Na apresentação do livro de género infantil, “O meu vizinho camelo”, pouco sentido faria se elas próprias, as crianças, não marcassem presença e, mais do que isso, de forma activa.
Assim, logo de princípio, e com o total anuimento da Junta da União de Freguesias, na pessoa do seu presidente, David Neves, defini que seriam criados alguns momentos intercalares com leitura de contos, e no caso, porque não concebo contos infantis sem serem ilustrados, acompanhados com as ilustrações.
Um dos momentos consistiu na leitura de quatro pequenos contos, de autoria de Maria Isabel César Anjo, com magníficas ilustrações da saudosa Maria Keil, cada um referente às quatro diferentes estações do ano. Perfeitos exemplos de conciliação e complementaridade do texto e da ilustração.
Creio que funcionou muito bem. Bem sabemos que as crianças, tanto mais quando juntas, navegam num barco colorido sobre ondas de imaginação e envoltas nesse constante balouçar, alheiam-se dos olhares dos adultos. Ora na sala, esse mar colorido era quase literal.
Percebo que às tantas, com os discursos chatos dos adultos, e com o avançar das horas, as crianças já começavam a querer continuar a sonhar, mas já não nesse mar agitado e colorido que se instalou na sala mas nos seus vales de lençóis.
Mas no geral, valeu a pena, por nós, adultos, e certamente que por elas. Claro que gostaria de ter mais crianças a ler, mas naquele contexto parece-me que foi na medida certa quanto possível.
Pegando neste parâmetro do possível, preocupei-me em ter ali mais crianças para além das que foram solicitadas e procurei chamar pais com crianças e vários disseram presente. Estiveram, por isso bastantes, mesmo, sabendo que, infelizmente, elas vão sendo raras nas nossas comunidades como consequência do nosso modelo de sociedade.
Mas as coisas são como são e não valem a pena lamentos e comparações com as três ou quatro crianças que agora nascerão em Guisande anualmente, com as 30 que nasciam há 50 anos atrás.
Bem haja às crianças presentes, às que leram de forma empenhada e naturalmente aos pais.
Teremos que pensar mais à frente num qualquer evento em que o tema seja só os livros e contos infantis em que o protagonismo seja só delas, das crianças.
Bem hajam a todos.
Nota: Peço desculpa aos pais e a elas próprias por as expor aqui, mas é por uma boa causa.