19 de março de 2022

Soneto da dúvida


Ando no mundo, tanto tempo passado,

Num viver de apressado, galopante,

Como anão com passos de gigante,

Como quem se procura desencontrado.


Corro em frente a um destino mais além

Sem alcançar o tempo que avança lá à frente

Numa ânsia desejada, louca, premente,

Desilusão de quem  tudo tendo  nada tem.


Serei eu, afinal, nesta corrida sem meta,

Não mais que o rasto brilhante de cometa,

Uma pedra atraída como ao planeta a lua?


Ou talvez, ave sem ninho, besta sem covil,

Um banal cidadão, homem igual a outros mil

Ou somente um caminhante que avança sem rua?