13 de julho de 2021

Fora de jogo

Um dos nossos direitos inalienáveis é o da liberdade de expressão, sendo que, obviamente, no respeito pelos outros. Desse direito, entre outras coisas, emana o da livre opinião. 

Mas nem sempre o exercício da opinião, sobretudo em contexto público, como neste espaço, por exemplo, é fácil. E isto porque de algum modo nos vincula e até compromete. É certo que uma boa e legítima opinião pode mudar a jusante, nomeadamente quando certos pressupostos que a fundamentaram mudaram ou se alteraram. De resto a nossa percepção das coisas ou dos factos pode mudar. Quantas vezes temos uma apreciação negativa de uma pessoa, mas posteriormente, porque com ela se proporcionou um outro contacto e uma outra vivência ou convivência, ficamos com uma opinião contrária? 

Deste contexto, o do comprometimento, resulta que se perceba que muitos dos nossos "pensadores" e "cagadores de postas de pescada" sejam de faladura e julgamento fáceis na mesa do café ou em conversa de amigos, mas fogem como o diabo da cruz quanto ao carácter perene das suas palavras, escritas ou faladas. Afinal, é sempre mais fácil atirar a pedra e esconder a mão.

Por tudo isto, reconheço que nem sempre é fácil para alguém que fez parte de uma qualquer entidade, vir posteriormente comentar ou opinar de forma menos positiva contra essa mesma entidade, mesmo que dela já não faça parte nem tenha qualquer ligação. E isto porque por vezes se confunde o conceito de lealdade. A lealdade pode e deve ser institucional mas não de todo motivo para castração do direito à opinião e ao pensar contrário. Ademais, a lealdade não deve ser clubista nem fundamentalista a ponto de se perpetuar em nome da nada. 

Passada esta introdução, mesmo que em abstracto, devemo-nos sentir todos na plena liberdade e legitimidade para falar e escrever eventualmente coisas menos positivas sobre instituições, mesmo que delas já tenhamos feito parte, sobretudo quando temos a consciência que enquanto por lá andamos demos o nosso melhor, porventura acima do que se exigia, mesmo que em nome da tal lealdade resultasse um esforço acrescido por se perceber que as coisas nem sempre eram dirigidas da melhor forma, de modo insuficiente ou inadequado face ao que exigia. 

Esta é a questão base e primordial. Se a experiência de uma nossa passagem por um qualquer cargo ou função não foi a esperada, mesmo que por responsabilidades ou incapacidades terceiras, devemos saber ter este sentido de auto-crítica da parte que nos toca, de modo a que a nossa liberdade de expressão não possa ficar condicionada. 

Em resumo, no jogo das palavras e no exercício da liberdade de expressão e opinião, será sempre bem mais fácil para quem está de fora, na bancada. Se em campo, será sempre bem menos difícil marcar golos fora de jogo. Como se diria nos jogos da bola no recreio da escola, não faltam jogadores que "...só sabem jogar à mama!".

PS - David Neves encabeça lista à União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande


Como não há duas sem três, David Neves concorrerá pela terceira vez ao cargo de presidente da Junta da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo Guisande, encabeçando a lista do Partido Socialista. 

Nas últimas eleições, em 2017, só não venceu porque a par da falta de comparência do CDS, que serviria de fiel de balança, Manuel Oliveira Leite (agora cabeça-de-lista pelo PSD) teve de facto um excelente resultado em Gião. Não fora isso e o candidato socialista teria conseguido.

Não é muito normal que um candidato se submeta a um terceiro escrutínio depois de ter falhado duas eleições consecutivas, mas, pela parte que me toca, parece-me que o PS apostou bem, porque percebe-se que o David Neves é uma figura capaz de reunir consensos e produzir a cola que poderá unir as diferentes freguesias da União, coisa que de todo tem faltado até aqui devido a um modelo e filosofia desajustados, excessivamente presidencialista. Desde logo o respeito e compreensão pelas diferentes identidades sócio-culturais das quatro freguesias. Não basta reunir representantes das quatro unidades. É preciso mais que isso, como descentralizar e distribuir poderes e competências por quem realmente as conhece. Uma figura de um qualquer presidente que do alto do seu ego olhe apenas para o seu umbigo e para a sua freguesia, não deve ter lugar neste modelo de uniões.

A ver vamos se será desta, mas creio que o David tem a tarefa mais facilitada, dado que do actual executivo do PSD a herança é muito pobre porque pouco ou nada se fez.  No caso de Guisande, mesmo nada, e mesmo o básico da limpeza (mais do que necessária) que se venha a fazer será já em período de pré-campanha. Bastará, pois, apenas fazer balanços.

Não será fácil, desde logo porque a população está obviamente decepcionada e desmotivada, percebendo que tem sido surripiada da tal proximidade e respeito pelos seus valores, mas dos candidatos apresentados até agora, parece-me que o David Neves será aquele que melhor percebe a dinâmica que de algum modo poderá tornar a nossa União de Freguesias um pouco melhor que um projecto de todo falhado.

12 de julho de 2021

Autárquicas 2021 - PSD Feira apresenta listas


Decorreu na passada Sexta-feira, 10 de Julho, a apresentação das listas do PSD concorrentes ás Eleições Autárquicas de 2021 no concelho de Santa Maria da Feira.

A nível da Câmara Municipal, sem supressa, a recandidatura do Dr. Emídio de Sousa. Era esperada e de resto é o melhor candidato, não só pela experiência acumulada, qualidade do trabalho realizado e porque a concorrência, sem desmerecer, sempre a começar do zero, terá óbvias dificuldades.

Quanto às freguesias, no que toca à União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, será Manuel de Oliveira Leite, actual Tesoureiro, a substituir José Henriques dos Santos, que sai de cena. Também uma candidatura que era já esperada  e por demais previsível desde há quatro anos.

Quanto a Guisande, o representante será Joaquim Santos, que já foi presidente de Junta de Freguesia (2005/2009) e actual presidente da Direcção do Centro Social. 

Como seria mais que justo, e no contexto do qual já por aqui opinei,  houve suficiente bom senso e será candidato a Tesoureiro.

Do que conheço de Joaquim Santos, independentemente da popularidade que possa ou não ter, do estilo que se pode ou não apreciar, é competente para o cargo e função a que se candidata e pessoa dedicada e esforçada, de resto bem patente na sua função ligada ao Centro Social, num contexto muito difícil. Pessoalmente, mesmo sem conhecer os representantes pelas demais listas concorrentes, acredito que Guisande será bem representada com o Joaquim Santos. 

Quanto ao resto, a avaliar por algumas figuras ausentes ou presentes, é sinal de que cada vez mais é difícil congregar pessoas e competências para a intervenção e acção política, sobretudo autárquica. O Estado não tem feito nada por isso, antes pelo contrário, como a borrada da reforma administrativa que conduziu às uniões de freguesias, incaracterísticas, ineficazes e pouco ou nada representativas. Assim a mediocridade acaba por ter espaço para se implantar.

No início do terceiro mandato, por isso já com resultados tangíveis a uma análise, percebe-se que, pelo menos a nossa União de Freguesias tem sido um fracasso a toda a prova e não há absolutamente um único exemplo que possa ser apontado como algo positivo e demonstrativo dos objectivos propalados da reforma. 

Pegando no lema da recandidatura do Dr. Emídio de Sousa, no caso das uniões de freguesias, de modo particular da nossa, seguramente nestes oito anos, foram vários os passos dados, não para a frente mas para trás.

Um fracasso total, sobretudo no aspecto de proximidade e serviço às pessoas para além dos prejuízos identitários e afastamento de quem por amor à terra poderia dar mais e servir melhor. Assim, como está, parece uma missão para o Tom Cruise. Impossível.

Cidadania e coninhas

Eu bem sei que a Escola moderna é mesmo moderna. Já não faz da religião disciplina obrigatória, por mais que esta promova valores fundamentais à dignidade da pessoa e da vida, mas tudo o resto tem cabimento, mesmo a questão da homossexualidade e derivados. Não tarda está a ensinar e a promover as relações sexuais entre pessoas e animais e disso promover orgulhosas paradas. Já faltou mais.

Daria pano para mangas este tema, mas é coisa para a qual já não há pachorra e mesmo com algum excesso de fundamentalismo, porventura terá alguma ou muita razão a Hungria, não tanto, parece-me, quanto à essência, mas quanto ao papel da Europa no sentido da uniformização imposta, já não só do sistema financeiro, económico e administrativo como quanto aos aspectos sociais e culturais. Parece que a diversidade só convém a certas agendas.

Se a Europa burocrata acha normal e motivo de orgulho um posicionamento de apanhar sabonetes, não me parece que o deva impor às diferentes sociedades que a compõem.

Adiante.

Seja como for, tem muito que se diga esta coisa da imposição curricular nas nossas escolas da disciplina obrigatória de cidadania. Afinal quem é que educa? Os pais, a família? Não! O Estado e os burocratas. Esses é que determinam os valores e as orientações dos nossos filhos. Nós, os pais, as famílias, só cá estamos para os manter, levá-los à escola, pagar as propinas e dar-lhes alojamento até aos 25 ou 30 antes de irem para o desemprego ou emigrarem se forem espertos.

Parece-me que a tal luta dos pais dos alunos de Famalicão, que têm recusado a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que lhes tem acarretado o chumbar de ano, é justa e tem todo o fundamento, mas também creio que acabará por ser uma luta inglória mesmo que o Tribunal lhes tenha dado razão parcial. 

As coisas vão neste sentido e já não se atalham de ânimo leve. Já será precisa uma revolução, mas não me parece, ainda, que isso possa acontecer pela simples razão de que já não os temos no sítio e estamos todos a ficar uns coninhas, ou lá o que isso queira dizer, porque à luz da nova Educação, o termo "coninhas" é inadequado, politicamente incorrecto e machista. Depois, tudo o que mexa nesse sentido de agitar as águas é segregado como de extrema direita. Por conseguinte, a ideologia já há muito que começou a ser imposta, e como aconteceu às extremistas, à esquerda ou à direita, sub-repticiamente, de mansinho, com sorrisos, enquanto o circo se monta. Andamos, pois, todos entretidos e guiados de olhos postos na cenoura.

Veremos no que isto vai dar! Por ora, vai na fase dos preliminares. Andamos todos distraídos a apanhar sabonetes no chão e o boião da vaselina já está a ser desenroscado.

11 de julho de 2021

PR3 Arouca - Caminhos do Sol Nascente

 


Para uns, a terceira, para outros, a segunda e para outros ainda a primeira vez. Foi assim esta revisita ao PR3 de Arouca - Caminhos do Sol Nascente. Por coincidência, precisamente um ano depois da última vez. 

Início junto à igreja matriz de Santo Estevão em Moldes, quando o relógio batia as oito, para logo de seguida uma subida dura serpenteando sob frondosa sombra de carvalhos, castanheiros e pinheiros, num caminho que conduz até perto da aldeia de Bustelo. Ali, apesar das restrições da pandemia, alguns locais estavam em azáfama com a limpeza da capela da Senhora da Guia porque em situação normal seria o dia da Festa. Mas, se sem música e sem a parte recreativa, a tradição seria e mesma e o os fornos a lenha já se preparavam para o assado de cabrito e vitela no Domingo.

Deixamos Bustelo junto à Escola Primária, e de novo a subida que conduz à aldeia do Espinheiro, mas ainda um desvio para a descida aos recantos sombrios e frescos das ribeiras de Espinho e Roças, mesmo no sítio onde alegremente misturam as suas límpidas águas para dar lugar à caudalosa Ribeira de Moldes.

Depois, de vencida a maior parte da subida, o início da descida até à igreja de Moldes e ao ponto de partida, não sem antes o habitual lanche disposto numa pedra revestida a musgo juntinho à agua do ribeiro do Côto do Boi.

Aviado o farnel e recomeço da descida, passagens pelas bonitas aldeias de Fuste e sua capela de Santa Catarina, depois ainda Póvoa, Friães e Ribeiro. Quando chegados à igreja de Moldes, já sob um calor abrasador, tinham passado quase 5 horas, e com o sol a prometer uma tarde bem quente.

Dali, um salto de carro, já no fresco do ar condicionado, até à aldeia de Pedrógão, onde o pequeno e pitoresco restaurante familiar nos aguardava com truta da ribeira de Bouceguedim bem frita e servida de escabeche e ainda cabrito no forno, bem acompanhados com verde fresco da casa e sobremesas deliciosas como a "sopa seca" e "leite creme.

Divinal este retempero de forças e ânimo no Pedrógão, um pedaço de céu num pedaço de paraíso. Seria bom de qualquer maneira, mas depois de um trilho durinho, foi melhor ainda. A boa companhia e o salutar convívio fazem o resto e uma "receita" bem fresquinha, aviada no regresso, na esplanada à sombrinha do Café Central em Mansores, foi só para retemperar. Depois as coisas às tantas começam a ser tradição e não há como lhes fugir por mais curvas que se façam por aqueles lados.

Anyways. Esta coisa dos trilhos ou caminhadas, seja por estradas, estradões ou caminhos de cabras, é mais do que caminhar e bem mais que fotografias e partilhas nas redes sociais. É um misto de algo que se entranha e que nos leva  a perceber e a valorizar tudo o que a paisagem, humana e natural nos oferece, em que um gato pachorrento, um cão barulhento, um vaso de sardinheiras, um regato cantante, um castanheiro, carvalho ou uma simples pedra merecem bem mais atenção do que quem vai a caminhar. Nós, os caminheiros, somos meros espectadores e não é justo que as fotografias que depois partilhamos nas redes sociais sejam apenas sobre nós, como se nisto fôssemos os heróis. Não! Os protagonistas são as pedras, as árvores, as paisagens, os regatos, a natureza, humana, vegetal, animal ou mineral.

Quem não perceber isto, pode fazer trails, estourar com médias, ganhar medalhas e louros, fazer poses de campeão do tipo "olha p´ra mim", para "inglês ver", mas pouco valor terá. Na pressa temos sempre a tendência de não olhar para o lado ou até mesmo para trás e com isso deixar escapar tanta coisa. 

Cada um faça como quiser e gostar, obviamente, mas, que mais não seja, por bom senso, que não se vá ao Pedrógão pedir Coca-Cola ou torcer o nariz a uma "sopa seca" e pedir com naturalidade um gelado. Tudo tem valor e lugar e em tempos próprios, mas que não se desperdicem bolotas. Se vamos numa expedição ao Polo Norte, os calções são dispensáveis. Como diria o outro "ovelhas não são para matos".

Fica-se já à espera do próximo e será na mesma duro, ao sol e coisa  para pelo menos mais 16 Km.

Trilha-se!























5 de julho de 2021

LIAM em Fátima








O Grupo da LIAM de S. Mamede de Guisande participou neste fim de semana, 3 e 4 de Julho, na 41ª Peregrinação Nacional da Família Espiritana que decorreu no Santuário de Fátima.

Cerca de meia centena de pessoas participou nas cerimónias que constavam do programa, nomeadamente na Via Sacra,  Acolhimento e Saudação, Rosário e Procissão de Velas, Vigília e na Missa de Domingo, presidida pelo Bispo da Diocese do Porto, D. Manuel Linda. 

O grupo ficou alojado no Hotel Católica, bem perto do Santuário e no regresso fez uma breve visita ao centro histórico de Coimbra e ainda paragem na Mealhada para o jantar.

Tudo decorreu em conformidade dentro do espírito habitual de fé, oração, partilha e convívio.

Parabéns à organização!

1 de julho de 2021

A rua dos "bons" exemplos

 






Não! Não são pegadas de dinossauros! No caso são mesmo grandes buracos no fraco piso da Rua de Trás-os-Lagos, mesmo defronte da entrada das instalações industriais onde actualmente operam várias empresas. Tal situação, bem como cascalho que vai sendo solto e espalhado pela rua, "obriga" quase todos os automobilistas a contornar os buracos em sentido contrário. A coisa tem meses e custa a acreditar que ainda não tenham resolvido a situação com umas pazadas de massa asfáltica.

Ainda na mesma rua e defronte à referida instalação industrial, vê-se a densa vegetação a cobrir parcialmente a faixa de rodagem, no que parece um incumprimento pela gestão de faixa de combustível, para além de impedir o espalhamento da luz da iluminação pública.

Ainda na mesma rua, à esquerda de quem sobe, um montão de cascalho na berma, restos da intervenção na drenagem das águas pluviais feita há meses. De resto, este fazer a obra e deixar os restos por arrumar, também é visível ao cimo da rua, no entroncamento com a Rua Nª Sª de Fátima, com o cascalho removido em montes junto ao passeio. Para além do mais, esta zona merecia uma intervenção mais profunda.

Pelo menos até recentemente, à saída do portão sul do cemitério, ainda lá estavam os restos das obras da construção de sepulturas, apesar dos meus vários alertas, enquanto ainda membro da então Junta, para a necessidade de remoção. Quero acreditar que já tenham sido removidos, até porque o local é privado.

Estas situações podem ser muitas coisas mas não são seguramente, "mais pelas pessoas" ou outros bonitos e apelativos  lemas de campanha eleitoral que se possam adoptar. No fundo, até são pequenas coisas que se resolveriam facilmente, mas para isso é necessário que a acção seja activa, o que não parece.