6 de julho de 2023

Ano Internacional da Juventude - 1985

Está na ordem do dia o evento da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá na cidade de Lisboa já na primeira semana do mês de Agosto deste ano de 2023. Espera-se a presença do papa Francisco e a participação de mais de um milhão de jovens peregrinos provenientes de todo o mundo. Antes, uma semana, decorrerão as pré-jornadas em que largos milhares de jovens serão distribuidos pelas diferentes dioceses  e paróquias, mesmo em contexto de convivência com famílias de acolhimento, num contacto mais próximo com as realidades de cada comunidade. Cá por casa estou igualmente à espera de acolher dois desses jovens.

Nesta onda relacionada à juventude, aos seus desafios e anseios, salta-nos à memória um importante acontecimento também relacionado aos jovens de então, onde me incluia, concretamente o Ano Internacional da Juventude em 1985. De resto, dentro da sua comemoração, em 31 de Abril realizou-se em Roma - Itália, no Vaticano um Encontro Mundial de Jovens e que de certo modo veio dar lugar às jornadas mundiais da juventude, com a primeira edição a ocorrer no ano seguinte (1986), também em Roma.

O Ano Internacional da Juventude (AIJ), ou Internation Youth Year (IYY), decorreu em 1985 e teve como objetivo central abordar questões e problemas relacionados com os jovens a nível internacional. Esta iniciativa foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU e assinada a 1 de Janeiro desse mesmo ano pelo então Secretário-Geral, o peruano Javier Pérez de Cuéllar.

Durante todo o ano de 1985, ocorreram várias actividades em todo o mundo, sob a coordenação do Secretariado da Juventude do Centro para Desenvolvimento Social e Negócios Humanitários, com sede em Viena, Áustria. Mohammad Sharif dirigia esse Secretariado e também ocupava o cargo de Secretário Executivo do Ano Internacional. O evento foi presidido por Nicu Ceauşescu, filho do ditador romeno, Nicolau Ceauşescu.

Embora não tenha organizado eventos específicos sobre este tema, o Secretariado para o Ano Internacional da Juventude contribuiu para o sucesso deste acontecimento, através da colaboração na realização de diversos encontros, tendo como lema "Participação, Desenvolvimento e Paz".

O principal evento da ONU durante o Ano Internacional da Juventude foi o Congresso Mundial da Juventude, organizado pela UNESCO, realizado em Barcelona de 8 a 15 de julho de 1985. Neste congresso, foi emitida a Declaração de Barcelona, um importante documento que resultou desse encontro.

Por cá, recordo-me de participar em vários eventos promovidos a nível vicarial e diocesano, incluindo a realização de um festival da canção de temática a propósito, onde também fiz parte do grupo de jovens cá da paróquia, tendo então a nossa canção vencido a nível vicarial, com o festival realizado na paróquia do Vale e depois com direito a participar na final a nível diocesano num encontro memorável para os largos milhares de participantes que decorrer no Palácio de Cristal no Porto, em 30 de Junho de 1985. A canção vencedora dessa grande final foi a de Arouca pelo Grupo de Jovens de Rossas.

Ainda hoje alguém partilhou um vídeo dessa jornada no Porto onde lá estamos a actuar. Pena que a imagem seja de fraca qualidade mas mesmo assim revela-se um precioso tesourinho. Nessa altura não havia nas mãos de cada jovem, como hoje, potentes telemóveis com câmaras de fotografia e vídeo. Bons tempos! 

Mas sendo que os músicos, onde me incluia, com o Higino, o Mário Silva, o Rui Santos e o Quim do Lago, estão mais discretos, já as raparigas, a São Almeida, a Laida Moreira, a Guida Cardoso e a Preciosa Gonçalves, estão bem mais expostas. Bons tempos!


Na foto acima, eu e o Mário Silva a acompanharem à viola a actuação do grupo de Gião no festival ocorrido no Salão Paroquial da freguesia do Vale.

Nas fotos abaixo, momentos da actuação no Palácio de Cristal, no Porto.




Boas memórias, desde logo porque também eu era jovem, ainda a cumprir serviço militar obrigatório, mas apesar de decorridos quase 40 anos os jovens, embora com realidades e contextos diferentes, mesmo tendo tudo e não tendo nada, continuam a ter pela frente desafios sociais, culturais, religiosos mas também existenciais. Enfim, é uma luta que não termina e que dará sempre pano para mangas para anos internacionais, jornadas da juventude e outros eventos que tais, sem que algum dia sejam atingidos todos os desafios que se colocam permanentemente e em cada instante aos jovens. Estes, como eu e muitos da minha geração, acabarão por envelhecer e em rigor, talvez pela natureza das coisas, daqui a 40 anos parecerá novamente que nada mudou.

Mas, de minha parte e relativamente ao AIJ ficam a memória e os testemunhos de um ano e acontecimentos marcantes. Creio que indelevelmente  sucederá o mesmo para os actuais jovens que daqui a semanas viverão a Jornada Mundial da Juventude 2023.