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21 de setembro de 2020

A egiptóloga candidata a presidenta


Considero que Cavaco Silva foi um fraco presidente da República, fraquinho, cinzento e amorfo quanto baste. De resto de um presidente da nossa República, nunca se esperam grandes feitos, porque limitados a pouco mais que corta-fitas e câmaras de eco dos quadrantes que os elegem. Abraços, beijinhos e condecorações a quem vença uma corrida de mota ou corrida de saco, são o lado popularucho que se pode acrescentar, como tem feito o cidadão/presidente Marcelo que tem tido a capacidade de manter de chama acesa o namoro com o primeiro ministro, a ponto deste não ir de amores com a camarada Ana Gomes. Nem mesmo uns aguaceiros os separam porque há um guarda-chuva pronto a partilhar.

Apesar disso, mesmo a contra gosto dos demais, porventura a figura mais famosa de Boliqueime, teve a "ousadia" de se ver eleito três vezes primeiro ministro e duas presidente da República, obtendo, reconheça-se, votações ímpares na história da nossa democracia.

Ora, não comparando perfis e posições ideológicas entre alguém, como a inestimável Ana Gomes, que se lhe refere publicamente, mesmo que de forma indirecta, de "múmia paralítica", e um qualquer extremista ou burgesso do Chega, a diferença parece-me pouca para não dizer, nenhuma. Há limites para a mal criação e ordinarice e Ana Gomes,  parece não ter percebido nem encaixou que o Cavaco, mesmo que bem ou mal, por mais que a azedasse e lhe revirasse a bílis, governou legitimado pelo voto maioritário de milhões de portugueses. Pelo menos por esses, os milhões de portugueses, merecia algum decoro no trato, tanto mais que se candidata, creio eu, a presidente de todos eles.

11 de setembro de 2020

Ah Leão...


O homem ainda não aqueceu o lugar do Centeno, mas dizer na mesma entrevista que ao nível do desemprego o pior está para vir e simultaneamente que o salário mínimo nacional deve ter um aumento com "significado", é uma coisa extraordinária senão paradoxal. 

Não me quer parecer que com as empresas a encerrarem, a falirem ou a dispensarem funcionários, porque "doentes" e daí o "pior que está para vir", estejam em contexto de poderem aumentar com "significado" o salário mínimo. É como esperar que uma vaca magra encha o canado de leite para farta quinzena.

Parece de todo um paradoxo, este o do ministro João Leão, mas vamos a ver no que dá. Afinal leão que se preze sabe apanhar gazelas e outros inocentes animais.

10 de setembro de 2020

Coerência

A propósito da questão da discutida reposição das freguesias, libertando-as da reles reforma administrativa parida pelo Relvas, diz o PCP - Partido Comunista Português, que as freguesias  “...são o primeiro patamar do poder local democrático” ... essencial para o combate à desertificação e às assimetrias regionais.Louve-se esta coerência e análise do PCP que pretende propor na Assembleia da República a reposição das freguesias extintas sendo essa a vontade das suas populações. 

Nesta questão da supressão das freguesias, PSD-CDS fizeram merda da grossa e o PS vai cagando baixinho sem sabermos se está obstipado ou de caganeira.

8 de setembro de 2020

2 + 2 = 4

O Costa, o nosso ministro primeiro, lá veio para a comunicação social avisar que: "Não podemos repetir o confinamento. O país não aguenta". Só mesmo o Costa para nos dizer que 2 + 2 são quatro. Sozinhos não chegávamos lá.

Todavia, sendo que é uma verdade `"la palisse", não deixa de ser paradoxal e mesmo irónica porque na realidade e em bom rigor o país já não aguentou o primeiro confinamento. Desemprego, falência de empresas, perdas de rendimento, resseção económica, aumento do défice, aumento da dívida pública, etc, etc, . Enfim, um autêntico desastre perpetrado pela classe política com a carneirada a obedecer de mansinho.

Mas as grandes trapalhadas estão agora a começar, desde já com as tais regras da DGS, nomeadamente para as escolas. Como disse alguém, mandar parar o país, fechar escolas e empresas, foi fácil. O difícil é agora reabrir com organização e sem trapalhadas.

Mas, e esta é uma frase batida, "somos mais que merecedores deste tipo de políticos". Mas, pelo menos que não nos façam de anjinhos.

[foto: expresso]

1 de setembro de 2020

O Tiririca

O Costa, o António, nosso ministro primeiro, lá vem de novo com o fantasma e ameaça de crise política, caso os seus já habituais parceiros da esquerda não lhe façam as vontades.

Nitidamente o homem  não se dá bem quando o contrariam e como num filme do Charlot, é tudo em tons de cinza. Mas ao contrário do cómico do bigodinho e chapéu de coco, não tem piada nenhuma porque nunca ninguém gostou de meninos birrentos. Como diria, e bem, Jerónimo Martins, líder do PCP, abanar essa bandeira da "crise política" ainda antes das negociações do próximo orçamento, já é um mau princípio.

Em todo o caso, creio que  a dita "crise política" é apenas um eufemismo para enganar tolos, porque em democracia não há lugar para esses maus humores. Ou um Governo tem condições para governar, por maioria absoluta ou por acordo parlamentar, ou então, se não, não governa e há lugar a novas eleições e delas surgirá um novo Governo, mesmo que seja mais do mesmo como a pescadinha com o rabo na boca.

Portanto, qual o problema? Mais custos com eleições? Pois claro, mas quanto a isso o povo já está habituado a esses encargos, porque a democracia, imagine-se, tem custos.

Assim sendo, que se aguente e mostre o que vale em tempo de vacas magras, mesmo que com o leite a jorrar da gorda teta da UE, ou então, desista e venha o próximo. Em caso de novas eleições, pode até reforçar a sua posição, mas mesmo assim, como dizia o Tiririca, pior do que está, não fica. Por outro lado, aplica-se também o velho rifão popular " Para melhor está bem, está bem; Para pior já basta assim".

24 de julho de 2020

Quanto mais o chegam para lá, mais ele chega para cá



Já o escrevi por aqui, não será pelo meu voto que o CHEGA e o seu André Ventura terão qualquer protagonismo político neste país, mas também terei dito que a forma como tem sido combatido, igualmente com posições de intolerância política e posicionamentos extremistas, é precisamente o que lhe está a dar força. Se mesmo com vários tiros nos próprios pés e com uma imprensa a canalizar-lhe um combate cerrado, o Ventura e o Chega chegam aos 7%, igualando, imagine-se a esquerda moralista dos novos bons costumes, como será se conseguir ser mais adulto e menos radical em algumas das suas posições? É certo que as sondagens valem o que valem, dizemos sempre, mas esta elaborada pela Universidade Católica para a RTP e jornal Público, dá indicações do que de facto pode vir a acontecer em próximas eleições.

Por conseguinte, ponham-se a jeito, continuem a fazer-se valer de extremismos em vez de posições mais condizentes com a realidade do país e depois queixem-se e venham para aqui partilhar capas da Sábado e da Visão, petições públicas para sua abolição e outros flash-backs. Depois apanham estes "pontapés nos tomates". É que deve doer.

Ainda ontem, li na imprensa, que um qualquer artista de 39 anos, com cadastro, perseguiu e violou sob ameaça de facalhão uma mulher de 41 anos, sua vizinha. Imagine-se, o juiz já o libertou. Espero que enquanto esteve a aplicar as medidas de coacção, a torturante apresentação diária às autoridades, não estivesse sob o efeito de um qualquer anestesiante oral. É destas coisas que o Chega se alimenta, e se só fosse só por isto, convenhamos, com toda a razão.

Como diria o guru da pandemia, "Tenham senso".

29 de junho de 2020

Os extremismos gostam de caviar

Se depender do meu voto, André Ventura e o seu Chega não terão qualquer relevância política neste nosso Portugal. 
Apesar disso, parece-me que pela negativa lhe tem sido dado demasiado protagonismo e mesmo a forma como alguns opinion makers e sectores da nossa política e alguma da imprensa adocicada pelos apoios estatais o têm considerado ou desconsiderado, com posições reveladores de um forte extremismo e mesmo laivos de muita intolerância e discriminação, nomeadamente por parte de uma certa esquerda caviar que se considera a detentora da ortodoxia ideológica. 

Esta certa esquerda tem sido ela própria extremista e preconceituosa e paradoxalmente tem sido o suprimento de gás que vai enchendo o balão do populismo do Chega. O Ventura pode ter os tiques de muita coisa negativa e condenável, mas também partilha os defeitos e demagogia comuns à  nossa classe política, da esquerda à direita, mas pelo menos, parece-me, não se tem esquivado numa farsa do politicamente correcto, com que muitos pretendem moldar a nossa sociedade, com os seus julgamentos facciosos da História, verdadeiros mestres no toque de Midas, fazendo de merda ouro, mostrando-se alérgica no que toca a chamar os bois pelos nomes. 

Ora quem tem ajudado o Ventura e o seu Chega a ganhar algum arrasto,  pelo menos para já nas sondagens, é precisamente quem está farto desta gosma política de gente muito moralista quanto aos valores dos direitos, liberdades e garantias, mas com uma tendência do caralho para esquecer as obrigações, as responsabilidades, a lei, a ordem e a disciplina, ignorando que aqueles valores só têm sentido se acompanhados por estes. Quem come a carne também tem que provar os ossos. Quem quer respeito tem que respeitar. Quem quer direitos não pode fugir aos deveres. Quem quer liberdade não pode relevar a disciplina e dispensar a ordem. Afinal quem tem medo destes equilíbrios?

Assim, em resumo e como aviso à navegação, continuem com essa abordagem extremista, com as vossas piadolas ofensivas, vão para manifs e antifs extremifs derrubar estátuas e partir montras que os Venturas e os Chegas agradecem. Depois chamem-lhes nomes feios, que ele gosta.

11 de junho de 2020

Foge, Mário!


A propósito da saída do Governo de Mário Centeno, ministro das Finanças, o primeiro-ministro António Costa contextualizou para justificar o abandono  que "...a vida é feita de ciclos e que por isso compreendia e respeitava a decisão do seu ministro".
Não deixa de ser verdade o que disse António Costa, mas esqueceu-se que na política e sobretudo num Governo, os ciclos são determinados por legislaturas e por compromissos assumidos para com o país e os eleitores. Ora definir o términus de um ciclo quando ainda não está decorrido um ano sobre a tomada de posse do actual executivo, convenhamos que assim os ciclos são quando cada um quiser e o compromisso é uma mera balela, sobretudo quanto não há motivos fortes e pessoais que o justifiquem bem como aparentemente também não de incompatibilidades políticas e de confiança até porque a saída foi anunciada com beijinhos e abraços entre Centeno e Costa.

Mas adiante. Certo é que este desfecho estava já anunciado pelas entrelinhas e sobretudo depois do disse-que-não disse sobre a injecção de milhões no Novo Banco.
Confesso que não tenho grande opinião técnica sobre o ministro em saída. Foi mais um.

Do apelidado "Ronaldo das Finanças", a percepção que eu, e muitos entendidos, têm de Mário Centeno, é que foi sobretudo o "ministro das cativações" e daí não surpreende que se vanglorie pelo tal excedente orçamental histórico. De resto falar num excedente orçamental soa a ridículo quando sabemos o valor da dívida pública. É como estarmos a fazer contas a poupanças ignorando a quem devemos. Mas, ok, linguagem técnica.

Neste contexto de cativações, em que vários sectores do Estado sofreram fortes impactos, como o SNS - Serviço Nacional de Saúde, faz-me lembrar uma história que por cá se conta sobre um certo rapazola, já reformado, que terá muitas economias, não porque tenha tido grandes empregos nem seja reformado da função pública ou de antigas edps, cps e telecoms, mas porque, simplesmente, fazia uma vida de forreta e de pendura. Dizem, até, que ainda terá guardada a nota de 500 escudos que terá recebido de prenda da comunhão solene. Ora este Centeno, de algum modo, mostrou ter estes dotes da poupança, no que é positivo, pois claro, poupar é preciso, mas não de uma forma quase obsessiva, retendo e cativando em quase todos os ministérios, inviabilizando e adiando obras e investimentos. 

Trazendo a coisa para o nosso contexto, é quase seguro dizer-se que o facto de o nosso Centro Social de S. Mamede de Guisande ainda não estar a funcionar plenamente devido à tal falta do acordo de cooperação com a Segurança Social resulta disso mesmo, de adiamento de anteriores decisões tomadas porque sem a disponibilidade de verbas, tudo porque o abaixamento do défice tornou-se uma obsessão para lá mesmo do tal limite dos 3%.

A meu ver, Mário Centeno sai precisamente num momento e num contexto em que o Governo e o país mais precisariam. É pena e de algum modo uma desilusão. Mas há quem prefira abandonar o barco  enquanto está calminho, antes da tempestade chegar ao cais.

Foge, Mário!

19 de abril de 2020

A democracia é um canivete suíço.


Eu não sei se partidos e figuras como o CHEGA e André Ventura vão subir nas intenções de voto com o contexto da pandemia e das crises que dela já veio e virão. É assunto que me merece tanta preocupação como saber quem vai ser o campeão do nosso futebol. Mas sei, ou pelo menos parece-me na minha modesta opinião, que se sim, figuras e personalidades como as de Ferro Rodrigues têm dado um importante contributo. O homem tem feito pela vida para que cheguemos todos para lá.

Em todo o caso, como o recado que o nosso presidente da Assembleia da República não resistiu a dar a um representante do CDS, que se mostrava contrário à cerimónia presencial da celebração do 25 de Abril, é apenas a democracia a funcionar e  a cerimónia vai ter lugar, doa a quem doer, porque a maioria dos deputados assim o determinou. 

Nada, pois, a obstar. Afinal, Ferro Rodrigues, como Trump, Bolsonaro e outros que tais, podendo estar em lados opostos e com funções diferenciadas, são frutos da mesma democracia, na mesma dose de cretinice ou no mesmo extremismo. Como num canivete suíço, mostram diferentes garras mas acomodam-se todos, aconchegadinhos no mesmo corpo.

23 de dezembro de 2019

Sem rodriguinhos...

Goste-se ou não do André Ventura e, por arrasto, do seu CHEGA, há aspectos do seu discurso que parecem óbvios. Muito do que ele diz, mesmo que temperado exageradamente com o molho"isto é uma vergonha", é de facto algo que incomoda os habituais residentes da Assembleia da República, porque são, numa analogia com o que acontece por vezes no futebol, e sobretudo de proximidade como o de salão, como umas boladas certeiras nos tomates, em que os atingidos ficam a eles agarrados num misto de ridículo, dor e incapacidade de reacção. 

Que o diga Ferro Rodrigues, que apesar do seu apelido metálico, mostrou-se sensível às boladas certeiras, mostrando-se dorido dos seus tintins, a ponto de pretender que o André Ventura desvie a pontaria. Ora Ferro por acaso até já sabe do que é pontapear adversários,  pois na anterior oposição fartou-se de rematar boladas certeiras nos tomates de Passos Coelho e seu Governo, precisamente invocando a "vergonha". já para não falar dos tiros certeiros apanhados em escutas telefónicas no âmbito do já silenciado caso "Casa Pia" que o deixam muito mal na fotografia de moral e credibilidade.

Muito do que o André Ventura diz e defende, não agrada, de todo, à maioria da restante Assembleia, porque está a tornar-se a pedra no sapato, o cabelo no esparguete, o grão de areia na engrenagem, a cagadela de pulga no colarinho. Por isso, os pregadores e moralistas da tolerância e inclusão, têm dado bons exemplos disso ao ostracizar o deputado do Chega como se pensar e dizer diferente seja um mal da sociedade, como se o extremismo de direita seja diferente do de esquerda e vice-versa. Nada que o incomode pois já disse que não está na Assembleia para fazer amigos.

A nossa classe política do politicamente correcto não gosta das verdades ditas tão frontalmente, pois não, e o que o Ferro Rodrigues fez, sem rodriguinhos, foi tentar abafar a coisa, castrando a liberdade de palavra e expressão. Pessoalmente, sem me rever em muito do que diz e defende o André Ventura, acho que a palavra vergonha deve ser dita tantas quantas vezes for necessária e se justificar e que todos aqueles meninos de coro que há longos anos habitam o Palácio de S. Bento são tudo menos virgens, muito menos a ponto de se ofenderem. 

Não surpreende, pois, que as sondagens digam que se as eleições fossem hoje o Chega teria muitos mais votos e mesmo mais deputados. Isto porque o populismo pode ser ele próprio e apenas assente numa fácil demagogia mas em larga medida corresponde aos problemas que as pessoas identificam e que sentem que a classe politica do status quo não lhe dá resposta porque muitas vezes atados ao politicamente correcto e aos interesses  quase corporativistas dessa mesma classe que se auto-alimenta, premeia e subsidia vitaliciamente. E o descontentamento não está expresso nas escolhas de quem com mais ou menos vontade ou dever clubístico vai votar em partido A ou B, mas sim na maioria, nos abstencionistas, nos que, à moda do Sérgio Conceição, se têm cagado para esta classe politica, previsível e incapaz de limpar as fossas da nossa sociedade e dos seus sistemas. Os deputados do sistema não gostam de André Ventura pois temem que uma grande parte dessa massa abstencionista se lembre que, mal por mal, talvez valha a pena votar no CHEGA porque se um André incomoda muita gente, vários andrés incomodarão mais.

Assim sendo, os Andrés Venturas e os Chegas terão sempre campo vasto para lavrar e combustível para queimar enquanto a tal classe política politicamente correcta não for capaz de dar respostas a muitas das questões e problemas que importam às pessoas.

Por tudo isso, estão há muito a pôr-se a jeito. Lá isso estão!

13 de dezembro de 2019

Conservadoramente....


Dos resultados eleitorais há sempre várias leituras de forma a virar-se o bico ao prego e, regra geral, nisso os políticos são experts. Deve fazer parte do curso. Mas nas eleições de ontem no Reino Unido, parece óbvio que os Trabalhistas foram penalizados por terem andado nos últimos 3 anos a brincar com o Referendo a favor do Brexit e a brincar aos referendos pois quando um não agrada há que fazer outro e assim por diante, como por tentativas até que a coisa agrade.

Feito isto, e apesar das nuances do sistema eleitoral local que de algum modo desvirtua a representatividade, parece claro que a maioria do povo britânico, para lá da compreensível votação no partido do nacionalismo escocês, voltou a referendar a saída da Comunidade Europeia. O que isso vai significar, de mais positivo ou mais negativo quer para o Reino Unido, quer para o resto da Europa, depois se verá, mas certamente que a vida continuará para além do Brexit. Se as coisas correrem bem para os da ilha de sua majestade, não tarda a que na Europa surjam outros "desertores".

Com esta esmagadora vitória de Boris Jhonson, de algum modo Theresa May deve ter feito um  valente manguito ao cinzento Jeremy. -Tanta birra, para isto...para sair de frosques.

Já agora, quanto à minha posição sobre o Brexit: Nem a favor nem contra, antes pelo contrário!

25 de novembro de 2019

25 de Novembro de 1975

Assinalam-se hoje 44 anos do 25 de Novembro de 1975, o golpe que pôs fim ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), estabelecendo condições para a democracia pluralista.

E se há quem queira celebrar esta data, reivindicando até um feriado nacional, outros, mais conotados com os golpistas de 25 de Novembro, nomeadamente a extrema-esquerda, preferem não comemorar. Mesmo o PS, então, por Mário Soares, um dos oponentes ao rumo para uma ditadura de esquerda, tem adoptado uma postura de "nem sim nem sopas", não pretendendo ferir susceptibilidades à sua esquerda, já que vêm aí lutas para as quais precisa do seu apoio.

Para muitos, o 25 de Novembro de 1975, foi mesmo o início do processo democrático e dele emergiram as figuras dos então tenentes-coronéis Jaime Neves e Ramalho Eanes, que tiveram papel determinante ma oposição ao golpe militar, sendo que este último  veio posteriormente a ser presidente da República.

Até então, e desde o 25 de Abril de 1974, vivia-se num "banho maria" revolucionário e não faltava no seio do MFA (Movimento das Forças Armadas) quem quisesse levar o país para uma ditadura, já não de direita, derrubada, mas de esquerda.

Esta questão da importância da data do 25 de Novembro só não tem sido tão generalizada e mesmo celebrada porque ainda mexe com resquícios desses tempos e deles ainda anda por aí muita gente, incluindo os golpistas e seus apoiantes. Até o presidente Marcelo, no seu low-profile parece não querer mexer na "coisa" com receio de soltar maus cheiros, amaciando com um salomónico "...ninguém deve apropriar-se das datas".

Assim sendo, que não se mexa na dita cuja.

11 de novembro de 2019

No correr dos dias...

Luís Montenegro oficializou, ontem em Lisboa, a sua candidatura à presidência do PSD. O discurso que se esperava, já com ganas de conquistar Câmaras e Juntas, mas ouvi-lo falar e criticar as divisões no partido é metaforicamente como ouvir a raposa a pregar moralidade no galinheiro.

Sendo certo que o actual presidente Rui Rio já assumiu que vai de novo a eleições, Montenegro, louve-se-lhe a coragem, vai enfrentar a decisão do eleitorado social-democrata, indo mais além dos  bitaites.

A coisa poder-lhe-á correr bem, pois poderá, ou não, e isto porque em disputas eleitorais há esse "inconveniente" que, a par da possibilidade de vitória, é a possibilidade de se sair derrotado, embora há os que filosoficamente pregam que só é derrotado quem se esquiva da luta. Por conseguinte, o mesmo se aplica a Rui Rio e a outros mais concorrentes que se venham a perfilar, e parece que por ora são três. 

Em tudo isto, maior do que o risco de Montenegro vir a perder, e voltamos a dizer que pode ganhar, é o risco para alguns dos seus ilustres apoiantes; alguns deles tendo já perdido com consequências a aposta no "cavalo errado" (Santana Lopes), se vierem a perder de rajada uma segunda aposta a coisa pode ficar (Monte)negra. Aí, caso aconteça, serão "obrigados" a remeter-se a palcos secundários e refrear ou adiar as suas ambições políticas e confinar o poder a coisas menores. Alguns, sem o lastro adequado, peões e escudeiros menores, serão varridos definitivamente de cena. Se, pelo contrário acertarem no apoio, e desta vez o "cavalo" for o certo, aí, esperam, serão readmitidos e logo que se abra a janela da oportunidade, lá estarão. Mas isto para ambos os lados das hostes. De resto, o habitual nas lutas internas partidárias.

Em todo o caso, mais importante que o desfecho da eleição interna e se o vencedor será o Bilhas ou Rio, ou outro, importará ao PSD definir definitivamente o seu rumo sob pena de vir a perder identidade e expressão de forma irrecuperável. Aos militantes caberá essa decisão de optar pela luta e desfragmentação constantes ou por uma paz,  uma verdadeira unidade sem discursos de raposas nos galinheiros ou de "caças às bruxas".

Como é luta que sigo como outsider - embora com opinião, a minha - ...que se entendam.

21 de outubro de 2019

Pedro "Lambreta" Soares


"Para se coçar os "tomates" não é preciso tirar as calças"

Poderá não ser um provérbio que se aplique entre gente de boa moral, mas tem em si toda uma carga de verdade.
Mas perguntarão: - E onde tem aplicação?

Assim de repente, na recente notícia de que o centrista Pedro Mota Soares, que ficou famoso por ir de Vespa à tomada de posse de ministro da Solidariedade, Trabalho e da Segurança Social, no Governo do PSD-CDS, ter assumido a liderança da Associação dos Operadores de Comunicações Electrónicas (Apritel) para o triénio 2019-2022. 

De acordo com nota distribuída à imprensa, o ex-deputado do CDS diz que assume o cargo "... com grande entusiasmo, dedicação e sentido de compromisso, com o objectivo de contribuir para destacar a importância social e económica do sector das comunicações electrónicas em Portugal já que elas vão ser a chave para a economia e a sociedade do futuro e, por isso, é fundamental reforçar o diálogo com todos os 'stakeholders' do sector e elevar a associação ao patamar de interlocutor indispensável em todas as matérias relativas às comunicações electrónicas".

Dito e feito desta maneira, será de pensar que Pedro Mota Soares é um expert em comunicações electrónicas. Mas onde raio terá tido tempo e espaço para nelas se tornar profissional, já que no alto dos seus 45 anos (nasceu em 1974) tem estado ligado à carreira política desde os 25 anos e pouco tempo terá tido sequer para exercer advocacia de carreira quanto mais especializar-se em algo ligado ao sector das comunicações electrónicas?

Mas a resposta é bem simples: Foi um político e governante e é desses que as empresas ou associações gostam e querem. Exemplos não faltam, desde saídas para a banca e empresas com ligações ou interesses na máquina do Estado.

Vá lá saber-se porquê, mas como para se coçar os ditos cujos, não é necessário baixar as calças ou mesmo as cuecas, também não será preciso muito para que um político vá para líder ou administrador de uma qualquer coisa sem que para ela esteja vocacionado.O Soares, apesar de novo, é apenas mais um.

Em todo o caso, vamos, de boa fé, acreditar que ele é mesmo um experimentado génio nessa tal coisa de comunicações electrónicas.

13 de outubro de 2019

A aventura do Ventura

Não faz o meu estilo, nem de discurso nem de conteúdo, mas confesso que me surpreende a animosidade de alguns sectores e figuras públicas para com André Ventura, o recém eleito deputado à Assembleia da República pelo partido ou movimento "Chega". 

Desde registos de personalidades tidas como sérias a humoristas, parece que é de bom tom desancar no Ventura e na força política que representa. E mais surpreendente, ou talvez não, é que esta animosidade que em tudo se parece com preconceito, seja de autoria de quem se pavoneia ter toda a moral para lutar contra os preconceitos, nomeadamente de alguma extrema-esquerda.

Mas pergunta-se: O homem caiu de pára-quedas na Assembleia da República, ou colocado por ligações familiares a membros do Governo ou foi lá posto por milhares de portugueses que usaram uma coisa chamada legitimidade democrática com voto expresso em urna eleitoral? Afinal de que têm medo os nossos "democratas" e alguma esquerda caviar? Democracia não é isto mesmo? Ter pontos de vista antagónicos, mesmo que deturpados à luz dos nossos modelos e padrões?

Deixem-se, pois, de preconceitos porque à custa deles é que o homem está eleito e porventura daqui a quatro anos não estará sozinho, mas com mais quatro, cinco ou dez correlegionários. E se em muito a dita extrema direita tem crescido um pouco por toda a Europa é precisamente porque em sentido contrário há uma extrema esquerda neo-moralista em que tudo que se mexa fora do seu círculo é rotulado como fascista, racista, xenófobo e outros mimos que tais. 

Continuem assim e Trumps, Bolsonaros, Venturas e outros bem-aventurados, cada vez ganham mais espaço, eleições e presidências, sem ditaduras ou sem golpes de estado, apenas pele voto no contexto democrático. Depois chamem-lhe nomes ou mesmo populistas.

7 de outubro de 2019

Eleições Legislativas 2019 - Surpreendentemente sem surpresas

As sondagens, nomeadamente quanto a resultados eleitorais, são isso mesmo, sondagens. Todavia, a verdade é que na generalidade dos casos e quando devidamente realizadas com os critérios e requisitos técnicos correctos, apresentam valores muito próximos daqueles que depois se concretizam. 

Neste sentido, quando fecham as urnas e mais do que isso, quando fecham as contagens dos resultados finais oficiais, os números são mais ou menos os previstos. Daí, há muito que deixou de haver o factor surpresa, pelo menos as grandes surpresas, e tal voltou, no nosso entendimento, a acontecer, quer quanto à mais que prevista vitória do PS, como quanto ao PSD a perder mas longe da hecatombe pre-anunciada, bem como a perda significativa do CDS, aumento do PAN e mesmo a entrada de pequenos partidos. As sondagens desde cedo "disseram isso".

Com esta realidade, nem nova nem surpreendente, prevê-se uma continuação do mesmo tipo de governação porque ao PS, gorada a expectativa da maioria absoluta, voltará a precisar de apoio que se afigura como mais natural à esquerda. Será uma geringonça versão 2. Esperemos que com os mesmos resultados positivos,  mas com menos carga fiscal, directa e indirecta e mais eficiência nos serviços de educação  saúde, mais investimento público, menos cativações e menos casos como os de Tancos e tantos outros que apesar da sua gravidade não fizeram mossa em quem na hora de escolher optou por Costa e seus pares. 

Siga!

2 de outubro de 2019

Plataforma Recuperar Freguesias

Tem circulado por aí um panfleto originário de uma designada Plataforma Nacional Recuperar Freguesias, na qual a nossa freguesia de Guisande terá aderido. 

Lendo o panfleto, percebe-se que há um princípio objectivo de  apelo ao voto útil nos partidos de esquerda em cujos programas eleitorais às Legislativas do próximo Domingo, 6 de Outubro constem orientações no sentido de repor a situação da extinção de freguesias decorrentes da "Lei Relvas", ou pelo menos no sentido de corrigir erros dela resultantes. 
Pelo que li, será o Bloco de Esquerda a ter uma posição mais generalista e de acordo com a vontade das populações e não de critérios e requisitos que não são mais que filtros para manter tudo na mesma. Mesmo o PCP tem uma posição semelhante.

Numa segunda versão do panfleto, talvez porque apelar a alguém de direita a votar em partidos de esquerda não venha a acolher o apoio da generalidade dos eleitores, agora a orientação da Plataforma, pelo menos no que se refere a Guisande, é no apelo ao voto em branco. 

Mesmo tendo feito parte do executivo inicial da nossa união de freguesias, fui e sou, obviamente, pela reposição das freguesias e de modo particular da de Guisande, ou mesmo, não sendo possível voltar à anterior situação, pelo menos uma correcção da composição da actual união de freguesias onde nos integramos, porque objectivamente é desequilibrada e que em seis anos, apesar do esforço, dedicação e vontade de alguns,  não mostrou o mínimo de eficácia nem resultou em vantagens administrativas nem mais valias no serviço de proximidade às pessoas. 
O saldo tem sido francamente negativo, por isso a dar razão a todos quantos de forma individual ou organizada pretendem a reposição e do respeito pelas freguesias afectadas. E quando se fala em freguesias nãos se fala de algo abstracto, mas de comunidades e de pessoas, unidas socialmente por factores e dinâmicas assentes em história e em cultura e delas em identidade.

Em todo o caso, creio que esta iniciativa e propósito da referida Plataforma, tendo o seu valor, pouco ou nenhum impacto terão Se algum impacto importa, o boicote puro e simples será mais eficaz e porventura mediático. Votar em branco, nada acrescentará ao que se pretende e tenderá a passar despercebido. 

Por sua vez, o tal voto útil, sobretudo no BE e PCP é uma opção legítima, que muitos seguirão, mas de efeitos práticos pouco prováveis já que são sempre partidos que por si só pouco peso terão nos propósitos que defendem. 

De resto, pela posição ambígua do PS, atente-se no que aconteceu recentemente com a reprovação  dos projectos de lei apresentados pelo Bloco de Esquerda na Assembleia da República, tendo os documentos sido rejeitados na generalidade com votos do CDS, PSD e do próprio PS, tendo o voto favorável de BE, PCP, PEV e do deputado socialista António Cardoso, este o promotor da petição pela desagregação de Pigeiros da União das Freguesias de Caldas de S. Jorge e Pigeiros.

Não sei se por isso ou se também por isso, certo é que o ainda deputado do Partido Socialista terá sido afastado da lista do círculo de Aveiro, o que se lamenta pois demonstrou coerência e fidelidade aos anseios da população neste processo de reposição da freguesia de Pigeiros, bem como no geral representou condignamente o nosso concelho enquanto deputado da República. É com pena que vejo que António Cardoso ficou de fora da lista. Sai, naturalmente a perder o concelho da Feira.

Mas esta questão, a de quem entre ou sai das listas, é obviamente um jogo de interesses e influências e de quem está do lado certo da onda ou certeiro na aposta do cavalos certo nas corridas internas dos partidos  nomeadamente nas estruturas concelhias e distritais. É um assunto que passa ao lado da generalidade das pessoas não militantes, mas que decorre de verdadeiras lutas entre correlegionários. Há quem ganhe e há quem perca. É certo que sendo lutas internas se poderá pensar que no final ficam todos amigos e a remar no mesmo sentido, mas na prática não é assim e as cicatrizes são mais que muitas e no interregno vão sendo delineadas estratégias de assalto ao poder e afiados os punhais. 

Coisas da política.

30 de setembro de 2019

Malhar em ferro frio


Confesso que relativamente à campanha para as Legislativas marcadas para o próximo Domingo, 6 de Outubro, vou "consumindo" o que me é servido pelos média, televisão, rádio e jornais. Confesso igualmente que estou na casa dos duplamente  indecisos: Ir ou não votar e indo, a quem entregar a cruzinha.

Em todo o caso, o que não é novidade, com o aproximar da data e pelo facto dos números que as sondagens vão ditando não agradarem  a uns e a outros, mesmo que por motivos diferentes, o discurso tende a inflamar e de uma parte procura-se meter o dedo em certas feridas, como o caso de Tancos, na berlinda dos dias, e do outro procura-se passar pelo fogo sem qualquer chamusco.

Parece-me, todavia, que o PS tem reagido de forma dura mas algo despropositada porque as questões colocadas à sua direita fazem na realidade pelo menos algum sentido e não vejo que sejam julgamentos, apenas interrogações óbvias e legítimas num quadro político. Houve ou não conhecimento, envolvimento e encobrimento e se sim, qual a responsabilidade e ilacções políticas. 

Pois claro, nesta altura do jogo não convém ir à casa de banho sob risco de se escorregar, mas impunha-se uma clarificação com coerência e sentido de Estado e não seria difícil fazê-lo. Ao contrário, pelas obreiras Carlos César e Augusto Santos Silva, entre outros, saiu a defesa da colmeia, com respostas / ataques duros. Do ainda ministro dos Negócios Estrangeiros, não surpreende, já que está na linha da sua célebre frase de 2009 de que "Gosto de malhar na Direita". Já Carlos César, a caminho de uma reforma dourada, também está na linha do camarada Jorge Coelho quando algures por 2001 dizia que "quem se mete com o PS, leva!.

Por outro lado, Augusto Santos Silva acusa a Direita de pretender colocar as instituições do Estado na lama, o que não deixa de ser irónico já que Azeredo Lopes, ex ministro da Defesa, e um dos envolvidos no caso de Tancos, terá acusado, mesmo que em entrelinhas, o Ministério Público de "conspiração e ataque políticos" contra o partido". Esta posição de resto, mesmo que não assumida por quem anda no andor da procissão da campanha, dizem os média que, em "off", colhe a mesma opinião no PS.
Ora o Ministério Público não pode ter uma agenda em função da da política e de alguma maneira "acusar" a instituição de "conspiração ou de ataque político" é grave. Mas o Ministro dos Negócios Estrangeiros, no seu low profile, diz que a lama anda no outro lado da barricada. Efeitos de perspectiva.

Por sua vez, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa têm, e bem, procurado minimizar e passar ao lado  quanto baste da fogueira, até porque a sua assinatura no relatório final  do inquério em sede de Comissão Parlamentar ao caso de Tancos, em que branqueia o papel do Governo e de Azeredo Lopes, pode vir a fazer mossa, mas se fizer, que seja mais à frente. 

Como se vê, políticos aguerridos. Mas também é verdade que Rui Rio não tinha necessidade de mexer no cócó já que este cheirava mal o suficiente e os portugueses não militantes não são anjinhos nem mentecaptos a ponto de não perceberem os contornos e gravidade do assunto e das respectivas conclusões e consequências políticas: Se relevantes a ponto de condicionarem o sentido de voto, se apenas "lana caprina".

Assim, este clima não ajuda em nada o esclarecimento e troca de ideias e ideais e desde logo para a melhoria da imagem geral classe política, que é baixa. Não havia necessidade.

Está ainda por vir o dia em que as campanhas eleitorais não tenham estes ingredientes no caldeirão. O contrário é que seria surpreendente.

17 de setembro de 2019

Rui Costa em debate com António Rio


No debate de ontem na televisão, Rui Rio pareceu-me muito bem e uns bons pontos acima de António Costa, mesmo que este numa posição de quem sabe que está em vantagem nas sondagens.

Todavia, hoje em dia, mais do que no passado, as eleições e os seus resultados decidem-se muito em função do antes parecer que ser e neste palco Rui Rio dificilmente ganhará vantagem porque o seu estilo de frontalidade e desprendimento dos truques e manha politiqueira e demagógica não lhe permite dançar como virtuoso nesse folclore.

Apesar de Rui Rio me parecer bem melhor, no geral foi um debate em que as diferenças de fundo nunca foram substanciais a ponto de o Rio poder ser o Costa e vice-versa.

Creio, contudo, que os debates pouco ajudam a decidir eleições mas apenas para pasto de quem vive do comentário e da análise, tal qual como quem disseca um jogo de futebol (no fundo, o que estamos aqui a fazer). Na hora da verdade, poucos querem saber das reformas estruturais e do jogo dos números e estatísticas, investimento e desenvolvimento e demais panaceias do discurso político. 

No geral o voto decide-se por quem no final do mês tem mais 4 ou 5 euros na reforma ou no vencimento, mesmo que o disperse nos múltiplos impostos indirectos, desde logo no combustível e em tantos outros bens e serviços, agravados pelo actual Governo.

A generalidade do eleitorado não militante e clubista, vota quase sempre em função do sentimento de que as coisas estão melhores ou piores. E convenhamos que não estando melhores de forma substancial, o sentimento é de que já estiveram piores e o facto de ter sido numa legislatura condicionada por um quadro de ajuda externa e controlo da troika, certo é que poucos lhe dão importância e nem lhes serve de desculpa o contexto de quem foi obrigado a cortar para resolver desmandos de anteriores.

Assim pode-se (posso) concluir que o sentimento do eleitorado não obedece tanto a questões de consistências programáticas ou estruturais para o futuro e num contexto de bem comum, mas apenas para o presente e se para o futuro, apenas o amanhã, mas acima de tudo num quadro individual.


[foto: JN]

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.