14 de agosto de 2022

António - Um homem com o perfil certo

 


Dizem-me que o António está hoje de parabéns! O António Azevedo da Conceição é dos nossos! É gente nossa! Uns chamam-lhe o Tono do David, outros o Tono Ministro, e alguns, ainda, o Tono sacristão. De facto é tudo isso mas é mais do que isso. É gente nossa, porque dos bons, daqueles que têm dedicado uma parte significativa das suas vidas, à paróquia ou freguesia, tantas vezes em detrimento da sua própria. 

Desde há muitos anos, mesmo décadas que o António faz parte da mobília da casa nas suas diferentes tarefas, mas sempre procurando dignificar a sua e nossa terra e paróquia, num compromisso quase sacerdotal, passando por diferentes párocos e diferentes tempos. E com muito resiliência pois certamente, que pelas constantes mudanças, terão sido muitos os desafios, as alterações e adaptações, e certamente que nem sempre de feição à sua forma de ver, viver e sentir a paróquia. Qualquer outro já há muito que teria dado à sola e dedicar-se apenas a si e aos seus. Mas o António tem mostrado ter o perfil certo para estas coisas de dedicação e ajuda na paróquia. 

Foi pena que não tivesse ido mais longe e poderia hoje ser um bom sacerdote ou diácono. Mas a opção de vida foi sua e a missão que escolheu, não tem sido de somenos importância. Tanto nas coisas da paróquia como na dedicação à família, no cuidado prestado aos seus pais e à irmã. Solteiro por opção e missão, casou-se com essa responsabilidade de filho e irmão e a ela tem sido fiel.

É costume dizer-se que ninguém é insubstituível, e é verdade, mas o Tono é quase desses que, como analogia numa equipa de futebol, o treinador olha para o banco de suplentes e não vê ali ninguém capaz de assegurar a sua qualidade. 

Assim, sendo, dêmos valor ao António Ministro, porque apesar de estar sempre com um ar jovem, a verdade é que já passou dos setentas, e naturalmente não andará por cá toda a vida, como de resto qualquer um de nós, e nunca devemos deixar para amanhã o que podemos fazer e dizer hoje. Por mim, mesmo que o já tenha dito, digo-o agora novamente: Obrigado, António, por servires a paróquia, naturalmente com as tuas limitações e defeitos próprios, mas com muita dedicação, dignidade e amor. 

Bem hajas!


Nota posterior:

Já depois de escrever o texto acima, que teve aqui centenas de visitas e na rede social inúmeros comentários positivos e de gratidão e apreço pelo papel do António na paróquia, estive com ele e fez-me sentir que teria preferido que nada escrevesse. Percebo e compreendo, porque o António é assim mesmo e gosta de se esquivar destes elogios públicos.

Eu compreendo, repito, a sua posição e de algum modo peço que me desculpe pelo atrevimento e alguma exposição a que o sujeitei, mas sendo no contexto da sua acção num espaço público e comunitário, que a todos diz respeito, continuo a achar que é sentido e merecido. 

De resto, excesso de humildade por vezes também nos prejudica. Tantas vezes com a nossa dedicação e esforço em prol dos outros e da comunidade, ficamos sentidos por não vermos esse esforço reconhecido e até, pelo contrário, criticado. Ora se assim é, não podemos ficar incomodados quando de algum modo sentimos que esse mesmo esforço e essa mesma dedicação, são, afinal, reconhecidos. Não podemos é ficar aborrecidos porque nos criticam ou incomodados porque nos elogiam, porque às tantas as pessoas ficam confusas ou indiferentes. A humildade é uma qualidade que devemos cultivar em nós próprios, mas sabe sempre bem sentir o carinho e reconhecimento dos outros e quando este é expresso não o podemos repudiar. É sinal de que estamos no caminho certo, a ser úteis e prestáveis à comunidade onde nos integramos. 

Face a isto, o António deve compreender que embora o não peça nem o procure, deve aceitar, sem incómodos, que os outros lhe reconheçam e agradeçam o seu trabalho na paróquia. E não é demais que o façam.