Ainda ontem, durante a minha corrida, cruzei-me duas vezes com ele, um gato estilo siamês, ali entre a rotunda da Farrapa e a Rua das Fogaceiras (Urbanização de Linhares). Na parte inicial, fugiu assustado à minha frente, subindo com agilidade ao mato, mesmo entre tojo e silvas. Passado algum tempo, no regresso, 10 Km depois, já na berma, com ares de assustado, mas manteve-se calmo e parado enquanto eu passava ofegante. Percebeu que a minha corrida não era de perseguição mas a de um tolo qualquer a cansar o corpo.
Era, pois, um gato que por ali andava. De resto já o tinha visto dias antes.
Hoje, novamente no regresso da corrida, dei com ele nas piores circunstâncias, já na valeta, defunto por uma forte pancada certamente de automóvel. O chão ainda ensanguentado. Teria sido durante o dia de hoje.
Um pouco antes, tinha ouvido o sino de Guisande a gemer a finados. Não foi pelo gato, pois não, mas poderia ter sido.
Rais´parta a vida como ela é! Uma feliz criatura num dia, vivaço e livre, e no dia seguinte uma amálgama de nada, inerte, sem vida.
Estragou-me o dia. Não o gato, mas o seu triste fim. Ainda tinha muita gatice pela frente, mas o destino ou o raio de gente apressada a conduzir que, mesmo podendo, nem se desvia, encurtaram-lhe a vida, ali, bem perto do território que marcara como seu.
Acredito que os animais também têm alma. Se não a têm, têm a que lhe damos.
Paz à sua alma!