5 de janeiro de 2024

É a vida! É necessário que haja acomodados

Uma certa figura pública da área da televisão, por quem tenho algum apreço, colocava no seu facebook uma questão em que procura reflectir sobre os desafios da mudança a nível profissional, tanto para quem quer subir como para os que estando já no alto do colectivo pretendem autonomizar-se. Respondi:

É como na política: "Pessoas que se encontram no mundo corporativo, grandes empresas, multinacionais e querem deixar para desenvolver projetos de menor dimensão onde possam ter mais responsabilidade e autonomia ou querem arrancar com projetos próprios", se algo não lhes correr bem, raramente têm que lidar com o desemprego e problemas de estabilidade financeira. Os políticos e quem passou por cargos públicos, esses é garantido. Já quem de baixo procura subir fica mais susceptível à "queda". 

Quanto ao resto, a generalidade das pessoas, tem mesmo que se acomodar no emprego, mesmo que não goste do que faz ou como faz. É a vida! Tudo o que foge desta regra são as excepções que a confirmam, que mais não seja para emprestar um certo lirismo à coisa, motivo a filosofias e argumento para livros de auto-ajuda e estima. Bom ano!

Resumindo: Atribui-se a Salazar a sentença de que "É necessário que haja pobres!". Não concordando, mas admitindo que é uma inevitabilidade do nosso sistema capitalista, direi sobre este propósito e sobre a questão da tal figura pública, que é necessário que os haja, não pobres mas acomodados. Não os houvesse nas profissões perigosas, desgastantes, pesadas e sujas, quem suprimiria esses trabalhos? Só quem tem como gente real o Pai Natal e o Peter Pan é que porventura acredita que quem ganha bem em serviços leves, limpos, aliciantes e bem remunerados se sujeitará a eles.

É a vida!