29 de novembro de 2022

Vão-se foder, que também é de graça!



Vou contar-vos uma história verdadeira:

Há algumas poucas semanas encerrei um fórum que fundei e abri há já quase 20 anos. Não interessa para o caso especificar qual o tema, mas contava com uma comunidade já perto dos 20 mil utilizadores.

Encerrei por vários motivos: Para além do trabalho dispendido quase diariamente na administração, moderação e lançamento dos temas, tinha os custos com o registo de 3 domínios associados, ainda o custo do servidor do alojamento e ainda o preço de software, que periodicamente tinha que ser renovado caso contrário ficava desactualizado, sem suporte e com incompatibilidades nomeadamente ao nível do PHP.

A juntar a isso, frequentes ataques informáticos vindo de gente de áreas concorrentes. Neste mundo digital, como no real, anda sempre gente atenta para copiar e replicar ideias pioneiras e originais. Depois é uma guerra do mata ou morres.

Durante algum tempo, alguma receita publicitária angariada ajudava a mitigar os custos mas nunca deu para tal e esse mercado já foi chão que deu uvas.

Numa determinada altura abri aos utilizadores a possibilidade de poderem, com donativos de qualquer valor, mesmo que simbólicos, poderem contribuir voluntariamente com qualquer verba para ajudaram nas despesas. Mas em rigor, dessa comunidade de mais de 15 mil utilizadores, na altura, e durante um ano em que este aberta essa janlea, apenas um único se dispôs a colaborar com 5 euros. Ilucidativo!

Ainda coloquei a possibilidade de passar o fórum para alguém da área mas quando falava nos custos associados, desistiram porque pensavam que estas coisas funcionam do nada e que também eram de borla.

Em resumo: As coisas são mesmo assim e nada dura eternamente, nascem, crescem, eventualmente estagnam e desaparecem. Mas este meu fórum foi também assim mas não estagnou porque crescia diariamente em número de utilizadores registados.

Mas há alturas em que temos que equacionar se, a pretexto da nossa paixão e entusiasmo por um qualquer hobbie, faz sentido continuar a acumular canseiras e gastos efectivos quando tudo é pro bono.

Depois de encerrado, porque, para de algum modo manter algum relacionamenbte entre os utilizadores mais frequentes, criei um grupo no Facebook, vieram mil lamentos e carpir de penas, mas já nada havia a fazer. Posso, por enquanto, em qualquer altura retomar o projecto, mas não. Vou mesmo cortar o cordão e terminando a validade dos domínios e servidor a coisa extingue-se mesmo.

No fundo, esta situação retrata em muito a filosofias das pessoas e mormente os portugueses. São amigos de receber, de usufruir de tudo e mais alguma coisa mas sempre na filosofia da borla, e mesmo assim sentem-se detentores de direitos e de reclamações sobre algo para o qual nunca com nada contribuiram. É por isso que, não generalizando mas dentro desta espertalhna filosofia, temos largos milhares de pessoas a viverem de rendimentos mínimos dados pelo Estado e outros muitos milhares com serviços de televisão, filmes e músicas pirateados.

Somos, no geral, assim: Oportunistas e chicos-espertos a dar cobertura ao ditado de que somos meio mundo a foder outro meio. A cultura do pagar e compensar quem trabalha ou quem cria, é, em rigor, nula! Zero! Nada! Népias!

Para todos esses oportunistas, vão-se foder, que também é de graça!