19 de abril de 2022

Almoço do Juiz da Cruz 2022




Depois de um interregno de dois anos (2020 e 2021) devido às restrições decorrentes da pandemia, mesmo que ainda com cuidados e algumas limitações, foi possível realizar a tradicional Visita Pascal com o Campasso dividido em três cruzes a percorrer a nossa freguesia. O dia esteve bonito, com sol e calor, no que ajudou ao serviço.

O Juiz da Cruz,  por desistência do correspondente eleito, foi Carlo Alberto de Oliveira Santos, de Linhares - Casaldaça, que se havia voluntariado para a função e que manteve o propósito apesar da pausa.

Ontem, Segunda-Feira de Páscoa, 18 de Abril, teve lugar o habitual Almoço do Juiz da Cruz. Considerando que o anterior local nos últimos anos (desde 2013) havia encerrado, o evento decorreu agora no restaurante "Pedra da Lage", conhecido como o restaurante da Júlia, no lugar do Outeiro, também na freguesia de Gião.

Foram cerca de 80 os presentes, incluindo os participantes no Compasso da Páscoa e ainda o nosso pároco Pe. António Oliveira e também do Pe. Benjamim Sousa que colaborou nos serviços religiosos do Tríduo Pascal. Inclusive ontem de manhã celebrou a missa, muito participada, pelas 10:00 horas.

A sala, numa Cave, não tinha as condições mais adequadas para o número de participantes, obrigando a uma disposição de mesas algo desordenada e com espaços de circulação exíguos. O serviço teve algumas falhas, com atraso entre os pratos, recolhimento de louça e celeridade no fornecimento de bebidas. Ainda um lapso inicial em que a canja como primeiro prato quente a ser servido acabou por não chegar para todos os comensais, como foi o meu caso e de quem me acompanhava numa mesa de 6 pessoas. Algo falhou.

Seja como for, sabemos que nem sempre estas coisas correm pelo melhor sob um ponto de vista de funcionalidade e organização, mas em todo o caso será sempre desejável que saiam tão bem quanto possível de modo a não desprestigiar o evento nem gerar descontentamentos dos participantes menos dados a tolerâncias.

De muito positivo, as presenças do nosso pároco Pe. António Oliveira e do Pe. Benjamim, bem como o facto da tradição ter sido cumprida, tanto mais que depois do tal interregno forçado e indesejado. 

Também de enaltecer o voluntarismo e o esforço do Sr. Juiz da Cruz em ter tomado a responsabilidade da função e com ela o arcar das consequentes responsabilidades e canseiras. Parece fácil mas só por quem por elas já passou é que as compreende totalmente.

Quanto à tradição propriamente dita, a do Almoço do Juiz da Cruz, sabemos todos que já teve melhores dias no que respeita à importância e valor que lhe dávamos e que tem sofrido diversas adaptações ao longo dos anos, por um lado devido a algumas inevitabilidades, como a mudança do local do banquete (durante muitos anos na própria freguesia de Guisande e que assim deixou de ser desde 2013), mas também porque enquanto comunidade fomos descurando o interesse da coisa. Mesmo o processo antigo da eleição está praticamente perdido e por desistências e manifestações prévias de não desejarem entrar na escolha, por parte de potenciais candidatos, o certo é que neste momento não há juizes eleitos, quando, dentro da normalidade, deveriam existir pelo menos dois adiantados.

Confesso que não sei qual o modelo que virá a seguir e nem isso me preocupa face à situação de erosão aqui chegada, mas provavelmenete será idêntico ao já praticado em muitas paróquias em que não há propriamente um Juiz da Cruz.

Pessoalmente sinto alguma pena porque apesar de algumas vicissitudes do próprio sistema de eleição, que durante anos chamei à atenção para a necessidade de melhoramento, a tradição tinha alguns aspectos positivos e provinha de raízes que eram muito nossas, muito particulares e que ao fim de todo este tempo, por algum desmazelo e mesmo alguma desconsideração parece estar irremediavelmente perdido. 

Teria sido fácil, parece-me, que no devido tempo tivessem sido feitas as alterações que valorizassem e dignificassem o precesso da escolha e eleição, mas nunca foram por aí aqueles que de algum modo tinham responsabilidades. Assim, bem ou mal, eis-nos chegados à situação actual.

Vamos ver no que dá para o futuro e oxalá que pelo menos o espírito pascal se mantenha inalterado e que continue a ser um importante elemento agregador da nossa freguesia e paróquia enquanto comunidade. 

Oxalá que sim!