4 de abril de 2022

Entretenimento


Por uma mera casualidade, numa busca online, percebi que há por este país fora vários estabelecimentos escolares de tipologia EB2.3, ou outras, designadas de Viso. Em locais como Vila Nova de Gaia, Porto, Figueira da Foz, Setúbal, Viseu. etc.

É claro que também tivemos a nossa saudosa Escola Primária do Viso, de Guisande. Teve um lindo passado mas um presente ausente e um futuro igualamente sem história. Não existe. Népias. Não fora o seu excelente aproveitamento e integração no Centro Social e provavelmente já o edifício não teria telhado, nem portas nem janelas.

Os motivos são conhecidos de todos e que emanam da baixa natalidade e políticas de centralismo que não se compadecem com lirismos de cada freguesia ter a sua escola. O centrão da educação a pretexto de poupança de recursos e de melhores condições transformou as nossas escolas nuns aglomerados certamente que com muita vida mas pouca ou nenhuma alma.

Nesta razia, vai sobrevivendo o estabelecimento de Fornos, como Jardim de Infância, mas mesmo esse com necessidade de crianças de outras freguesias. E mais coisa menos coisa, poderá seguir o destino dado às escolas da Igreja e Viso.

Por cá, apesar de toda esta fatalidade, do mal o menos porque fecharam a tasca em Guisande e mandaram os clientes para Louredo ou Lobão, relativamente perto, mas no interior do país, e mesmo num interior próximo, o encerramento de escolas foi um sangramento total e as aldeias tornaram-se ainda mais vazias e tristes e a caminho de se tornarem locais fantasmas.

No fundo, para este totobola conta o tal decréscimo da natalidade mas também, em muito, as décadas de más políticas ou pelo menos de desprezo total para com o interior. Por isso, quando por ora se fala em coesão territorial no mínimo, para não chorar, dá para rir.

Mas este é um assunto que diz pouco ou nada às pessoas. Nem na generalidade as preocupa sequer. Veja-se que tendo partilhado no Facebook um apontamento que escrevi aqui sobre a natalidade na nossa freguesia, como ponto de reflexão, não colheu sequer uma única opinião ou reacção. 

No fundo andamos todos por aqui entretidos com outras coisas e coisinhas e quem ousar reflectir e fundamentar sobre temas mais estruturantes ou mesmo mexer em certas feridas, feitas as contas só arranja lenha para se queimar. 

3 de abril de 2022

Natalidade ou falta dela



A propósito do assunto da baixa de natalidade que flagela o nosso país e por conseguinte também da nossa freguesia, que de resto já tem sido por aqui motivo da minha reflexão, a título de comparação com tempos passados, vejamos a diferença:

Em 24 de Abril de 1962, estava eu já em andamento para nascer dali a pouco mais de seis meses, quando o então nosso pároco, Pe. Francisco Gomes de Oliveira respondeu a um Questionário emanado da Diocese em que se pretendia saber o número de crianças em idade  escolar e delas quantas frequentavam a catequese, entre outras questões.

Pois bem, a resposta, conforme fotocópia acima do documento,  foi de que havia 80 meninos e 69 meninas, por isso 149 crianças. Todas elas frequentavam a Catequese, distribuída esta em quatro classes, a qual por esse tempo estava ao encargo de 12 catequistas. Dava, pois, arredondando, uma média de 37 crianças por cada uma das quatro classes e 12 crianças por catequista.

Confesso que na actualidade não sei o número exacto de crianças na catequese, entre os 6 e 10 ou 11 anos) (alguém saberá e responderá) ou em idade do ensino primário (1ª, 2ª, 3ª e 4ª classes), mas obviamente e seguramente que muito longe das 149 crianças referenciadas no referido inquérito. Eventualmente a diferença até fará coçar a cabeça de tão abismal.

As coisas são como são e para aqui não são chamadas as razões positivas ou negativas das quais decorre um decréscimo da natalidade no nosso país ou mesmo na Europa. Apenas uma pura constatação numérica.

1 de abril de 2022

Livros



Não sei quantos livros tenho,

De romance, aventuras, poesia,

Realidade ou simples quimera,

Nem os quero contar, confesso.

Sei quanto deles tanto obtenho,

Como aconchego em noite fria,

Dois braços abertos na espera

Por alguém perdido em regresso


Mas tenho muitos, centenas,

Um oceano de páginas revoltas

Em ondas de prosas e versos

Que fustigam o barco do meu ser.

Mas dez que fossem, apenas,

Seriam aves livres, bem soltas,

Pensamentos densos, dispersos,

Convergentes no impulso de ler.


Não sei, nem saber isso me empenho,

Nem vontade ou  querer me assaltam,

Porque mais que saber os que tenho,

Choro e lamento os que me faltam.


A. Almeida

Nota de falecimento


No passado dia 25 de Março faleceu João Ribeiro da Costa, de 70 anos, com residência no lugar de Estôse - Guisande, mas emigrante em França, onde se encontrava.

As cerimónias fúnebres terão lugar  no próximo Domingo, dia 3 de Abril, pelas 10:00 horas, indo no final a sepultar no cemitério local.

O velório terá lugar amanhã, Sábado, a partir das 17:00 horas.

A Missa de 7º Dia ocorrerá na igreja matriz de Guisande no dia 8 de Abril, Sexta-Feira, pelas 19:30 horas na igreja matriz de Guisande.

Sentidos sentimentos a todos os seus familiares. Paz à sua alma!

31 de março de 2022

Rebentou o balão


Há quem case por amor.

Dinheiro, ou interesse;

Por mais seja o que for

Promessa ou até prece.


Mas isto de por tal casar,

Foi já chão que deu uvas

Agora é mais o ajuntar

Qual mãos justas nas luvas


Se no Inverno sabem bem,

Já no Verão, nem por isso;

Postas de lado por vintém

Lá termina o compromisso.


Casa, descasa, casa, descasa,

Como norma já tida em conta

É o fazer da coisa tábua rasa

Ambos, cada um, barata tonta


Pobre, ou  triste casamento,

Teste, prova, experimentação;

Logo ao simples contratempo

O castelo de cartas vai ao chão.


E lá partem e repartem,

A pior parte a cada um;

Com má sorte ou sem arte

Rebentaram o balão! Pum!


Américo Almeida

30 de março de 2022

Porreiro, mas nem tanto


Confesso que gostava de me juntar de forma extasiante áqueles que por aqui saúdam tão efusivamente o apuramento da selecção nacional de futebol para o Mundial do Qatar, que dizem que vai ser disputado lá para o final do ano, terminando já quase pelo Natal.

Todavia, foi um apauramento mais que esperado e só surpreende que tenha sido necessário fazer mais dois jogos caseiros com selecções medianas para carimbar a presença. 

O jogo de ontem com a Macedónia do Norte foi o que se esperava, um jogo fácil, tanto mais que a abrir com uma asneirada da defesa adversária que fez de jogador português. 

Sendo certo que o adversário tinha eliminado dias antes a Itália, de forma estrondosa e surpreendente, em nada acrescentou à valia da equipa. De resto quem viu o jogo com a Itália terá percebido isso. 

Aqui há uns anos o Gondomar foi à Luz eliminar o Benfica num jogo para a Taça e o Torreense às Antas, eliminar o F.C. do Porto, com um golo de um gajo chamado Oeiras, e tantos outros exemplos parecidos e, todavia,  não foi por aí que o Gondomar ou o Torreense se tornaram potências do futebol nem venceram a Taça nesses anos. Por isso, a Macedónia foi ela mesma: Uma selecção fraca apesar do brilharete de aqui ter chegado. De resto fosse o adversário de ontem a Itália e se calhar estávamos todos aqui a vociferar com a malta do Fernando.

Posto isto, parabéns à malta, estamos onde era suposto estar, era escusado cansar o pessoal com dois jogos extra, mas mais do que isso é exagero.

28 de março de 2022

Cerejeira florida

Tenho no meu quintal uma cerejeira,

Que por Abril se veste de florido

Numa alvura celeste, quase divinal.

As abelhas à sua volta em canseira

Sorvem o pólem por ela oferecido

Num banquete de partilha fraternal.


Mas a cerejeira, a tal do meu quintal

Tem esse defeito ou efeito, eu sei lá:

Mil flores e pouco mais que se veja.

Mas entendo-a e nem tal tomo a mal,

Por essa vaidade florida mas quase vã

Se ao menos me der, uma só, cereja.


Américo Almeida