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21 de março de 2023

A ditadura da democracia

Ainda está quente a questão da decisão por parte do Governo de António Costa a possibilidade de tomada coerciva de imóveis para arrendamento, no que constitui um atentado ao direito e defesa da propriedade. Não faltam especialistas a afirmarem a inconstitucionalidade da medida e a ver vamos como ficará definida. Sendo certo que é enorme o nosso parque de edifícios devolutos e em ruínas a conspurcarem aldeias, vilas e cidades, existem muitas medidas que podem ajudar a mitigar esse problema, desde logo pela esfera da tributação ou apoios à reconstrução por parte dos proprietários e também em muitos milhares de casos na desburocratização de partilha e registo de propriedade que em muitos casos continuam em comum.

Também ainda estão na nossa memória as proibições de sair de casa e de passear em zonas florestais e outras medidas atentatórias dos direitos e liberdades, mesmo que justificadas no âmbito do combate à pandemia da Covid 19.

Agora parece que o Governo se prepara para proibir os moradores das  zonas rurais de sairem de casa sempre que for declarado alerta de perigosidade alta de incêndios, sem contrapor apoios que mitiguem a perda de rendimentos por não poderem exercer as suas actividades.

Em resumo, mesmo que Portugal não esteja longe dos lugares cimeiros dos países considerados com democracias plenas (28.º lugar no  Democracy Index 2022), era de esperar que não fossem tão longe certos atentados e com este tipo de situações a passarem na nossa sociedade por entre os pingos da chuva, porque mansos cordeiros. Até podem amanhã estabelecer a idade da reforma nos 70 anos que todos ficaremos impávidos e serenos quando, em contraposição, aquela mescla de raças e culturas que dizem ser a França, manifesta-se violentamente por alargarem a idade da reforma de 62 para 64 até 2030, o que mesmo assim ficará bem abaixo da nossa actual meta (66 anos e 4 meses).

Por tudo isto, por estes atentados aos direitos, liberdades e garantias, a pretexto de outros argumentos, em muitos aspectos somos já uma ditadura, mas pior do que as ditaduras porque disfarçada de democracia. Hoje um dedo, amanhã a mão e depois o braço. Foi assim que todas as ditaduras e autocracias começaram.

17 de março de 2023

À deriva...

Greve nacional dos funcionários públicos, serviços de urgências em ruptura e encerrados com direcções em demissão, a TAP a voar rasteirinho e a fazer voar milhões, os professores em greve, os ferroviários em greve, os barcos eléctricos da Transtejo adquiridos sem baterias e os barcos da Marinha a serem eles próprios (sucata) e o almirante da guerra das vacinas a mostrar-se indignado com a insubordinação de uma dúzia de marinheiros temerosos que promete meter na ordem. 

Com tudo isto, e não é tudo, porque o mar deste país é de águas agitadas, e a nação é toda ela um barco à deriva a meter água e a largar óleo, apetece dizer: - Ó senhor almirante, se foram uma dúzia os insubordinados, foram poucos. O que este país precisa mesmo é de uma insubordinação geral, aí de uns 10 milhões! 

13 de março de 2023

Sonhos

Vinha eu agora a caminho do emprego e na rádio, na Antena 1, alguém informava que amanhã o F.C. Porto irá jogar a segunda mão dos oitavos de final da Champions League, recebendo o Inter de Milão. Mas mais dizia que um tal de Stephen Eustáquio, irá cumprir o seu grande sonho de participar nessa maior prova do futebol europeu de clubes.

As coisas são como são. Quem é grande e ganha milhões a dar pontapés na bola tem esta grandeza de sonhos. Sabem sonhar! Já eu, pobre anónimo e que trabalha o dia a dia das 8 às 6 para ganhar pouco mais que o salário mínimo nacional e pagar as contas, já só tenho o pequeno sonho de ver o mundo viver em paz, os povos e as nações a ajudarem-se entre si, os mais ricos a partilhar com os pobres e a ciência e a tecnologia serem postas ao serviço do combate às desigualdades e ajudar a combater os efeitos das mudanças climáticas e fazer com que todos os povos, e sobretudo as crianças, tenham uma infância feliz e saudável e também elas poderem ter sonhos de um futuro melhor.

Mas isto sou eu, que sonho pequenino e não tenho chuteiras nos pés. Já os Eustáquios deste mundo sonham em grande e jogar na Liga dos Campeões é que é.

Boa segunda-feira!

5 de março de 2023

Quando a ética é patética

Bem sabemos que nos tempos que correm, em que os média, termo moderno para os órgãos de comunicação social, competem entre si por audiências e lucros dos grupos empresariais a que pertencem, numa guerra onde vale quase tudo, a deontologia e a ética profissionais têm o valor e uso do papel higiénico.

Neste triste contexto, não surpreende que ainda hoje, no jornal da tarde da TVI, na peça de reportagem sobre o encontro de Bolsnonaro e Trump no congresso de conservadores nos Estados Unidos, o jornalista que comentava a coisa fosse de uma autêntica parcialidade, não se coibindo de adjectivar ambos os políticos e a suas posições.

Eu também acho que o Donald e o Jair são dois populistas, dois broncos e dois palermas, mesmo que apenas sob um ponto de vista político, mas isso é o que eu acho. Já ver e ouvir um jornalista a ter esse tipo de apreciação quando deveria ser isento, relatar o evento e não exprimir pontos de vista pessoais, é que não lembra ao diabo. Neste ponto, o jornalista e quem o emprega não são de todo melhores que os broncos do Trump e Bolsonaro. São apenas farinha do mesmo saco.

Mas é o que é, e já não podemos ter na comunicação social os valores da insenção e imparcialidade. O populismo também afecta os pulmões e o cérebro de muitos dos nossos ditos jornalistas. Não são para levar a sério, tal como a Bolsonaro e a Trump.

4 de março de 2023

Paradoxos à portuguesa


Sempre fomos um país de políticas paradoxais, e facilmente quem nos governa vai do 8 para o 80. Não deixa, por isso, de ser paradoxal, bem à portuguesa, que o programa do Governo socialista, "Mais Habitação" preveja, entre outras medidas, a disponibilização de mais solos para construção de habitação, incentivos à construção por privados ou incentivos fiscais aos proprietários para colocarem casas no mercado de arrendamento, quando, no caso de Santa Maria da Feira, a revisão (ainda em curso) ao Plano Director Municipal - PDM, esteja precisamente direccionada e com perspectivas de reduzir substancialmente esses solos urbanos, mesmo em ruas centrais dos aglomerados, mesmo a reverter solos já edificados em espaços verdes, o que tem levado muitos proprietários a uma enxurrada de apresentações de projectos e pedidos de informação prévia para procurarem salvaguardar a ainda actual capacidade.

São, pois, paradoxos e políticas com sentidos contraditórios o que não ajuda em nada à confiança das pessoas nos governantes nem à confiança de investidores. 

Assim não vamos lá. Ou melhor, vamos a lado algum!

6 de fevereiro de 2023

Recreio permanente

Não há volta a dar. Os ditos programas de entretenimento que passam pelas nossas televisões, incluindo concursos, são de uma infantilidade enjoativa. A começar pela RTP, que por princípio teria outras responsabilidades e obrigações, tratam-nos como se fôssemos todos criancinhas. Bem sei que os tempos são outros, longínquos de Artur Agostinho, Henrique Mendes ou Igrejas Caeiro, mas não é preciso tanto. O nível anda por baixo, mas dizem-me que agora é assim, e que nestas coisas, modas e tendências (que até se dizem trends) copiam uns pelos outros o que de melhor (pior) se faz no resto do mundo. Os formatos são os mesmos e a fonte parece ser comum, como a Fremantle que produz a maioria dessas coisas (voices, masters chefes, got talents, preços certos, vai ou racha, etc, etc).

Já não há paciência e o problema é que, pelo menos na RTP, de algum modo andamos todos a pagar aquele recreio permanente. 

Felizmente que, na televisão paga, há sempre boas opções, ainda com documentários instrutivos e formativos. Ainda há muita coisa de positiva e cultural mas as coisas vão no sentido de tudo isso ser obsoleto. Anda já por aí a Inteligência Artificial a suprimir brechas de instrução e a transformar a ignorância de muitos em sabedoria. 

26 de janeiro de 2023

O altar a faltar à simplicidade

A propósito das notícias relacionadas com os custos da organização da Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá no princípio de Agosto, em Lisboa, nomeadamente com o valor que se vai gastar com o palco, qualquer coisa como 4,2 milhões de euros, a que acresce mais um milhão e picos para fundações, a comprovar-se considero que de facto é um absurdo e despropositado tal gasto. Mesmo considerando que a coisa vai ser suportada pelo município lisboeta, é exagerado. Creio que o palco, pelo propósito, deveria ser o mais singelo possível. Funcional quanto baste, mas sem aparato desnecessário.

Para além do mais, e do dinheiro a investir pela Câmara Municipal de Lisboa, vão ali ser aplicados muitos outros milhões de euros do orçamento do Estado, o dinheiro de todos nós. O país farta-se de financiar obras em Lisboa, como é este caso e como foi a Expo 98. Uma festa!

Para além deste absurdo faraônico, que não fica bem e um evento da Igreja, no muito que se tem criticado há também muita hipocrisia. Lisboa paga mais do que isso com o evento Web Summit (11 milhões por ano) e o suposto retorno económico não se equipara ao previsto para a JMJ. E, todavia, parece que toda a gente gosta e acha muito bem.

Em resumo, para além da muita hipocrisia de muitas das críticas, vindas de vários quadrantes da sociedade, reafirmo que me parece um gasto exagerado mesmo que até se considere, como dizem, que a infra-estrutura ficará ali para eventos futuros. Parece paradoxal todos estes gastos, com dinheiro à fartazana, e depois andamos a pedir às famílias portuguesas que deem alojamento, cama e mesa a largos milhares de jovens. É algo que não encaixa.



24 de janeiro de 2023

Pedradas...

...Quem nunca tomou conhecimento e aprovou uma indemnização de meio milhão de euros a uma correligionária, e depois esqueceu-se disso, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca fez um orçamento de 750 milhões de euros e que logo de seguida resvalou para três milhões, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca foi secretária de Estado por 24 horas, que atire a primeira pedra.


O problema é que um dia destes não há pedras que cheguem.

19 de janeiro de 2023

Sinais dos tempos e sol na eira e chuva no nabal

No alto do pedestal da minha idade, creio que já me é permitdo fazer comparações entre estes novos tempos e os tempos passados que já somam mais de meio século. Mas antes das minhas memórias e testemunhos, naturalmente que as dos nossos pais, avós e bisavós. Na realidade conheci e convivi pelo menos com a minha bisavó materna.

Dessas memórias na primeira pessoa e dos testemunhos das mais velhas, o tempo, o clima, em rigor foram sempre assim: Chovia, fazia sol, estava frio, caía neve, granizo e geada. Os verões eram quentes e secos, os invernos frios, ventosos e molhados, tal como seria normal ser. Tudo era aceite e compreendido como uma mera e incondicional normalidade, mesmo que já houvesse extremos, como vagas de calor e secas, vagas de chuva e inundações. Meteorologia quase não existia e quando aparecia na televisão, no tempo dela, um soturno Antímio de Azevedo a mostrar e a explicar nuns toscos mapas desenhados à mão em quadros de lousa, as temperaturas, a velocidade do vento e a altura das ondas do mar, poucos percebiam do que estava a falar e, mais do que isso, em rigor essas explicações não serviriam de nada porque se há coisa que nunca o homem pode mudar foi o clima. 

Dizem, agora, que o clima está mudado pelo homem e coisa e tal e que há aquecimento global, os polos estão a derreter, os oceanos vão subir e inundar cidades costeiras e muitas espécies de animais vão desaparecer, etc, etc.

É certo que há nisso muita verdade e que a não devemos ignorar, mas desde os primórdios dos tempos que o planeta Terra começou a aglutinar-se e a girar em redor do Sol, tudo tem sido dinâmico e transformador, e dizem os cientistas que leem nas rochas, que já tivemos diferentes eras, algumas glaciares. 

Para além disso, mesmo nos nossos tempos, as forças da natureza, nomeadamente os terramotos e os  vulcões, continuam com a acapacidade de destruir e transformar. Por outro lado a Terra, tal como no passado, é um alvo potencial de receber em queda  asteróides e outros elementos sólidos que vagueiam pelo profundo espaço ou mesmo das acções das tempestadas solares que só não nos são fatais devido aos campos elctromagnéticos gerados pelo nosso planeta em rotação.

Ou seja, o homem, pelo seu processo de evolução, tem contribuído para alterar alguns equilíbrios mais ou menos tidos como naturais, mas em rigor a Terra sempre esteve e estará condicionada a eventos que de todo não dependem do homem mas apenas da sua dinâmica física, química e de relação com o espaço sideral onde gravita. Além do mais, dizem novamente os cientistas, daqui a uns muitos largos milhões de anos acabará mesmo por ser incinerada quando o Sol estiver nos seus últimos tempos e expandir-se na forma de uma estrela gigante vermelha, engolindo o nosso planeta azul. Dos vivos ninguém estará cá para testemunhar.

Com tudo isto para dizer que, porventura, o muito que se diz e apregoa acerca das alterações climáticas e do aquecimento global nem é tanto ao mar nem tanto á terra, isto é, há verdades confirmadas mas igualmente um nítido exagero porque as nossas acções comparadas com as da própria natureza são de facto insignificantes. Bastará que sobre a terra caia um asteróide do tamanho daqueles que dizem que extinguiu os dinossauros para que a Terra volte a conhecer tempos trágicos de escuridão, gelo, fome e miséria. Ou então, que entre em acção um super vulcão como dizem que é o de Yellowstone, nos Estados Unidos, para o planeta ficar novamente de candeias às avessas. E dizem que vai mesmo acontecer, faltando saber quando. Dizem que pode ser amanhã, daqui a um ano, dez, cem ou milhares de anos ou bem mais. Portanto, o que temos como certo é a incerteza.

Mas é claro que nos dias de hoje as coisas do clima e do tempo que faz em cada região do planeta ou mesmo em cada localidade do nosso país, é tudo muito esmiuçado. Dão-se nomes às tempestades, contam-se as vagas de calor e frio, informa-se se vai estar frio ou calor, emitem-se avisos de cores quentes por tudo e por nada, que mais não seja para as pessoas não se aproximarem da praia quando o tempo vai revolto, como se necessário fosse tal aviso. Por conseguinte, tanto ênfase damos a estas coisas, de uma forma tão exarcebada e constante que em rigor estamos sempre sobre um constante estado de alerta, seja porque faz sol, chuva ou coisa nenhuma.

Sinais dos tempos. Bem estavam os mais antigos que viam nestas coisas do clima e do tempo uma mera normalidade, sabendo pelos sinais da natureza se iria chover, dar sol ou cair neve, mesmo que desejassem sol na eira e chuva no nabal e nem que para isso tivessem que fazer promessas aos seus melhores santos e santas.

9 de janeiro de 2023

Cristina, a popularidade é fundamental

Pobre que sou, não viajo, pelo que não sei se noutros países isto também acontece, mas em Portugal é certinho e direitinho, por exemplo: Se uma figura pública entrar num restaurante com a sua comitiva, o mais certo é que seja principescamente tratado, com recomendações à cozinha e pessoal de mesa, e no final o dono nada lhe cobre a troco de uma sorridente selfie conjunta que depois exibirá orugulhosamente num local visível do seu estabelecimento, para que todos comprovem que o sítio é bem frequentado. Em resumo, alguém que por princípio poderia comer e beber bem e pagar melhor, provavelmente comerá à borla. Por oposto, uma qualquer Zé Ninguém, de mau aspecto e mal vestido, mesmo que não impedido de entrar terá que ir para um canto, comer rápido e pagar por inteiro.

Este tipo de situações, paradoxais, são comuns e leva a um ciclo em que os mais ricos, mais importantes e famosos, levam sempre a melhor e são beneficiados. Ou seja, quem tem reconhecimento público é mais reconhecido. E isto acontece em muitas áreas de extractos da sociedade no nosso Portugal. O recurso à cunha, à influência de um amigo, está-nos no sangue. 

Outro exemplo, um qualquer desconhecido com pretensões a escritor, mesmo que com grande qualidade, tem um longo, penoso e custoso percurso até se tornar notado nas editoras e circuitos comerciais e depois almejar a viver da escrita. Já um outro, conhecido, com títulos que se vendem como pãezinhos quentes, tem todas as portas escancaradas e é disputado por editoras e orgãos da comunicação social. Está e aparece em todas!

Ainda agora, por estes dias, dei comigo a constatar que a artista musical Midus Guerreiro, compositora, baixista e vocalista, que actualmente trabalha em Londres, mas que se tornou conhecida a partir da década de 1980 quando fazia parte da banda Roquivárius, com temas que se tornaram populares como "Ela controla" ou "Cristina, beleza é fundamental" tem estado em tudo quanto é rádio, televisão, jornais e revistas, promovendo o seu último trabalho, o álbum "Minhas Canções, Meus Amigos". Só na rádio já a ouvi a dar entrevistas em pelo menos 3 estações, e ainda agora num jornal de âmbito nacional mas igualmente em plataformas digitais. Não vejo muita televisão mas presumo que tenha passado pelos Gouchas ou similares. Mas isto acontece não apenas com a Midus, de resto uma excelente artista e que aprecio, mas com muitos e muitas outras Midus, tanto na música, como no desporto, entretenimento, politica, etc, etc.. 

Em suma, nada é fácil para quem é desconhecido. Para os outros, para quem já tem estatuto, tudo é caminho aberto. E surpreendem-se alguns quando os indicadores dizem que cada vez mais os ricos são mais ricos e os pobres mais pobres. Tudo anda anda ligado a esta cultura diferenciadora em que o sermos iguais, com os mesmos direitos e  oportunidades é apenas uma treta escarrapachada numa qualquer constituição ou livro de regras politicamente correctas. A prática diz-nos que a coisa é bem mais dura e selectora.

É o que é! Por isso, para a Cristina e muitos outros, a beleza, mas sobretudo a popularidade, é mesmo fundamental.

4 de janeiro de 2023

Pornografia

 O comportamento de um certo funcionário de um clube, depois de regressar do Mundial do Qater insuflado de ego com o que dizem ter sido uma revelação, com comportamentos disciplinares que prenunciam um "esticar da corda" com a sua entidade patronal e com a qual tem contrato de trabalho, é sintomático dos valores que nos tempos actuais regem o futebol: Cobardia, desrespeito e falta de ética e profissionalismo. 

No fundo não passam de meros mercenários onde o dinheiro e a fama ditam as leis. Para além disso, há a outra parte da vergonha, os clubes que aliciam estes rapazolas levando-os a desrespeitarem os clubes com os quais têm contratos e sem qualquer regulamentação.

E no fim de contas conseguirá o fulano o que pretende, saír na primeira "janela de oportunidade", mesmo que o clube receba o pornográfico valor da cláusula de rescisão. 

Um comportamento destes implicaria que o jogador fosse remetido para a prateleira da insignificância e fosse obrigado a cumprir o contrato até ao final na equipa B, ou nem isso, mas é certo que o clube não pode permitir-se a esbanjar tão grande valor que terceiros estão dispostos a pagar por ele. Por isso vai ser despachado,  até porque maçãs podres nunca passarão disso.

Em resumo, estas situações ligadas oa futebol são por demais banais e deveriam servir de reflexão a quem tanto interesse dedica a acompanhar estas coisas, mas em rigor é destas telenovelas que vive a indústria. 

É mau de mais, mas é disto que o nosso povo gosta e faz chorar de orgulho, nos estádios, quando esta gentalha beija o emblema. Todavia, é só surgir a oportunidade e o motivo para se revelarem na sua pequenez.

3 de janeiro de 2023

Buracos e pedreiras

João Galamba, ex-secretário de estado da energia, que foi investigado no âmbito dos obscuros e manhosos processos das concessões das pedreiras de lítio e do hidrogénio verde, ganhou experiência em buracos e pedreiras e por isso faz todo o sentido que o primeiro ministro o promova a ministro das infraestruturas, ficando assim com a tutela da TAP, de todos o maior buraco, a maior pedreira do país.

Vamos a ver no que dá, mas ao contrário de uma boa pedreira em que dela se extrai qualquer coisa de valor, que mais não seja, calhaus, provavelmente continuará a ser mais do mesmo, um enorme buraco onde o erário público ali enterra ouro, em que uma boa parte dele é para distribuir em prémios e carrões por malta porreiraça que ali vai de vez em quando marcar o ponto.

A ver vamos como é que a coisa vai aterrar!

28 de dezembro de 2022

Reis parta a coisa!



Nas próximas eleições legislativas vamos todos contentinhos, arrigementados, a votar nos mesmos, a renovar novas maiorias.

Talvez por isso, por cá, os pensadores andam entretidos com banalidades, mudos e calados, ou estão de férias natalícias. Comentar o SNS, ou casos como o do euromilhões concedido pela TAP, ou pelo sistema, a uma tal de Alexandra Reis, é o comentas.

Siga! Vamos lá sorrir de contentes que a TAP é para isso mesmo, para fazer o nosso dinheiro voar. 

A senhora Reis recebeu 500 mil mocas mas parece que queria quase dois milhões (1,47). Uma gulosa! É um bocadito mais que os 125 euros que o Governo nos devolveu do que nos tira. Cada um é para o que nasce. 

Assim, a somar ao meio milhão, uma insignificância, serão necessários à nossa aérea mais 225 mil para tributação. Pouca coisa, a nova injecção de insulina já está aprovada.

Siga que é Portugal!

23 de dezembro de 2022

Enganem-nos, que nós gostamos

O Governo e as suas instituições são uns experts no uso de eufemismos. Fico sem saber se para se enganarem a eles próprios ou ao Zé Povinho, na filosofia do "engana-me que eu gosto".

Vejam que agora, a propósito da bagunça que se vive nos serviços de urgência do SMS na Grande Lisboa, nomeadamente nas especialidades de Ginecologia/ Obstetrícia e Bloco de Partos, saíu da cartola um plano pomposamente designado de "Nascer em Segurança no SNS", como se a supressão de serviços e encerramento de urgências, que sujeitam as grávidas a maiores deslocações e por isso a mais tempo em trânsito e riscos acrescidos, ainda assim signifique "segurança".

É a verdadeira analogia do "fazer mais com menos" ou "omoletes sem ovos". Uma renovada descoberta da pólvora e da invenção da roda.

Pensarão eles que com estas espertezas ficamos todos "seguros".

Só mesmo este tempo natalício para nos dar alguma paciência.

18 de dezembro de 2022

Cada coisa no seu lugar

Mas porque carga de água tenho eu que agradecer ao Fernando Santos, agora que deixou o cargo de treinador da selecção de futebol?

Fez ele algo de notável que mudasse a vida concreta dos portugueses? E fê-lo de graça, num exercício de generosidade e altruísmo?

Tanto quanto saiba, foi ele sempre muito muito bem pago para o que fazia. Ganhava mais por mês que uma grande maioria dos portugueses numa vida inteira de trabalho. E não se tem falado, mas quanto levará agora de indemnização?

Alguém agradece particularmente a milhares, mesmo milhões de portugueses, que trabalham com dignidade e profissionalismo no dia a dia, com horários pesados, com esforço e dedicação? Alguém agradece a um médico, a uma enfermeia, a um varredor de ruas, ao homem da recolha do lixo, a um trolha, pedreiro ou mineiro, quando termina o seu trabalho?

Vão-se catar! As coisas são como são, mas é sempre bom que lhes demos não mais que a sua devida importância. Cada coisa no seu justo lugar.

Em resumo, fez um trabalho, com êxitos e com fracassos, mas foi excelentemente pago para isso. O país nada lhe deve. 

Que seja feliz, tenha vida e saúde, mas mais do que isso soa a moléstia. Não é questão de inveja ou coisa que lhe pareça, mas há gente bem mais merecedora do nosso agradecimento. O futebol, por mais que o pintem, será sempre uma banalidade, um entretenimento.

14 de dezembro de 2022

Cavalo a trote


Sabemos que o símbolo ou logotipo dos CTT é um mensageiro montado a cavalo. E faz sentido, pois apesar de já num contexto de modernidade, do automóvel, do comboio e do avião,  e de tecnologias de informação, os nossos correios parece que ainda andam a cavalo a distribuir correspondência, tal é o atraso com que o fazem. 

Bem sabemos que a culpa não é propriamente dos carteiros, porque em todas as profissões há-os competentes e responsáveis, ou nem por isso, mas do sistema e da política da empresa.

Neste contexto, não me parece de todo aceitável que uma carta com uma convocatória para uma consulta externa no hospital ou para uma convocatória de tribunal  seja recebida em casa apenas no dia da véspera da data.  E, dizem, casos há em que já depois das datas, nomeadamente nas cartas dos serviços de águas, telefones e electricidade. Num dos casos, como me aconteceu, valeu o sistema de convocatória por SMS que já dispõem os hospitais.

Por sua vez, os carteiros, assoberbados com tanto trabalho e com tão fracas condições, tantas vezes não tocam uma nem duas vezes para recolher uma assinatura em carta registada e simplesmente optam por enfiar na caixa o aviso para a correspondência ser levantada no posto. Já me aconteceu estar em casa e o carteiro deixar tal aviso sem tocar para saber se alguém está. A lei do menor esforço.

Quem é que põe cobro a isto? Eu costumo reclamar nos sítidos adequados mas porventura a generalidade das pessoas não reclama coisa nenhuma e assim, passivamente, é responsável por este mau serviço.

9 de dezembro de 2022

Dar ao radar


Acho piada quando pelas redes sociais há malta bondosa a informar onde há radares de detecção de velocidade. Na mesma onda, a todos quantos criticam a "caça à multa".

Bem vistas as coisas, não há dúvida que o Estado é um caçador nato e tanto é assim que parece que acabou de investir milhões em mais armas pesadas que tanto detectam a velocidade máxima como a média.

Mas, por outro lado, a ter em conta o que em cada dia vamos vendo nas nossas estradas, em que as velocidades definidas são totalmente desrespeitadas, o que até é criminoso dentro das localidades, como acontece, por exemplo, na Rua Nossa Senhora de Fátima, da Leira à Gândara, em boa verdade devia haver um radar para cada português ou então os próprios veículos terem incorporados sensores de velocidade que em tempo real forneceriam os dados ás autoridades. Talvez aí fosse possível que as nossas estradas locais deixassem de ser autoestradas.

Ainda no Domingo passado, circulava eu pela nova variante no sentido Escariz-Pigeiros e alguém atrás de mim "cagou" na velocidade máxima indicada e ultrapassou-me a alta velocidade transpondo não uma mas duas linhas contínuas, quando o poderia fazer de forma adequada 200 metros mais abaixo. Pergunta-se: O que é que um caramelo destes merecia? Deve ser avisado da proximidade de um radar, ou dar-lhe sinais de luzes a avisá-lo que à frente está a patrulha da GNR a mandar parar?

O espírito da coisa

No mínimo acho piada quando vêm falar e enaltecer o "espírito da nossa selecção de futebol", mostrando fotografias dos jogadores a abraçarem-se, o Pepe a enfiar subalternamente a braçedeira de capitão ao CR7, e por aí fora com os habituais lugares comuns.

Confesso, que mesmo não sendo muito espirituoso, tivesse eu o prestígio a fama e sobretudo o proveito dessa condição de jogadores, pagos todos a peso de ouro, e com bons prémios à espera dos resultados, também eu estaria todo imbuído desse espírito.

Vá lá, divirtam-se, mas poupem-nos!

8 de dezembro de 2022

Que hei-de-fazer?


Que hei-de fazer se me moldaram assim, a vida, os pais, a sociedade? Gostos não se discutem e, além do mais, mudar os nossos gostos para alinhar com os demais, já é pedir muito. Era só o que faltava andar a dançar ao ritmo do politicamente correcto!

Já não tenho paciência nem idade para mudar assim tão em contratempo. E depois uma coisa leva à outra: Não tenho paciência porque a idade já não a permite nem a idade tem espaço para a acomodar.

Assim, em rigor estou-me borrifando para pasmos ou narizes torcidos quando elenco algumas das minhas antipatias. Gosto da maior parte das coisas e das pessoas boas, honestas, generosas, simples, humildes, inteligentes, práticas e assertivas. 

Gosto e aprecio uma mulher elegante, bem vestida, sem piercings, tatuagens ou pinturas, mas apenas o veludo puro da sua pele; aprecio as rugas de quem as tem pela força da idade e das canseiras; simpatizo com gente harmoniosa, equilibrada, de concensos; aprecio uma obra prima ou despretenciosa, nas artes plásticas, na música, na literatura ou nas ciências. 

Mas, claro está, também não gosto de muitas coisas e de algum tipo de pessoas: gente egocênctrica e vaidosa como se os seus umbigos sejam os centros do universo; gente presunçosa, mesquinha e invejosa; gente tatuada, não para si mas para os outros; gente com argolas no nariz, nas orelhas, na língua e sabe-se lá mais em que reentrâncias; gente que compra calças rotas; pessoas que andam com as calças como se o traseiro seja nos joelhos; pessoas a mostrarem as cuecas ou o rego do cú; homens idosos que se vestem como se tivessem 16 anos; gente que paga caro por roupa de marca e ainda orgulhosamente lhe faz publicidade de borla;  gente que paga balúrdios em futebol para ajudar a manter ordenados principescos a uma classe de elite e comissões escandalosas a corjas de dirigentes oportunistas; políticos que se governam com ares  de honestos; pessoas que se expõem nas redes sociais como se as suas vidas, andanças ou carinhas felizes, tenham um interesse superior para os outros ou expõem de forma excessiva os seus estados de alma, a sua mais recôndita intimidade ao voyeurismo alheio. 

E mais não escrevo porque ficaria longo o texto. 

E, contudo, todos têm esse direito e liberdade de serem quem são, como são, como vivem, se vestem, despem, ou como se comportam. Não sou de todo contra essa liberdade e direitos, mas tenho igual direito e liberdade de não gostar, de não apreciar. De resto, essas minhas antipatias ou arrelias, são apenas íntimas e a terceiros não causam mal ou prejuízo algum. É apenas uma coisa interior. Mesmo este texto, é generalista e não aponta o dedo a alguém nem fornece chapéus para serem enfiados.  Além do mais, desse grupo de coisas ou predicados com que não morro de amores, até tenho amigos e pessoas que bem considero. A coisa não é, por isso, pessoal nem de preconceitos radicais. Apenas porque não vão de todo à minha mesa.

Em resumo, até mesmo nestas coisas de exprimirmos, ou não, as nossas antipatias, os nosos gostos, andamos muito castrados, porque os cânones do politicamente correcto são já uma pandemia das nossas sociedades ditas desenvolvidas e por eles há gente que apenas sendo o que são e dizendo o que pensam, perde os cargos, empregos, negócios, amigos, etc, etc. 

Mesmo que não oficialmente, temos por todo o lado uma invisível polícia de nova moralidade, só que esta, já subvertida ou invertida. Parecem opostas, a da moralidade e a do politicamente correcto,  mas na realidade são a mesma coisa, porque ambas castram, mesmo o direito de se não gostar.

2 de dezembro de 2022

É disto que o meu povo gosta!




Os critérios, incluindo os de gestão de dinheiro,s em algumas entidades da nossa administração, como é o caso das Câmaras Municipais, são, tantas vezes, verdadeiramente insondáveis. Umas fazem ciclovias todas xpto mas os passeios para os peões estão no geral super degradados, constituindo até perigo para quem neles caminha. Outras, como por exemplo, Arouca, tem uma ponte que custou literalmente milhões, feita não para encurtar ligações viárias e aproximar populações e lugares mas para fins turísticos e recreativos. Apesar disso, não só, mas Arouca, tem um interessante leque de estradas em reles estado, que bem mereciam ser despromovidas à categoria de caminhos de cabras, sem ofensa para as próprias.

Em Arouca os turistas são chamados a experimentar a sensação do abismo e tremuras no estômago, que logo a seguir há-de ser confortado com bifes de arouquesa, mas enquanto isso muita gente local transita no dia-a-dia com estas sensações de ver a aumentar a conta na oficina automóvel, para além de não só lhes moer as suspensões como a paciência.

Mas logo que tocar o clarim para reunir as tropas na eleição, far-se-á fila, incluindo-se nela quem usufrui destes "caminhos", para legitimar os mesmos mandantes como bons decisores.

Como diria o saudoso Jorge Perestrelo, "É disto que o meu povo gosta!"