7 de abril de 2022

Dia dos moinhos e dos seus pecados




Hoje, dia 7 de Abril, celebra-se o Dia Nacional dos Moinhos.

Sendo certo que agora há dias para tudo e mais alguma coisa, a este, o dos moinhos, deveria ser dada mais importância. Assim, todos os anos, por cá a coisa é lembrada invariavelmente com uma visita e imagens do moinho do Casqueira, em Lobão, movido pelas águas nem sempre limpas do Uíma e o resto em rigor é quase só paisagem. Mesmo no concelho são poucos os exemplares a que se possam chamar de moinhos e  menos os funcionais. Em rigor serão pouco mais que ruínas ou até mesmo o sítio delas.

Cá em Guisande não existe nenhum moinho, conservado, funcional e ao serviço dos proprietários, de consortes ou da comunidade. O último a funcionar terá sido o da casa do Loureiro, na margem esquerda da ribeira da Mota. Contando com as ruínas ou vestígios deles, privados ou de consortes, dou comigo a contar pelo menos 8 exemplares. Alguns facilmente poderiam ser restaurados para lhes dar alguma dignidade e um ou outro a funcionar.

Mas para que tal aconteça é preciso vontade, sair da habitual centralidade à volta do castelo e fazer também uma coisa básica, como limpar as margens das ribeiras e colocá-las ao usufruto das pessoas, com ou sem passadiços, ou não estejam elas classificadas como de domínio público hídrico. Ou seja, o Estado e as entidades da administração pública classificam as coisas como suas mas depois pouco ou nada faz por elas, pela sua conservação e fruição.

É o que temos e quanto a isso é uma água que por ora poucos moinhos vai movendo. Mas é bom que mesmo só por moda se possam lembrar os moinhos, o seu inestimável valor patrimonial, a importância que tiveram para as nossas comunidades, como também no seu contexto, os rios, ribeiras e represas que contribuiam como sua força motriz.

Em todo o caso, este abandono e desmazelo dos moinhos não é só pecado nosso e um pouco por todo o lado o que não faltam é moinhos em ruínas. Se é certo que a alguns tem sido dada projecção regional, como os moinhos de Jancido, na zona do rio Sousa, à custa do esforço de um grupo de amigos, outros há, porém, com muito mais potencial que estão pouco mais que abandonados e pouco divulgados, como é o caso da carreira de moinhos na Barrosa, em Mansores - Arouca. Conheço poucos locais com tanta  beleza e enquadramento. Assim de memória serão pelo menos uma dúzia todos seguidos.  Um ou outro mais conservado mas no geral em ruínas. Mesmo assim a justificar uma visita ou passagem integrada no PR11 - Trilho das Levadas que faz parte do excelente menú de trilhos pedestres do nosso vizinho e bonito concelho de Arouca.