 2022

Estupidamente desconsiderado


Há alturas na vida em que damos o tempo como completamente perdido. De forma estúpida, inútil. Mais valia estar a contar formigas como bem gostava o outro.

Ontem, no Tribunal da Feira, convocado como testemunha, para as 09:15 horas, depois da chamada, seguiu-se uma espera de três horas ao frio ou num espaço com pouca comodidade. 

Já à hora do almoço, quando já se sentia o aroma dos refugados nos restaurantes da Feira, informaram-me que afinal não ía haver prestação de declarações nem julgamento e que ficaria adiado para um qualquer dia do próximo mês de Maio. Que tomasse nota que já não gastariam dinheiro na carta e no selo.

Obviamente um sistema de "caca" que literalmente abusa das pessoas e brinca com o seu tempo. Quando se faz com antecedência um agendamento nada justifica que a testemunha presente não seja ouvida. E sim, estas coisas não acontecem por acaso nem devido a um terramoto, incêndio ou a um ataque terrorista às instalações, mas porque é da norma, da praxe e por isso recorrente. Adivinhar um novo adiamento de uma sessão é tão lógico e natural que aceitamos estas coisas como uma inevitabilidade.

Ninguém, em rigor, quer que estas coisas melhorem ou sejam mais eficientes. É assim mesmo. Está-lhes no sangue. Convém que a máquina trabalhe devagar, devagarinho. Quanto às pessoas e ao seu tempo perdido de forma estúpida e inútil, que aguentem que isto é um Estado de Direito.