10 de julho de 2022

Desprezo



Bem sabemos que, por novos modos e estilos de vida, algumas coisas perderam a sua importância quanto à sua finalidade. Todavia, e tome-se como exemplo este antigo lavadouro com fonte, mesmo já sem utilização, frequente ou mesmo residual, parece-me que continua a ser um elemento do património colectivo e rural de uma terra. Afina de contas, parte intrínseca da sua cultura e identidade. 

Ora quando tal é desprezado ao ponto de nem merecer, sequer,  uma limpeza envolvente, então algo está mal e quem tem essa responsabilidade e quem representa essa terra e comunidade, não tem muito como justificação. 

O problema, apesar de tudo, é que a maioria dos cidadãos que elegem esses tais representantes, e que lhes conferem a legitimidade, padece, ela própria, de falta de sentido de comunidade e de orgulho e amor à terra. 

A coisa está a ser erodida há muito e já pouco mais há a fazer. 

Os mais velhos, aqueles que ainda sentem nos pés e na alma o apego das suas raízes, e conhecem os lavadouros e as fontes, e as memórias a elas associadas, são cada vez menos e as suas vozes e estados de alma  já pouco são considerados porque, por questões naturalmente compreensíveis, não são dados a fazerem-se ouvir pelas redes sociais. São raros os casos e mesmo esses, pregando no deserto, acabam por desistir .

É pena, mas, como diz o meu amigo Pinto, numa sentença como pé para toda a chinela, "...as coisas são como são!!