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15 de setembro de 2019

"S. Vicente, nem terra, nem gente"


"S. Vicente, nem terra, nem gente". Certamente que pelas freguesias vizinhas de Louredo, desde logo Guisande, muitos conhecem e sabem de cor e salteado este estribilho. E de um modo geral o mesmo é entendido como pejorativo, isto é, com um sentido negativo, mas sem lhe conheceram os fundamentos.

Contudo, este estribilho, quase como um ditado do povo desta nossa zona, foi eloquentemente explicado pelo saudoso Pe. Acácio Freitas, que foi pároco de S. Vicente de Louredo, no prefácio da sua monografia sobre a freguesia que paroquiou, desde 23 de Novembro de 1958 até aos seus últimos dias, e na qual foi sepultado. 

Ora segundo a sua explicação,"S. Vicente, nem terra, nem gente" tinha origens no facto de esta freguesia ter sido durante séculos propriedade de mosteiros e de conventos (daí o "nem terra") e que na ganância feudal dos rendimentos e exploração do povo e dos trabalhadores num regime de quase escravatura assentava o "nem gente".

O clérigo rematava que com a extinção das ordens religiosas foram arrumados os senhores e entidades proprietárias de Louredo pelo que assim o povo tomou posse das terras que cultivava deixando de pagar as rendas e foros, ficando livre desses e outros "jugos" que de tal modo alcançou a sua libertação. Dessa mudança de estado e de espírito e recuperação do empreendimento em prol do progresso pessoal mas também comunitário,  o autor da "Monografia de Louredo" concluía que em oposição ao estribilho original e negativo o actualizado e fiel era o de "São Vicente, boa terra e boa gente".

É certo que não se esperaria uma apreciação diferente de uma comunidade e terra que foi sua casa durante quase sessenta anos, mas pela parte que me toca, concordo em absoluto e tenho uma simpatia e consideração global pela freguesia e comunidade de Louredo. Fosse possível e imperiosa uma União de Freguesias a dois, pessoalmente não hesitaria em escolher Louredo como parceira. Infelizmente, neste aspecto de união de freguesias, por cá as coisas não correram nem têm corrido bem e todos saíram a perder com uma união a quatro, pesada e desequilibrada. 

Infelizmente, apesar de passos que foram dados nesse sentido e de alguns indícios de possível mudança pela parte governamental, tudo indica que não será fácil pelo que o mal feito dificilmente será desfeito, obviamente que para prejuízo de todas as freguesias envolvidas.

Como numa certa cantiga, nestas como noutras asneiradas de gente dita graúda, "o povo é que paga". Apesar do rumo da história no sentido do respeito pelas pessoas, comunidades e culturas, parece que mesmo pelos nossos dias ainda vigora uma certa "posse" por parte de certos "mosteiros" e "conventos", com a teimosia destes em fazer das suas boas terras e boas  gentes, "nem terras nem gentes".

8 de setembro de 2019

A(Mó)zónia


Todos estamos mais ou menos ao corrente da actualidade quanto à Amazónia, considerada um dos pulmões do planeta Terra. Num misto de ambição e ganância, desprezo pela natureza e facilitismo governamental do Brasil e países limítrofes, como a Bolívia, quiçá de âmbito criminoso, certo é que os incêndios e outros mecanismos de desflorestação, têm sido notícia e merecido um repúdio mundial mais ou menos generalizado.

Em todo o caso, salvaguardadas as devidas distâncias e proporções, um pouco por todo o mundo, um pouco por Portugal e até mesmo no nosso concelho, as "amazónias" têm vindo a ser desprezadas e desconsideradas, subjugadas quase sempre aos interesses económicos, mesmo os que ditos como públicos.

Veja-se, num exemplo meramente caseiro, o caso do Monte de Mó, que integra as freguesias de Guisande, Louredo e Romariz, uma ampla mancha florestal, rica em aspectos de fauna e flora mas genericamente ambiental, abundante em nascentes de água e regatos, que em todos os planos directores municipais tem sido classificado como espaço florestal e por isso intocável quanto a operações urbanísticas. Todavia, apesar dessa protecção, desses nobres princípios de perseveração de amplos espaços florestais, certo é que nos nossos dias tal mancha foi já em muito destroçada, sobretudo com a construção da Auto_Estrada A32, que nela provocou um enorme desequilíbrio ambiental bem como, mais recentemente, a construção e implantação da sub-estação eléctrica, em pleno coração do monte, que provocou um movimento enorme de terras, alteração da topografia, criação de áreas impermeabilizadas e um tecto electro-magnético de linhas eléctricas.

Em resumo, o Monte de Mó ou uma parte muito significativa dele teve que ser subjugado aos ditos "interesses púbicos" e aos equipamentos que ditam o progresso. É certo que de uma forma ou outra todos supostamente beneficiamos desses equipamentos ou infra-estruturas, mas de algum modo este contexto ajuda-nos a perder a inocência quanto à importância dos planos directores municipais ou outros instrumentos de gestão territorial porque na realidade só são válidos e importantes até deixarem de o ser. É fácil proibir a construção de uma simples habitação e um anexo de arrumos, mas, se for caso disso, têm via aberta uma Auto Estrada ou uma Estação Eléctrica ou qualquer outra coisa em grande.

Dizem que o progresso não se compadece com lirismos, mesmo que ambientais, mas pelo menos importará alguma reflexão quanto à importância que damos às coisas, porque na realidade, muitas das vezes, não passam de fantochadas e de um "faz de conta" permanente. A floresta, os bichos e a passarada são muito importantes mas o betão também é. Não surpreende, pois, a nível global a situação da Amazónia, ou no contexto português o previsto novo aeroporto de Lisboa em zona de enorme impacto ambiental ou, mesmo que numa pequenina, micro-escala, o nosso Monte de Mó.

1 de setembro de 2019

Para o ano há mais


Para a larga maioria dos portugueses, mesmo que para os emigrantes na Suiça ou França, as férias já estão para trás e com Setembro a marcar o calendário, começa-se a pensar nas próximas, quiçá alguns dias no período de Natal.

As férias têm este encanto, o do suposto descanso ou pelo menos o desligamento das responsabilidades do trabalho e horários que marcam as rotinas quotidianas e simultaneamente o desalento na confirmação de que o que é bom acaba depressa.

De acordo com a medida da carteira, disponibilidade, limitações laborais e gostos de cada um, todos procuram ter as suas férias. Das mais extravagantes às mais simples e caseiras, há de tudo. Há quem prefira o campo, a montanha e o interior e outros o litoral, a cidade, o movimento e ruído, e a indispensável ida aos Algarves porque a praia é boa e faz bem ao ego nas redes sociais e porque enquanto por cá se comem sardinhas e carapaus, por lá come-se peixinho.

Há os que gostam e não dispensam duas ou três noites em cama alheia e há quem não dispense a sua cama de todas as noites. Há quem por cá goste de comer fora e há quem por estes dias vá para fora com a bagageira do carro cheia de alimentos para cozinhar.

Enfim, há para todos os gostos e acima de tudo o importante é que cada um faça como gosta e mais do que isso, como pode, sabendo-se que há que possa e não goze e há quem, não podendo, goze, nem que tenha que fazer uns empréstimos para gozar à grande, se não à francesa, pelo menos à portuguesa.

Há, também, os que precisam de férias para retemperar das férias. Sim porque, são muitos que o afirmam, as férias são cansativas p´ra caralho.

No final de toda este amálgama, há os que têm férias forçadas, ou porque estão doentes e incapacitados ou porque estão desempregados.

É a vida!... Para algum consolo mesmo que mitigado, resta sempre a  palavra batida de que...para o ano há mais!

25 de agosto de 2019

Tempos....


Parabéns ao F.C. do Porto pela vitória de ontem frente ao Benfica. Não vi, mas pelo que dizem e escrevem, foi sem "espinhas" e , melhor do que isso, ou por isso, sem polémicas.

No futebol há tempo para ganhar, tempo para perder, tempo para estar ora por cima, ora por baixo, tempo para a alegria, para a tristeza e frustração. Há igualmente tempo para reconhecer o valor e mérito do adversário embora este seja escasso. 

Não deveria haver tempo para o confronto, para a desconsideração e para a falta de respeito com picardias e mesmo provocações gratuitas. 
Aquele ou aqueles que reconhecem os tempos adequados, são os que fazem jus ao conceito de desportista. Os demais, são meros arruaceiros,  que pouco ou nenhum respeito merecem, mesmo que fiquem contentes consigo próprios. Infelizmente, estes são cada vez mais e os outros cada vez menos. De resto, nem surpreende já que os maus exemplos vêm de cima, de quem deveria promover os bons. Ora quando assim é...

Seja como for, é apenas um jogo de futebol, mesmo que quem nisso veja apenas uma guerra de tronos e um caso de vida ou de morte.

2 de agosto de 2019

Liberdades, direitos e garantias


Tenho plena consciência que nesta questão pertenço à reduzida minoria, aquela que não liga patavina ao evento Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, que todos os anos se realiza entre finais de Julho e meados de Agosto, na cidade sede do nosso município. 

Nem sequer vou por aqueles que a classificam meramente como um festival da fêvera e do porco-no-espeto, onde se faz fila para comer e beber de forma vulgar e pagar de forma exorbitante, apenas porque no entorpecimento de um cenário contextualizado a um período interessante da nossa história, o Medieval.

Por outro lado não questiono e reconheço a importância e o impacto económico para o concelho e sobretudo para as associações que reiteradamente exploram os diferentes espaços de comes-e-bebes e para os estabelecimentos localizados no amplo perímetro do mega-evento. Reconheço, igualmente a capacidade das entidades que nos últimos anos têm sabido potenciar este evento e fazer dele um ponto de notoriedade económica e turística para o concelho.

Apenas questiono se há ou não desrespeito constitucional pelos elementares direitos de aceder e circular em espaços públicos no centro de uma cidade por um tão largo período temporal, vendo-me condicionado nos acessos e mesmo a pagar os mesmos, ainda que para aceder a serviços e comércio. Afinal, o centro público de uma cidade não é nem pode ser  uma feira popular nem um estádio nem um parque, pelo menos a ponto de limitar e condicionar acessos e circulação de forma livre e gratuita.

 Compreendo perfeitamente que se condicione o trânsito e acesso de uma rua ou um local, por horas ou parte de um dia, para um evento desportivo ou de outra natureza de interesse colectivo, mas já não o compreendo quando de forma tão prolongada no tempo, alargada no perímetro e tão condicionada a ponto de ter que estacionar longe, mesmo a pagar e a pagar acessos. Se eu tenho amigos no centro da cidade, não tenho a liberdade nem o direito de aos mesmos fazer uma visita sem que para isso tenha que pagar e usar um apetrecho contra a minha vontade. 

É possível que os direitos constitucionais de liberdade de circulação e reunião em espaços públicos possam ser desrespeitados nestas circunstâncias, mas gostaria de saber se é mesmo assim. Mas como só serei eu a perguntar, é melhor fazer de conta que está tudo bem, porque na realidade, parece que a larga maioria gosta de ser ver condicionada e a pagar para isso.

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

22 de junho de 2019

Fábulas contadas

Ao grande filósofo espanhol José Ortega y Gasset está atribuído o pensamento de que "o homem é ele próprio e as suas circunstâncias". 
Não podia estar mais de acordo. Ora nesta linha de reflexão, é de torcer o nariz áqueles que alvitram preferir os desafios difíceis aos fáceis. Porventura, ao contrário, será de valorizar mais quem prefere os desafios fáceis, não porque sejam, efectivamente, fáceis, mas porque se por eles enfrentados, pelas suas capacidades, tornam-se desde logo e à partida fáceis. Como analogia, transpor um muro de um metro de altura pode ser tarefa difícil para um humilde e digno burro,  mas não o será seguramente para um fogoso cavalo. No entanto, pensará o burro que por alvitrar para a burricada que gosta de coisas difíceis o muro vai encolher ou a ele lhe vão crescer asas ou aumentar as pernas. Bem que dali pode "tirar o burrinho da chuva". 
Assim, pode até perceber-se a sobranceria dos que proclamam que gostam das missões difíceis, mas no fim de contas e no fim da jornada, alguns deles não fazem mais que contornar o muro que continua ali, solidamente teimoso, intransponível e demasiado alto para quem não sabe saltar, trepar ou voar.
Em todo o caso, para não complicar a filosofia que pode estar subjacente ao pensamento do filósofo espanhol, por cá o povo resume isso a um simples ditado ou provérbio: "quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?".
Cada  um é, pois, para o que nasce e para as circunstâncias que o fazem ou moldam como diferente e capacitado, ou não, a enfrentar ou a contornar os desafios de acordo com a sua natureza e grau de dificuldade.

17 de junho de 2019

A balada da rotunda dos cães


Três cães, jovens, aparentemente irmãos. Vaguearam pela freguesias mas acabaram por fazer da sua casa a rotunda da Farrapa. Como algumas almas caridosas ali foram depositando comida e água, deixaram-se ficar. O castanho, parece que alguém o levou. Esperemos que alguém que lhe dê a dignidade e carinho merecidos. Para maus tratos, fome e miséria mais vale que fiquem em liberdade. Ficaram, pois, dois, pretos. 
Hoje, passando por ali, só vi um. O outro, fica a dúvida, resgatado do abandono ou ausente por momentos?
De algum modo a rotunda e estes cães acabam por ser um símbolo da situação dos animais abandonados ou simplesmente deixados à sua sorte. Por um lado a incapacidade ou indiferença das entidades e autoridades, por outro, a impotência de muitas pessoas que mesmo gostando de animais não têm possibilidades de os resgatar e acolher, porque já com animais e com as despesas e responsabilidades inerentes ou porque sem condições de os receber. É que hoje receber cães e deles tornar-se dono, para além das despesas com saúde e alimentação, tem o peso e a responsabilidade das autoridades, obrigando a vacinas, registos e licenças anuais. Essas mesmas autoridades que não têm soluções dignas e condignas para recolher muitos dos animais à solta, vadios ou abandonados. Como diria alguém, autoridades e instituições fortes com os fracos e fracas com os fortes.
Não deixa, pois, de ser esta uma balada triste, a da rotunda dos cães.

11 de junho de 2019

Justiça (im)popular

Da imprensa:
Cerca de 200 adeptos do FC Porto reuniram-se na tarde desta segunda-feira (10 de Junho)  junto ao Palácio da Justiça, no Porto. Os manifestantes protestavam a condenação da SAD do FC Porto a pagar cerca de dois milhões de euros por causa da divulgação dos emails do Benfica"

Se a Justiça não nos agrada nas suas decisões, nada como convocar uma manifestação de "indignados". Diz-se que terão sido 200, mas podiam ter sido mais, os adeptos do F.C. do Porto sedentos por justiça popular. Por eles, o Benfica já não existia ou estaria na competição distrital e todos os seus dirigentes, "esses bandidos", estariam há muito a penar na prisão. 

Sendo certo que nem sempre a Justiça será justa, é com ela que se governa e com ela que supostamente funciona um Estado de Direito. Ademais, o que seria da coisa se todos os dias tivéssemos à porta dos tribunais pessoas enfurecidas em manifestação pela condenação dos seus familiares e amigos? 

Em todo o caso, todos sabemos que nisto de decisões do tribunal a coisa tem sempre muito pano para mangas e naturalmente há uma carrada de recursos disponíveis para ambas as partes, sendo que esta primeira decisão não deixa de ser um aviso sério à navegação, porque nem tudo pode servir de justificação, e um crime nunca justificará outro. Mas há quem pense que sim, invocando, em interesse privado, o "interesse público", esse matulão abstracto de costas largas que bem pode arcar com os  ódios e vinganças entre clubes.

3 de junho de 2019

Tu queres é colinho...

Por estes dias, num daqueles programas televisivos de festas em que se mostra gastronomia, chouriços e outros enchidos, enquanto vários cantores pimba vão entretendo o povo, e sobretudo em que vamos sendo constantemente massacrados para ligar para um certo número de telefone a troco de um sorteio de prémio em cartão ou mesmo um carro, quando em certa altura a câmara fez uma panorâmica pela assistência, reparei de uma assentada em várias pessoas com cães ao colo. Em contrapartida, pessoas com filhos pequenos ao colo, apenas uma. 
Não vou nem quero fazer interpretações desta situação que nos pode parecer, e é, paradoxal, mas, porque cada vez mais comum, devia despertar alguma reflexão. Há algo que parece não bater certo, não porque sejam situações erradas mas porque nelas há qualquer coisa que parece subverter a ordem natural das coisas. Mas, verdade se diga, numa época em que muita coisa anda ao contrário, só surpreende que alguém se surpreenda. Não tarda, e teremos um PAN ou algo do género a reclamar do estado providência o abono de família para cães e gatos.

28 de maio de 2019

A carvão

Seria de esperar que no próprio dia, ou seguinte, e logo que descortinados os resultados das eleições de Domingo, estes, em nota informativa  fossem publicados e divulgados pelas Juntas de Freguesia, nas suas páginas oficiais ou mesmo nas do Facebook. No fundo seria um serviço de informação e divulgação, certamente do interesse de muitos. Cá pela nossa União de Freguesias, como em quase todas, nada vi.

Infelizmente, pelo que vou constatando, este é um mal geral e muito desaproveitado pela maioria das plataformas relacionadas ao poder local de base, ou seja, das Juntas de Freguesia, muitas vezes com gente impreparada nestas coisas da comunicação digital, ou mesmo desinteressada. Juntas há que não têm qualquer plataforma de comunicação digital.

Pessoalmente, a mim, faz-me alguma confusão que numa era de boas ferramentas e plataformas de comunicação e redes sociais, disponíveis e ao alcance de um clique da maioria da população, as mesmas não sejam devidamente usadas para dar respostas e  informações à comunidade em tempo útil. Uma página oficial desactualizada nalguns aspectos e com a última publicação datada de Agosto de 2018 não me parece sinal de eficiência e objectividade no que diz respeito à proximidade e transparência. Mas ainda há quem prefira assim, dar destaque e ênfase a cartazes de uma qualquer festa, do que tornar disponível online uma acta de Assembleia de Freguesia ou de reunião de Junta, ou mesmo um contrato de adjudicação de obras ou serviços, ou algo mais substancial, mesmo que susceptível a escrutínio e eventualmente a críticas, mesmo que nem sempre justas. Neste aspecto, as Juntas de Freguesia têm a aprender com as Câmaras Municipais, normalmente mais comprometidas com os valores da transparência e na disponibilidade de consulta e divulgação de documentos deliberativos e outros.

Em suma, de um modo geral e pelas diferentes juntas de freguesia ainda há quem ache preferível que certas coisas continuem a trabalhar a carvão porque ainda vigora a apologia de que mais vale omitir do que revelar e que a população e os contribuintes não precisam de saber tudo. Ora enquanto esta mentalidade não mudar, nem que seja por decreto, a coisa não vai lá.

24 de maio de 2019

Urgências

A freguesia de Guisande, verdade se diga, tem uma substancial extensão de passeios públicos em muitas das suas ruas. Uns mais antigos, outros mais recentes e ainda alguns já delimitados por guias mas ainda sem pavimentação. Sem fazer contas, terá um rácio passeios/extensão das ruas superior ao das demais freguesias da União.

Todavia, não obstante, uma grande parte desses passeios, sobretudo os mais antigos com pavimento em cimentado, estão já nalguns casos em muito mau estado, destacando-se aqui o passeio na Rua de Fornos, nomeadamente no troço oposto às bombas de gasolina da BP-Garagem Cruz de Ferro. Mas outros há em que são já autênticas ratoeiras capazes de provocar quedas a transeuntes menos atentos à caminhada. Alguns mesmo com caixas destapadas autênticas armadilhas. A juntar à fome, a miséria habitual da falta de limpeza das ervas e lixos, no que é já um mal crónico em toda a União.

É certo que o mau estado de conservação não reside apenas nos passeios, mas igualmente em algumas das nossas ruas, algumas delas, ou em troços delas, em estado deplorável. Exemplos da Rua do Outeiro, Rua do Jardim de Infância, parte da Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna, Rua das Barreiradas, Rua de Santo António, Rua da Leira e outras mais, evidentemente algumas mais carecidas que outras. Infelizmente, quando fiz parte do executivo, apesar de identificar essas situações mais urgentes de requalificação e de ter feito o possível para que as mesmas fossem consideradas  e concretizadas, tal acabou por não acontecer, obviamente que para minha desilusão e impotência na decisão. Apesar disso, o mandato acabou com dinheiro a sobrar. Certo é que, já neste outro mandato, porventura menos apertado de finanças, todavia, ainda permanecem por reparar essas situações mais prementes, mesmo considerando que o actual mandato já vai quase a meio.  As perspectivas de que todas elas venham a ser contempladas a breve prazo e no actual mandato parece-nos ilusória, mas é ter esperança.

Em todo o caso, o executivo e na medida do possível com o apoio da Câmara Municipal terá que a breve prazo virar a sua atenção para os passeios já que de facto nalguns casos são por demais deploráveis e injustificados tal é o grau de deterioração, tanto mais em zona muito frequentada e com estabelecimentos comerciais à face. As necessidades na União de Freguesias são obviamente muitas e os meios financeiros insuficientes, mas há situações por demais evidentes no que se refere a mau estado e má imagem para além do perigo concreto que representam para os peões

Ainda no que toca a requalificação, continua-se a aguardar que se dê a devida importância à requalificação na envolvente da Capelo do Viso e ainda da igreja matriz até porque é um dos propósitos anunciados da Câmara Municipal, a requalificação dos centros cívicos das freguesias. Para quando? É esperar.

20 de maio de 2019

Banana Joe e outras semi breves

Tenho cá para mim que as audições em sede de Comissões Parlamentares, sobretudo as que procuraram ouvir figuras do mundo empresarial e bancário, só têm servido para os inquiridos fazerem de parvos os portugueses, em geral, e os deputados, em particular. Figuras e posturas como as do recente Joe Berardo, com estatuto de Comendador, são um retrato fiel desse gozo, desse ar de intocabilidade. Ora o gozo e a risada de escárnio ora a perda de memória e outras amnésias fazem deles figuras tristas e cómico-dramáticas.
Deste modo, esta gente não tem emenda nem tem quem os emende e por isso, nada podendo fazer o português comum para mudar este estado de coisas, mesmo que a Catarina Martins diga que o meu voto vale tanto quanto o do patrão da Jerónimo Martins, resta-me aplicar a velha máxima de que "lavar a cabeça a burros dá trabalho e  gasta sabão." Mas fazia falta um verdeiro Joe, o Banana, distribuir por essa gentinha umas valentes coças. Infelizmente, Bud Spencer já não não faz filmes nem já anda por cá para os pôr na linha.


O Benfica lá conquistou o 37º título do nosso futebol maior. Reconheço que com algum esporádico benefício de erros de arbitragem, de resto como é costume acontecer para os chamados "grandes", e deles também  beneficiou em muito o F.C. do Porto ao longo desta época, o campeonato ficou decidido pelo facto do F.C. do Porto não ter conseguido impor-se ao Benfica nos jogos entre si. Tivesse vencido no jogo caseiro a poucas jornadas do final da competição e a equipa azul-branca teria ganho distância pontual e anímica mais que suficiente para conquistar folgadamente o bi-campeonato. Não o tendo feito nem sido capaz, por mais que procure agora desvalorizar o mérito do Benfica, como naquela história da raposa para com as uvas que não conseguiu comer, e como é apanágio da casa, não se livra desse ónus. Ficava-lhe bem  reconhecer a sua culpa e incapacidade.
Para além de tudo, mais que um novo título, a reconquista do Benfica tem uma importância acrescida num ano em que supostamente, por uma "santa aliança" entre F.C. do Porto e Sporting, foi despoletado um vendaval de suspeitas, de divulgação criminosa de correspondência privada, alegadamente contendo esquemas de favorecimento e controlo da arbitragem, com os chamados casos dos "emails" e "toupeiras". Afinal de contas, parece que mesmo tendo sido posta a nú toda a "marosca", dizem, independentemente do que os processos em sede judicial possam vir a revelar, os efeitos das "santa aliança" parecem, para já, ter sido um tiro no pé, ou até mesmo saído pela culatra.
Mas, como é um capítulo ainda em aberto, a ver vamos.


A propósito da conquista de mais um título de futebol pelo Benfica, o nosso presidente da república, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou os parabéns ao clube mas fê-lo justificando-se por também, em iguais circunstância o ter já feito aos outros clubes no passado.
Seria necessária esta justificação? Teve medo de quê ou de quem? Não quis ofender algumas virgens ou ferir susceptibilidades, destas que desencadeiam ondas de choque nas redes sociais?
Não gostei desta falta de pragmatismo do nosso presidente e o problema é que tem acontecido com mais frequência. Por vezes é preferível pragmatismo ao populismo.


Para o próximo Domingo, 26 de Maio, parece que há eleições para o parlamento Europeu. Dizem, os políticos, que são importantes. Sendo que cada um lhe dá a importância que quer, ao acto, por mim dou pouca ou de forma muito relativa, porque todos os actores candidatos às boas benesses de um assento confortável em Estrasburgo, da esquerda à direita, me parecem fraquinhos e todos falam como se cada um por si possa mudar os destinos da velha Europa, perigosamente escancarada e de cócoras. 
Pelo que vou vendo, os principais candidatos falam, falam, mas no fundo falam todos no sentido de que a Europa deva continuar escancarada e de cócoras, aberta à penetração fácil de culturas e fundamentalismos que não se enraízam, antes parasitam. A velha máxima de que "à terra onde fores ter faz como vires fazer" já não tem aplicação nesta Europa demasiado vulnerável,  até mesmo, num certo sentido, prostituída.

14 de maio de 2019

A puta da idade

Nos tempos modernos, a tendência é não darmos atenção às pequenas coisas, pormenores, pintelhos que não nos merecem cinco minutos de reflexão, seja no plano pessoal, no trabalho, na comunidade, etc. Interessa-nos, isso, sim, grandes coisas, vistosas, marcantes, quanto mais materialistas, melhor.

Todavia, certamente porque é a idade a pregar-nos destas pequenas partidas, ou então, a partir dela, a falta de paciência para tolerar e compreender uma sociedade cada vez menos humana, há momentos em que não conseguimos deixar de dar atenção a essas tais pequenas, insignificantes coisas. E isto a ponto de corrermos o risco de gerar pensamentos e reflexões que parecem só nossos porque passam ao lado das mais simples preocupações dos demais.

Neste contexto, que pode parecer confuso, fico a pensar, claro está, comigo mesmo, o que uma pequena caminhada para o trabalho, pode suscitar: Desde logo que a caminhada em si, de apenas 9 minutos para vencer 750 metros, corresponde aproximadamente a 1000 passos e a uma queima de 75 calorias. É certo que quem nos faz estas contas é uma simples aplicação das muitas que temos em qualquer simples telemóvel, mas são números que têm a sua importância para além do óbvio, a poupança em combustível e o ganho na saúde.

Mas mais do que isso, e que a app não nos diz nem estima, é o que mais se pode ver, como desde logo o constatar que nesse curto percurso e só numa das valetas é mais que muito o lixo por ali deixado, como plástico e papel, desde maços de tabaco, invólucros de snacks, embalagens de preservativos, garrafas de água, latas de refrigerantes e outros mais indiferenciados, desde o talão do multibanco e uma revista, jornal e até cuecas abandonadas.

Claro está que todo aquele pouco(muito) lixo é o retrato do nosso consumismo e sobretudo do desleixo e falta de educação cívica que nos faz, de forma indiferente, lançar para a valeta tudo o que não nos interessa, biodegradável, reciclável, ou não.

Depois, vemos, ainda o que dentro de um automóvel tendemos a dar menos valor, como as valetas com excessiva vegetação, a estrada degradada, esburacada, os passeios igualmente degradados e ratoeiras para quem neles caminha, os remates de ligações das redes de água e esgotos a mando da Indáqua, mal feitos, com remendos vincados, aldrabados pela ganância do lucro e incompetências por se fazer mal o que se deveria fazer bem.
Depois, ainda, e isso já o disse noutra altura, o desrespeito geral para com alguém na situação de peão a atravessar uma passadeira, o que diz muito do que somos enquanto condutores.

Afinal, perdemos facilmente duas horas a ver um filme ou um reles jogo de futebol e em apenas 10 minutos ao longo de 1 quilómetro há tanto para ver, aprender e reflectir.
Mas se dizem que o futuro está nos novos e nas mentalidades cívicas e ambientais que se aprendem nas escolas, pode ser só do pessimismo da idade, mas cheira-me que não, porque do que se vai vendo delas e nelas a coisa não está para melhorar. Talvez, isso, sim, dos novos, mas dos que ainda estão por nascer. Infelizmente, para muitas coisas, já será tarde.
Mas, quiçá, será mesmo apenas pessimismo, próprio da puta da idade. 

2 de maio de 2019

Ad perputuam

As estatísticas dizem que por ano em Portugal morrem em média 12 pessoas diariamente de enfarte do miocárdio. Por conseguinte, os números de ataques serão substancialmente superiores já que, felizmente, a maioria dos casos, por rápida intervenção médica, consegue ser resolvida e menorizada nas suas consequências fatais. 

Apesar disso, a comunicação social vai abordando destas coisas de forma marginal e normalmente apenas em números, até porque estas situações não escolhem idades, nem profissões, nem estatutos sociais. 
Mas quando uma dessas pessoas, apenas mais uma vítima desse problema de saúde, se chama Iker Casillas e é um famoso guarda-redes de futebol, do F.C. do Porto mas que foi do Real Madrid e da selecção espanhola, então temos tudo quanto é comunicação social, do país, de Espanha e do resto do mundo, a trazer o Iker Casillas às primeiras páginas.

Isto não é mau, se de algum modo contribuir para uma maior consciencialização deste problema de saúde que afecta diariamente muitas pessoas, até porque se aproveita a ocasião para melhor se explicar os contornos do acidente cardíaco e dos seus sintomas que podem concorrer para uma rápida e eficiente ajuda médica, mas por outro lado demonstra que a nossa sociedade continua a orbitar em torno dos famosos, ricos e importantes. Os demais, a larguíssima maioria, são apenas números. E quanto a isto não há volta a dar, pelo menos enquanto não se mudarem mentalidades e enquanto essa mesma larguíssima maioria anónima não deixar de consumir o mediatismo dos famosos, mesmo alimentando-o.

Em todo o caso, deste caso, fica pelo menos o desejo de que qualquer um cidadão anónimo, mesmo que pobre e desvalido, possa ter o mesmo e rápido socorro, atendimento e tratamento hospitalar perante uma situação destas, como teve Casillas. Todavia, infelizmente, não há como negá-lo, esta não é a realidade generalizada. Os famosos e ricos, em suma os Casillas deste mundo, continuarão ad perpetuam a ter um melhor e mais rápido socorro e tratamento.

23 de abril de 2019

Poupar (não gastar) para sobrar

Está avisado, na próxima Sexta-Feira, dia 26 de Abril, a partir das 21:00 horas no edifício da Junta em Guisande vai ter lugar uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia. Um dos vários pontos na agenda de trabalhos refere-se a uma revisão do Orçamento para 2019 com o intuito, dizem, de integrar um substancial saldo que sobrou do exercício do ano anterior. Uma situação a confirmar.

Sabemos que, regra geral, as juntas de freguesia têm muitas dificuldades financeiras face ao volume de necessidades. A falta de pessoal e falta de dinheiro para um quadro mais alargado é outra enorme dificuldade. Não obstante, parece que pela nossa Junta da União de Freguesias, o dinheiro sobra, certamente que não por ser muito mas essencialmente por não se gastar.
De resto, foi também assim no anterior executivo do qual tomei parte, em que apesar das muitas dificuldades e obras por realizar, o mandato, mesmo que mais curto, terminou com um significativo saldo positivo, obviamente, para meu descontentamento e desilusão, porque muito ficou por fazer.

Regra geral, nunca foi positivo nem sinal de boa gestão gastar-se aquilo que se não tem (tal como fez a anterior Junta de Freguesia de Guisande, deixando a batata quente nas mãos de outros), mas também o contrário, não gastar o que se tem, mesmo que perante muitas necessidades, é igualmente sinal de deficiente gestão e sobretudo de falta de ambição, um pouco como a analogia da parábola dos talentos no Evangelho, em que há certos servos que com os talentos distribuídos pelo senhor os preferem enterrar  para segurança, dos que os fazer render a dobrar.
Em resumo, há saldos positivos que significam apenas uma mão cheia de nada.

29 de março de 2019

Falta de memória


Recordo-me, como se hoje fosse, da nota de 20 escudos, a verdinha do S.to António, que havia recebido de prenda de um familiar, que negligentemente perdi lá pelos idos dos anos 70, algures numa brincadeira de índios e cow-boys. Na altura uma pequena fortuna.

Por estes dias, porém, na Comissão Parlamentar à Caixa Geral de Depósitos, nem Carlos Costa, ex-administrador do referido Banco e actual governador do Banco de Portugal, nem Vitor Constâncio, o seu antecessor, se lembram, têm memória ou recordam-se de situações, de sinais e créditos ruinosos desbaratados no valor de largos milhões de euros, passando literalmente ao lado das suas funções e responsabilidades. 
Por aqui, creio que cargos desses, de Carlos Costas e Vitores Constâncios, mais valia serem ocupados por elefantes, pois estes, mesmo que andem de trombas, têm pelo menos o crédito de terem boa memória. E ficariam muito mais baratos pois em vez de largos milhares mensais contentar-se-iam com uns amendoins e uns repolhos. Quanto à competência para o cargo, não faria muita diferença, conhecida que é a inteligência dos quadrúpedes.

São, pois, estas algumas das figuras com responsabilidades nesse buraco sem fundo da banca portuguesa da última década, que inocente e despudoradamente apregoam a sua memória curta como se a importância disso se resuma à perda de uma notita de vinte escudos, coma  diferença de que, pela minha parte, nunca mais perdi a memória disso. E já lá vão quase cinquenta anos. 

25 de março de 2019

Dois meses sem "fumar"

É isso mesmo. Passaram já dois meses sem "fumar" no Facebook. Sem ressaca, sem sacrifícios. Contudo, não significa que um dia destes não volte a "fumar". Afinal, para além da muita "fumarada" tóxica que por lá anda, há ainda algum campo aberto e algumas, poucas, zonas sem "fumadores" onde ainda é possível respirar.
Em todo o caso, a juntar às desconfianças que pessoalmente tinha com a maior rede social do nosso planeta, as mesmas têm-se agravado. Ainda na semana passada assisti a um documentário iniciado agora no canal Odisseia sobre "As mentiras do Facebook", produzido com material inédito e entrevistas exclusivas, em que são abordados os recentes escândalos sobre a proliferação das “fake news” e dos discursos de ódio. Procura-se apurar se o Facebook é mais prejudicial que útil numa altura em que a rede é utilizada mesmo por agências governamentais (sobretudo Estados Unidos, China e Rússia), mesmo que não assumidas, para interferir em eleições, instalar e derrubar governos, despoletar revoluções e movimentos geo-políticos e sociais. 

Será, pois, essencialmente um mar de rosas, onde partilhamos as nossas vaidades e os nossos egos, ou um mundo escuro e perigoso em que já não se pode confiar, onde somos vigiados e sugados dos nossos interesses e perfis de consumo?
As respostas não são fáceis nem claras, tanto mais que por parte da empresa, a inoperância ou mesmo o desinteresse em combater e limitar os danos têm sido demonstrativos. E isso porque, apesar do seu já cansado slogan (um planeta mais e aberto e ligado), a verdade é que a missão principal é apenas empresarial e como tal, dela, o lucro. O lucro é a principal missão do Facebook. O resto, os milhares de milhões de utilizadores são apenas números e dados que valem dinheiro.

Face a isto, importa ter cuidados acrescidos na forma como nos relacionamentos com estas redes sociais já que, se não cuidarmos de nós, não é o Facebook e suas congéneres que o farão. É certo que não há muito a fazer, porque cada vez mais vigiados e manietados face à nossa dependência por estas tecnologias, mas ainda podemos, pelo menos, limitar os estragos. Uma forma de o fazer é deixar, mesmo que periodicamente, de frequentar essas salas de "charros" ou de "chuto" e não alinhar nem dar como certo e verdadeiro, enfim, comestível, tudo o que nos põem no prato com aspecto de saboroso.

A luz se apaga mais depressa do que se acende

Faz hoje, 25 de Março, precisamente um mês após eu ter escrito ( aqui ) um apontamento sobre a questão das deficiências na iluminação pública na nossa freguesia. Precisamente nessa altura, a título particular usei a ferramenta online da EDP Distribuição para dar conta de uma série de lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas. Certo é que apesar desse meu gesto de cidadania, passado o tal mês ainda nenhuma das situações então reportada foi corrigida ou reparada. É claro que com este tipo de consequência, é escusado perder tempo a dar conta de outras situações. É chover no molhado.

Não há volta a dar! Este tipo de empresas e a forma como funcionam (ou não funcionam) são formatadas para não dar respostas e os contactos são confinados a canais automáticos sem qualquer toque pessoal. A reclamar, reclamamos para uma máquina, para um algoritmo. Não têm quem fiscalize situações de avarias e remetem essa tarefa para os particulares mas, mesmo assim, são fracos a dar respostas e a reparar.

Assim sendo, continuamos parcialmente ás escuras e basta dar uma volta rápida pela freguesia para contar largas dezenas de postes com lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas, algumas em locais de bastante trânsito e mesmo em curvas e cruzamentos.

10 de março de 2019

Histórias do feijoeiro de sete anos

Estamos já em plena Quaresma, um tempo que a Igreja Católica vive como preparação para a Páscoa. Depois das carnavaladas da última Terça-Feira, este período quaresmal teve início com a Quarta-Feira de Cinzas.

Apesar desta realidade e do Carnaval estar íntima e tradicionalmente ligado à religião, certo é que com o interesse comercial e mediático das folias, no Domingo de hoje são vários os corsos carnavalescos que saem à rua já que devido ao mau tempo foram adiados do dia próprio, nomeadamente o de Ovar e mesmo na aldeia nossa vizinha de Caldas de S. Jorge.

São, pois, diferentes estes tempos em que a vivência da religião já não é coisa que preocupe consciências e o que vale e manda são os ritmos do entretenimento, sejam eles adequados ou não à ocasião ou certas agendas.
Hoje o que manda é o parecer e não o ser. Em todo o caso, e como a merda seria a mesma, porque não adiar a festividade do Carnaval para um dia de Verão onde em teoria o tempo seria mais adequado às folias? Afinal, o que conta é que se faça e não a data. De resto até teria lógica face à lógica da conveniência.

Quanto ao feijoeiro de sete anos, acabamos por não ter tempo para falar sobre ele. Fica para outra altura, que hoje volta a ser Carnaval.