13 de junho de 2023

Condenação

Nesta segunda-feira, no Juízo Central Criminal de Lisboa. Francisco J. Marques (diretor de comunicação do FC Porto), foi condenado a um ano e dez meses de prisão e Diogo Faria (diretor de conteúdos) a nove meses de prisão, ambos os casos com pena suspensa. Ambos estão ainda condenados a pagar 10 mil euros, de forma conjunta, a Luís Filipe Vieira, que se constituiu como assistente no processo. Júlio Magalhães (ex-diretor do Porto Canal) foi absolvido.

Importa realçar a condenação. Pena que a pena seja suspensa. Nem que fossem uns três meses de prisão efectiva fariam bem aos condenados para se consciencializarem de que não pode valer tudo em nome do fanatismo e rivalidade clubística.

Mesmo admitindo que as mensagens privadas obtidas de forma ilegal e divulgadas igualmente de forma criminosa e ainda por cima com alguma manipulação, pudessem ter indícios de deturpação do sistema ligado ao futebol e arbitragem, tal não justifica os crimes cometidos por esses senhores. Pena ainda que o ex-director do Porto Canal tenha sido absolvido quando é demasiado claro que teve responsabilidades na divulgação pública enquanto director da estação.

Em todo o caso, sabemos que a sentença ainda é passível de recursos, o que vai acontecer porque nestas coisas ninguém quer admitir a derrota e o artista Francisco J. Marques já disse que "a luta continua", como se o crime de apropriação e divulgação de mensagens de carácter privado de terceiros, de uma instituição ou de um particular, possam ter aceitação de ânimo leve num Estado de Direito e seja uma luta pela qual valha a pena lutar. Em suma, o homem apesar de condenado dá ares de quem não está arrependido, bem como transmite uma mensagem clara de que vai reiterar no mesmo crime. Ora quando assim é, sabendo-se que o arrependimento ou a falta dele é factor importante na determinação das penas criminais, a Justiça só tem um caminho, condená-lo a prisão efectiva.

Por mais que eles e muitos dos deles defendam nesta questão o interesse público dos seus actos, não pode valer tudo, e no dia em que a Justiça legitimar este tipo de crimes, então já mais nada há a defender no que toca à defesa e salvaguarda da vida privada. O cerne do problema, a manipulação de eventuais procedimentos ligados ao futebol e ao desporto em geral, em favor próprio, têm que ser combatidos, sejam prevaricadores o Benfica, o Porto ou qualquer outro clube ou quaisquer dirigentes ou agentes desportivos, mas com os meios e canais legais que a Justiça e a lei têm ao dispôr. Fora disso é campo da ilegalidade e do crime. 

Já agora, para terminar, uma questão: Os condenados fariam o mesmo se os emails em causa atingissem o seu próprio clube? Oram respondam lá!