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23 de janeiro de 2022

A caminho de sei lá o quê


Dei comigo a pensar e a perguntar quantas pessoas residentes em Guisande terão falecido nos últimos 12 meses, isto é, num ano. E a resposta, mesmo que mais ou menos, terão sido umas 10 ou 12. Em sentido contrário, quantas crianças nasceram em Guisande nesse prazo? Confesso que não sei a resposta mas arrisco-me a dizer que eventualmente uma, duas ou mesmo nenhuma.

Não é preciso muito exercício para se pensar neste saldo negativo e perceber para onde é que ele nos leva inexoravelmente  enquanto comunidade. Obviamente que a uma redução da população e o seu envelhecimento. 

Todos sabemos que a baixa natalidade não só é um realidade nas pequenas aldeias do interior, como também nas zonas urbanas do litoral, das pequenas ás grandes cidades. Também não é um problema de Portugal mas da Europa em geral. 

Tratamos a baixa natalidade como um problema mas em rigor por si só não é problema algum. Só é problema à luz dos convencionalismos e modelos das sociedades modernas e ocidentais, em que se espera que uma boa parte da população seja jovem e activa de modo a suportar as outras partes, nomeadamente as que já atingiram a reforma. 

Ora é precisamente este modelo de sociedade e das suas exigências e padrões que acabam por concorrer em muito para a baixa natalidade. Para uma família, mesmo da classe média, ter um filho implica um enorme esforço financeiro durante pelo menos 25 anos, ou mesmo mais. Ora para cada filho a mais, o acréscimo é, naturalmente, proporcional. 

Os pais na sua maior parte investem as suas poucas poupanças na criação, educação e formação de um filho e assim, sem capacidade de realizar um pé-de-meia, arriscam-se a atingir a reforma depauperados e sem protecção, podendo a partir daí passar dificuldades. E na maior parte dos casos, o investimento feito a favor dos filhos, raramente tem retorno porque o modelo familiar tem-se vindo a erodir bem como os seus valores fundamentais. Estão, por isso, os lares a abarrotar e idosos a viverem sozinhos e abandonados por quem em primeiro lugar deles deveriam cuidar.

Posto isto, não surpreende que cada vez mais a opção de se ter um único filho seja adiada para tarde ou mesmo posta de parte. 

E não se pense que esta situação resulta apenas da velha desculpa de falta de apoios e políticas dos diferentes governos à natalidade. Também por aí, certamente, por fracas políticas ou falta delas, mas porque na realidade os padrões modernos estão formatados para isso e não há sistema que aguente um apoio efectivo e que faça a diferença de modo a inverter os gráficos. 

É estrutural mas também  cultural. De resto, veja-se, mesmo pensando em casos concretos à nossa volta em que casais supostamente com bons empregos, bons rendimentos e património, alguns até protegidos no emprego porque ligados ao funcionalismo público, tiveram ou têm apenas um filho, no máximo dois. E porque não tiveram mais? Por dificuldades económicas? No essencial porque não quiseram porque tal era um inconveniente do caraças, mesmo que o pudessem fazer sem problemas financeiros. Paradoxalmente, continuando a olhar ao perto, as poucas famílias que têm mais filhos, são aquelas que aparentemente são de origens mais humildes e sem as costas largas de patrimónios herdados ou de serem trabalhadores do Estado. Será apenas um paradoxo?

Em resumo, e sobre isto as opiniões serão diversas ou mesmo contrárias, as coisas estão neste pé porque desde há décadas que caminhamos nesse sentido, mesmo que com medidas avulsas, como no caso do município de Santa Maria da Feira ao decidir apoiar crianças durante e até aos 3 anos de idade, com um subsídio anual de, creio, 600 euros. Na prática, sendo uma ajuda, isso vai dar em nada no que toca ao incentivo concreto da natalidade e no final, daqui a uma década, se forem feitas contas, os números da natalidade no concelho pouco ou nada terão mudado e o normal será continuar a registar-se um decréscimo. Ninguém toma a opção de ter mais um filho exclusivamente pelo facto de poder receber 1800 euros em 3 anos.

Mas, face a esta realidade e contexto, vamos todos continuar a fazer de conta que isto há-de resolver-se, mesmo que a Segurança Social em breve se torne insustentável. Nem que se escancarem as portas a uma imigração sem critério para repormos os contadores e encher vilas e aldeias. E não faltam por aí Dons Sanchos com ares  e vontades de modernos povoadores. Com eles, até a aldeia de Drave voltará a latejar de gente nova.

30 de setembro de 2018

Não quero o bife porque não tem ovo a cavalo


Diz-nos a imprensa: "CDS pediu "debate sério", esquerda "chumba" pacote do CDS sobre natalidade"
Na primeira hora do debate, ficou claro que socialistas, comunistas e bloquistas iriam "chumbar" os sete projetos de lei e um projeto de resolução do CDS, em que se prevê uma redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e do IRS, dependente do número de filhos.
PS e partidos à esquerda alinharam pelos mesmos argumentos, criticando os democratas-cristãos por nada proporem sobre salários, precariedade laboral ou horários de trabalho, fatores que pesam na decisão dos casais para terem filhos, antevendo um "chumbo", no final do debate.

Pessoalmente considero que a esquerda tem alguma ou mesmo bastante razão quanto a várias questões de fundo que em si mesmas contribuem para o problema da baixa natalidade. De facto importa criar condições ao nível da questão do emprego das mulheres, nomeadamente na condição de maternidade.
Em todo o caso, o pacote de propostas avançado pelos centristas também me parece igualmente importante. Nem de longe nem de perto as medidas nele empacotadas resolverão o problema de fundo, mas dariam um contributo. Mas, eventualmente com alguma hipocrisia, parte a parte, porque enquanto governos nem CDS nem PS impulsionaram medidas objectivas de apoio às famílias e às jovens mães e delas um apoio à natalidade, esta posição da esquerda unida não deixa de ser caricata já que enquanto dona do actual governo, e tendo condições para o fazer, uma vez que se mostrou igualmente unida na identificação das necessidades e crítica aos populares, não criou ainda as condições laborais que reclama faltar às propostas do CDS. Ou seja, numa analogia gastronômica, a esquerda, mesmo reconhecendo a fome do problema, não aceita o bife do CDS porque lhe falta o ovo a cavalo, ou mesmo que ao contrário, não aceita o ovo porque lhe falta o bife.
Política rasca a nossa, em que importa desvalorizar sempre o que vem do lado oposto mesmo que com aspectos positivos. Traduzindo pela sabedoria popular, é "nem comer nem deixar comer".

4 de abril de 2022

Entretenimento


Por uma mera casualidade, numa busca online, percebi que há por este país fora vários estabelecimentos escolares de tipologia EB2.3, ou outras, designadas de Viso. Em locais como Vila Nova de Gaia, Porto, Figueira da Foz, Setúbal, Viseu. etc.

É claro que também tivemos a nossa saudosa Escola Primária do Viso, de Guisande. Teve um lindo passado mas um presente ausente e um futuro igualamente sem história. Não existe. Népias. Não fora o seu excelente aproveitamento e integração no Centro Social e provavelmente já o edifício não teria telhado, nem portas nem janelas.

Os motivos são conhecidos de todos e que emanam da baixa natalidade e políticas de centralismo que não se compadecem com lirismos de cada freguesia ter a sua escola. O centrão da educação a pretexto de poupança de recursos e de melhores condições transformou as nossas escolas nuns aglomerados certamente que com muita vida mas pouca ou nenhuma alma.

Nesta razia, vai sobrevivendo o estabelecimento de Fornos, como Jardim de Infância, mas mesmo esse com necessidade de crianças de outras freguesias. E mais coisa menos coisa, poderá seguir o destino dado às escolas da Igreja e Viso.

Por cá, apesar de toda esta fatalidade, do mal o menos porque fecharam a tasca em Guisande e mandaram os clientes para Louredo ou Lobão, relativamente perto, mas no interior do país, e mesmo num interior próximo, o encerramento de escolas foi um sangramento total e as aldeias tornaram-se ainda mais vazias e tristes e a caminho de se tornarem locais fantasmas.

No fundo, para este totobola conta o tal decréscimo da natalidade mas também, em muito, as décadas de más políticas ou pelo menos de desprezo total para com o interior. Por isso, quando por ora se fala em coesão territorial no mínimo, para não chorar, dá para rir.

Mas este é um assunto que diz pouco ou nada às pessoas. Nem na generalidade as preocupa sequer. Veja-se que tendo partilhado no Facebook um apontamento que escrevi aqui sobre a natalidade na nossa freguesia, como ponto de reflexão, não colheu sequer uma única opinião ou reacção. 

No fundo andamos todos por aqui entretidos com outras coisas e coisinhas e quem ousar reflectir e fundamentar sobre temas mais estruturantes ou mesmo mexer em certas feridas, feitas as contas só arranja lenha para se queimar. 

3 de abril de 2022

Natalidade ou falta dela



A propósito do assunto da baixa de natalidade que flagela o nosso país e por conseguinte também da nossa freguesia, que de resto já tem sido por aqui motivo da minha reflexão, a título de comparação com tempos passados, vejamos a diferença:

Em 24 de Abril de 1962, estava eu já em andamento para nascer dali a pouco mais de seis meses, quando o então nosso pároco, Pe. Francisco Gomes de Oliveira respondeu a um Questionário emanado da Diocese em que se pretendia saber o número de crianças em idade  escolar e delas quantas frequentavam a catequese, entre outras questões.

Pois bem, a resposta, conforme fotocópia acima do documento,  foi de que havia 80 meninos e 69 meninas, por isso 149 crianças. Todas elas frequentavam a Catequese, distribuída esta em quatro classes, a qual por esse tempo estava ao encargo de 12 catequistas. Dava, pois, arredondando, uma média de 37 crianças por cada uma das quatro classes e 12 crianças por catequista.

Confesso que na actualidade não sei o número exacto de crianças na catequese, entre os 6 e 10 ou 11 anos) (alguém saberá e responderá) ou em idade do ensino primário (1ª, 2ª, 3ª e 4ª classes), mas obviamente e seguramente que muito longe das 149 crianças referenciadas no referido inquérito. Eventualmente a diferença até fará coçar a cabeça de tão abismal.

As coisas são como são e para aqui não são chamadas as razões positivas ou negativas das quais decorre um decréscimo da natalidade no nosso país ou mesmo na Europa. Apenas uma pura constatação numérica.

30 de junho de 2014

O adeus às aulas na escola do Viso


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É oficial. A escola primário do Viso, aqui na freguesia de Guisande, é uma das seis que no concelho da Feira já não abrirá as portas no início do próximo ano lectivo. De resto é uma “morte” que já vinha sendo anunciada há alguns anos. Os motivos são por demais conhecidos: Baixa natalidade no país e consequente redução drástica do número de nascimentos, logo falta de crianças, e, como não podia deixar de ser, em grande parte devido a más políticas de sucessivos governos que conduziram a esta situação, desde logo por nunca terem tido uma acção de verdadeiro apoio e incentivo à natalidade. 

Por outro lado, a redução de professores e a concentração das crianças em centros escolares, a desfavor de políticas de proximidade, mesmo que isso represente custos, é igualmente uma das causas que aos poucos têm aniquilado muitas localidades no interior do país que a cada instante veem perder os seus elementos de identidade comum, como é o caso das escolas primárias, postos médicos, estação dos correios, etc.

É claro que é uma inevitabilidade, mas deixa pena e deixa sobretudo um mau pressentimento sobre o futuro deste pobre país que aos poucos vai definhando, perdendo o vigor e renovação que as novas gerações transmitem a uma sociedade. Somos, por isso, já um país de velhos, não inúteis, obviamente, mas por força das circunstâncias, uma população que já pouco pode dar ao seu desenvolvimento.

A velhinha escola do Viso, já com mais de sessenta anos, e toda a zona envolvente, no Monte do Viso, vai deixar assim de ter  a alegria do bando de crianças e das suas brincadeiras. Por lá passaram e aprenderam várias gerações de guisandenses. Recordo-me de quando nela entrei para a primeira classe, ali por 1968, em que por lá aprendiam pelo menos umas 60 crianças divididas pelas quatro classes. Mas as crianças em Guisande  ainda eram mais pois ainda nos anos 60 foi necessário edificar a escola primária da Igreja onde para lá mudei para a segunda classe em 1969. Custa, pois, a crer que em apenas 40 anos a freguesia tenha sido tão dramaticamente reduzida no número de crianças. Mas Guisande é apenas o retrato do resto do país.

Apesar de toda esta tristeza, resta-nos a consolação de que o edifício vai ser entregue ao Centro Social S. Mamede de Guisande que nele dinamizará um Centro Cívico. As instalações estão em bom estado e serão oportunamente realizadas obras de ampliação, no que em muito enriquecerá o edifício. Será assim um espaço de partilha de vivências e convivências dos utentes associados. Estamos certos que com tempo para lá voltarão, já como idosos, pessoas que por ali aprenderam enquanto crianças. Será, pois, um ponto de encontro do ciclo da vida, um regresso às raízes da nossa infância no que trará certamente um misto de alegria, de  melancolia e saudade.

Saudosa escola do Viso,
À sombra do velho sobreiro,
Ecos de alegria e riso
Ressoam de um tempo primeiro.

Jogos, brincadeiras, folguedos,
Contas, ditados e escritas,
Tuas paredes guardam segredos
Memórias doces e bonitas.

Em ti aprendi as letras, a ler,
Nos livros que ainda guardo.
A fazer contas, a escrever
No caderno, a cópia e o ditado.

Professoras e meus colegas,
Rostos que ainda retenho;
Corridas, pião, cabra-cegas
Mas nas aulas, sempre empenho.

Por tudo isso, velha escola,
Saudades já tenho de ti,
Dos livros e lápis na sacola,
Letras e contas que aprendi.

Até agora, que morreste,
De tantos que já partiram,
Quantas crianças acolheste,
Quantas lições te ouviram?

Já com as rugas da velhice
Regressam a ti noutra idade;
Falta-lhes a doçura da meninice,
Sobra-lhes o amargo da saudade.





21 de outubro de 2021

Censos 2021 - Resultados preliminares


Da leitura dos resultados preliminares dos Censos 2021, ao contrário do que seria de supor, a nossa União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande não atingiu ainda o patamar dos 10 mil habitantes, ficando-se por uma população de 9.656 pessoas. Pelo contrário, face aos resultados de há 10 anos, com os Censos 2011, a população reduziu em 2,1% já que então se registou uma população de 9.860 indivíduos.

Fica-se a saber ainda que da população de 9.656 pessoas, 4.674 são homens e 4.982 são mulheres.

Quanto a outros dados:

Nº de Agregados: 3572 - Variação positiva de 3,8% face aos dados de 2011.

Alojamentos: 4947  - Variação positiva de 2,9% face aos dados de 2011.

Edifícios: 4083 - Variação positiva de  2,2% face aos resultados de 2011.

Por sua vez ao nível global do concelho de Santa Maria da Feira, regista-se uma população de  136.720 indivíduos, com uma variação negativa de  1,9%, face às 139.309 pessoas registadas nos Censos de 2011.

Da actual população feirense, 65.867 são homens e 70.853 são mulheres.

Em resumo, o concelho e a nossa União de Freguesias sofrem do mesmo problema de natalidade que afecta o país. Estamos, pois, com a população a reduzir de ano para ano e a verificar-se um natural envelhecimento. 

Fracas políticas de apoio à natalidade a par de problemas estruturais da sociedade e de um modelo sócio-económico que não favorece nem incentiva a decisão de se ter filhos, bem como a desagregação e desvalorização do modelo convencional de família, concorrem e contribuiem para esta situação. 

Não tarda, passaremos a ter necessidade de abrir as comportas à migração, importando raças, credos e culturas diversas, transformando-nos numa miscelânia à francesa, sem qualquer base de identidade nacional, ou o que isso já queira significar.

Como diz o povo, colhemos o que semeámos.

3 de junho de 2013

Comunhão Solene 2013

 

ramos comunhao solene guisande

guisande comunhao solene

A paróquia de Guisande esteve ontem em festa com a celebração da Profissão de Fé, também conhecida por Comunhão Solene, com uma dúzia de crianças entre meninas e meninos.
A cerimónia celebrada pelo pároco P.e Agostinho, decorreu pelas 11:00 horas na igreja matriz, depois do ponto de encontro junto à capela do Viso e a descida em procissão.
Já na parte da tarde, pelas 17:30 horas decorreu a Adoração ao Santíssimo, a procissão à capela do Viso, onde foi feito o habitual discurso de agradecimento a Nossa Senhora da Boa Fortuna,  e regresso à igreja para o encerramento com mais um discurso e a habitual oferta dos ramos.
Apesar do escasso número de crianças, a festa decorreu com a alegria e dedicação habituais embora longe do empolgamento geral e comunitário de outros tempos.


Quando recuamos 20 ou 30 anos em que bienalmente eram cerca de 50 ou até mais crianças a viverem este momento importante do seu percurso religioso, percebe-se duas realidades: A do país, com as taxas de natalidade a descerem de forma alarmante e a da própria freguesia, que a par da realidade global também tem vindo a verificar uma estagnação ou até decréscimo comparativamente com outras freguesias da nossa dimensão, como por exemplo, Gião. Perante estas realidades, a tendência é que este número de crianças já por si reduzido venha a ser inferior num futuro próximo.

26 de agosto de 2017

Professor Joaquim Ferreira Pinto e outras histórias


Joaquim Ferreira Pinto, nasceu a 14 de Janeiro de 1879, no lugar de Fornos, freguesia de Guisande. Filho de Joaquim Caetano Pinto e de Ana Rosa Duarte. 
Foi baptizado na igreja matriz de Guisande, tendo como padrinho o Abade António Ferreira Duarte (1), então pároco de S. Miguel do Mato - Arouca e Joaquina Rosa Duarte.
Era neto paterno de Manuel Caetano Pinto e de Joana de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira Duarte e de Joana Margarida Gomes.
Formou-se em professor e exerceu numa escola privada que tinha no lugar de Casaldaça, Guisande.
Faleceu em 03 de Setembro do ano de 1971 com 91 anos de idade. Está sepultado no cemitério de Guisande.


Extracto da certidão de baptismo do Prof. Joaquim Ferreira Pinto.

Nota: (1) - O Abade António Ferreira Duarte, nasceu em Cedofeita, freguesia do Vale - Vila da Feira, no dia 04 de Janeiro de 1813. Era filho de António Ferreira Duarte e de Maria Eufrásia de Jesus, ambos de Cedofeita. Em 1833 já aparece na freguesia do Vale como padre. Foi abade de S. Miguel do Mato, concelho de Arouca, tendo falecido  no dia 24 de Março de 1888.

Notas complementares: Pelo que referimos em artigos anteriores, nomeadamente aqui e aqui, sabemos que o edifício da Escola Primária do Viso foi edificado no ano de 1949 e que a Escola Primária da Igreja teve a sua construção vinte anos depois, ou seja em 1969. De construção posterior apenas as instalações dos Jardins de Infância ou Pré-Primária da Igreja e de Fornos (esta a única em actividade).

Apesar destes factos relativos aos dois mais conhecidos edifícios escolares na freguesia, o ensino escolar primário em Guisande é anterior, remontando seguramente ao início dos anos vinte, sendo que então apenas para alunos do sexo masculino. Assim as primeiras referências a esta fase inicial da escolaridade primária em Guisande vão para o professor Joaquim Ferreira Pinto, irmão do cónego António Ferreira Pinto, o qual leccionava as quatro classes numa escola em edifício, pertencente ao próprio, situado no lugar de Casaldaça, mais concretamente no local onde actualmente existe a casa da Sr.ª Natália.

Esta escola integrava os rapazes da freguesia, no entanto não extensível à sua totalidade uma vez que então a frequência não era obrigatória e iriam apenas os filhos de gente mais abastada ou pelo menos mais receptiva a dispensar a mão-de-obra tão importante quanto necessária na lide da casa e dos campos.

Tenho indicação que já por essa altura a frequentaram o meu falecido pai (António Gomes de Almeida), nascido em 1917 e o meu tio Neca (Manuel Joaquim Gomes de Almeida), ainda vivo, com quase 94 anos de idade, que ainda relata as memórias desse tempo e de modo particular o seu tempo de escola. Segundo esses mesmos relatos na primeira pessoa, a escola era composta por uma única e ampla sala na qual o professor Joaquim leccionava em simultâneo as quatro classes. O número de rapazes terá chegado aos 80, por isso uma média de 20 por classe. O horário seria das 08:00 horas às 14:30 horas, sem intervalo para almoço e não raras vezes, por castigo, era suprimida a hora de recreio. Para além deste horário exigente, os alunos que estavam em vias de realizar o exame da quarta classe tinham ainda umas horas adicionais no resto da tarde.

Ainda segundo as memórias do meu tio Neca, o professor Joaquim, era extremamente exigente e mesmo muito severo nos castigos e na disciplina que fazia cumprir a reguadas, canadas e até a "biqueiradas e palmadas". Seria o "terror" dos alunos. Não espanta, pois, que muitos dos rapazes simulassem dores de barriga, vómitos (forçados com dedos enfiados pela goela abaixo) e dores de cabeça, para  de algum modo, com o seu ar de doentes e abatidos sensibilizarem os pais (sobretudo as mães) e poderem escapar a umas aulas. A severidade dos regentes/professores desses tempos era quase uma regra. Para o bem e para o mal, as coisas inverteram-se e em poucos anos passamos do 8 ao 80 e por agora a tônica é o desrespeito e mesmo abusos dos alunos para com os professores.

Esta situação de ensino escolar aberto apenas a rapazes, e não a todos, mantinha-se ainda no ano de 1936, pois o cónego António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre a freguesia de Guisande, "Defendei Vossas Terras...", fazia uma referência a essa situação, concretamente: 

(...Há escola apenas para o sexo masculino e o edifício, que é pequeno, pertence ao professor por herança. Está criada a escola para o sexo feminino, mas não pode funcionar, porque não há edifício em condições. Todos reconhecem a necessidade duma construção para as duas escolas, mas a pouca vontade de uns, a falta de recursos de outros, o individualismo ou egoísmo de alguns que não têm filhos ou já estão crescidos e educados e talvez outros motivos que desconheço — tudo impede um melhoramento que é de necessidade e de utilidade sobretudo para as meninas. E uma obra de utilidade pública e social. Oxalá que isto seja compreendido por todos para honra da terra, realizando-se a obra para bem e interesse geral.)

Resulta daqui que já por essa época sentia-se a necessidade de abrir o ensino das primeiras letras às raparigas de Guisande, mas a dificuldade, para além de culturais, porque numa época em que era comum o analfabetismo e os filhos eram mão-de-obra não dispensável, era também material já que não havia posses para um edifício público próprio.
Seja como for, a ter em conta a leitura da acta da Junta de Freguesia dessa época (que abaixo se reproduz), em que era presidente o Sr. José Gomes Leite, do lugar do Reguengo, a opinião do ilustre cónego era partilhada pela Junta. Leia-se, por isso, a acta da reunião de Março de 1937, mesmo que num português rudimentar, a precisar de escola:

Acta da sessão da Junta de Freguesia de Guisande, concelho de Vila da Feira.
Aos ... dias do mês de Março do ano de mil nove centos e trinta e sete, se reuniu em sessão ordinária a Junta de Paróquia na sala das sessões. Disse o Sr. Presidente que não tendo escola feminina temos necessidade da criação de um posto escolar para o sexo feminino, para ser a sede no lugar do Reguengo, com os lugares adjuntos, sendo Reguengo, Barrosa, Fornos, Lama, Casaldaça, Quintães e Cimo de Vila. Para a regente ser nomeada a D. Branca Ester dos Santos Cabral de Sousido, o que isto foi resolvido pelo Sr. Presidente para não ficarem as crianças sem escola por não haver escola feminina. Temos a escola criada mas não temos edifício para exercer a escola para a professora. Esperamos ver a criação do posto para benefício de tantas meninas que há na nossa freguesia e que aquelas que precisam aprender e tem vontade andam fora, em Lobão. e outras não aprendem por não ter.
Não havendo mais nada a tratar foi encerrada a sessão lavrando-se o presente acta que vai ser assinada por todos.
José Gomes leite
António Custódio Gonçalves
António Augusto Guedes.


Não deixa de ser curiosa a situação abordada na referida acta da Junta em 1937, sendo que mesmo pela leitura de actas seguintes não é líquido que tal escola ou simplificadamente esse posto escolar tenha mesmo sido concretizado. De resto, por relatos do meu tio Neca, com a autoridade dos seus quase 94 anos e boa memória, não se recorda de ter havido escola ou posto escolar no lugar do Reguengo. Funcionou, isso sim, no lugar do Viso, no local na casa do falecido Sr. Antoninho (sogro do Sr. Manuel Tavares), por isso ao fundo monte. E a professora foi precisamente a referida D. Branca (D. Branquinha, como era conhecida), da freguesia de Louredo. Terá, pois, sido alterada para o lugar do Viso a pretensão inicial da Junta de Freguesia de localizar  o posto escolar no lugar do Reguengo, eventualmente este proposto pelo facto do presidente da Junta da época (José Gomes Leite) ser dali. Eventualmente o edifício a ser considerado para tal função seria até do próprio.
Outra nota curiosa, este posto escolar no lugar do Viso terá sido posteriormente deslocado (cerca de 150 metros para sul) para  o lugar das Quintães, passando a funcionar no edifício actualmente pertencente ao Sr. Rogério Neves, próximo da Casa do Santiago e na altura de propriedade do sogro do Sr. Rogério, precisamente o referido presidente da Junta de então, o Sr. José Gomes Leite.

Um ano depois, em 1937, a mesma Junta de Freguesia, por acta datada de 27 de Março de 1938, faz referência à intenção de abrir um segundo posto escolar para raparigas, a sediar no lugar da Leira e a abranger alunos dos lugares não referidos na acta de 1936 (sendo que por curiosidade não são mencionados os lugares da Igreja e Viso, que viriam precisamente anos depois a ser a sede das duas escolas primárias). Convém referir que por essas alturas os acessos entre os diferentes lugares da freguesia eram poucos e fracos, essencialmente por caminhos, e por isso, sobretudo em tempos de chuva, ir de uma ponta da freguesia à outra era um autêntico cabo dos trabalhos. Não espantaria que para se ir de Estôze ao Reguengo ou vice-versa fosse coisa para demorar uma hora por mau caminho, com covas e lama. Por outro lado, as raparigas eram seguramente mais que as mães pelo que a justificação de dois postos assentaria numa necessidade geográfica mas também de lotação.

Vejamos então a deliberação da referia acta da Junta de Freguesia datada de 27 de Março de 1938:

Aos vinte e sete dias do mês de Março de mil e nove centos e trinta e oito  na sala das sessões da Junta de Freguesia de Guisande, concelho da Feira, compareceram os cidadãos José Gomes Leite, António Custódio Gonçalves e António Augusto Guedes, respectivamente presidente e vogais, às onze horas precisas foi pelo presidente declarada aberta a sessão. Pelo presidente foi dito havendo inteira necessidade de criação de um posto escolar feminino nesta freguesia no lugar da leira, visto os lugares abaixo mencionados ficarem muito distantes do posto escolar que existe e a escola masculina não poder aceitar as meninas a sua frequência por determinação da lei. Mais propôs que este posto escolar venha a servir os lugares de Leira (sede), Gândara, Estôze, Pereirada e Outeiro. Para regente a D. Gracinda Gomes da Silva, habilitada com exame de aptidão desde Outubro de mil e nove centos e trinta e sete, natural desta freguesia, órfã de mãe e ser de absoluta necessidade de haver protecção às famílias numerosas visto serem mais dez irmãos e por lutar com dificuldade para a sustentação e educação dos seus onze filhos. Depois de discutida e apreciada a proposta em todos os pontos, esta Junta deliberou por unanimidade a aprová-la. Não havendo mais a tratar pelo presidente foi encerrada a sessão. Para que conste lavrei a presente acta que vai ser lida em voz alta e assinada por todos.
José Gomes Leite
António Custódio Gonçalves
António Augusto Guedes.

Nesta acta, para além da referência à tal necessidade da abertura de um segundo posto escolar para meninas, a referência pessoal à nomeação da regente (professora), órfã de mãe, uma de onze irmãos. Não deixa de ser notável que alguém de uma família numerosa, sem mãe e com dificuldades inerentes, tenha conseguido fazer exame de habilitação para regente de uma escola primária, mesmo sabendo-se que os requisitos da época para este cargo não fossem obviamente muito exigentes, não sendo para o efeito necessária qualquer licenciatura, mas apenas uma formação básica e um exame. Refira-se, ainda a titulo de curiosidade que esta D. Gracinda, era natural de Guisande e irmã da Sr.ª Celeste, esta mãe da professora Marilda e do Jorge Ferreira,e que também ela durante muitos anos foi regente/professora na freguesia de Caldas de S. Jorge e sobretudo em Lobão, na Escola do lugar do Ribeiro. Esta professora Gracinda casou e viveu posteriormente em S. João da Madeira.

Destas duas actas que se referem à criação de dois postos escolares destinados a raparigas, conclui-se que Guisande pelos meados dos anos 30 e até final dos anos 40 teve assim uma escola para rapazes e dois postos para raparigas. Há ainda a informação de que terá também funcionado um posto escolar no lugar da Gândara, onde actualmente existe a Casa Neves, facto que ainda não conseguimos confirmar. Este edifício, e novamente a curiosidade, seria então de António Augusto Guedes, precisamente um membro da Junta da época, o que é perfeitamente compreensível que se tenha disposto a conseguir disponibilizar um local para o posto escolar. Será, pois, de supor que a tal intenção de sediar o posto escolar feminino dirigido pela D. Gracinda tivesse funcionado um pouco mais a norte, no lugar da Gândara.

Estas situações de postos escolares em edifícios particulares e de carácter provisório e certamente que por isso não vocacionados ou preparados condignamente para o ensino, terão sido resolvidas com a construção da Escola Primária do Viso, com duas salas, uma para rapazes e outra para raparigas, como dissemos, no ano de 1949. A partir daí, com uma construção de raiz e com carácter público, terá ficado centralizado na Escola do Viso todo o ensino primário na nossa freguesia de Guisande. Apenas vinte anos depois, em 1969, a  freguesia sentiu necessidade de edificar um novo edifício, com a construção da Escola Primária da Igreja. Estas duas escolas funcionaram em simultâneo durante pelo menos 40 anos. Infelizmente, com as políticas de centralização dos serviços do ensino primário a par da nítida baixa de natalidade, tornou-se inevitável o encerramento da actividade escolar primária na nossa freguesia (de que é excepção o Jardim de Infância de Fornos e mesmo assim com algumas crianças de fora da freguesia)  e por conseguinte do encerramento dos respectivos edifícios escolares. Do mal o menos, ainda continuam de propriedade pública e por isso ou já integrados ou a integrar em actividades sócio-culturais da nossa freguesia.




Actas da Junta de Freguesia acima referidas.

10 de novembro de 2013

Acolhimento e natalidade

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Integrada na missa dominical, decorreu ontem na paróquia de Guisande a Festa do Acolhimento que se traduz na recepção e apresentação à comunidade das crianças que vão iniciar o seu percurso na catequese. Foram apresentadas, disseram os seus nomes, rezaram, cantarem, tiveram direito a palmas e receberam um diploma.

Não são muitas as crianças que tiveram este momento especial, apenas 6, sendo 3 rapazes e 3 raparigas, mas os tempos são de crise e a velha sentença bíblica do “crescei e multiplicai-vos” está igualmente pelos caminhos da amargura.

Este número 6 será para ser reduzido nos anos que aí vêm  pois não há perspectivas de que a tendência de queda no número de nascimentos no nosso país, e naturalmente na nossa comunidade, venha a ser invertida. Não foi quando as condições económicas do país e das famílias eram substancialmente melhores pelo que não será agora neste contexto de forte austeridade e desemprego. Assim, somos cada vez mais um país de velhos. Para amenizar a realidade de se chamar os bois pelos nomes, inventaram a designação de séniores.


1 de junho de 2018

Guisande - Comunhão Solene - 2018



31 de Maio de 2018 - Dia de Corpo de Deus - Celebração da Comunhão Solene em Guisande.

Esta celebração religiosa e a festa a ela associada, continuam a marcar o calendário da nossa comunidade de S. Mamede de Guisande, mas obviamente sem o impacto e envolvência de outros tempos. Desde logo pelo número de crianças participantes, apenas seis, um enorme contraste quando comparado com o dia da minha Comunhão Solene, em 1973, por isso há 45 anos, em que entre rapazes e raparigas éramos mais ou menos sessenta almas em festa. É certo que por esses tempos esta celebração ocorria apenas de dois em dois anos, mas mesmo assim corresponderiam, em média, trinta crianças por ano. Uma enorme diferença, de facto, o que diz muito da tendência da nossa actual sociedade no que quanto à natalidade e suas causas diz respeito. Estas, as causas, porém, são contas de outro rosário e que para aqui não são chamadas. Apenas a constatação do enorme contraste entre ambas as realidades registadas em menos de meio século.

Para além da Missa Solene, da parte da manhã, a festividade contou com a reza do Terço ao final da tarde, seguindo-se a tradicional procissão solene que marchou até à capela do Viso, regressando à igreja matriz para o encerramento das cerimónias. A procissão foi acompanhada pela Banda Musical de S. Tiago de Lobão.

9 de janeiro de 2023

Uma terra de todos e de ninguém

Contando por alto, mesmo com gente natural da freguesia mas que estava fora, mais coisa menos coisa foram mais de uma dúzia os falecimentos de guisandenses neste ano que terminou. E o mês de Janeiro do novo ano ainda está na primeira semana e já foram duas pessoas a partir. A última delas vai hoje a sepultar.

Costumamos dizer que isto é uma roda e que uns morrem e outros nascem. É certo! Mas também tomamos como adquirido que é normal que os nascimentos sejam mais que os falecimentos para assim haver crescimento da população e cumprir-se a velha regra divina do "crescei e multiplicai-vos". 

Todavia, há anos que esta regra está virada do avesso e não só na velha Europa, como em Portugal e Guisande, os nascimentos estão em redução e por isso as populações estão a reduzir e a envelhecer. E se em Portugal a coisa não tem sido mais dramática tal só acontece porque uma parte substancial dos nascimentos, sobretudo na área da Grande Lisboa, são filhos de pais estrangeiros. De resto, parece que os três primeiros nascimentos em 2023 cá em Portigal, foram precisamente de pais não portugueses.

Em Guisande o mesmo problema que já vem de há anos. Face a a essa dúzia de falecimentos no ano de 2022 quantos nascimentos ocorreram? Três, dois, um? Nenhum? 

Por mim já tenho falado e escrito sobre o assunto e pouco importa perder tempo com explicações e justificações. Elas são por demais evidentes, desde logo pelo nosso estilo e padrões de vida bem como pela falta de políticas sérias e consistentes de apoio às famílias, nomeadamente à natalidade. Hoje o conceito de família anda virado do avesso e até mesmo vandalizado ao abrigo de modernos paradigmas pelo que pouco ou nada há a fazer. Fica o dilema de continuar a assistir à redução da população e ao esvaziamento do já euxaurido interior ou então, como muitos defendem, abrir as comportas para o país ser inundado de gente proveniente do terceiro mundo para de novo povoar esta terra de velhos e passarmos a ser não uma pátria mas um ninho de vespas, uma  arca de noé com uma miscelânia de gentes de diferentes raças, culturas e credos com todos os riscos inerentes e decorrente dos extremismos e fundamentalismos. Parece-me, que se formos por aí, sem regras nem rei nem roque, deixaremos de ser uma pátria mas antes um acoradouro, uma terra de todos mas de ninguém. 

19 de março de 2024

Nascimentos em Guisande no séc. XIX

Nascimentos em Guisande (de 1844 a 1859). 

Os números a seguir, correspondentes a pouco mais que uma década, revelam que, ao contrário do que era habitual, os rapazes foram nascendo em maior número que as raparigas. Nota-se também que não houve uma tendência de crescimento pois em 1844 nasceram 19 crianças e dez anos depois apenas 14. Pelo meio, em 1855, apenas 10. 

Importa referir que estes números até são percentualmente  interessantes pois por esses anos a nossa freguesia tinha à volta de 500 habitantes residentes. Em 1864 tinha 529, em 1878, 456 e em 1900, ao virar para o século XX, tinha 550 moradores. Só em 1960 é que ultrapassou o milhar de habitantes residentes.

Convém referir que por estes tempos, apesar de algumas mudanças com o liberalismo, os cuidados médicos e de saúde eram escassos ou mesmo inexistentes e as doenças estavam sempre presentes. Muitos bebés, como as mães, morriam durante o parto.

Apesar disso a freguesia foi crescendo em população e passado um século, pelas décadas de 1950 e 1960, os nascimentos na freguesia já andavam anualmente pelas três dezenas ou mais. Claro que depois, a partir da década de 1990, começou uma redução da natalidade e na actualidade os nascimentos são em escasso número não chegando sequer a atingir meia dúzia por ano. Talvez nem metade disso. Por conseguinte a freguesia está a registar por década  uma efectiva perda de população, na ordem já próxima da centena.

1844

Rapazes: 10

Raparigas: 9

Total: 19

1845

Rapazes: 5

Raparigas: 8

Total: 13

1846

Rapazes: 9

Raparigas: 7

Total: 16

1847

Rapazes: 9

Raparigas: 8

Total: 17

1848

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1849

Rapazes: 6

Raparigas: 5

Total: 11

1850

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1851

Rapazes: 9

Raparigas: 9

Total: 18

1852

Rapazes: 9

Raparigas: 10

Total: 19

1853

Rapazes: 4

Raparigas: 7

Total: 11

1854

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1855

Rapazes: 5

Raparigas: 5

Total: 10

1856

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1857

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1958

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1959

Rapazes: 10

Raparigas: 7

Total: 17

1868:

Total: 12

6 de novembro de 2017

Escolas em Guisande, uma triste realidade


Tem sido uma fatalidade, mas a freguesia de Guisande há já alguns anos que não tem qualquer escola em funcionamento. Vai subsistindo, como amostra, o Jardim de Infância de Fornos. 
No entanto recuando a 1990, por isso há menos de trinta anos, relatava o jornal "O Mês de Guisande" em Outubro desse ano, o seguinte: 

"Foi aberto em finais de Setembro o novo ano escolar. Em Guisande começaram a funcionar 10 salas de aula assim distribuídas: Ensino Pré-Primário: Jardim de Infância do lugar da Igreja, com a professora Maria João, 25 crianças; Jardim de Infância do lugar de Fornos: (sem informação, mas seguramente com pelo menos mais 15 crianças). Ensino Primário: Escola da Igreja, com a professora Maria Lúcia Valente, 20 alunos, com a professora Maria Eugénia Silva, 15 alunos, com a professora Maria Célia Giro, 20 alunos e com a professora Maria Marilda Ferreira, 20 alunos; Escola do Viso: Com o professor Carlos Alberto Letra, 18 alunos e com a professora Maria Teresa, 22 alunos.

Em resumo, 40 alunos na Pré-Escola e 115 na Escola Primária. Quantos seremos hoje, somando os que andam dispersos por escolas de outras freguesias? Não, não façam contas porque será sempre uma triste realidade. Alguma responsabilidade política, certamente, mas sobretudo o contexto de uma nova realidade de centralismo dos equipamentos escolares e a crescente baixa de natalidade.

27 de agosto de 2023

Zé brasileiro português de lado nenhum


Não é apenas uma percepção de quem anda por zonas urbanas e frequenta serviços, sobretudos ligados ao turismo, como alojamentos e restauração, de que estamos "infestados" de estrangeiros e principalmente de brasileiros nessas actividades, mas, também me parece, é mesmo uma constatação notória.

Confesso que nada tenho contra estrangeiros, incluindo os brasileiros, até porque uso a máxima de que todos são bem-vindos se vierem por bem e acrescentarem valor, a eles próprios, naturalmente, mas também ao país, cidades, vilas e aldeias que escolheram para, de algum modo, encontrarem melhores condições de vida para si e para os seus. Quem não vier nem estiver cá com esses pressupostos básicos, para além do respeito por cultura, religião e história locais, querendo impor as suas, não é bem-vindo e estará cá a mais. Nós, portugueses, sempre fomos exímios nesse respeito e por isso sempre fomos bem sucedidos e admirados nas várias partes do mundo para onde emigramos.

Apesar de termos em Portugal um historial de crimes recheado de brasileiros, e quem percebe da poda vai dizendo que a bandidagem brasileira encontra por cá bom paradeiro, políticas displicentes, uma autoridade sem autoridade, um regime penal suave, etc, creio, todavia, que no global são pessoas de bem e que facilmente se integram e também são bem acolhidos pela sua natural proximidade linguística, de simpatia e mesmo de competência. Vejo isso, por exemplo, na minha dentista, que é brasileira ou junto de outros profissionais com quem tenho cruzado. De resto tenho familiares e amigos do e no Brasil.

Por conseguinte, com uma politica de décadas que tem levado a uma baixa de natalidade consistente e por isso com a população a regredir a olhos vistos, mesmo com um território pequeno, resulta claro que o nosso país está a ficar despovoado, concretamente no interior. Assim, o fluxo imigratório é importante se bem orientado para que, de algum modo, se possa pelo menos estagnar algumas hemorragias no nosso tecido populacional. Mas mesmo isso será sempre difícil porque no geral quem cá chega como imigrante, tal como os portugueses, opta pelo litoral, pelas zonas urbanas e assim as zonas interiores continuam a padecer do mesmo problema. Os que por lá passam são no geral em contextos de trabalho sazonal e mesmo precário e por isso o problema continua e até, porventura, agravado pela natureza dessa precariedade e descontrolo.

Em todo o caso, este é um assunto para os especialistas da demografia e das políticas de migração e trabalho. A minha opinião e percepção é apenas a de um simples cidadão.

Mas todo este prefácio para chegar a uma questão que, pelo menos a mim, importa: Por exemplo: Ainda por estes dias, num hotel de uma zona interior deste nosso Portugal, fui servido por um funcionário, português, a quem me interessou saber o nome e se era dali da zona ou de outro local do país. O Rui disse-me que sim, que era mesmo dali e por conseguinte, durante as várias refeições, com ele fui travando uma certa relação com alguma simpatia e cordialidade. Não sei como os outros fazem e gostam de fazer, mas seja num hotel ou num restaurante, gosto de saber o nome das pessoas que me servem e de onde são. Talvez um dia sejamos servidos por máquinas - o que já é verdade em muitas situações - e nessa altura saber se é a Maria ou o Manel, a Alexa ou a Siri, servirá de tanto como limpar o cu a um ouriço de castanhas. Mas por enquanto é algo a que ainda valorizo e faço por cultivar.

Assim, nesse contexto de alguma proximidade que se foi gerando, naturalmente que a um nível meramente profissional, fui questionando o Rui sobre alguns aspectos locais, sobre um ou outro lugar, monumento ou até de tradição e cultura. E o Rui mostrou que sabia da poda e mais do que isso, sentia o que dizia porque, afinal, falava de coisas que conhecia mas que fizeram parte da sua condição de homem daquela terra e região. 

Ora eu pergunto-me se a experiência seria a mesma se fosse servido por um qualquer Édson brasileiro de Florianópolis ou um ucraniano de olhos azuis? O homem até poderia aprender e dominar a língua, estudar a geografia e a história e informar-me, se eu fosse inculto ou ignorante a esse ponto, sobre as coisas daquele local ou região. E até poderia fazê-lo com eficiência mas não seria a mesma coisa pela simples e natural razão de que falaria como um autómato, porque a verdadeira vivência e conhecimento intrínseco, esses nunca os poderia ter. O Rui explicou-me, com um brilho no olhar, o "gancho de Loivos", o atalho para o Senhor do Monte, as particularidades do Arcossó, a tradição do S. Frutuoso, a recta do Sabroso e suas histórias, e muitas outras coisas que não vêm nos mapas ou nos roteiros nem nunca seriam do conhecimento de um Zé brasileiro. 

Nestas, como noutras coisas, cada um que coma o que gosta, e há até quem vá aqui, ali e acolá, só para marcar o ponto como na baliza de uma prova de orientação, para dizer à malta e ao mundo que já esteve em todos os sítios XPTO, incluindo na galeria de vinhaça do Oxalá, mas nada se compara a ir a uma aldeia remota e deixar-se embalar pelas memórias e vivências de um velhinho alquebrado, a descansar à sombra de um pé de videira ou de um Rui, profissional da restauração, a servir Arcossó branco e a falar não só do que percebe mas do que sente.

Boas férias!

30 de julho de 2019

Pré-Primária de Fornos - Quase 30 anos


Pode parecer mentira, mas a verdade é que o Jardim de Infância de Fornos é o único estabelecimento de ensino de Guisande com alunos. E, ao que dizem, nem todos da freguesia. 
Edifícios emblemáticos como a Escola Primária do Viso e Escola Primária da Igreja, por onde passaram e aprenderam gerações de guisandenses, estão agora, do mal o menos, entregues a outros ofícios. A Escola do Viso integrada no Centro Cívico do Centro Social e a Escola da Igreja vai sendo lugar de ensaios do grupo de concertinas " Os Alegres e Divertidos da Feira"  e ainda do Banco Social, dinamizado pelo Grupo Solidário de Guisande. Por sua vez o Jardim de Infância da Igreja está abandonado à espera de melhores dias.

É triste, é pena, mas as coisas são como são. Tal realidade resulta da situação de baixa de natalidade de que também padece a freguesia e por outro lado de algumas más políticas nacionais e caseiras que conduziram os nossos alunos para estabelecimentos vizinhos numa política de centralismo, favorecendo o desligamento das populações e a descaracterização das freguesias mais pequenas. Adiante, que é política. 

Quanto ao Jardim de Infância de Fornos vai sobrevivendo como amostra. Relativamente ao edifício, desconhecemos se com necessidades e se dotado ou não com condições plenas de funcionalidade e conforto, mas pelo lado exterior é notória uma rua em deploráveis condições de pavimento e passeios e com um arbusto verdinho mas a ocultar parte da iluminação do poste frontal, o que no Inverno é um inconveniente. Adiante. 

Quanto à sua história: Já ninguém o saberá, mas o edifício foi inaugurado em 24 de Setembro de 1989, por isso às portas de completar 30 anos.
De acordo com o publicado pelo jornal "O Mês de Guisande" na edição de Outubro de 1989, com reportagem feita pela saudosa D. Rosa de Jesus Santos (então cuidadora de crianças que ali frequentavam a escola), e face à ausência de qualquer representante do jornal "O Mês de Guisande", que não receberam qualquer convite da então Junta de Freguesia ou Câmara Municipal, ao contrário de outros jornais que se fizeram representar bem como esteve presente o saudoso fotógrafo Manuel Azevedo, na cerimónia de inauguração marcaram presença o presidente da Câmara Municipal, Alfredo Henriques, o Vereador do Pelouro da Educação, Prof. Joaquim Cardoso, o Delegado Escolar de Fiães, o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Alves, o presidente da Assembleia de Freguesia, Joaquim Ferreira Coelho, o pároco Pe. Francisco Oliveira, que benzeu e abençoou o edifício, e ainda a então educadora, a Prof.ªa Teresina, para além, naturalmente, dos alunos e pais. A educadora usando da palavra,  em contra-corrente com a pompa da inauguração, foi bem mais objectiva e de uma assentada chamou a atenção para a falta de algumas coisas, como material escolar, aquecedores, "baloiços" e "escorregas" para as horas de recreio da pequenada. 

Houve discursos, ofertas de flores pelas crianças e lanche (confeccionado pela Sr.ª Maria Madalena do "Sebastião")
O custo do lanche foi suportado a meias pela Junta de Freguesia e pelos pais (outros tempos).

Num dos discursos da praxe, o presidente da Assembleia de Freguesia, referiu então a necessidade de construção de uma escola de ensino básico no lugar de Fornos, mas obviamente que tal desejo e aspiração não passou disso mesmo, já que tal nunca se veio a concretizar. Pelo contrário, como se disse no início desta lenga-lenga, nem básico nem primário. Nada, ou quase nada. Vale-nos este Jardim de Infância de Fornos, que, poderá não chegar aos 50 anos, mas pelo menos, e porque falta pouco, tudo indica que chegará aos 30.

Notas finais:
O Jardim de Infância de Fornos, como dissemos, foi inaugurado em 29 de Setembro de 1989 mas todo o processo anterior inerente à aquisição do terreno, projecto e construção foi demorado e por diversas vezes mereceu reparos na Assembleia de Freguesia, com os deputados a pressionarem a Junta para esta por sua vez pressionar a Câmara Municipal quanto à urgência e celeridade das obras. Por conseguinte, apesar de um pequeno equipamento, a coisa não foi fácil nem rápida, mesmo então reconhecendo-se a sua necessidade.

Sobre o número de alunos que estão inscritos no Jardim de Infância de Fornos:

15 de dezembro de 2023

Sem crescimento, sem multiplicação

Há dias, a propósito da tradicional benção dos bebés de colo e de mulheres grávidas na missa da Imaculada Conceição, 8 de Dezembro, data para muitos considerada como o Dia da Mãe, ficamos a saber, pelo menos a ter em conta quem acedeu ao convite e participou, que a nossa freguesia de Guisande tem apenas uma mulher grávida e uma criancinha nascida neste ano da graça de 2023. Mas no dia seguinte, Sábado, afinal apareceu mais uma bebé, que ali foi baptizada.

Em resumo, mais coisa menos coisas, os dedos de uma só mão são suficientes e sobram para contar os bebés que nascem em Guisande em dois anos. Creio que não exagero ou então ando a leste de quanto ao que por cá vai decorrendo no desígnio bíblico do "crescei e multiplicai-vos".

Já o tenho escrito por aqui e não vou de novo esmiuçar razões para este problema de baixa natalidade, que nem sequer é só nosso, da freguesia e do país. É sobretudo da Europa, da nova, porque da velha era gente à fartazana, agora a desertificar-se de naturais, abrindo assim espaço, políticas e metas para poder abrir as portas ou as pernas para uma imigração sobretudo muçulmana, desmesurada e com pouco escrutínio de integração no mercado do trabalho, mas também cultural, social e mesmo religiosa porque invariavlemente a querer impor-se e sobrepor-se. Adiante!

Resulta daqui, que este rio caudaloso de motivos e realidades desagua num mar tempestuoso e de muitas incertezas. A nossa freguesia está a perder população, por isso com falta de crianças, gente nova e daí o inevitável envelhecimento da população. É certo que nos últimos anos construiram-se uma meia dúzia de novas habitações, supostamente com gente jovem capaz de alargar a família, mas por outro lado e em contraponto, são mais as casas que vão fechando, porque velhas e sem moradores ou então casas onde só vivem velhos, viúvos e viúvas, desamparados na sua solidão.

É o que é! Deste modo qualquer projecto ou ideias de grandeza para esta terra choca paradoxalmente com este encolher anual da população. Ademais, dos que vão resistindo poucos são os que mostram vontade e capacidade em qualquer esforço de inversão. Assim seguimos irremediavelmente condenados à extinção, como em tantas aldeias no nosso interior desertificado. Certamente que já não estarei por cá nessa altura mas por ora parece-me uma fatalidade incontornável. O contrário, mas contra-natura, só mesmo com uma nova invasão árabe ou africana.

7 de setembro de 2023

1.º Direito e 2.º Esquerdo

A propósito, ou não, de um certo programa de apoio e acesso à habitação, em sequência ou consequência de uma certa  estratégia local de habitação, que grosso modo aproveita financiamento da teta europeia do dito Plano de Recuperação e Resiliência (PRR):

O tal programa visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada. Coisas bonitas.

Mesmo tendo lido na diagonal os documentos e apesar dos bons pressupostos, há à partida, parece-me, um princípio de igualdade que não é lá muito bem equacionado.

Um exemplo: Um agregado familiar que reúna os requisitos de baixos rendimentos para ser apoiado, mas que tem uma habitação de razoável qualidade e com todas as condições de habitabilidadde, e têm-na porque para a construir ou comprar contraiu um empréstimo ao Banco, à qual está hipotecada, e que paga mensalmente até à sua idade da reforma, fica de fora desta equação apesar de continuar com as dificuldades económicas inerentes ao peso da prestação do crédito habitação. 

Assim vamos tendo gente em habitação social acomodada, com bons carros, bom viver e a escapar aos inconvenientes de comprar terreno, fazer projecto, construir casa e pagar o crédito habitação e ainda os injustos IMIs como uma renda. Em rigor, o Estado e muitas autarquias limitam-se a apoiar a habitação a quem pouco ou nada faz por tê-la, mesmo que com as mesmas condições e rendimentos de milhares que o fizeram. Os exemplos estão à vista de todos. O pior cego é aquele que não quer ver.

Em resumo, estas políticas apresentam-se como boas intenções, e aproveitará sempre a uns quantos, mas que depois na realidade não servem nem se adaptam à generalidade dos casos.

Além do mais, muitos dos pressupostos do programa cheiram a esturro porque casos há em que os cidadãos se metem a requalificar uma velha habitação e só porque abrem uma janela ou uma porta extra, são esbarrados, coimados e confrontados com a  necessidade de licenciamentos que regra geral são demorados e caros, desde os projectos às taxas de urbanização e licenças. Poderia passar por aí alguma ajuda até porque os ditos planos de reabilitação dos nossos núcleos urbanos não passam dos PDFs e das intenções.

Por conseguinte, é tão bonito passar as ideias para PDFs e lançar uns programas jeitosos que depois, na realidade, servirão a poucos. Um pouco como certas câmaras municipais e juntas de freguesias a darem cheques a mamás e e papás, pobres ou ricos, como se isso sirva para alterar os problemas de fundo da natalidade e demografia. Quem não gosta de prendas? Todos gostamos e tiramos fotografias sorridentes a recebê-las. Mas isso, para além de poder render mais uns votos futuros aos promotores, resolve o quê em concreto? 

Seja como for, tudo o que se possa fazer por quem realmente tem necessidades e dificuldades nesse direito básico que é a habitação condigna, é sempre positivo, mas dispensa-se o folclore e acima de tudo que haja um critério rigoroso para ajudar a quem realmente precisa. 

1 de janeiro de 2000

O Cemitério Paroquial


foto_antiga_cemiterio paroquial_julho_1966

- Vista parcial do Cemitério Paroquial de Guisande, em fotografia datada de 1966

Conforme se pode verificar, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides de louza. As dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores.

As verdejantes sebes em bucho foram retiradas aquando da pavimentação das zonas de circulação, no ano de 1973.
Também (na zona marcada por círculo vermelho) se pode ver ainda a existência da lápide em granito, encimada por uma cruz que existia na campa do Padre Carvalho, fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Infelizmente, por desmazelo ou por outro motivo, esta lápide foi destruída ou encontra-se desaparecida. Foi um acto imperdoável e que em nada dignifica a freguesia e a respectiva confraria.

A ter em conta as informações constantes na monografia "Defendei Vossas Terras", do nosso ilustre conterrâneo o Cónego Dr. António Ferreira Pinto, o cemitério terá sido edificado no ano de 1910, logo a seguir à construção da residência paroquial (1906/1908) e a Casa dos Mordomos. 
Ainda segundo a mesma fonte, o cemitério seria quadrado com as dimensões de 40 x 40 m, por isso com 1600,00 m3, mas terá errado nas medidas pois na realidade a geometria do cemitério velho corresponde a um rectângulo com as dimensões de 30 x 40 m. 
As obras de construção foram custeadas por ofertas (subscrição) de um grupo de guisandenses, certamente dos mais abastados.

Apesar dessa indicação de data (1910), temos razões para pensar que o local terá começado a ser usado para sepultamentos por volta de 1846 na sequência da proibição de sepultar os mortos dentro dos templos religiosos, o que até aí era prática. Esta medida ocorreu no tempo do Costa Cabral, que a par de outras acções pouco populares, desencadearam a conhecida revolução da Maria da Fonte.

Por conseguinte, até 1910, data em que foram realizadas as obras, presume-se que o cemitério era um espaço amplo constituído por campas razas.
Já só os mais antigos se lembram, mas no cemitério velho, sensivelmente um em cada canto, existiam 4 enormes cedros, tão característicos dos cemitérios antigos, que mais tarde acabaram por ser abatidos.

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- Data inscrita no frontão da entrada do cemitério, que se refere ao ano das obras de vedação

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- Data inscrita na calçada do cemitério, evocando o ano em que foi realizada a pavimentação. Até então os passeios de circulação eram em terra de saibro

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- Vista de sul para norte, abarcando o cemitério novo e o cemitério velho

O cemitério foi ampliado no final dos anos 80, tendo sido benzido e inaugurado pelo Bispo Auxiliar da Dioceso do Porto, D. Manuel Pelino, em 15 de Julho de 1990, depois de ter visitado a freguesia para a aadministração do Sacramento do crisma.
A ampliação foi desenvolvida para sul do cemitério antigo, desenvovendo-se em relação a este com uma cota ligeiramente inferior.
Esta ampliação veio cobrir a necessidade de procura de terreno para campas e jazigos a que o cemitério velho já não correspondia. Tendo em conta o lento crescimento da freguesia, de resto um problema nacional, com o abaixamento da taxa de natalidade, pelo que se prevê que o actual cemitério cubra as necessidades durante pelo menos as próximas duas décadas.

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- Capela da Casa do Sr. Moreira. Belo trabalho em cantaria lavrada, de autoria de um mestre guisandense (Raimundo Fonseca e filhos)

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- Belo conjunto com capela em granito e imagem em mármore. Tal como a capela da Casa do Sr. Moreira, esta capelinha  foi esculpida pelo mestre guisandense (Raimundo José da Fonseca)

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- Vista aérea do Cemitério Paroquial de Guisande. A contorno azul o cemitério velho e a contorno vermelho o cemitério novo