Sempre que os recebo, mesmo virtualmente, respondo com simpatia e consideração, mesmo sabendo que na maior parte das vezes os votos de parabéns pelo aniversário, são feitos de forma automática ou circunstancial. E quantas vezes por pessoas que logo a seguir se cruzam connosco na rua e nem um sorriso nem um ólá. É o que é! Apesar disso, por respeito, estima e consideração, quando se propicia ou me lembro, também distribuo alguns parabéns.
Em todo o caso, cresci a dar pouca ou nenhuma importância aos aniversários, dos outros e do meu, talvez porque lá por casa, desde que me tenho como gente, também era assim. Regra geral os aniversários de toda aquela gente, avôs, pais e irmãos, passavam despercebidos e não havia lugar nem a bolo nem a velas a apagar. Nem me recordo de, por isso, o jantar ser melhorado. E se no meu caso há uma espécie de lembrete, é apenas pela particularidade de celebrar em dia feriado. Calhasse à semana, em dia de trabalho, e nem daria por isso.
Serve isto para dizer que na família alguém, alguém com a importância de uma mãe, celebra hoje, 18 de Abril, 82 anos. Mas, para meu profundo pesar, os tempos não são de celebração nem de especial tratamento, porque o peso da idade e as mazelas de uma vida dorida já não deixam lugar a coisas triviais, sem sentido. É apenas mais um dia e se é assim para todos, mesmo para os mais novos, é necessariamente para os mais idosos, doentes e debilitados, em que cada dia a somar, e com eles os anos, raramente acrescentam conforto, saúde e bem estar. Pelo contrário, pela lei natural das coisas, cada dia é de dores e só se pode esperar o agravamento e com isso mais sofrimento e menos vontade de viver e muito menos em celebrar aniversários.
Com tudo isso, mais que celebrar ou recordar aniversários, mesmo que dos nossos, importa é fazer alguma coisa pelas pessoas, estar presente, quando mais necessitam, e isso vale mais que as costumeiras tretas de circunstância, cantigas da praxe, bolos e espumante.