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19 de abril de 2020

A democracia é um canivete suíço.


Eu não sei se partidos e figuras como o CHEGA e André Ventura vão subir nas intenções de voto com o contexto da pandemia e das crises que dela já veio e virão. É assunto que me merece tanta preocupação como saber quem vai ser o campeão do nosso futebol. Mas sei, ou pelo menos parece-me na minha modesta opinião, que se sim, figuras e personalidades como as de Ferro Rodrigues têm dado um importante contributo. O homem tem feito pela vida para que cheguemos todos para lá.

Em todo o caso, como o recado que o nosso presidente da Assembleia da República não resistiu a dar a um representante do CDS, que se mostrava contrário à cerimónia presencial da celebração do 25 de Abril, é apenas a democracia a funcionar e  a cerimónia vai ter lugar, doa a quem doer, porque a maioria dos deputados assim o determinou. 

Nada, pois, a obstar. Afinal, Ferro Rodrigues, como Trump, Bolsonaro e outros que tais, podendo estar em lados opostos e com funções diferenciadas, são frutos da mesma democracia, na mesma dose de cretinice ou no mesmo extremismo. Como num canivete suíço, mostram diferentes garras mas acomodam-se todos, aconchegadinhos no mesmo corpo.

23 de dezembro de 2019

Sem rodriguinhos...

Goste-se ou não do André Ventura e, por arrasto, do seu CHEGA, há aspectos do seu discurso que parecem óbvios. Muito do que ele diz, mesmo que temperado exageradamente com o molho"isto é uma vergonha", é de facto algo que incomoda os habituais residentes da Assembleia da República, porque são, numa analogia com o que acontece por vezes no futebol, e sobretudo de proximidade como o de salão, como umas boladas certeiras nos tomates, em que os atingidos ficam a eles agarrados num misto de ridículo, dor e incapacidade de reacção. 

Que o diga Ferro Rodrigues, que apesar do seu apelido metálico, mostrou-se sensível às boladas certeiras, mostrando-se dorido dos seus tintins, a ponto de pretender que o André Ventura desvie a pontaria. Ora Ferro por acaso até já sabe do que é pontapear adversários,  pois na anterior oposição fartou-se de rematar boladas certeiras nos tomates de Passos Coelho e seu Governo, precisamente invocando a "vergonha". já para não falar dos tiros certeiros apanhados em escutas telefónicas no âmbito do já silenciado caso "Casa Pia" que o deixam muito mal na fotografia de moral e credibilidade.

Muito do que o André Ventura diz e defende, não agrada, de todo, à maioria da restante Assembleia, porque está a tornar-se a pedra no sapato, o cabelo no esparguete, o grão de areia na engrenagem, a cagadela de pulga no colarinho. Por isso, os pregadores e moralistas da tolerância e inclusão, têm dado bons exemplos disso ao ostracizar o deputado do Chega como se pensar e dizer diferente seja um mal da sociedade, como se o extremismo de direita seja diferente do de esquerda e vice-versa. Nada que o incomode pois já disse que não está na Assembleia para fazer amigos.

A nossa classe política do politicamente correcto não gosta das verdades ditas tão frontalmente, pois não, e o que o Ferro Rodrigues fez, sem rodriguinhos, foi tentar abafar a coisa, castrando a liberdade de palavra e expressão. Pessoalmente, sem me rever em muito do que diz e defende o André Ventura, acho que a palavra vergonha deve ser dita tantas quantas vezes for necessária e se justificar e que todos aqueles meninos de coro que há longos anos habitam o Palácio de S. Bento são tudo menos virgens, muito menos a ponto de se ofenderem. 

Não surpreende, pois, que as sondagens digam que se as eleições fossem hoje o Chega teria muitos mais votos e mesmo mais deputados. Isto porque o populismo pode ser ele próprio e apenas assente numa fácil demagogia mas em larga medida corresponde aos problemas que as pessoas identificam e que sentem que a classe politica do status quo não lhe dá resposta porque muitas vezes atados ao politicamente correcto e aos interesses  quase corporativistas dessa mesma classe que se auto-alimenta, premeia e subsidia vitaliciamente. E o descontentamento não está expresso nas escolhas de quem com mais ou menos vontade ou dever clubístico vai votar em partido A ou B, mas sim na maioria, nos abstencionistas, nos que, à moda do Sérgio Conceição, se têm cagado para esta classe politica, previsível e incapaz de limpar as fossas da nossa sociedade e dos seus sistemas. Os deputados do sistema não gostam de André Ventura pois temem que uma grande parte dessa massa abstencionista se lembre que, mal por mal, talvez valha a pena votar no CHEGA porque se um André incomoda muita gente, vários andrés incomodarão mais.

Assim sendo, os Andrés Venturas e os Chegas terão sempre campo vasto para lavrar e combustível para queimar enquanto a tal classe política politicamente correcta não for capaz de dar respostas a muitas das questões e problemas que importam às pessoas.

Por tudo isso, estão há muito a pôr-se a jeito. Lá isso estão!

13 de dezembro de 2019

Conservadoramente....


Dos resultados eleitorais há sempre várias leituras de forma a virar-se o bico ao prego e, regra geral, nisso os políticos são experts. Deve fazer parte do curso. Mas nas eleições de ontem no Reino Unido, parece óbvio que os Trabalhistas foram penalizados por terem andado nos últimos 3 anos a brincar com o Referendo a favor do Brexit e a brincar aos referendos pois quando um não agrada há que fazer outro e assim por diante, como por tentativas até que a coisa agrade.

Feito isto, e apesar das nuances do sistema eleitoral local que de algum modo desvirtua a representatividade, parece claro que a maioria do povo britânico, para lá da compreensível votação no partido do nacionalismo escocês, voltou a referendar a saída da Comunidade Europeia. O que isso vai significar, de mais positivo ou mais negativo quer para o Reino Unido, quer para o resto da Europa, depois se verá, mas certamente que a vida continuará para além do Brexit. Se as coisas correrem bem para os da ilha de sua majestade, não tarda a que na Europa surjam outros "desertores".

Com esta esmagadora vitória de Boris Jhonson, de algum modo Theresa May deve ter feito um  valente manguito ao cinzento Jeremy. -Tanta birra, para isto...para sair de frosques.

Já agora, quanto à minha posição sobre o Brexit: Nem a favor nem contra, antes pelo contrário!

25 de novembro de 2019

25 de Novembro de 1975

Assinalam-se hoje 44 anos do 25 de Novembro de 1975, o golpe que pôs fim ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), estabelecendo condições para a democracia pluralista.

E se há quem queira celebrar esta data, reivindicando até um feriado nacional, outros, mais conotados com os golpistas de 25 de Novembro, nomeadamente a extrema-esquerda, preferem não comemorar. Mesmo o PS, então, por Mário Soares, um dos oponentes ao rumo para uma ditadura de esquerda, tem adoptado uma postura de "nem sim nem sopas", não pretendendo ferir susceptibilidades à sua esquerda, já que vêm aí lutas para as quais precisa do seu apoio.

Para muitos, o 25 de Novembro de 1975, foi mesmo o início do processo democrático e dele emergiram as figuras dos então tenentes-coronéis Jaime Neves e Ramalho Eanes, que tiveram papel determinante ma oposição ao golpe militar, sendo que este último  veio posteriormente a ser presidente da República.

Até então, e desde o 25 de Abril de 1974, vivia-se num "banho maria" revolucionário e não faltava no seio do MFA (Movimento das Forças Armadas) quem quisesse levar o país para uma ditadura, já não de direita, derrubada, mas de esquerda.

Esta questão da importância da data do 25 de Novembro só não tem sido tão generalizada e mesmo celebrada porque ainda mexe com resquícios desses tempos e deles ainda anda por aí muita gente, incluindo os golpistas e seus apoiantes. Até o presidente Marcelo, no seu low-profile parece não querer mexer na "coisa" com receio de soltar maus cheiros, amaciando com um salomónico "...ninguém deve apropriar-se das datas".

Assim sendo, que não se mexa na dita cuja.

11 de novembro de 2019

No correr dos dias...

Luís Montenegro oficializou, ontem em Lisboa, a sua candidatura à presidência do PSD. O discurso que se esperava, já com ganas de conquistar Câmaras e Juntas, mas ouvi-lo falar e criticar as divisões no partido é metaforicamente como ouvir a raposa a pregar moralidade no galinheiro.

Sendo certo que o actual presidente Rui Rio já assumiu que vai de novo a eleições, Montenegro, louve-se-lhe a coragem, vai enfrentar a decisão do eleitorado social-democrata, indo mais além dos  bitaites.

A coisa poder-lhe-á correr bem, pois poderá, ou não, e isto porque em disputas eleitorais há esse "inconveniente" que, a par da possibilidade de vitória, é a possibilidade de se sair derrotado, embora há os que filosoficamente pregam que só é derrotado quem se esquiva da luta. Por conseguinte, o mesmo se aplica a Rui Rio e a outros mais concorrentes que se venham a perfilar, e parece que por ora são três. 

Em tudo isto, maior do que o risco de Montenegro vir a perder, e voltamos a dizer que pode ganhar, é o risco para alguns dos seus ilustres apoiantes; alguns deles tendo já perdido com consequências a aposta no "cavalo errado" (Santana Lopes), se vierem a perder de rajada uma segunda aposta a coisa pode ficar (Monte)negra. Aí, caso aconteça, serão "obrigados" a remeter-se a palcos secundários e refrear ou adiar as suas ambições políticas e confinar o poder a coisas menores. Alguns, sem o lastro adequado, peões e escudeiros menores, serão varridos definitivamente de cena. Se, pelo contrário acertarem no apoio, e desta vez o "cavalo" for o certo, aí, esperam, serão readmitidos e logo que se abra a janela da oportunidade, lá estarão. Mas isto para ambos os lados das hostes. De resto, o habitual nas lutas internas partidárias.

Em todo o caso, mais importante que o desfecho da eleição interna e se o vencedor será o Bilhas ou Rio, ou outro, importará ao PSD definir definitivamente o seu rumo sob pena de vir a perder identidade e expressão de forma irrecuperável. Aos militantes caberá essa decisão de optar pela luta e desfragmentação constantes ou por uma paz,  uma verdadeira unidade sem discursos de raposas nos galinheiros ou de "caças às bruxas".

Como é luta que sigo como outsider - embora com opinião, a minha - ...que se entendam.

21 de outubro de 2019

Pedro "Lambreta" Soares


"Para se coçar os "tomates" não é preciso tirar as calças"

Poderá não ser um provérbio que se aplique entre gente de boa moral, mas tem em si toda uma carga de verdade.
Mas perguntarão: - E onde tem aplicação?

Assim de repente, na recente notícia de que o centrista Pedro Mota Soares, que ficou famoso por ir de Vespa à tomada de posse de ministro da Solidariedade, Trabalho e da Segurança Social, no Governo do PSD-CDS, ter assumido a liderança da Associação dos Operadores de Comunicações Electrónicas (Apritel) para o triénio 2019-2022. 

De acordo com nota distribuída à imprensa, o ex-deputado do CDS diz que assume o cargo "... com grande entusiasmo, dedicação e sentido de compromisso, com o objectivo de contribuir para destacar a importância social e económica do sector das comunicações electrónicas em Portugal já que elas vão ser a chave para a economia e a sociedade do futuro e, por isso, é fundamental reforçar o diálogo com todos os 'stakeholders' do sector e elevar a associação ao patamar de interlocutor indispensável em todas as matérias relativas às comunicações electrónicas".

Dito e feito desta maneira, será de pensar que Pedro Mota Soares é um expert em comunicações electrónicas. Mas onde raio terá tido tempo e espaço para nelas se tornar profissional, já que no alto dos seus 45 anos (nasceu em 1974) tem estado ligado à carreira política desde os 25 anos e pouco tempo terá tido sequer para exercer advocacia de carreira quanto mais especializar-se em algo ligado ao sector das comunicações electrónicas?

Mas a resposta é bem simples: Foi um político e governante e é desses que as empresas ou associações gostam e querem. Exemplos não faltam, desde saídas para a banca e empresas com ligações ou interesses na máquina do Estado.

Vá lá saber-se porquê, mas como para se coçar os ditos cujos, não é necessário baixar as calças ou mesmo as cuecas, também não será preciso muito para que um político vá para líder ou administrador de uma qualquer coisa sem que para ela esteja vocacionado.O Soares, apesar de novo, é apenas mais um.

Em todo o caso, vamos, de boa fé, acreditar que ele é mesmo um experimentado génio nessa tal coisa de comunicações electrónicas.

13 de outubro de 2019

A aventura do Ventura

Não faz o meu estilo, nem de discurso nem de conteúdo, mas confesso que me surpreende a animosidade de alguns sectores e figuras públicas para com André Ventura, o recém eleito deputado à Assembleia da República pelo partido ou movimento "Chega". 

Desde registos de personalidades tidas como sérias a humoristas, parece que é de bom tom desancar no Ventura e na força política que representa. E mais surpreendente, ou talvez não, é que esta animosidade que em tudo se parece com preconceito, seja de autoria de quem se pavoneia ter toda a moral para lutar contra os preconceitos, nomeadamente de alguma extrema-esquerda.

Mas pergunta-se: O homem caiu de pára-quedas na Assembleia da República, ou colocado por ligações familiares a membros do Governo ou foi lá posto por milhares de portugueses que usaram uma coisa chamada legitimidade democrática com voto expresso em urna eleitoral? Afinal de que têm medo os nossos "democratas" e alguma esquerda caviar? Democracia não é isto mesmo? Ter pontos de vista antagónicos, mesmo que deturpados à luz dos nossos modelos e padrões?

Deixem-se, pois, de preconceitos porque à custa deles é que o homem está eleito e porventura daqui a quatro anos não estará sozinho, mas com mais quatro, cinco ou dez correlegionários. E se em muito a dita extrema direita tem crescido um pouco por toda a Europa é precisamente porque em sentido contrário há uma extrema esquerda neo-moralista em que tudo que se mexa fora do seu círculo é rotulado como fascista, racista, xenófobo e outros mimos que tais. 

Continuem assim e Trumps, Bolsonaros, Venturas e outros bem-aventurados, cada vez ganham mais espaço, eleições e presidências, sem ditaduras ou sem golpes de estado, apenas pele voto no contexto democrático. Depois chamem-lhe nomes ou mesmo populistas.

7 de outubro de 2019

Eleições Legislativas 2019 - Surpreendentemente sem surpresas

As sondagens, nomeadamente quanto a resultados eleitorais, são isso mesmo, sondagens. Todavia, a verdade é que na generalidade dos casos e quando devidamente realizadas com os critérios e requisitos técnicos correctos, apresentam valores muito próximos daqueles que depois se concretizam. 

Neste sentido, quando fecham as urnas e mais do que isso, quando fecham as contagens dos resultados finais oficiais, os números são mais ou menos os previstos. Daí, há muito que deixou de haver o factor surpresa, pelo menos as grandes surpresas, e tal voltou, no nosso entendimento, a acontecer, quer quanto à mais que prevista vitória do PS, como quanto ao PSD a perder mas longe da hecatombe pre-anunciada, bem como a perda significativa do CDS, aumento do PAN e mesmo a entrada de pequenos partidos. As sondagens desde cedo "disseram isso".

Com esta realidade, nem nova nem surpreendente, prevê-se uma continuação do mesmo tipo de governação porque ao PS, gorada a expectativa da maioria absoluta, voltará a precisar de apoio que se afigura como mais natural à esquerda. Será uma geringonça versão 2. Esperemos que com os mesmos resultados positivos,  mas com menos carga fiscal, directa e indirecta e mais eficiência nos serviços de educação  saúde, mais investimento público, menos cativações e menos casos como os de Tancos e tantos outros que apesar da sua gravidade não fizeram mossa em quem na hora de escolher optou por Costa e seus pares. 

Siga!

2 de outubro de 2019

Plataforma Recuperar Freguesias

Tem circulado por aí um panfleto originário de uma designada Plataforma Nacional Recuperar Freguesias, na qual a nossa freguesia de Guisande terá aderido. 

Lendo o panfleto, percebe-se que há um princípio objectivo de  apelo ao voto útil nos partidos de esquerda em cujos programas eleitorais às Legislativas do próximo Domingo, 6 de Outubro constem orientações no sentido de repor a situação da extinção de freguesias decorrentes da "Lei Relvas", ou pelo menos no sentido de corrigir erros dela resultantes. 
Pelo que li, será o Bloco de Esquerda a ter uma posição mais generalista e de acordo com a vontade das populações e não de critérios e requisitos que não são mais que filtros para manter tudo na mesma. Mesmo o PCP tem uma posição semelhante.

Numa segunda versão do panfleto, talvez porque apelar a alguém de direita a votar em partidos de esquerda não venha a acolher o apoio da generalidade dos eleitores, agora a orientação da Plataforma, pelo menos no que se refere a Guisande, é no apelo ao voto em branco. 

Mesmo tendo feito parte do executivo inicial da nossa união de freguesias, fui e sou, obviamente, pela reposição das freguesias e de modo particular da de Guisande, ou mesmo, não sendo possível voltar à anterior situação, pelo menos uma correcção da composição da actual união de freguesias onde nos integramos, porque objectivamente é desequilibrada e que em seis anos, apesar do esforço, dedicação e vontade de alguns,  não mostrou o mínimo de eficácia nem resultou em vantagens administrativas nem mais valias no serviço de proximidade às pessoas. 
O saldo tem sido francamente negativo, por isso a dar razão a todos quantos de forma individual ou organizada pretendem a reposição e do respeito pelas freguesias afectadas. E quando se fala em freguesias nãos se fala de algo abstracto, mas de comunidades e de pessoas, unidas socialmente por factores e dinâmicas assentes em história e em cultura e delas em identidade.

Em todo o caso, creio que esta iniciativa e propósito da referida Plataforma, tendo o seu valor, pouco ou nenhum impacto terão Se algum impacto importa, o boicote puro e simples será mais eficaz e porventura mediático. Votar em branco, nada acrescentará ao que se pretende e tenderá a passar despercebido. 

Por sua vez, o tal voto útil, sobretudo no BE e PCP é uma opção legítima, que muitos seguirão, mas de efeitos práticos pouco prováveis já que são sempre partidos que por si só pouco peso terão nos propósitos que defendem. 

De resto, pela posição ambígua do PS, atente-se no que aconteceu recentemente com a reprovação  dos projectos de lei apresentados pelo Bloco de Esquerda na Assembleia da República, tendo os documentos sido rejeitados na generalidade com votos do CDS, PSD e do próprio PS, tendo o voto favorável de BE, PCP, PEV e do deputado socialista António Cardoso, este o promotor da petição pela desagregação de Pigeiros da União das Freguesias de Caldas de S. Jorge e Pigeiros.

Não sei se por isso ou se também por isso, certo é que o ainda deputado do Partido Socialista terá sido afastado da lista do círculo de Aveiro, o que se lamenta pois demonstrou coerência e fidelidade aos anseios da população neste processo de reposição da freguesia de Pigeiros, bem como no geral representou condignamente o nosso concelho enquanto deputado da República. É com pena que vejo que António Cardoso ficou de fora da lista. Sai, naturalmente a perder o concelho da Feira.

Mas esta questão, a de quem entre ou sai das listas, é obviamente um jogo de interesses e influências e de quem está do lado certo da onda ou certeiro na aposta do cavalos certo nas corridas internas dos partidos  nomeadamente nas estruturas concelhias e distritais. É um assunto que passa ao lado da generalidade das pessoas não militantes, mas que decorre de verdadeiras lutas entre correlegionários. Há quem ganhe e há quem perca. É certo que sendo lutas internas se poderá pensar que no final ficam todos amigos e a remar no mesmo sentido, mas na prática não é assim e as cicatrizes são mais que muitas e no interregno vão sendo delineadas estratégias de assalto ao poder e afiados os punhais. 

Coisas da política.

30 de setembro de 2019

Malhar em ferro frio


Confesso que relativamente à campanha para as Legislativas marcadas para o próximo Domingo, 6 de Outubro, vou "consumindo" o que me é servido pelos média, televisão, rádio e jornais. Confesso igualmente que estou na casa dos duplamente  indecisos: Ir ou não votar e indo, a quem entregar a cruzinha.

Em todo o caso, o que não é novidade, com o aproximar da data e pelo facto dos números que as sondagens vão ditando não agradarem  a uns e a outros, mesmo que por motivos diferentes, o discurso tende a inflamar e de uma parte procura-se meter o dedo em certas feridas, como o caso de Tancos, na berlinda dos dias, e do outro procura-se passar pelo fogo sem qualquer chamusco.

Parece-me, todavia, que o PS tem reagido de forma dura mas algo despropositada porque as questões colocadas à sua direita fazem na realidade pelo menos algum sentido e não vejo que sejam julgamentos, apenas interrogações óbvias e legítimas num quadro político. Houve ou não conhecimento, envolvimento e encobrimento e se sim, qual a responsabilidade e ilacções políticas. 

Pois claro, nesta altura do jogo não convém ir à casa de banho sob risco de se escorregar, mas impunha-se uma clarificação com coerência e sentido de Estado e não seria difícil fazê-lo. Ao contrário, pelas obreiras Carlos César e Augusto Santos Silva, entre outros, saiu a defesa da colmeia, com respostas / ataques duros. Do ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, não surpreende, já que está na linha da sua célebre frase de 2009 de que "Gosto de malhar na Direita". Já Carlos César, a caminho de uma reforma dourada, também está na linha do camarada Jorge Coelho quando algures por 2001 dizia que "quem se mete com o PS, leva!.

Por outro lado, Augusto Santos Silva acusa a Direita de pretender colocar as instituições do Estado na lama, o que não deixa de ser irónico já que Azeredo Lopes, ex ministro da Defesa, e um dos envolvidos no caso de Tancos, terá acusado, mesmo que em entrelinhas, o Ministério Público de "conspiração e ataque políticos" contra o partido". Esta posição de resto, mesmo que não assumida por quem anda no andor da procissão da campanha, dizem os média que, em "off", colhe a mesma opinião no PS.
Ora o Ministério Público não pode ter uma agenda em função da da política e de alguma maneira "acusar" a instituição de "conspiração ou de ataque político" é grave. Mas o Ministro dos Negócios Estrangeiros, no seu low profile, diz que a lama anda no outro lado da barricada. Efeitos de perspectiva.

Por sua vez, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa têm, e bem, procurado minimizar e passar ao lado  quanto baste da fogueira, até porque a sua assinatura no relatório final  do inquério em sede de Comissão Parlamentar ao caso de Tancos, em que branqueia o papel do Governo e de Azeredo Lopes, pode vir a fazer mossa, mas se fizer, que seja mais à frente. 

Como se vê, políticos aguerridos. Mas também é verdade que Rui Rio não tinha necessidade de mexer no cócó já que este cheirava mal o suficiente e os portugueses não militantes não são anjinhos nem mentecaptos a ponto de não perceberem os contornos e gravidade do assunto e das respectivas conclusões e consequências políticas: Se relevantes a ponto de condicionarem o sentido de voto, se apenas "lana caprina".

Assim, este clima não ajuda em nada o esclarecimento e troca de ideias e ideais e desde logo para a melhoria da imagem geral classe política, que é baixa. Não havia necessidade.

Está ainda por vir o dia em que as campanhas eleitorais não tenham estes ingredientes no caldeirão. O contrário é que seria surpreendente.

17 de setembro de 2019

Rui Costa em debate com António Rio


No debate de ontem na televisão, Rui Rio pareceu-me muito bem e uns bons pontos acima de António Costa, mesmo que este numa posição de quem sabe que está em vantagem nas sondagens.

Todavia, hoje em dia, mais do que no passado, as eleições e os seus resultados decidem-se muito em função do antes parecer que ser e neste palco Rui Rio dificilmente ganhará vantagem porque o seu estilo de frontalidade e desprendimento dos truques e manha politiqueira e demagógica não lhe permite dançar como virtuoso nesse folclore.

Apesar de Rui Rio me parecer bem melhor, no geral foi um debate em que as diferenças de fundo nunca foram substanciais a ponto de o Rio poder ser o Costa e vice-versa.

Creio, contudo, que os debates pouco ajudam a decidir eleições mas apenas para pasto de quem vive do comentário e da análise, tal qual como quem disseca um jogo de futebol (no fundo, o que estamos aqui a fazer). Na hora da verdade, poucos querem saber das reformas estruturais e do jogo dos números e estatísticas, investimento e desenvolvimento e demais panaceias do discurso político. 

No geral o voto decide-se por quem no final do mês tem mais 4 ou 5 euros na reforma ou no vencimento, mesmo que o disperse nos múltiplos impostos indirectos, desde logo no combustível e em tantos outros bens e serviços, agravados pelo actual Governo.

A generalidade do eleitorado não militante e clubista, vota quase sempre em função do sentimento de que as coisas estão melhores ou piores. E convenhamos que não estando melhores de forma substancial, o sentimento é de que já estiveram piores e o facto de ter sido numa legislatura condicionada por um quadro de ajuda externa e controlo da troika, certo é que poucos lhe dão importância e nem lhes serve de desculpa o contexto de quem foi obrigado a cortar para resolver desmandos de anteriores.

Assim pode-se (posso) concluir que o sentimento do eleitorado não obedece tanto a questões de consistências programáticas ou estruturais para o futuro e num contexto de bem comum, mas apenas para o presente e se para o futuro, apenas o amanhã, mas acima de tudo num quadro individual.


[foto: JN]

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

29 de julho de 2019

Monte do Viso - Ante-Projecto "Nova Face"


Com maior ou menor interesse, de um modo generalizado todos reconhecemos no Monte do Viso e na sua respectiva zona envolvente à Capela de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e edifício da Escola Primária, actualmente integrado no Centro Cívico do Centro Social S. Mamede de Guisande, um dos locais mais aprazíveis da freguesia e palco comunitário de muitas iniciativas  de índole recreativo, cultural e religioso, incluindo a nossa maior festividade popular, a qual dentro de dias, já no próximo fim-de-semana, volta a ter lugar.

Todavia, o arraial ou parque do Monte do Viso, apesar do empenho depositado nele por várias juntas de freguesia e indiferença de outras, como a anterior e a actual, é fruto de uma dinâmica de interesses colectivos e singulares que não é de agora, nem das duas últimas décadas, mas bem mais de trás. 

Neste contexto, muitos já estarão esquecidos, mesmo os mais velhos, mas toda a reformulação do arranjo do Monte do Viso tal como o conhecemos na actualidade, a partir do seu aspecto anterior, tal como vemos parcialmente na foto acima, datada de 1982, tem as suas raízes numa ideia apresentada em 1986 na Assembleia e à Junta de Freguesia de então, encabeçada pelo Sr. Manuel Alves, pelo jovem deputado Rui Giro em representação da lista  FJI - Força Jovem Independente que, recorde-se, concorreu às Eleições Autárquicas de 1985 e 1989.

Essa ideia traduzia-se num ante-projecto designado de "Monte do Viso - Nova Face", cujo esquema de apresentação (reproduzido abaixo) foi publicado no jornal "O Mês de Guisande" em Novembro de 1987, cuja capa abaixo se estampa.



É certo que a solução que veio a desenvolver-se não seguiu à risca a ideia plantada no ante-projecto (nem era isso que se pretendia), que desde logo previa uma circulação marginal e envolvente, ao arraial, mas dela nasceu o interesse colectivo pela importância de dar uma nova face a esse bonito local. e fazer dele uma das nossas salas de visita.

A ideia foi bem recebida tanto pela Junta como pela Assembleia de Freguesia e depois disso foi também envolvida a Câmara Municipal, a qual veio a dar seguimento ao levantamento topográfico,  estudo e projecto. As juntas de freguesia seguintes, lideradas por Rodrigo de Sá Correia, Manuel Ferreira e Celestino Sacramento corporizaram essa ideia e aos pouco o parque chegou à configuração actual, conforme foto área abaixo. De resto, o arraial até já esteve com melhor aspecto, pois já com alguns ano decorridos notam-se naturalmente os desgastes nas pavimentações, coreto e jardins. As obras de conservação  nunca tiveram lugar e as pedras da calçada vão por ali andado ao rebolo. 

No nosso entendimento e no da FJI de então, a solução adoptada não foi a melhor e isso comprova-se pelo constrangimento viário que se verifica em dias de eventos no local. Por outro lado, o percurso da capela até ao fundo do monte deveria ser directo e apenas pedestre e não misto, com uma transição mal conseguida. Adoptou-se uma solução com menos arruamento e mais zona de parque,é certo, mas na altura mandou quem podia e quem pode manda, mesmo que mal. 

Mesmo na actualidade podia-se melhorar os aspectos de circulação com uma postura de trânsito em sentido único a envolver a Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna e Rua de Santo António, mas tal obrigaria à sua requalificação, com alargamentos e pavimentações e o poder local agora organizado numa mistura incaracterística de freguesias, cada uma a olhar para o seu próprio umbigo, não tem estado para aí virado, apesar de na Rua de Santo António, a nascente da capela, os proprietários terem chegado a acordo para ceder terreno para o alargamento o que em muito beneficiaria o local e a circulação, sobretudo em dias de eventos, tanto mais que mesmo que a meio gás,  por ali vai estando de portas abertas o Centro Cívico. 



De lá para cá, as juntas que se sucederam não deram importância ao local e as obras estagnaram e muito há a fazer. De minha parte, enquanto membro da Junta, elenquei o local como palco de intervenção e requalificação, mas, para meu desalento e decepção, sem êxito. Fala-se, agora, que estão previstas intervenções nos pavimentos e passeios, mas o mandato vai a meio e para já nada, nem sequer limpeza. Mas haja esperança porque o dinheiro quando não se gasta deve andar por algures.

Mas estas são histórias que já não são lembradas e seria bom que procurássemos saber a origem das coisas e das suas raízes. E esta do arraial do Monte do Viso tem uma, ou mesmo várias. Por aqui, aos poucos, vamos tentando contá-las, a quem interessar.

27 de maio de 2019

Ooooops! Acabei por não votar!


É verdade! Acabei por não votar para o Parlamento Europeu. De resto como a larga e esmagadora maioria, a rondar os 70%, dizem.
Parece que na secção de voto em Guisande venceu o PSD, por 41 votos de diferença para o PS, mas na União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande venceu o PS, como de resto em todas as demais freguesias no concelho de Santa Maria da Feira, com excepcção da União de Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior, em que venceu o PSD.

A nível nacional, como se esperava, a vitória do PS em todos os distritos excepto em Vila Real. Nos Açores só deu PS e na Madeira, a excepção que confirma a regra, quase só deu PSD. Mesmo com um cabeça-de-lista fraquinho, deu para o PS chegar folgado, com o PSD e CDS a perderem gás. Tudo indica que em Outubro será mais do mesmo, mesmo que com os protagonistas de agora já acomodados nos seus confortáveis assentos de Estrasburgo e Bruxelas. Em todo o caso eram apenas figuras secundárias, quase marionetas de um discurso e campanha centrados sobre o país e não sobre a Europa, como se impunha.

É escusado fazer leituras e interpretações porque elas são demasiado óbvias. Por mim, confesso, nem os muitos partidos e coligações concorrentes despertaram o mínimo interesse por esta coisa da Europa. Nem mesmo o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua mensagem de véspera, conseguiu colmatar esse desinteresse. Pode ser apenas a minha leitura, mas o professor, tentando, não fez mais que tratar a larga maioria abstencionista como uma cambada de iletrados e irresponsáveis, desconhecedores dos perigos do abstencionismo. Também ele pareceu ignorar que em grande parte a abstenção resulta de uma descrença na Europa tal como ela nos é apresentada e sobretudo num descrédito nos habituais partidos e seus representantes. É certo que, como disse, a escolha era ampla e diversificada, mas não disse, porque não ficava bem dizer, que nem sempre a quantidade é qualidade.

Feitas as contas, elas, as contas, fazem-se sempre à volta dos principais e habituais partidos. O resto é um conjunto de siglas e pessoas, algumas certamente com boas intenções e que até tiveram algum protagonismo na campanha, mas logo após os resultados desaparecem na sua insignificância percentual. Desses, apenas esperei, talvez pelo carisma do fundador, um pouco mais do Aliança, mesmo sabendo que está a começar a caminhada. Mas a coisa já não vai lá com carismas nem mesmo sendo de Pedro Santana Lopes, talvez por já não surpreender. Mas, pelo menos, pareceu-me ser coerente no discurso da desilusão.

Rui Rio também foi pragmático quanto baste, recusando fazer leituras onde elas não existiam, assumindo o fracasso nos objectivos traçados. Infelizmente, este pragmatismo e frontalidade, que se reconhecem a Rio, também já não casam bem na nossa política porque o povo no geral dá-se bem com os habilidosos e as suas habilidades. No fundo, como no título de um certo filme, "engana-me, que eu gosto", ou como cantava a Ana lá pelos idos dos anos 80, "Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti".

Ainda quanto à esmagadora abstenção, sobretudo para esta circo político das Europeias, ela continuará por estes níveis, ou mesmo a aumentar, enquanto os partidos e os políticos não perceberem o seu real  significado, porque ela não é só composta por gente preguiçosa e com compromissos agendados de ida à praia, à festa ou a casamentos e baptizados, ou simples e puramente desinteressada da coisa pública, mas essencialmente por gente que já não acredita nos partidos e nos políticos, pelo menos na configuração que teimam em manter, e que percebem que votar em A, B ou C vai dar exactamente ao mesmo. Sobretudo, que a Europa e o projecto europeu é essencialmente uma coisa de políticos, burocratas e tecnocratas. O povo, esse andará sempre a seu  toque de caixa.
Creio que a abstenção só vai merecer uma séria atenção quando os políticos caírem no ridículo de serem os únicos a votar neles próprios. É um exagero, obviamente, mas seria engraçado.

20 de maio de 2019

Banana Joe e outras semi breves

Tenho cá para mim que as audições em sede de Comissões Parlamentares, sobretudo as que procuraram ouvir figuras do mundo empresarial e bancário, só têm servido para os inquiridos fazerem de parvos os portugueses, em geral, e os deputados, em particular. Figuras e posturas como as do recente Joe Berardo, com estatuto de Comendador, são um retrato fiel desse gozo, desse ar de intocabilidade. Ora o gozo e a risada de escárnio ora a perda de memória e outras amnésias fazem deles figuras tristas e cómico-dramáticas.
Deste modo, esta gente não tem emenda nem tem quem os emende e por isso, nada podendo fazer o português comum para mudar este estado de coisas, mesmo que a Catarina Martins diga que o meu voto vale tanto quanto o do patrão da Jerónimo Martins, resta-me aplicar a velha máxima de que "lavar a cabeça a burros dá trabalho e  gasta sabão." Mas fazia falta um verdeiro Joe, o Banana, distribuir por essa gentinha umas valentes coças. Infelizmente, Bud Spencer já não não faz filmes nem já anda por cá para os pôr na linha.


O Benfica lá conquistou o 37º título do nosso futebol maior. Reconheço que com algum esporádico benefício de erros de arbitragem, de resto como é costume acontecer para os chamados "grandes", e deles também  beneficiou em muito o F.C. do Porto ao longo desta época, o campeonato ficou decidido pelo facto do F.C. do Porto não ter conseguido impor-se ao Benfica nos jogos entre si. Tivesse vencido no jogo caseiro a poucas jornadas do final da competição e a equipa azul-branca teria ganho distância pontual e anímica mais que suficiente para conquistar folgadamente o bi-campeonato. Não o tendo feito nem sido capaz, por mais que procure agora desvalorizar o mérito do Benfica, como naquela história da raposa para com as uvas que não conseguiu comer, e como é apanágio da casa, não se livra desse ónus. Ficava-lhe bem  reconhecer a sua culpa e incapacidade.
Para além de tudo, mais que um novo título, a reconquista do Benfica tem uma importância acrescida num ano em que supostamente, por uma "santa aliança" entre F.C. do Porto e Sporting, foi despoletado um vendaval de suspeitas, de divulgação criminosa de correspondência privada, alegadamente contendo esquemas de favorecimento e controlo da arbitragem, com os chamados casos dos "emails" e "toupeiras". Afinal de contas, parece que mesmo tendo sido posta a nú toda a "marosca", dizem, independentemente do que os processos em sede judicial possam vir a revelar, os efeitos das "santa aliança" parecem, para já, ter sido um tiro no pé, ou até mesmo saído pela culatra.
Mas, como é um capítulo ainda em aberto, a ver vamos.


A propósito da conquista de mais um título de futebol pelo Benfica, o nosso presidente da república, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou os parabéns ao clube mas fê-lo justificando-se por também, em iguais circunstância o ter já feito aos outros clubes no passado.
Seria necessária esta justificação? Teve medo de quê ou de quem? Não quis ofender algumas virgens ou ferir susceptibilidades, destas que desencadeiam ondas de choque nas redes sociais?
Não gostei desta falta de pragmatismo do nosso presidente e o problema é que tem acontecido com mais frequência. Por vezes é preferível pragmatismo ao populismo.


Para o próximo Domingo, 26 de Maio, parece que há eleições para o parlamento Europeu. Dizem, os políticos, que são importantes. Sendo que cada um lhe dá a importância que quer, ao acto, por mim dou pouca ou de forma muito relativa, porque todos os actores candidatos às boas benesses de um assento confortável em Estrasburgo, da esquerda à direita, me parecem fraquinhos e todos falam como se cada um por si possa mudar os destinos da velha Europa, perigosamente escancarada e de cócoras. 
Pelo que vou vendo, os principais candidatos falam, falam, mas no fundo falam todos no sentido de que a Europa deva continuar escancarada e de cócoras, aberta à penetração fácil de culturas e fundamentalismos que não se enraízam, antes parasitam. A velha máxima de que "à terra onde fores ter faz como vires fazer" já não tem aplicação nesta Europa demasiado vulnerável,  até mesmo, num certo sentido, prostituída.

6 de maio de 2019

Desgraças engraçadas

A politica é engraçada e os políticos, porque seus protagonistas, engraçados. Alguns até malabaristas. Por exemplo, agora com este recente caso da ameaça de auto-demissão do Governo, a propósito do assunto do descongelamento das carreiras dos professores. O primeiro-ministro António Costa, na sequência da posição dos demais partidos na Assembleia sobre o assunto, disse à imprensa “Entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República e Presidente da Assembleia da República que a aprovação final global desta iniciativa parlamentar, forçará o Governo a apresentar a sua demissão”, disse António Costa, em conferência de imprensa.

Confesso que para além do que entretanto fui vendo, lendo e ouvido, e das razões ou não razões das partes, e nem creio que a classe dos professores tenha mais razões que todos os demais portugueses e como tal direito a tratamento diferenciado, parece-me uma fraca peça teatral levada à cena pelo Governo e António Costa e, desde logo, porque em devido tempo usou e justificou a legitimidade da maioria parlamentar para formar um Governo mesmo não tendo vencido as eleições e agora parece fazer um drama pela "ilegitimidade" de uma posição que decorre, ela também, de uma maioria parlamentar.

Pela análise pessoal, percebendo que em Outubro próximo o PS não obterá a maioria, e que a "coligação" ou apoio de esquerda não terá pernas para andar num próximo Governo, nomeadamente porque o Bloco de Esquerda e o PCP a partir de agora, e ultrapassada a questão do Orçamento, e até às eleições querem o devido distanciamento e definir territórios próprios, António Costa considera que será preferível um "golpe de teatro" com a adequada dramatização que levando mesmo a eleições antecipadas pode colher frutos mais saborosos bem como no imediato para as eleições europeias, já que os indicadores e os "especialistas" vão prognosticando que a sua campanha não está a correr bem, de resto o que se percebe com um cabeça-de-lista "fraquinho".

Mas é ver no que vai dar, principalmente agora que os principais acusados pelo Governo, o CDS e o PSD têm vindo a público clarificar e "desmistificar" os contornos e condições do apoio ao tal descongelamento das carreiras dos profs, parecendo, pelo que dizem, menos "dramático", pelo menos a ponto de justificar a encenação do "drama" e da ameaça de demissão.

A ver vamos, mas a política e os políticos são engraçados.

29 de março de 2019

Falta de memória


Recordo-me, como se hoje fosse, da nota de 20 escudos, a verdinha do S.to António, que havia recebido de prenda de um familiar, que negligentemente perdi lá pelos idos dos anos 70, algures numa brincadeira de índios e cow-boys. Na altura uma pequena fortuna.

Por estes dias, porém, na Comissão Parlamentar à Caixa Geral de Depósitos, nem Carlos Costa, ex-administrador do referido Banco e actual governador do Banco de Portugal, nem Vitor Constâncio, o seu antecessor, se lembram, têm memória ou recordam-se de situações, de sinais e créditos ruinosos desbaratados no valor de largos milhões de euros, passando literalmente ao lado das suas funções e responsabilidades. 
Por aqui, creio que cargos desses, de Carlos Costas e Vitores Constâncios, mais valia serem ocupados por elefantes, pois estes, mesmo que andem de trombas, têm pelo menos o crédito de terem boa memória. E ficariam muito mais baratos pois em vez de largos milhares mensais contentar-se-iam com uns amendoins e uns repolhos. Quanto à competência para o cargo, não faria muita diferença, conhecida que é a inteligência dos quadrúpedes.

São, pois, estas algumas das figuras com responsabilidades nesse buraco sem fundo da banca portuguesa da última década, que inocente e despudoradamente apregoam a sua memória curta como se a importância disso se resuma à perda de uma notita de vinte escudos, coma  diferença de que, pela minha parte, nunca mais perdi a memória disso. E já lá vão quase cinquenta anos. 

19 de fevereiro de 2019

Bolachas Confiança

Parece que por estes dias vai haver uma moção de censura ao Governo de António Costa, a ser apresentada no parlamento pelo CDS. Sabe-se de antemão que, tal como na primeira apresentada pelo partido de Assunção Cristas, qual será o resultado desta moção, mesmo que o PSD tenha anunciado que, apesar de apenas de forma simbólica, votará ao lado dos centristas. Por conseguinte, o PS e partidos da esquerda que apoiam o Governo vão reunir forças e votar contra.

Sem querer fazer análise política dos prós e contras desta moção de censura, creio que tem razão quanto à importância de servir para clarificar a posição dos partidos à esquerda do PS, Bloco e PCP. Ora estes foram dos primeiros a anunciar a derrota da moção. 

O país está afundado em greves, como nunca se viu e as coisas parecem levar um rumo apenas virado para o presente e futuro imediato. O BE e o PCP estão ao lado dos grevistas e sindicatos, criticam forte e feio o Governo e a Europa, mas na hora de aflições lá estão fiéis ao lado de António Costa a proteger-lhe as costas. Ora isto é uma arrelia para a esquerda porque a mais ou menos oito meses das eleições legislativas de Outubro próximo conviria que cada um já lutasse apenas por si. Com esta moção vão ter que reafirmar o apoio ao Governo que lhes conviria criticar. Uma chatice. Como uma mosca que não faz mossa mas incomoda. 

A política afinal não é mais que um jogo de gato e rato e por vezes o gato gosta apenas de dar baile ao rato e vice-versa. Visto de fora é engraçado, sendo que no final de todas as contas, mesmo sem se comerem literalmente um ao outro estão ambos gordinhos e bem de vida e bem instalados no parlamento. Por isso, é tudo um faz de conta, da esquerda à direita.

Nós, de fora, somos meros espectadores, a assistir, com a agravante de ter que pagar bilhete.


18 de janeiro de 2019

Travessias


Já votei ao centro, à direita e à esquerda e até em coisa nenhuma, e continuo ainda a achar que esta discriminação de posicionamento partidário resulta apenas de uma prática histórica iniciada algures no pós-revolução francesa e que em rigor não tem qualquer valor. Apenas semântica. Há, pois, valores que não são exclusivo da direita ou da esquerda e por isso na politica o que importará são as ideias e os projectos e a qualidade das pessoas a eles associadas e que juntos correspondam ao que acreditamos ser o melhor para nós próprios, para os nossos e para a sociedade. Movimento e ordem são importantes, mas pouco se um sem a outra.

Tudo isto para dizer que não sou militante de coisa nenhuma mas militante de ideias, valores, projectos e pessoas. Neste não posicionamento clubístico, procuro ver estas coisas  da politica com o distanciamento possível, incluindo esta situação recente vivida no PSD, em que o seu líder Rui Rio em resposta ao posicionamento de Luís Montenegro, dito notável do partido, convocou o seu Conselho Nacional para se sujeitar a uma moção de confiança. Foi já no alvor da manhã de hoje que se soube que Rui Rio passou na moção, merecendo a confiança da larga maioria dos conselheiros, com percentagem até reforçada comparativamente à das eleições directas de há um ano. Clarificada esta questão, julga-se, o líder clama agora por tranquilidade e que o deixem trabalhar.

Todavia, visto de fora, não me parece que vá ter tranquilidade, até porque as vozes contra são muitas e mostram um ressabiamento que já vem do antes da vitória inequívoca nas anteriores eleições directas.
Montenegro, que quem o melhor conhece diz não ser grande "rifa", de resto na linha dos políticos com muita prosápia mas pouca substância, ainda o líder mal tinha acabado de ser empossado e contra ele já se levantava dizendo que ia estar por aí. Por isso adivinhava-se que a travessia do deserto do menino Luís seria curta, apenas até que lhe desse ganas de confrontar e desafiar o chefe, em resumo no momento em que achasse mais adequado. Assim, a meio do jogo, como as jogadas não lhe estavam a agradar, decidiu desafiar Rio a recomeçar o jogo e a submeter-se a uma nova equipa, bem ao jeito do tempo da escola em que o menino rico quando estava a perder decidia parar o jogo, formar a sua equipa com os melhores e voltar a começar o jogo a zeros.

Em todo o caso, Luís Montenegro e seus pares adeptos de golpes palacianos até podem ter razões quanto à estratégia de Rui Rio e da sua aparente fraca oposição à geringonça, mas pretender mudar as regras do jogo e questionar e desafiar a liderança legitimada por eleições directas, não é coisa que fique bem na fotografia. Mas é lá com eles. De resto, como as coisas estão, mesmo com uma liderança "mais forte e mais incisiva"  ao gosto do Montenegro e parceiros, o mais certo é que não seja suficiente para destronar Costa e seus pares nos próximos actos eleitorais. Porque é ciclíco e porque gostamos de rebuçados, pelo menos enquanto os não enjoarmos.

Finalmente, creio que de facto Rui Rio tem um grande ou mesmo enorme handicap contra ele e que lhe pode ser fatal nas eleições que aí vêm, e que reside no facto de ser um político objectivo e sério, coisa que, mesmo não generalizando, não casa bem com a classe política. A esse nível ganhariam mais, ele o partido, se fosse mais astuto, mais demagogo, mais antes parecer do que ser. Ora esse é de facto um grande problema até porque nós, portugueses, por mais que os tenhamos em baixa estima, temos uma predisposição para apostar nos políticos mais polítiqueiros, com tudo o que de pernicioso possam ter. 

20 de dezembro de 2018

O estado do Estado


Rui Rio, secretário geral do PSD, recorreu por estes dias a um ditado e a uma quadra populares para retratar a governação de António Costa apoiada pelos parceiros Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Quanto ao provérbio, ou aforismo, diz que o actual Governo tem enganado os portugueses "vendendo gato por lebre".
Quanto à quadra, "rouba-a" a António Aleixo:“Para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade.” 

É certo que Rui Rio, a quem lhe é reconhecida assertividade, fala, todavia, no sentido que lhe convém falar, porque é líder do maior partido da oposição. Todavia, há no uso desta "sabedoria" popular alguma verdade ou, para quem pretenda fazer um retrato menos clubístico da coisa, pelo menos contém situações que dão que pensar. Isto porque, por um lado, é indesmentível que tem havido uma melhoria geral da situação económica e social do país, nomeadamente com a redução do desemprego, reposição de alguns cortes anteriores e retoma de algum poder de compra, ou pelo menos uma maior predisposição para o consumo, mesmo que no geral andemos a reboque da conjunctura internacional e europeia. Mas em contrapartida e por outro lado, assiste-se a sinais que, recorrendo novamente à sabedoria popular,  são autênticos "gatos escondidos com rabo de fora". E não é só no aumento brutal dos impostos indirectos, a electricidade e combustíveis mais caros da Europa, mas também as cativações cegas que têm limitado e mesmo colocado em suspenso muitas e muitas situações que têm a ver com a Saúde, Educação e Estado Social. Como exemplo prático e que nos diz respeito, a situação do Centro Social S. Mamede de Guisande que mesmo depois de ver aprovado o contrato programa com a Segurança Social e a partir dele a sustentabilidade mínima para o funcionamento da instituição, depois de muitos impasses, viu o mesmo ser arquivado por falta de verba, sujeitando-o a uma nova candidatura e dela a mesma incerteza. Como a nossa associação, muitas por este país fora.

Para além de tudo, temos comprovadamente um Estado que tem dado provas de não assegurar a segurança dos cidadãos. Os casos de Pedrógão Grande e dos incêndios de 2017, os casos dos furtos de armas em Tancos e na PSP, o abatimento trágico da estrada em Borba e agora as falhas no processo de busca e socorro das vítimas da queda do helicóptero do INEM, são apenas alguns exemplos mais mediáticos da falha do Estado e das suas instituições, mas muito mais há e  são evidentes a degradação e desinvestimento em sectores importantes como os transportes, hospitais, educação, etc.

Para além do mais, têm duplicado as greves no funcionalismo público, algumas de impacto fatal para a vida dos portugueses, como a greve dos enfermeiros e com ela o adiamento de cirurgias, mesmo num contexto de supostas reposições de direitos e regalias. Mesmo a greve dos estivadores do Porto de Setúbal dizem muito da precariedade ainda não resolvida por mais que apregoada. Dizem os média que as greves duplicaram mas a ter em conta os anúncios do que aí virá, a coisa vai triplicar ou mesmo quadruplicar até ao final do mandato. Manifestam-se professores, magistrados, enfermeiros, médicos e tudo quanto é empregado do Estado. Que se saiba, ninguém se manifesta em greve por estar satisfeito com a governação, ou será apenas um oportunismo de classes que veem neste Governo uma porca de 18 tetas a quem se pode chorar por mama? Ou um pouco de ambas as coisas? 

Assim vamos andando e não me custa a acreditar que se as eleições legislativas fossem já no próximo mês, António Costa correria o sério risco de ser prendado com uma maioria. Nós, os portugueses, no geral, somos boas pessoas e de bem e não nos importamos nada de ser enganados, desde que com mestria e um sorriso.
Há, pois, muitas dúvidas a pairar no ar e situações concretas a merecer pelo menos uma reflexão do que temos e podemos vir a ter.  Mas o mal de tudo, é que não há muito por onde escolher e rematando com outro provérbio, "quem está no inferno está por conta do diabo".

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