17 de setembro de 2019

Justiça castiça


Na qualidade de testemunha de um simples processo judicial, tinha sido notificado há cerca de dois meses e meio para hoje comparecer em audiência no Tribunal Cível da Feira. Não soube por quem fui indicado, se pela parte do autor, se do réu, ou de qualquer outra iluminada figura. Ninguém me deu a mínima satisfação.

Faltei ao  trabalho, perdi tempo e tive gastos, para além do desconforto de ser testemunha em algo que nada tem a ver comigo. 

Depois da habitual chamada e algum tempo de espera, a audiência foi desmarcada por falta de qualquer formalismo.

Em suma, um cidadão livre e de folha limpa e que cumpre com rigor os seus compromissos com a máquina do Estado, é tratado como um simples pião, como um simples número de nove algarismos. 
O sistema judicial no seu melhor (pior), a brincar com o tempo das pessoas. 

Como dizia ontem o Dr. Rui Rio, a propósito e também em contexto de Justiça, a interrogar "que moralidade tem este sistema ou esta democracia em julgar e criticar o Estado Novo quando diariamente se constatam atropelos à lei e justiça ?

É certo que o caso em questão é quase irrelevante e um assunto de alecrim e manjerona, que até se podia resolver à moda do João Soares, mas, quando nada temos a ver e a haver com a questão, arrelia como pedra no sapato e formiga no umbigo.

Fica-se, assim, arreliado, neste limbo, à espera de nova notificação, nova audiência e, quiçá, novo adiamento. Tic tac tic tac...