17 de setembro de 2019

Rui Costa em debate com António Rio


No debate de ontem na televisão, Rui Rio pareceu-me muito bem e uns bons pontos acima de António Costa, mesmo que este numa posição de quem sabe que está em vantagem nas sondagens.

Todavia, hoje em dia, mais do que no passado, as eleições e os seus resultados decidem-se muito em função do antes parecer que ser e neste palco Rui Rio dificilmente ganhará vantagem porque o seu estilo de frontalidade e desprendimento dos truques e manha politiqueira e demagógica não lhe permite dançar como virtuoso nesse folclore.

Apesar de Rui Rio me parecer bem melhor, no geral foi um debate em que as diferenças de fundo nunca foram substanciais a ponto de o Rio poder ser o Costa e vice-versa.

Creio, contudo, que os debates pouco ajudam a decidir eleições mas apenas para pasto de quem vive do comentário e da análise, tal qual como quem disseca um jogo de futebol (no fundo, o que estamos aqui a fazer). Na hora da verdade, poucos querem saber das reformas estruturais e do jogo dos números e estatísticas, investimento e desenvolvimento e demais panaceias do discurso político. 

No geral o voto decide-se por quem no final do mês tem mais 4 ou 5 euros na reforma ou no vencimento, mesmo que o disperse nos múltiplos impostos indirectos, desde logo no combustível e em tantos outros bens e serviços, agravados pelo actual Governo.

A generalidade do eleitorado não militante e clubista, vota quase sempre em função do sentimento de que as coisas estão melhores ou piores. E convenhamos que não estando melhores de forma substancial, o sentimento é de que já estiveram piores e o facto de ter sido numa legislatura condicionada por um quadro de ajuda externa e controlo da troika, certo é que poucos lhe dão importância e nem lhes serve de desculpa o contexto de quem foi obrigado a cortar para resolver desmandos de anteriores.

Assim pode-se (posso) concluir que o sentimento do eleitorado não obedece tanto a questões de consistências programáticas ou estruturais para o futuro e num contexto de bem comum, mas apenas para o presente e se para o futuro, apenas o amanhã, mas acima de tudo num quadro individual.


[foto: JN]