26 de novembro de 2022

No fio da navalha

O que fazem quatro jovens, em plena madrugada escura, numa época de agitação marítima, junto da linha de água de um mar conhecido por traiçoeiro?.

Terão sido arrastados para o mar, sendo que três salvaram-se e uma rapariga de 20 anos está desaparecida temendo-se naturalmente o pior.

Estes filmes de total insensatez dão nisto. Não há volta a dar. Os acidentes e incidentes estão ao virar da esquina e o mundo é demasiado perigoso. 

Podia ser em qualquer lugar e circunstância, mas o constante caminhar no fio da navalha por muitos jovens, dizem que por irreverência, e de algum modo banalizar o perigo, dá nisto, na tragédia. 

Também eu pai, que me alvoroço com a saída dos filhos, não tenho como deixar de pensar nos pais daquela jovem, porventura sossegados a dormir em casa, quando ela já senhora do seu destino, mesmo o de escolher ir com colegas, de noite e em plena madrugada, para junto da linha de água de um oceano revolto, sabe-se lá por que motivo maior ou menor, foram certamente acordados, alvoroçados, destroçados com a fatal notícia. 

Não há lugar a qualquer moralismo extra, nem podia haver, mas assim tão gratuitamente dói! Dói muito!

[actualização] Já depois da notícia inicial pela qual escrevi, soube, por notícias mais frescas, que afinal o grupo seria constituído por 8 jovens e todos eles terão sido arrastados. Também sabe-se que fariam parte do Exército onde estariam em formação. Estiveram num bar de diversão nocturna até altas horas da madrugada, quase manhã, certamente que a beberem água e sumos. Depois decidiram acabar a noite em grande indo socializar para a zona de rebentamento do mar.

Esta actualização em nada desculpa o procedimento, antes o agrava pela falta generalizade de bom senso e  irresponsabilidade, tanto mais que haveria alertas para o perigo da agitação marítima.

Será de supor que num grupo haja sempre alguém lúcido e sereno o bastante para alertar os demais. Mas não! Em grupo tende-se a ampliar as coisas boas e más, porque há sempre uma maria a ir com as outras, a alinhar, a não querer fazer de fraca.

Infelizmente, a jovem teve mesmo o destino fatal, tendo já sido recuperado o seu corpo. Um peso que há-de acompanhar por toda a vida aquele grupo onde se inseria. Ou talvez não. Nada que não se supere com mais uma noite de copos.

Desculpem qualquer coisinha, mas estas coisas revoltam e porventura somos todos inocentes, apenas vítimas desta coisa transcendente chamada destino.