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31 de outubro de 2023

Manuel Rodrigues de Paiva e o Guisande F.C.


Quando uma instituição celebra aniversário é comum recordar pessoas que já partiram e que a ela estiveram ligadas e ajudaram à sua fundação ou crescimento. Por conseguinte o aniversário é um momento e pretexto para fazer elogios e enaltecer figuras.

Mesmo sabendo desse lugar comum, também entendo cá para mim que neste dia em que o clube da nossa terra celebra 44 de vida oficial, é justo que se recorde certas figuras, algumas que felizmente ainda são vivas e andam por cá e outros que já deixaram de percorrer este caminho terreno.

Assim, desde logo, e porque no acto fundador encabeçou e foi o primeiro subscritor da escritura pública do Guisande Futebol Clube, conforme o atesta o recorte publicado ao fundo, trago à memória a figura e o papel do Manuel Rodrigues de Paiva, que faleceu em 27 de Janeiro de 2021 e que à data da constituição do clube, em  31 de Outubro de 1979, tinha apenas 36 anos, completando 37 apenas no mês seguinte, no dia 20, pois nasceu em Novembro de 1942.

Manuel Rodrigues de Paiva, apesar de natural da freguesia de Romariz, foi uma figura com relevante intervenção cívica na freguesia de Guisande, tendo sido dirigente e presidente do Guisande F.C., sendo, como atrás referi, uma das figuras marcantes na fundação oficial do clube e da construção do Campo de Jogos "Oliveira e Santos". Foi secretário da Junta de Freguesia de Guisande, depois das eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 1979, e ainda, em diferentes mandatos, elemento da Assembleia de Freguesia de Guisande, em representação do PSD e também da FJI - Força Jovem Independente no mandato de 1989/1993.

Como qualquer um de nós, a começar por mim, tinha alguns defeitos ou feitios que por vezes eram obstáculos para quem com ele colaborava, já que tantas vezes com a sua vontade de fazer depressa e avançar nas decisões e nas obras tinha tendência de contornar as etapas e não ter em conta o papel e a importância de quem tinha ao lado, isto, claro, na parte da sua intervenção cívica, abstendo-me de considerações fora dessa esfera.

Mas na sua intervenção de cidadania em Guisande tinha de facto esse voluntarismo. Mas se é certo que por vezes arrepiava caminho de forma mais ou menos unilateral, também é verdade que noutras tantas vezes se assim não fosse as coisas, as vontades e as obras não avançavam, à espera, tantas vezes, de quem não decidia. E dessa forma, por si ou bem ajudado, e outros mais velhos saberão disso melhor que eu, certo é que contribuiu para se fazer muitas coisas, porventura grandes demais para a pequena dimensão da freguesia. O Manuel Paiva tinha essa matriz, de pensar de forma objectiva e sempre para a frente. Foi nesse espírito que no plano pessoal foi sempre um homem de comércio e negócios bem sucedido, tendo até ficado com o apelido de "Manel do Negócio" e logo bem cedo na nossa terra quando instalou a pequena "Casa Notícia", ali no Largo de Casaldaça, no que era um pequeno espaço de garagem de um automóvel. 

Por tudo isto, pela sua forma de fazer as coisas no que diz respeito à freguesia, tinha de muitos  o justo reconhecimento do seu valor mas também alguns que tinham um entendimento diferente e pouco apreciadores desse estilo muito individualizado. Disso poderá falar bem melhor e com conhecimento de causa quem com ele directamente trabalhou, sobretudo no que diz respeito ao Guisande Futebol Clube. Nesse plano, apesar de termos tido sempre uma boa relação pessoal e de consideração mútuas, não tive a oportunidade de com ele trabalhar. Mas não foi por acaso que teve o papel que teve na vida do clube e se há várias outras figuras que também deram contributos valiosos, dedicados e resilientes, ninguém de boa fé, e sobretudo com o filtro do tempo, pode negar ou apoucar o papel e importância que teve o Manuel Rodrigues de Paiva na vida do Guisande Futebol, Clube, sobretudo nesses anos que remetem para a fundação e para as obras do actual campo de jogos e da sua consolidação.

Deste modo, sem esquecer outras importantes figuras que tanto deram ao clube, como directores, sócios e atletas, parece-me justo trazer hoje e aqui à memória a figura do Manuel Rodrigues de Paiva.


Já agora e a propósito da data, relembro aqui os subscritores da escritura de fundação do Guisande F.C. em 31 de Outubro de 1979:

Assinaram Manuel Rodrigues de Paiva, Júlio César dos Santos Alves, José Pires de Almeida Saraiva, Elísio Elísio Alcino Ferreira dos Santos, António de Oliveira Bastos, José de Almeida Peixoto, Valdemar Ferreira de Pinho, Domingos da Conceição Lopes e Elísio Gomes da Mota.

Certamente que poderiam fazer parte do grupo de subscritores nesta escritura outras figuras importantes no clube, mas não constam apenas porque na data ou estariam ausentes ou impossibilitados por outros motivos. Isto para salientar que há nomes que tiveram igual ou maior importância na vontade e acto fundador do nosso clube mesmo que não constem no documento. De resto, dos que assinaram, até vejo ali um ou outro cujo papel ao serviço do clube terá sido meramente circunstancial e sem qualquer relevo na vida e obra do clube. Seja como for, constam do momento e do documento e a história por vezes também se faz destas circunstâncias mesmo que na prática tenham tido pouca relevância no fundamento.

22 de outubro de 2023

A Sr.ª Iria e o Pe. José Oliveira

 



Decorreu na manhã deste Domingo, 22 de Outubro, o funeral da Iria Santos da Conceição. Foi uma longa vida (96 anos) que teve a graça de receber de Deus.

Pela data e horário, esperava eu que fosse mais participado pela comunidade. Talvez por ser de poucos conhecida (excepto os mais velhos) e por há longos anos viver em Lisboa.

Pessoalmente também não gosto de funerais, por razões óbvias, porque de pesar e tristeza, seja pela partida mais ou menos esperada ou inesperada de familiares ou de gente nossa, da nossa comunidade.

Assim, até por razões de trabalho e com os horários dos funerais pouco adequados a quem tem horários e compromissos de emprego, também não participo em todos mesmo que de uma forma ou outra, procure transmitir os sentimentos aos familiares, sobretudo aos mais chegados.

Apesar disso, e sem qualquer ponta de moralismo, porque sou fraco exemplo, verifico que para além dos mais velhos da nossa comunidade, e dos familiares por razões óbvias, nos funerais na nossa comunidade quase não se vê a participação de jovens ou mesmo adultos na casa dos 35/50 anos. Ora se em dias de semana há uma natural justificação, já em dias de fins de semana, sábados e domingos, a razão é menos válida.

Claro que cada um faz como quer e nestas coisas em nada somos obrigados. Liberdade acima de tudo. Mas se entendemos a participação num funeral como um gesto de solidariedade fraterna para com gente da nossa comunidade, em momentos de dor, perda e tristeza, então neste aspecto, no geral estamos a ser pouco solidários e participativos. Ainda não é caso para tanto, mas a este ritmo, não tardará que as cerimónias de exéquias sejam só participadas por familiares e um ou outro amigo mais chegado, dos falecidos ou dos familiares.

Em todo o caso, em Guisande, mesmo havendo notoriamente gente que não vai a funerais, no geral ainda são bastante participados no que denota ainda um espírito positivo de fraternidade comunitária, respeito e solidariedade pelos seus elementos.

Quanto à Sr.ª Iria, conversei com ela pessoalmente umas três ou quatro vezes, algumas por telefone e quem a conhecia sabe que tinha a tendência de nos prender e de um assunto simples falava-se largos minutos.

Das duas últimas vezes que falamos, uma por telefone e outra pessoalmente, como então eu fazia parte da Junta da União de Freguesias, confessou-me que gostaria de ver atribuída à actual Rua dos Quatro-Caminhos, da Gândara ao lugar de Azevedo, o nome do Pe. José Oliveira, por ter ele nascido ali no lugar da Gândara, bem ao lado do caminho que hoje é a tal rua.

Pela minha parte considerei a proposta e até disse que achava muito bem, já que o Pe. Oliveira foi uma figura notável da freguesia, mesmo que desconhecida para as actuais gerações. Na altura, como mero vogal sem quaisquer competências, transmiti o assunto ao presidente que, alegando dificuldades e transtornos na mudança, não mostrou interesse. Poderia, pelo menos, ter tentado e promovido a consulta aos moradores, que com legitimidade poderiam ou não concordar com a mudança e aceitar ou não os inconvenientes dela, nomeadamente pela actualização de dados de morada em diferentes instituições. Ficou, pois, por concretizar essa possibilidade e vontade proposta pela Sr. ª Iria e que, também concordando eu com ela, de algum modo seria de justiça por relembrarmos o nome, vida e obra do Pe. José Oliveira, um filho da terra, gente nossa.

Nunca é tarde, seja pelo nome da rua ou por outra iniciativa, para dar destaque a essa figura nascida no lugar da Gândara.

Mas, em abono da verdade, fica aqui partilhada essa vontade manifestada de forma interessada pela Sr. Iria. Mesmo que não tivesse sido concretizada, da sua proposta e vontade saberá disso, estou certo, o Pe. Oliveira.

Que Deus a guarde!


20 de outubro de 2023

Fotos com história


20 de Agosto de 1962 - Passam hoje 61 anos sobre o registo desta fotografia.

Da Sr.ª Lúcia, sobra a saudade. Que Deus a tenha! Do Ti Alcino, ainda por cá na caminhada da vida. Permitir-me-à que partilhe um momento que certamente foi de felicidade para ambos, então jovens, acabados de casar. Foi em 20 de Outubro de 1962, num Outono soalheiro. Por esses dias, estava eu a espernear,  para ver a luz dali a poucos dias.

Não deixa de ser curioso que o Ti Alcino esteja a abrir a porta do carrão conduzido pelo saudoso Ti Elísio Santos, que os aguardava, sabendo-se que na sua profissão, como ajudante de motorista e revisor da empresa de transportes de passageiros "Feirense", tenha, pode-se dizer, levado a vida a abrir as portas  a senhoras, como bom profissional e cavalheiro. Até mesmo nos muitos passeios de autocarro que organizou, ajudou tantas vezes a abrir as portas dos fundos para o assalto aos farnéis.

Gente nossa. Gente boa!

13 de outubro de 2023

O Ti Joaquim do Viso

A começar por mim, que já não sou propriamente novo, poucos o sabem, porque os que sim, ou são velhinhos e já com as memórias enferrujadas e se mesmo que disso se lembrem e o digam a alguém, poderão não ser levados a sério. Infelizmente na nossa sociedade que se vai desenvolvendo numa matriz egocêntrica, com gente nova, fresca e cheirosa, não há lugar para ter em conta os mais velhos, porque chatos, rabugentos e dependentes, sempre a precisarem de médico e de que os lembrem de tomar os medicamentos.

Mas dizia que, poucos o sabem, mas ainda quem sabe e se lembra, a começar pela minha mãe, com os ossos moídos mas ainda com boa memória, dizem que o meu avô paterno, o Ti Joaquim do Viso, era uma alma caridosa e amiga dos pobres e talvez por isso, de um vasto património que fazia da casa uma das mais abastadas na freguesia, teve que partilhar pelos filhos o que ainda tinha enquanto foi a tempo, para que cada um tomasse conta da sua parte e fizesse pela vida, porque ele velho, cansado e doente, atacado com o bronquite que o levaria, não podia nem queria ver a casa a decair.

Mas então ainda diz quem sabe, que todas as sextas-feiras naquela casa, bem por detrás da capela do Viso, era dia alegria porque se matava a fome aos jornaleiros que trabalhavam na casa, ainda aos pedintes que vinham mesmo de outras freguesias e ainda criançada do lugar e arredores, do Viso, Cimo de Vila e mesmo de Estôze, que de pobres e por serem tantos, passavam fome e privações nas suas casas.

Assim, todas as sextas-feiras, enquanto foi vivo, cozia-se uma grande fornada de pão e na larga lareira fazia-se um panelão de boa sopa, não apenas com água e couves como era normal, mas com substância, com gordura, alguma carne de porco e massa.

Era, pois, um banquete frugal mas generoso para toda aquele gente irmanada na pobreza e fome e que se dispunha à volta da larga mesa na ampla cozinha.

Diz a minha mãe, sua nora, e quem o conheceu, que se há céu e recompensa para quem faz o bem nesta terra, há muito que, desde que faleceu numa véspera de Natal de 1965, está na companhia dos santos.

Mas destas coisas e destas obras, mesmo que simples, não se faz história e por conseguinte daqui a mais alguns anos não há viva alma que ainda tenha isso presente.

Foi ainda padrinho de muita gente de Guisande, o que eu já desconfiava pois quando era criança por onde passasse interpelavam-me dizendo que eram ou tinham filhos  afilhados do meu avô. Então, achava estranho que fossem tantos.

Não o conheci, porque quando faleceu estava eu, com pouco mais que 3 anos, a começar o livro da vida e a registar as primeiras memórias mas sendo que há coisas feitas há uma dúzia de anos e já esquecidas, tenho ainda vincadas algumas imagens  relacionadas ao meu avô, como quando acabado de se levantar da cama, arrumava o brazido da lareira quente, como a fazer um ninho, e lá colocava um pão a aquecer.

Joaquim Gomes de Almeida, conhecido como Ti Joaquim do Viso, por ser do lugar do Viso, embora já no início do lugar de Cimo de Vila, na freguesia de Guisande, nasceu em 27 de Abril de 1885 e foi baptizado em  3 de Maio desse mesmo ano. Era filho de Raimundo Gomes de Almeida (meu bisavô), também do considerado lugar do Viso, Guisande, e de Delfina Gomes de Oliveira (minha bisavó), do lugar de Casal do Monte, freguesia de Romariz. Faleceu o meu avô em 23 de Dezembro de 1965.

O meu avô casou com 30 anos de idade, em 2 de Julho de 1916  com Maria da Luz, de 24 anos,  nascida em 18 de Novembro de 1890, sendo filha de José Joaquim Gomes de Almeida e de Maria da Conceição de Jesus, então moradores no lugar do Viso. Faleceu em 15 de Novembro de 1967 com 77 anos de idade. Tinha eu 5 anos pelo que tenho ainda algumas lembranças dela.

Tiveram 4 filhos e 4 filhas, sendo que uma faleceu menor. Destes um era o meu pai e o mais novo dos rapazes, o tio Neca, completou 100 anos de vida no passado Sábado. É ainda viva a tia Laurinda, já a passar dos 90.

Outros, na sua posição de proprietário e pessoa a saber escrever, a ler e a fazer contas, usaram da ignorância, das dificuldades e miséria de alguns para lhes retirar bens e terras e com isso crescer e aumentar patrimónios. Num tempo em que a generalidade das pessoas tinham como valores a honra a palavra e o trabalho, houve sempre alguém com poucos escrúpulos a usarem de estratagemas, manhas e artimanhas para deles abusarem. Meu avô, porêm, pertencia à casta dos que preferiam empobrecer do que subtrair o pouco a quem tinha nada. 

Fica aqui este simples registo para a posteridade de um homem bom, de bom samaritano em tempos agrestes e de vacas magras, que na sua bondade e bom coração ajudou a mitigar a fome a muitos. 

9 de outubro de 2023

Tio Neca - 100 anos


Completar um cento de anos de vida é um dom que Deus concede apenas a poucos e com ainda alguma capacidade de sorrir, ainda a menos. Uma benção dessas calhou ao meu tio Neca Almeida.

É certo que se a idade não tem medida, tem seguramente peso e por isso esperar que o tio Neca ainda fosse capaz de dançar um vira ou de manter um diálogo coerente e lúcido era pedir demais. A sua audição, ou falta dela, também não ajuda a qualquer comunicação.

Se ainda tem dias em que a memória, como num denso mar de água, ainda vem à tona respirar sofregamente e ser capaz de identificar quem se apresenta na sua frente, hoje, porém, talvez pela ida ao barbeiro, deixou-o mais distante das memórias e dos rostos de quem durante uma vida se habituou a partilhar e a rever. 

Ainda assim, o sorriso a acompanhar uma cantoria cuja melodia e letra só ele sabe onde compostas.

Mas teve a sua festinha onde conseguiu soprar as velas. Não as 100, porque não caberiam no bolo, mas uma sobre cada algarismo.

No fundo ficamos com a alegria de saber que naquele espaço está bem tratado e cuidado, com uma equipa de colaboradores dedicados e em boas instalações.

 Obrigado a todos, para além dos vários sobrinhos, que tiveram a oportunidade deste simples mas significativo momento.

Obrigado ao Sr. presidente da União de Freguesias, David Neves, e sua colaboradora, por também se associar com genuíno interesse a este momento, que é naturalmente privado e pessoal mas simbólico para toda uma comunidade. Afinal é o seu elemento mais velho, de todos entre todos.

Obrigado ao meu irmão Adérito e minha cunhada Madalena que em muito têm feito pelo nosso tio, no que toca a dedicação e cuidados. Tivesse ele filhos e não seria garantida melhor dedicação.

Parabéns, tio Neca! Talvez, quem sabe, lá no fundo do espaço misterioso que nos rodeia e nos faz seres humanos, de algum modo consiga percepcionar a importância deste dia e desta data.

Os que virão pouco interessa, desde que permitidos por quem rege os mistérios insondáveis da vida.















Nota posterior:

A todos quantos sentidamente expressaram pelo Facebooke por mensagem privada os parabéns pelos 100 anos de vida do meu tio Neca, em meu nome e dos demais familiares e naturalmente dele próprio, quero transmitir o agradecimento. 

É certo que como comunidade vamos andando cada vez mais dispersos e alheados do essencial e muito voltados para nós próprios, mas importará sempre guardar uns segundos a olhar para os demais, sobretudo para os mais velhos e que ao longo dos anos e das gerações, cada um no seu lugar,  ajudaram a tecer a teia que é uma comunidade. Mesmo que em rigor não os conheçamos ou há muito tempo que não os vejamos.

Não devemos esquecer o nosso passado e o passado dos nossos nem, sobretudo, trocá-los por coisas que, parecendo espampanantes, espremidas não valem um centavo furado.
Obrigado a todos quantos compreenderam esse sentido primordial do respeito e carinho para com os nossos anciãos e que neste caso em concreto o expressaram aqui.

30 de setembro de 2023

O Ti Albertino, a origem do apelido Pomar e outras histórias e nomes

 


Nesta foto, temos duas gerações representadas, o pai, o Albertino da Silva Santos e o Alberto Jorge, um dos seus filhos e meu bom colega de juventude.

Albertino da Silva Santos nasceu em 1 de Novembro de 1927, era filho de Benjamim da Silva Santos, conhecido como "Benjamim do Pomar" e de Joaquina da Conceição. Sobre este apelido "Pomar" falaremos adiante. Dos seus irmãos conheço ou conheci o Alberto, que viveu em Vila Seca, a Conceição, que casou com o Cèsar Rocha e viveu em Duas Igrejas, o António, que viveu na Lama e ainda a Isaura, que vive em Casaldaça. Teve ainda um irmão José que nasceu e faleceu  pouco depois do nascimento, mas depois de baptizado, em 13 de Setembro de 1940. Este José era gémeo da irmã Isaura.

Casou com Bernardina Leite de Resende e Silva em 11 de Fevereiro de 1961, a qual nasceu em 6 de Julho de 1936 e faleceu em 8 de Julho de 2016. Figura típica de mulher abnegada de trabalho, amor pelos filhos e pela terra, à qual se dedicou quase até aos  derradeiros dias, mesmo que já sem forças. Quem é que não se lembra de, já pela noite alta, de a ver a vir carregada dos campos e lameiros, com pasto ou outras coisas colhidas, algumas vezes acompanhando o carro puxado pelo gado ou mesmo à cabeça ou no atrelado de mão?


A Ti Dina, esposa do Ti Albertino


Por sua vez, o Ti Albertino e a Ti Dina tiveram vários filhos, o Alcino, o Alberto Jorge, o Inácio, o Albertino, o Carmindo, a Cidália, a Florinda e a Madalena. Creio que não esqueci algum.

Como se vê pela foto acima, o Ti Albertino está ainda vivo da silva e com bom aspecto mas naturalmente já com o peso da idade, pois que vai fazer daqui a nada (1 de Novembro - como eu)  96 anos porque nascido em 1927, por isso já a caminho dos 100. Encontra-se bem cuidado, num lar em Maceda - Ovar,  recebendo a visita frequente dos filhos. 

A figura do Sr. Albertino é por demais conhecida e dispensa apresentações para a maioria dos guisandenses, mas com características muito próprias e peculiares, podendo, sem sombra de dúvidas, ser o modelo de pessoa calma e pacata, a quem uma casa a arder ou uma vaca a parir não causam a mínima aflição. 

Sobre este seu modo de ser, há muitas histórias divertidas, umas mais que as outras mas em todas elas o traço da sua personalidade de homem calmo, despreocupado. Desde logo, invariavelmente, chegava sempre à missa quando esta já tinha começado, ia a meio e ou tantas vezes já a acabar. Mas, verdade se diga, era costume não só do Ti Albertino.

Como muitos bem sabem, entre as suas ocupações que fazia calmamente, também fazia de barbeiro e os seus clientes, como o meu tio Neca, quando para lá iam sabiam ao que iam e por isso sem hora para regressar a casa. Contou-me, ele, o meu tio, que não raras vezes o corte da sua barba era interrompido a meio porque chegara alguém a casa do Albertino para este lhe lhe fazer chegar o touro à vaca. Como se sabe o Ti Albertino teve durante algum tempo um imponente touro de cobrição que se assegurava de emprenhar as vacas da freguesia e de outras vizinhanças. Ora um barbeiro a acumular outros trabalhos é coisa para trocar as voltas a quem precisava de cortar o cabelo, aparar a barba e bigode ou escanhoar o rosto.

Ora lá ficava o meu tio Neca com metade da cara com a barba desfeita e outra metade ensaboada durante meia hora ou mais. Mas, dizia ainda o meu tio, que bastava chegar alguém e bater à porta, mesmo que por assunto de menor importância, que o Ti Albertino abandonava os clientes para dar uns dedos de conversa. Ora na realidade eram dois dedos, mais os três, a mão inteira e rapidamente um recado de dois minutos passava a  uma hora, esquecendo-se do tempo

Também se conta que uma vez o Ti Albertino e o Ti António, Simeão, do Viso, combinaram, cada qual na sua bicicleta, irem pela manhãzinha à Feira das Debulhas a Cabeçais, que se faz ali pelo 13 de Julho. Ora com tanta calma e tanta conversa com pausas, e as bicicletas a serem pouco ou nada usadas, ainda com uma paragem no Carvalhal para no  Barrigas molharem as gargantas secas de tanto paleio, certo é que quando chegaram à festa já os comerciantes estavam a desmontar as tendas. Só não chegaram de madrugada a casa pelo que o caminho de regresso era a descer até Santa Ovaia e depois de uma curta subida por Tozeiro,  novamente a descer de Cimo de Aldeia a Guisande e as bicicletas lá fizeram o seu papel. Mas já era noite quando chegaram ambos a Guisande.

O Benjamim do Pomar e a esposa Joaquina

Voltando ao pai do Ti Albertino, o Benjamim da Silva Santos, de que ainda tenho memória, nasceu em 28 de Julho de 1895 e faleceu em 12 de Maio de 1985. Era filho de Joaquim da Silva e de Margarida de Jesus Santos (nascida a 20 de Novembro de 1852). Era neto paterno de José Bernardo da Silva e de Micaela Maria Rosa e neto materno de Manuel José de Oliveira e de Ana Francisca dos Santos.

O Benjamim casou com a Joaquina em 7 de Junho de 1924. A Joaquina era filha de Joaquim Ferreira Linhares e de Rosa Maria da Conceição, neta paterna de José Custódio e de Maria Joaquina da Costa e neta materna de Domingos José Custódio e de Joana Pinto de Almeida. Faleceu esta Joaquina, esposa do Benjamim, em 27 de Janeiro de 1968.

Para além de outros, que ainda não consegui pesquisar, era irmão de Maria dos Santos (nascida em 22 de Fevereiro de 1890 e falecida em 10 de Abril de 1979) esta que casou em 21 de Outubro de 1911 com Manuel Ferreira Coelho. Este Manuel e a Maria dos Santos eram os pais da popular Ti Elvira Ferreira dos Santos, que casou em 2 de Março de 1940 com Mamede da Conceição, este nascido a 19 de Junho de 1911, por sua vez pais do Américo, do Miguel e do David Ferreira da Conceição. A Ti Elvira teve outros irmãos, nomeadamente o Abel Ferreira Coelho e o Armando Ferreira Coelho, este nascido em 15 de Abril de 1927, ambos que foram emigrados no Brasil. Este Abel, que nasceu em 5 de Setembro de 1915, continuou com o negócio do pai com serviço de bar e restaurante no Rio Janeiro. Nasceu este Abel em 5 de Setembro de 1915. Outro irmão desta prole, o David Ferreira Coelho, que também emigrou para o Brasil e que dizem que chegou a ser lutador de boxe. Ainda o António Ferreira Coelho que também emigrou para o Brasil e casou com Maria Celeste dos Santos Paiva. Ainda a Alzira, que casou com José Santos Pereira, tendo estado emigrados no Brasil mas que depois regressaram e construíram casa no lugar de Casaldaça, tendo tido como filhos o José, o Luíz Paulo e o Luíz Fernando.

Era ainda filha de Manuel Ferreira Coelho e Maria dos Santos, a Conceição, que veio a ser esposa do Domingos Caetano de Azevedo ( Patela), por sua vez pais da professora Maria Célia de Azevedo.

Era ainda filha de Manuel Ferreira Coelho e Maria dos Santos a Palmira Ferreira dos Santos que nasceu em 1 de Abril de 1923 e que casou em 24 de Abril de 1948 com Joaquim Alves da Silva.

Por sua vez, o Benjamim e a Maria Santos tiveram outros irmãos, como o António Joaquim e a Olívia Rosa (esta nascida a 12 de Fevereiro de 1875).


Maria dos Santos e seu marido o Manuel Ferreira Coelho (Regedor)

Este Manuel Ferreira Coelho, que chegou a ser regedor em Guisande, nasceu a 12 de Outubro de 1886. Era filho de José Ferreira Coelho e de Maria Henriques de Jesus. Era neto paterno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Joaquina de Jesus. Era neto materno de António dos Santos e Mariana Henriques. Foi baptizado nas Caldas de S. Jorge onde então moravam os seus pais. O seu pai era natural de Guisande mas casou com a sua mãe que era do lugar de Azevedo e por isso casaram e moravam à data do seu nascimento em S. Jorge (S. Jorge de Caldelas, como então era conhecida a freguesia, actual Caldas de S. Jorge). Casou este Manuel Ferreira Coelho com a já acima referida Maria dos Santos em 21 de Outubro de 1911. Faleceu este Manuel Ferreira Coelho em 11 de Dezembro de 1951, com 65 anos. Como já dito atrás, foi emigrante no Rio de Janeiro, no Brasil, e depois de regressado a Guisande exerceu o cargo de regedor.

Quando comecei a escrever este apontamento, surgiram-me algumas dúvidas e até contradições devido à existência de um outro Manuel Ferreira Coelho, este nascido a 5 de Abril de 1890. E a confusão nasceu precisamente desta data de nascimento e que consta na lápide existente no cemitério em Guisande. Mas a meu ver e perante as evidências esta data não corresponde à do nascimento do Manuel regedor, este nascido, como se disse, em 12 de Outubro de 1886. Ora a ter em conta a data existente na lápide do cemitério, sempre deduzi que correspondesse a este Manuel. A dúvida instalou-se quando consultando os assentos de nascimento de alguns dos seus filhos, como do Abel e da Elvira, o nome dos avôs não coincidiam. Finalmente, a partir do assento de casamento do Manuel Ferreira Coelho, regedor, com a Maria dos Santos, é que verifiquei que ele havia nascido e sido baptizado em S. Jorge. Assim, lá cheguei ao assento de nascimento e baptizado correspondente e por ele as dúvidas dissiparam-se. Assim este Manuel, nascido em S. Jorge em 12 de Outubro de 1886, é afinal primo do Manuel nascido em Guisande em 5 de Abril de 1890. O pai daquele é José Ferreira Coelho, sapateiro, e o pai deste é António Ferreira Coelho, professor do ensino primário de rapazes. Em todo o caso, não encontro justificação para na lápide do Manuel regedor se ter indicado a data de nascimento do seu primo também Manuel.

Já agora, esse seu primo Manuel, nascido em 5 de Abril de 1890, faleceu menor, com pouco mais que 18 meses de idade, em 15 de Outubro de 1891. Como já dito, era filho de António Ferreira Coelho. (do lugar de Fornos, professor da instrução primária) e de Maria Francisca da Silva ( de Canedinho - Gião). Era neto paterno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Joaquina de Jesus (do lugar de Fornos).

Quanto à origem do apelido Pomar:

Dos vivos, ninguém sabe ao certo a origem do apelido ou alcunha de "Pomar" dada a esta gente, deduzindo alguns que talvez pelo sítio do lugar de Casaldaça onde viviam, uma das colinas do lugar, ser terra de muitas árvores de boa fruta, logo um pomar.

Todavia, das minhas pesquisas, tudo indica que este Pomar refere-se mesmo a um antepassado que tinha esse apelido no nome. Falo concretamente de António José do Pomar, casado com Maria Rosa de Jesus. Este António José do Pomar era avô  paterno de Margarida Jesus dos Santos, esta por sua vez a mãe do Benjamim. Ou seja, este António José do Pomar era avô materno do Benjamim e seus irmãos. Além do mais é de supor que este apelido Pomar seja ainda anterior, por isso já parte dos nomes do pai ou avós do António José do Pomar. Por isso o apelido Pomar é mesmo de origem de nome de antepassados do Benjamim e não apenas uma alcunha.

Como não podia deixar de ser, estes apontamentos genealógicos confirmam que as famílias se cruzam e se enredam numa teia que é comunitária pelo que em rigor, mesmo que em diferentes garus, somos todos parentes uns dos outros.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como nomes de familiares e datas. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

Abel Fonseca - 92 anos


Está de parabéns neste dia último de Setembro o meu primo e tio, Abel Oliveira da Fonseca, do lugar da Gândara. São 92 anos bem feitos, ou 29 ao contrário, como gosta de dizer. Ainda há dias aqui falei dele.

É filho de Joaquim José da Fonseca (nascido em 10 de Dezembro de 1907 e falecido em 28 de Maio de 1980) e de Albertina Rosa Oliveira (nascida a 18 de Abril de 1907 e falecida em 14 de Março de 1978).´

É neto paterno de Raimundo José da Fonseca e de Margarida da Conceição, ali do lugar de Cimo de Vila. É primo direito de minha mãe, por isso meu primo em segundo grau.

É neto materno de José Barbosa da Silva (natural de Canedo( e de Ana Rosa de Oliveira (natural de S. Jorge). 

A sua mãe, Albertina Rosa de Oliveira, era do lugar do Reguengo. Era filha de José Barbosa da Silva (natural de Canedo) e de Ana Rosa de Oliveira (natural de S. Jorge). Era neta paterna de António Caetano Grilo e de Maria Barbosa da Silva e neta materna de João Correia e de Felismina Rosa de Oliveira (natural de Azevedo - S. Jorge).

Os pais do Sr. Abel casaram em  1 de Maio de 1931.

Pais do Sr. Abel. Joaquim e Albertina


É um de vários irmãos Fonsecas, alguns ainda vivos, como a Ilda, a Celeste, a Idília e a Madalena e outros já falecidos, como o Hilário, o Alexandrino, a Alzira e a Conceição.

Está casado com Maria da Conceição Gonçalves (tia de minha esposa) e tiveram uma catrefada de bons filhos, como a Adelaide, a Cecília, o Ilídio, o Paulo, o Alcino, o Eduardo e o Ventura. Creio que não me esqueci de mais algum.

Apesar de uma vida dura de trabalho e sacrifício, quase sem meninice, como todos os da sua geração, o Sr. Abel ainda mantém toda a lucidez, sendo bom conversador e guardião de muitas memórias, das boas e das nem por isso. Queixa-se dos ossos, pois não devia queixar-se quem teve como profissão trabalhar de joelhos e de costas vergadas, como calceteiro que foi? A expressão "ossos do ofício" aplica-se com todo o sentido à sua profissão.

Parabéns Sr. Abel! Que Deus o tenha por cá mais anos e se possível com essa lucidez que ainda conserva e também que não lhe falte a vontade de beber o seu copo de americano, como bem lhe recomendou o bom médico Dr. Vasconcelos. 

Bem haja!

28 de setembro de 2023

Marinho Ferreira Coelho - Gente nossa

Dizem-nos na rede social Facebook, que o Marinho Ferreira Coelho está de parabéns neste dia! Pois que se repita de forma feliz por muitos mais anos junto dos seus. Dizem que faz setenta e picos pois nasceu em 28 de Setembro de 1947. Um jovem.

Filho de Maria Rosa Ferreira Coelho, e de pai incógnito, é neto materno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Rosa de Jesus. Tem vários irmãos de que conheço o Delfim, a Emília, esposa do Abel Rodrigues de Paiva, o António, a Cisaltina e a Isaura, esposa do Fernando Santiago. A sua mãe veio a casar com Delfim Pinto dos Santos.

Pessoalmente, mesmo que um pouco mais novo, tenho por ele uma elevada estima e consideração porque reconheço e valorizo  o seu papel de cidadania na sua e nossa freguesia. Tem os seus defeitos, pois tem, e quem os não tem, começando por mim? mas tem mais virtudes e estas é que pesam na balança do deve e haver. 

Se não estou atraiçoado pela memória, ainda me lembro dele, novo, quando chegava com a sua mota a Casaldaça quando já namorava a sua esposa, a Felisbela (casaram a 31 de Agosto de 1974), quando ela vivia com a sua família junto ao caminho que é hoje a Rua da Fonte. Quando ali passava em recado à mercearia da Senhora Amélia, ficava eu a admirar aquela moto que na altura me parecia imponente. De resto, já com o Marinho com toda aquela altura, que ainda hoje tem, não ficaria bem em qualquer motorizadeca. Logo só mesmo uma moto. De resto, do seu porte físico, recordo-me de em algumas situações comunitárias impor o seu respeito e era homenzinho para pegar nalgum desordeiro pelas golas e pô-lo no olho da rua.

Sei que fez pela vida e esteve emigrado por terras de França, onde lá terá nascido a sua filha a Carina, que assim é francesa. Voltou passados uns anos e tomou conta do pequeno negócio do Joaquim Ferreira Coelho, que vendia adubos, sementes, rações e pesticidas, mas que logo tratou de ampliar e dinamizar e hoje é um bom estabelecimento que explora com o seu filho Filipe, servindo toda a freguesia de Guisande e não só, num apoio imprescindível ao cultivo das terras, alimentação de animais, sementes e tratamento de plantas e muito mais, numa grande variedade de produtos e artigos.

O Marinho foi sempre uma pessoa envolvida com a freguesia fazendo parte do Guisande F.C. um seu  interessado sócio, adepto e patrocinador. Para ele pintei no campo de jogos do Guisande F.C. um painel publicitário à  sua loja. Já passaram pelo menos 35 anos. Também pintei a inscrição que tinha na fachada do seu estabelecimento, no tempo em que os números dos telefones tinham 6 algarismo.

Marinho Ferreira Coelho também se envolveu na política a nível da freguesia,  tendo sido tesoureiro da Junta de Freguesia de Guisande no mandato de 1993/1997, trabalhando com o Manuel Ferreira (presidente) e o Rodrigo Correia (secretário). No mandato anterior, de 1989 a 1993 foi presidente da Assembleia de Freguesia. Não era político mas apenas um interessado no desenvolvimento da freguesia e por isso, avesso a certas coisas da política, optou por não continuar.

Por tudo isto e não só, o Marinho Ferreira Coelho, mesmo com aquele ar de quem está zangado com ele próprio e com o mundo, é uma alma generosa, e creio, a avaliar pelos sinais dos seus, um bom marido, um bom pai e avô. Ainda, como eu, adepto do Benfica. Merece o nosso reconhecimento por em diferentes tempos ter dado o seu contributo à nossa freguesia e comunidade, continuando a ser um guisandense de corpo e alma apesar de ter feito casa e estabelecido o negócio ali no limite com Lobão, o que para ele e para nós é irrelevante. 

Parabéns, pois, Sr. Marinho e que venham mais anos e bons junto dos seus e de todos nós!

16 de setembro de 2023

Famílias Pedrosa das Neves e Santos da Gândara

Todos sabemos que as famílias são como as cerejas, pois relacionam-se e quando começamos a tentar deslindar o cacho acabamos por chegar à conclusão de que na realidade somos todos parentes uns dos outros, com maior ou menor grau, maior ou menor afastamento.

Um exemplo, de muitos:

O meu tio-avô Manuel José da Fonseca (irmão do meu avô materno, Américo José da Fonseca) casou com Ermelinda Pedrosa das Neves, de quem teve vários filhos dos quais conheço a Margarida, que ainda vive no lugar de Fornos, casada com o Sr. Justino, ainda a Lúcia, esta casada com o Sr. Óscar Melo, e residente no lugar da Mota, Canedo, o Joaquim, que creio que está viúvo e vive em Vila Nova de Cerveira, e ainda o Gil, que não vejo há muitos anos e que viverá por Lourosa.

Manuel José da Fonseca e Ermelinda Pedrosa das Neves


Esta Ermelinda Pedrosa das Neves era irmã de Américo Pedrosa das Neves, este casado com Ermelinda Ferreira da Conceição em Guisande, em 25 de Novembro de 1933. 

Este Américo Pedrosa das Neves  nasceu em 27 de Novembro de 1906 e faleceu em 19 de Maio de 1992. Era filho de António Oliveira Neves e de Margarida Pedrosa de Jesus. Era neto paterno de Manuel Joaquim de Oliveira e de Albina Rosa das Neves. Era neto materno de António Pereira Gomes e de Margarida Pedrosa. Teve como padrinhos de baptismo Rafael Pereira Gomes e Maria Pedrosa de Jesus 

A esposa deste Américo Pedrosa das Neves,  Ermelinda Ferreira da Conceição, nasceu em 21 de Agosto de 1910. Era filha de Manuel António da Mota e de Eusébia Henriques de Jesus. Era neta paterna de Eusébio António da Mota e de Emília Rosa de Jesus. Era neta materna de José Ferreira Coelho e de Maria Henriques de Jesus. O padrinho dela foi Manuel de Oliveira Pinto e Ermelinda Henriques de Jesus, esta na altura solteira e irmã da sua mãe. Faleceu esta Ermelinda aqui em Guisande em 25 de Fevereiro de 1981. 

Desse casal Américo Pedrosa das Neves e Ermelinda Ferreira da Conceição, nasceram a Maria da Ascenção Ferreira das Neves, falecida em 18 de Março de 2019, casada que foi com Custódio Alves dos Santos, em Cimo de Vila - Guisande e ainda outros irmãos, como o Joaquim, a Irene, esta nascida a 28 de Agosto de 1941 e que casou em S. João da Madeira em 25 de Agosto de 1963 com Alfredo Gomes da Silva, a Arminda, o Américo Neves, este residente em Vila Nova de Gaia (e que me ajudou nalguns dados) a Alcina, a Madalena e os outros também já falecidos. Teriam sido 9 ou 10 irmãos.

A mesma referida Ermelinda Ferreira da Conceição tinha outra irmã, a Laurinda, nascida a 25 de Outubro de 1905. Casou tarde, m em primeiras núpcias, no Porto, com um António dos Anjos Moura, de Fregim - Amarante, em 8 de Abril de 1951 e depois da morte deste, em 8 de Abril de 1951 voltou a casar na Sé do Porto com um José Maria Vieira de Sousa, de Medas - Gondomar em 22 de Dezembro de 1960.

Tenho ainda a indicação da existência de mais dois irmãos da Ermelinda, Laurinda e Grancida, o Albertino e o Reinaldo, de que de momento ainda não disponho de datas de nascimento.

Havia ainda outra irmã, a Gracinda, do lugar da Gândara, que casou com o Sr. Firmino, sendo mãe da Iria (que vive em Lisboa), do António, que vive na Teixugueira - Lobão, do Manuel (Neca dos Santos - já falecido), da Elvira, da Conceição, esposa do Sr. Arménio Costa e da Isaura, esposa do Belmiro Lopes.

Firmino e Grancinda, do lugar da Gândara.


Esta Gracinda da Conceição nasceu em 15 de Outubro de 1907 e faleceu em Fevereiro de 2005. Como se disse atrás, era irmã da Ermelinda Ferreira da Conceição e filha de Manuel António da Mota e de Eusébia Henriques de Jesus. Era neta paterna de Eusébio António da Mota e de Emília Rosa de Jesus. Era neta materna de José Ferreira Coelho e de Maria Henriques de Jesus.

Esta Gracinda casou em 8 de Agosto de 1926 com Firmino Alves dos Santos, este natural de Guisande.

Este Firmino nasceu em 4 de Novembro de 1904 e faleceu em 22  de Setembro de 1987. Era filho de José Alves dos Santos Ferreira e de Ermelinda Joaquina dos Santos, de Lobão. Era neto paterno de Manuel dos Santos e Augusta de Jesus. Era neto materno de Manuel Ferreira Lavoura e de Maria Joaquina, de Lobão.

Voltando atrás, o Américo Pedrosa das Neves, nasceu em 27 de Novembro de 1906 e faleceu em 19 de Maio de 1992. Era filho de António Oliveira Neves e de Margarida Pedrosa de Jesus. Era neto paterno de Manuel Joaquim de Oliveira e de Albina Rosa das Neves. Era neto materno de António Pereira Gomes e de Margarida Pedrosa. Teve como padrinhos de baptismo Rafael Pereira Gomes e Maria Pedrosa de Jesus

Por sua vez o António Oliveira Neves, pai do Américo Pedrosa das Neves, nasceu em 30 de Abril de 1879 e era filho de Manuel Joaquim de Oliveira e de Albina Rosa das Neves. Era neto paterno de Ana de Oliveira (à data solteira) e neto materno de António Pinto das Neves e de Ana Pinto.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como nomes de familiares e datas. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

15 de setembro de 2023

Família Dias de Paiva - Joaquim, Bernardo, Guilherme e outros

De novo de volta de alguns dados genealógicos de algumas famílias ou gente de Guisande. Deste vez da família Dias de Paiva e depois ligações à família Fontes que foi do lugar de Trás-da-Igreja - Guisande. 

Guilherme Dias de Paiva - Por nenhuma ordem especial nem cronológica, começamos por Guilherme Dias de Paiva, que para quem não conhece, e os mais novos de certeza absoluta que não, é o pai de Joaquim Correia de Paiva (conhecido pelo "Joaquim do Peita") do lugar de Fornos, bem como das suas irmãs que ainda vivem no lugar de Casaldaça.

Este Guilherme teve outros irmãos, de que abaixo, dos que conseguimos apurar, deixaremos algumas notas, nomeadamente o Joaquim, conhecido entre nós pelo "Joaquim do Pisco" que foi um reputado alfaiate, que viveu no lugar da Igreja - Guisande, e casado que foi com a  Ti Luzia, ainda  o Bernardo, que era o pai da Adelaide, viúva do Rufino da Silva  Sá, de Casaldaça, ainda o António, a Miquelina e o José.

Guilherme Paiva, nasceu em 18 de Dezembro de 1907, sendo filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Louredo e residente em Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande, sendo tecedeira). Os seus pais casaram em 27 de Maio de 1867. A sua mãe Margarida faleceu em 16 de Fevereiro de 1950.

Guilherme era neto paterno de Jerónimo de Paiva (de Louredo) e de Maria Teresa de Oliveira (de S. Jorge). Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus (de Guisande). No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907, teve como padrinhos Joaquim Ferreira Pinto, professor, de Casaldaça, e Guilhermina Rosa Duarte, esta que casou com Manuel Henriques Correia.

Casou o Guilherme, em 22 de Fevereiro de 1936 com a Custódia Correia, natural de S. Miguel do Maro, Arouca. Faleceu em 30 de Abril de 1968.

Tiveram o Guilherme e a Custódia filhos e filhas, incluindo o José Correia de Paiva nascido a 15 de Novembro de 1942 e que casou em Sanguedo em 7 de Maio de 1968 com Maria Alice Ferreira de Oliveira. Ainda o Joaquim Correia de Paiva (Peita), que vive no lugar de Fornos e que casou em 30 de Maio de 1964 com Maria Fernanda da Costa. Ainda a Maria de Fátima. Ainda como filha de Guilherme e Custódia, a Alzira Francisca de Paiva, que nasceu a 28 de Março de 1936. casou em 28 de Dezembro de 1963 com Joaquim Pinto O. Pais.


Custódia Correia, que foi esposa de Guilherme Dias de Paiva


Outros irmãos de Guilherme, filhos de Francisco Dias de Paiva e Margarida Augusta da Conceição:

António Dias de Paiva, nasceu em 19 de Março de 1898, sendo baptizado em 20 do mesmo mês e ano. Foram padrinhos  António de Pinho, avô materno e Maria da Conceição de Jesus, do lugar do Viso.

Este António casou com Clara da Silva Santos em 9 de Janeiro de 1923. A Ti Clara, com quem ainda conversei, ali naquele casebre que ainda existe ao lado da casa do Ti Elísio Alcino, nasceu em 10 de Outubro de 1900 e foi baptizada no dia 13 do mesmo mês e ano. Era filha de Manuel da Silva Soares e de Amélia dos Santos. Era neta paterna de Tomás Soares e de Margarida de Pinho e neta materna de Joaquim da Silva e de Margarida de Jesus. Faleceu no dia de Natal, 25 de Dezembro de 1982.


A Ti Clara e o filho Manuel


Desse casamento houve filhos, como o António Dias de Paiva, que nasceu em 1924 e  que casou em 26 de Julho de 1947 com Armandina Guedes de Castro. O Manuel Dias de Paiva (o Neca da Clara), nascido em 4 de Fevereiro de 1925 e falecido em 13 de Janeiro de 1997. Ainda a Maria Isaura dos Santos Paiva, nascida a 9 de Agosto de 1928. Casou em 19 de Junho de 1957 com Manuel Francisco da Rocha, na cidade de Mar del Plata, na  Argentina para onde emigrara. Ainda a Maria Fernanda dos Santos, nascida em 9 de Maio de 1930.  Ainda a Maria Elsia Guedes de Paiva, que nasceu em 13 de Abril de 1948.



Na actualidade, o casebre, pouco mais que em ruína, onde viveu o António Dias de Paiva e a Ti Clara.


Miquelina Augusta da Conceição, nasceu em 2 de Janeiro de 1900, sendo baptizada em 6 do mesmo mês e ano. Foram padrinhos José Joaquim Gomes de Almeida, do lugar do Viso, e Maria Rosa de Conceição, de Casaldaça. Esta Miquelina casou com Manuel Pereira de Oliveira e de filhos pesquisei um David Pereira de Oliveira que nasceu a 11 de Maio de 1924 e que casou em Lobão em 4 de Novembro de 1945 com Laurinda da Conceição.

Rufino Dias de Paiva, nasceu em 12 de Março de 1910, sendo baptizada em 19 do mesmo mês e ano. Foram padrinhos de baptismo, Rufino da Silva Santos e Maria Rosa da Conceição. Casou com Maria Gomes em 26 de Julho de 1934. Ficou viúvo em 13 de Julho de 1993 e faleceu em 15 de Novembro de 1996 em Milheirós de Poiares. De filhos, pesquisei a Maria Idília, nascida a 25 de Abril de 1941 e casou em Milheirós de Poiares com Carlos de Almeida e Silva. Ainda como filha a Maria Eugénia de Paiva, que nasceu a 15 de Julho de 1937. Casou em 10 de Dezembro de 1961 em Milheirós de Poiares com Licínio de Almeida Monteiro.

José Dias de Paiva, nasceu em 5 de Fevereiro de 1909, sendo baptizado em 12 do mesmo mês e ano. Foram padrinhos de baptismo José Ferreira Coelho e Margarida dos Santos. Faleceu menor em 16 de Abril de 1910, apenas com um ano de idade.

José Dias de Paiva. Ainda sem dados do nascimento, nasceu ainda um outro filho a que se deu o nome do que faleceu de menor idade, conhecido popularmente como Zé do Monte, Zé da Helena ou ainda com o apelido de "Cabouco". Entre outros atributos, era um exímio reparador de guarda-chuvas. Pessoalmente, com recado do meus pais,  recordo-me de ir várias vezes a sua casa, no monte de Casaldaça,  com alguns guarda-chuvas para ele reparar o que fazia com mestria.

Casou este José Dias de Paiva com Maria Helena dos Santos, daí também ser conhecido pelo "Zé da Helena". Dos filhos que tiveram tenho conhecimento de uma Clara, nascida a 19 de Agosto de 1935 e que veio a casar em 2 de Outubro de 1960 com um Joaquim Teixeira Alves. Ainda a Amélia da Silva Paiva nascida a 15 de Março de 1940 e que casou em 16 de Setembro de 1962 em S. João da Madeira com Manuel de Azevedo Queiroz . Ainda o José da Silva Paiva, nascido a 23 de Junho de 1951. Ainda o Roberto nascido em 24 de Fevereiro de 1953. Ainda a Maria de Fátima, nascida a 10 de Julho de 1954. Ainda a Guilhermina dos Santos Paiva, que nasceu a 20 de Dezembro de 1947.

Joaquim Dias de Paiva


Luzia Rosa de Jesus, esposa de Joaquim Dias de Paiva

Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso, esta  minha avó paterna. Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Bernardo Dias de Paiva e Ermelinda

Bernardo Dias de Paiva, nasceu em 28 de Março de 1905, sendo baptizado em 31 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Bernardo Ferreira, das Caldas de S. Jorge e Jovita Gomes da Conceição, da Barrosa.  Casou em 20 de Junho de 1927 com Ermelinda Ferreira Gomes (1). Faleceu em 16 de Dezembro de 1966.

(1) A Ermelinda, esposa do Bernardo nasceu em 1 de Julho de 1899 e faleceu em 20 de Junho de 1989. Era filha de Manuel Joaquim de Fontes e de Maria Ferreira Gomes. Era neta paterna de Joaquim de Fontes (2) e de Maria Pinto, do lugar da Igreja - Guisande. Era neta materna de Joaquim Custódio e Margarida Gomes, do lugar de Casaldaça. Consegui apurar três irmãs, a Ana (3), nascida em 8 de Abril de 1891, a Guilhermina, nascida em 27 de Dezembro de 1894 e a Maria da Conceição, nascida a 12 de Agosto de 1897.

(3) Esta Ana casou no Porto com Abílio de Oliveira no dia 6 de Janeiro de 1923. Faleceu em 18 de Janeiro de 1979.

Deste casamento do Bernardo com a Ermelinda, conheço a Adelaide, ainda viva, viúva de Rufino da Silva Sá. 

Ainda um filho, o Joaquim Dias de paiva,  que faleceu recém nascido, em 12 de Março de 1929.

Ainda um  filho de nome Guilherme Dias de Paiva, nascido em 23 de Setembro 1932.

Ainda um filho de nome José Dias de Paiva nascido a 24 de Abril de 1935.

Ainda um filho, o Manuel Dias de Fontes, que nasceu a 25 de Março de 1928. Casou em Pigeiros em 29 de Junho de 1950 com Angelina Pereira Soares.

Ainda filha deste Bernardo Dias de Paiva, temos a Guilhermina Gomes de Paiva, nascida a 16 de Janeiro de 1931. Casou com o Joaquim dos Santos ("Zarelhas"), em 21 de Janeiro de 1950. Ambos já falecidos, viveram no lugar da Gândara e tiveram vários filhos de que me lembro do José, que vive em Cesar, da Maria Fernanda, esposa do Vilano de Oliveira, do Joaquim e do António. Ainda pelo menos uma outra  filha de quem de momento não me recordo do nome.

Ainda como filha a Elvira Gomes de Paiva, nascida a 1 de Julho de 1937, casada em 30 de Janeiro de 1960 com Mário Baptista, residentes em Casaldaça.

Manuel Dias de Paiva, nasceu a 14 de Junho de 1913. Casou em Lobão em 14 de Dezembro de 1946 com Conceição Henriques dos Santos. De filhos, encontrei uma Maria Manuela dos Santos Paiva, que nasceu a 7 de Outubro de 1947.

Américo Dias de Paiva, nasceu em 21 de Agosto de 1915.

Alberto Dias de Paiva, nascido em 1919, que casou em 27 de Agosto de 1944 com Gracelinda dos Santos.

Tenho ainda indicações de que terá havido ainda uma outra filha, a Rosária.

Interligação com as famílias Fontes e Henriques:

(2) Este avô paterno da Ermelinda, Joaquim de Fontes, que era do lugar da Igreja - Guisande, era filho de José de Fontes e Ana Maria de Fontes. Era casado com Maria Joaquina, tendo esta como pais o Manuel José Custódio e Ana Maria de Jesus. A esposa maria Joaquina tinha como pais Manuel José da Conceição , carpinteiro, da freguesia do Vale, e Mariana, da freguesia de Louredo.

Para além do Manuel Joaquim, pai da Ermelinda, o Joaquim de Fontes teve vários filhos, entre os quais a Maria, nascida a 5 de Março de 1855, a Rosa, nascida a 21 de Janeiro de 1858, o Domingos Joaquim (4) nascido a 5 de Outubro de 1862 e falecido em 26 de Março de 1954, o José, nascido a 14 de Abril de 1864 e o Manuel, nascido a 18 de Julho de 1866.

(4) Este Domingos Joaquim de Fontes, filho de Joaquim de Fontes, era o pai da Ti Ana da Conceição Fontes (5), do lugar da Igreja, que faleceu solteira, e ainda da sua irmã Ermelinda da Conceição (6).

(5) Ana da Conceição Fontes, como se disse era filha de Domingos Joaquim de Fontes. Nasceu no dia 22 de Abril de 1901. Faleceu em 3 de Agosto de 1991. Vivia na casa dos pais em cujo local edificou casa a minha cunhada Anabela Henriques Gonçalves esposa do José Carlos da Silva Bastos.

(6) Esta Ermelinda, irmã de Ana da Conceição Fontes, nasceu no dia 31 de Janeiro de 1906 e foi baptizada no dia 4 do mesmo mês e ano. Teve como padrinhos Rufino da Silva (de Casaldaça) e Maria Rosa de Sá (do Vale). Faleceu em 26 de Junho de 1992.

Os seus pais eram o referido Domingos Joaquim de Fontes e Joaquina Rosa da Conceição (da freguesia do Vale). Casou a Ermelinda da Conceição Fontes com Belmiro Gomes Henriques (7) em 7 de Outubro de 1939. São avôs maternos de minha esposa Maria Preciosa Henriques Gonçalves, porque pais da sua mãe, Maria Margarida da Conceição Henriques.


O casal Belmiro Gomes Henriques e Ermelinda Fontes, avôs da minha esposa, aqui no nosso casamento.

(7) Este Belmiro Gomes Henriques, marido de Ermelinda da Conceição Fontes, nasceu a 29 de Março de 1906. Era filho de Joaquim Gomes Henriques, natural de Azevedo - S. Jorge, e de Margarida de Jesus, natural de Lobão. Era neto paterno de José Gomes Henriques e de Maria Rosa de Jesus, do lugar de  Azevedo - S. Jorge e neto materno de Manuel Pinto e Albina  de Jesus, de S. Miguel - Lobão. Faleceu no dia 1 de Março de 1996.

Este casal Belmiro e Ermelinda teve vários filhos: A Conceição, casada com o Jorge Tavares, de Azevedo - S.Jorge, há anos residentes da África do Sul, e que à data que actualizo estes apontamentos soube que terá falecido, a Maria Margarida, mãe da minha esposa, que foi casada com Germano da Conceição Gonçalves, a Isaura, que está casada com o José Fernando Gomes de Almeida, do lugar do Reguengo, irmão do Raimundo Gomes de Almeida, do lugar da Barrosa, ainda o António da Conceição Gomes Henriques, casado com a Maria Glória Ferreira da Silva, da casa dos Sebastiões de Cimo de Vila, falecido em 2 de Setembro de 2007, e que deixou como filhos a Madalena (esposa do meu irmão Adérito), o Fernando António, casado com a Fátima, e o Jorge, ainda solteiro.

Deste Belmiro Gomes Henriques consegui apurar que tinha uma meia-irmã, a Rosália, nascida em 27 de Abril de 1898. Era irmã apenas de pai já que a mãe era Olinda Rosa de Jesus. Por isso era neta paterna de José Gomes Henriques e de Maria Rosa de Jesus, do lugar de  Azevedo - S. Jorge e neta materna de Francisco Caetano dos Santos e de Ana Joaquina dos Santos.

Tinha este Belmiro, outro meio irmão, o Bernardino Gomes Henriques (8), que por sua vez era pai de Raimundo Gomes Henriques (com apelido de "Pega"), actualmente ainda vivo, solteiro, morador no lugar da Lama - Guisande. Por conseguinte o Belmiro e o Bernardino eram meio-irmãos porque apenas de pai.

(8) Este Bernardino, pai do Raimundo "Pega", nasceu no dia 14 de Junho de 1902 e casou em 4 de Outubro de 1930 com Maria da Conceição (9). Faleceu em 12 de Janeiro de 1979. Este apelido "Pega" não é exclusivo do Raimundo, mas extensível aos seus primos e com origem aos antepassados.

(9) Esta Maria da Conceição, mãe do Raimundo, nasceu em 29 de Novembro de 1911 e era filha de Joaquim Francisco da Silva (de Agras - Mansores - Arouca) e de Maria Rosa da Conceição. Era neta paterna de João Francisco da Silva e de Maria Joaquina e neta materna de avô incógnito e de Rosa Margarida dos Santos, de Casaldaça.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como nomes de familiares e datas. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

13 de agosto de 2023

Manuel e Ângela - 50 anos de matrimónio

 


Manuel da Conceição Gonçalves e sua esposa Ângela Ferreira, do lugar da Gândara, celebraram matrimónio há 50 anos, em 12 de Agosto de 1973, por isso com Bodas de Ouro Matrimoniais. Uniram-se na igreja matriz de S. Martinho de Argoncilhe, terra natal da Ângela.

Não é para todos atingir tal meta de vida em comum e será cada vez mais raro já que os casamentos e compromissos matrimoniais, pelos modernos tempos que correm, são embarcações frágeis, cascas de noz, que naufragam facilmente com umas ligeiras brisas, quanto mais com tempestades e vendavais próprias do dia a dia entre dois seres humanos, por vezes tão diferentes.

Sendo assim, porque é gente boa, gente nossa, os nossos parabéns e votos de continuação  na caminhada diária, sendo que sabemos que não é fácil e ninguém é perfeito nem há manuais ou livro de instruções para um casamento duradouro e frutificador. Mas está na compreensão da imperfeição, das limitações e fragilidades, no respeito e tolerância mútuas o segredo de um matrimónio longo. No fundo o trazer à prática o compromisso perante Deus cimentado nos opostos das circunstâncias, na saúde e na doença, na prosperidade e na pobreza, na alegria e na tristeza. Mas, hoje os deuses são notários e conservadores civis e, isto  cá para nós, com o devido respeito por quem pensa diferente, sem a componente sacramental e sacralizadora da união, têm a mesma importância que a celebração de um contrato de compra de um carro, de uma casa, ou de uma ovelha. 

Bem hajam, Manuel e Ângela, e parabéns!

7 de agosto de 2023

O Sr. Manuel Alves que também é senhor Neca





Isto de falar dos outros, tanto mais quando ainda são vivinhos da silva, tem que se lhe diga, porque quem o faz corre o risco de ser injusto ou então excessivamente simpático, o que alguns dirão de lambe-botas. Mas assumo o risco e o que a seguir escreverei resulta apenas da minha percepção e experiência pessoais ao longo de muitos contactos e testemunhos, mais privados ou circunstanciais. E mais do que isso, com sinceridade, porque sem obrigação ou propósito de qualquer outra natureza.

Estou a falar do Sr. Manuel Alves, ainda entre nós apesar da sua já linda e avançada idade. A caminho dos 91 anos já que nasceu a 21 de Agosto de 1932. Uma pessoa quando é muito conhecida, pode ter vários nomes e o Sr. Manuel Alves é tratado de diferentes formas, como apenas Sr. Alves, Sr. Neca ou ainda por Nequita. Ainda Nequita do Viso ou Neca da Loja, por herança dos tempos em que em Casaldaça tinha uma mercearia e tasca. Ainda, não raras vezes, como o Neca da Tina, como é típico dos portugueses relacionar o nome do homem ao da esposa ou vice-versa.

Pessoalmente trato-o por Sr. Neca. Conheço-o desde que ainda criançola descia várias vezes do Viso a Casaldaça à mercearia da Sr.a Amélia. Nunca foram os meus pais clientes da farta mercearia do Sr. Neca, mas mesmo assim era frequentada por mim, porque que mais não fosse para comprar alguma coisa que no momento estivesse em falta na mercearia ao lado. Além do mais, mesmo já em adolescente, muitas vezes aos domingos à tarde alí íamos como gente grande merendar, um pirolito, umas zeitonas, amendoins ou então, quando com algum dinheiro inesperado no bolso, uma sandes de queijo. À fartazana! Também a comprar cromos da bola e dos cowbóys.

Mas, queira-se ou não, o Sr. Neca por um conjunto de razões é uma personalidade muito singular na nossa comunidade e freguesia e de algum modo um seu património ainda vivo mas que perdurará para o futuro. Como se sabe e já o disse, durante muitos anos exerceu a profissão de comerciante explorando a mercearia e tasca em Casaldaça, que a tomou das mãos da Sr.a Conceição e do Sr. Domingos "Patela",  e mais, tarde encerrada porque em edifício arrendado, mudou-se para o lugar do Viso, onde ainda vive, e ali continuou sobretudo com a afamada confecção de boa broa de milho e regueifa doce à moda de Guisande, aproveitando as mãos laboriosas e o saber da esposa de há 70 anos, a senhora Tina. Infelizmente tudo tem um fim e devido às limitações impostas pelo peso da idade, também essa actividade acabou há já alguns anos. Felizmente, no que toca à regueifa, creio que passou alguns segredos à minha prima Cilita. Mas ficam as memórias da azáfama, sobretudo em vésperas de Páscoa com o forno a parir deliciosas regueifas que gente de muito lado procurava.

Para além disso, o senhor Neca foi regedor na freguesia, no período que antecedeu o 25 de Abril de 1974, então um cargo que conferia respeito e autoridade e que a representava e no exercício do qual me contou algumas engraçadas histórias. Pano para outras futuras mangas. Foi por pouco tempo, é certo, e numa época em que os regedores já perdiam importância face à criação e proliferação pelas zonas rurais de postos da GNR, como aqui por perto em Canedo. Logo após o 25 de Abril de 1974 e assente a poeira da revolução, criadas as condições para as primeiras eleições autárquicas, o Sr. Manuel Alves fez parte como presidente da Junta de Freguesia de Guisande de 1982 a 1989, em represnetação do PSD. Mesmo depois disso, e perdidas as eleições em 1989 para o Partido Socialista, voltou a recandidatar-se mesmo que, já noutra dinâmica, não tivesse logrado a reconquista. 

Fez ainda parte da Comissão Fabriqueira e era pessoa muito considerada pelo saudoso pároco Pe. Francisco Gomes de Oliveira.

Foi autarca e presidente de Junta num período muito específico e singular, ainda num contexto muito particular e com uma forma de gerir nem sempre de forma mais escrutinada e com as contas porventura sem o rigor dos actuais tempos, de resto o que era prática em muitas pequenas autarquias, no que se dizia vulgarmente ser de contabilidade de mercearia, mas apesar disso, foi um período em que quase tudo estava por fazer e era preciso desbravar caminho. Mesmo que nem sempre da melhor forma e passível de conbtraditório, a verdade é que durante o seu período de governação fez-se muita obra, com abertura de várias ruas, como as ligações a Louredo e a Gião, que não existiam, alargamentos, pavimentações, melhoramentos vários, etc. Fez-se a sede da Junta, construiram-se os jardins de infância de Fornos e Igreja, fizeram-se obras nas escolas primárias, ampliou-se o cemitério, etc, etc.

Pessoalmente tenho a maior das considerações pela sua pessoa e pelo seu passado mesmo que em determinadas alturas, principalmente quando fazíamos parte do jornal "O Mês de Guisande" tivéssemos tido um papel de escrutínio e tantas vezes de crítica e de algum modo responsáveies pela mudança política. Mas nesse aspecto foi sempre o Sr. Neca de um grande sentido democrático e nunca tomou as coisas a peito, deixando na política o que era da política, o que nem todos foram capazes de fazer pelo que ainda subsistem alguns ódios de estimação que só servem para dividir mesmo em momentos e objectivos comunitários.

Por várias vezes convidou-me a participar em listas a eleições mas sempre recusei por mera opção de não envolvimento na política, mas revela a confiança que tinha nas minhas simples capacidades. Em algumas situações mais pessoais foi sempre de uma enorme consideração, respeito e seriedade. Por diversas vezes ofereceu-se para me ajudar em diversas situações e quando foi preciso não deixou de o fazer e apoiar.

Por conseguinte, estas simples palavras sobre o Sr. Neca, são apenas um reconhecimento pessoal do seu papel e do seu contributo de cidadania na freguesia, mesmo reconhecendo que, como eu e cada um de nós, não é perfeito e terá também e certamente os seus pecados e omissões. Obviamente que pode haver que tenha uma percepção diferente mas, como seres imperfeitos que somos pela nossa própria humanidade, todos estamos sujeitos a análises menos simpáticas e até tantes vezes injustas ou desonestas. Quem de algum modo se envolve em actos ou acções de cidadania, infelizmente e como desmotivação, acaba por merecer mais críticas do que merecimentos. Isto não é novidade e na nossa própria comunidade, apesar de bons exemplos e de muita gente reconhecedora, o que não falta é desconsiderações e em grande parte por pessoas que nunca nada fizeram. Daí a velhinha sentença de que só não erra quem nada faz. Não surpreende, por isso, que não faltem por aí artistas que nunca erraram na vida, na justa medida de que nunca nada fizeram a favor dos outros e da comunidade onde se integram.

Sendo assim, e porque felizmente ainda anda por aqui, parecem-me ser justas estas simples palavras sobre o nosso Sr. Neca. Não me levará a mal. Bem haja por tudo quanto fez.