2 de fevereiro de 2023

O liberalismo

Na política e na economia somos tantas vezes confrontados com os termos liberal, liberais e liberalismo. Até temos agora um partido político, a IL - Iniciativa Liberal, com representação na Assembleia da República e, pelas sondagens, em crescimento. Para explicar o que é esta coisa do liberalismo, e porque o saber não ocupa lugar, convém esclarecer que as linhas fundamentais do liberalismo incluem:

- Liberdade individual: o liberalismo enfatiza a liberdade individual como um valor fundamental e preconiza que as pessoas devem ter o direito de tomar suas próprias decisões e controlar suas próprias vidas, desde que não prejudiquem a liberdade dos outros.

- Mercado livre: o liberalismo apóia um mercado livre e acredita que a livre concorrência leva a preços mais baixos, melhores bens e serviços, e uma distribuição mais eficiente de riqueza e recursos.

- Estado mínimo: o liberalismo defende um Estado mínimo, que tem como objetivo fornecer apenas aqueles serviços que não podem ser fornecidos pelo mercado livre, como proteção da propriedade, manutenção da ordem pública e administração da justiça.

- Propriedade privada: o liberalismo considera a propriedade privada como sagrada e acredita que as pessoas têm o direito de fazer o que quiserem com seus bens, desde que não prejudiquem a liberdade e a propriedade dos outros.

- Igualdade perante a lei: o liberalismo defende a igualdade perante a lei, ou seja, todas as pessoas devem ser tratadas de forma igual sob a lei, independentemente de sua classe social, raça, gênero ou qualquer outra característica.

- Essas são algumas das linhas fundamentais do liberalismo, que é uma corrente política e econômica que tem como objetivo maximizar a liberdade individual e o livre mercado.

Quanto às origens destes ideaism corrente política ou ideologia:

Podem ser rastreadas até o século XVII e XVIII, na Europa Ocidental, durante a Era Moderna. Durante esse período, muitos filósofos, escritores e economistas começaram a questionar as estruturas políticas e sociais existentes e a buscar novas ideias para governar e organizar a sociedade.

Algumas das principais influências no surgimento do liberalismo incluem:

Iluminismo: O Iluminismo foi um movimento cultural e intelectual que surgiu na Europa Ocidental no século XVIII e defendeu a razão, a ciência e a liberdade individual. Muitos pensadores iluministas, como John Locke e Montesquieu, forneceram ideias-chave para o liberalismo político e econômico.

Mercantilismo: O Mercantilismo foi uma teoria econômica dominante no século XVII e XVIII, que defendia que o Estado devia controlar a economia para maximizar a riqueza do país. O liberalismo surgiu como uma crítica ao mercantilismo e defendeu a ideia de um mercado livre e uma economia governada pela lei natural.

Revoluções Gloriosas: As Revoluções Gloriosas na Inglaterra e na América no século XVII foram importantes para o surgimento do liberalismo. Essas revoluções enfatizaram a liberdade individual e o direito à propriedade privada, e forneceram modelos políticos para muitos países posteriores.

Essas são algumas das principais influências no surgimento do liberalismo, que se tornou uma das principais correntes políticas e econômicas na Europa Ocidental e em muitos outros países ao longo dos séculos.

O ChatGPT é um poeta do caralho

O ChatGPT está na bera. Do que tenho testado, está ao nível de um cientista e simultaneamente de uma criança que frequenta o Jardim Escola. Mas é muito interessante se bem usado, e tem caminho para andar, para além de que vai ajudar muitos cábulas, sobretudo aqueles que gostam de fazer brilharetes à custa do conhecimento dos outros. Mas adiante que a coisa está dar muita discussão e vai revolucionar muitas coisas.

Por estes dias pedi ao ChatGPT para escrever um poema sobre as virtudes do campo. Cá vai:


No campo, a natureza brilha,

Com virtudes que nos encantam.

O ar puro, a calma e a vida simples,

Tudo é perfeito, tudo é harmonia.


O canto dos pássaros e o barulho do vento,

É uma música que nos faz bem.

As árvores e os campos verdejantes,

Nos oferecem sombra e frescor.


No campo, a paciência e a simplicidade,

São virtudes que nos ajudam a crescer.

A gratidão pelo que temos,

É algo que aprendemos com a terra.


E não podemos esquecer,

Do amor e da amizade,

Que encontramos nas pessoas,

Do campo, que são tão sinceras.


Assim, deixamos aqui,

Nossa homenagem ao campo,

Com suas virtudes e belezas,

Que nos fazem bem a alma e o coração.


- Convenhamos que tudo tem lógica e soa bem, mas na realidade são todos lugares e ideias comuns ao tema e ao nível do que uma criança poderia escrever. É apenas texto de uma redacção dividido em quadras. 

Falta, pois, a alma e a profundidade da poesia que sai de uma pessoa e não de uma máquina. Mesmo assim, para pretensos e medíocres poetas, será uma mina de salomão e não tarda a sermos bombardeados por supostos poemas sobre tudo e mais alguma coisa, até, talvez, sobre um caldo de nabos. Mas quanto a isso, já me adiantei e pedi ao poeta máquina para o escrever. Cá vai e deliciem-se:


Sopa de nabos, doce e quente,

É um prato simples, porém tão saboroso.

Com cenoura, batata e temperos a condizer,

É uma delícia que aquecerá seu coração.


É a combinação perfeita de sabores,

Que se misturam em cada colherada.

E o cheiro que emana da panela,

É uma promessa de conforto e bem-estar.


Com um pão crocante a acompanhar,

A sopa de nabos é um banquete.

E o melhor de tudo é que é fácil de fazer,

E com ingredientes que você sempre tem em casa.


Assim, na cozinha ou na mesa,

A sopa de nabos é uma alegria.

É um prato que traz conforto e saúde,

E é um amigo fiel, que sempre está lá.

29 de janeiro de 2023

Nota de falecimento



Faleceu meu primo paterno, António de Oliveira Santos, de 81 anos [01 de Agosto de 1941 a 29 de Janeiro de 2023]

Filho da minha tia Delfina, casado com Maria da Conceição Alves Lopes.

Morava na Rua do Reguengo - Guisande.

Cerimónias fúnebres na próxima Terça-Feira, 31 de Janeiro, na igreja matriz de Guisande, pelas 15:30 horas, indo no final a sepultar no cemitério local.

Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 3 de Fevereiro, pelas 18:30 horas, na igreja matriz de Guisande.

Sentidos sentimentos e profundo pesar aos seus familiares, de modo particular à esposa e filhos.

Era um bom ser humano. Que Deus o tenha junto a si e que descanse em paz.

Até de burro...


Somos assim, e mais  nada! Corremos o mar e a marinha, como quem diz o mundo e arredores, e quem tiver vontade e algum tempo para a coisa, porque parece que as viagens, se marcadas com tempo, são ao preço da uva chorona, em pouco tempo tem um álbum fotográfico de selfies com os ex-libris de vários sítios e cidades do mundo como cenário. Há quem o faça só por isso, porque no essencial é passar e andar. Importa obter o carimbo dos lugares de passagem e depois é publicar nas redes sociais para mostrar aos amigos e aos outros que se é uma pessoa fixe, viajada e aventureira.

O Mingos é uma dessas pessoas e, até porque emigrante desde cedo pelas franças, já correu meio mundo, pelo menos aquele em que todos querem ir. Pois se para além da França, já esteve em quase todos os países da Europa, incluindo a Grécia , imagine-se, tendo nascido e feito casa a 30 quilómetros de distância e a meia hora de viagem, pouco mais, nunca foi a Arouca. Até mesmo Castelo de Paiva, Vale de Cambra ou Sever do Vouga, etc, são destinos onde nunca pôs os pés nem os olhos. E, claro está, tirando uma ou outra cidade mais grandita, desconhecerá por completo o país onde nasceu, Portugal, incluindo o seu interior e aldeias e vilas dispersas por montes e vales.

Em resumo, somos uns viajados do caneco, uns cosmopolitas, mas ao longe. Ao perto, mesmo na borda do do nosso ninho, pouco ou nada conhecemos. Será porque é de pouco monta ou significância? Bem sabemos que o convento de Arouca não pode competir com a torre Eiffel ou com o Partenon nas rotas do turismo de massas, mas, porra, é Portugal e para lá ir nem é preciso andar de avião ou de barco. Até de burro lá se vai numa manhã.

26 de janeiro de 2023

O altar a faltar à simplicidade

A propósito das notícias relacionadas com os custos da organização da Jornada Mundial da Juventude, que ocorrerá no princípio de Agosto, em Lisboa, nomeadamente com o valor que se vai gastar com o palco, qualquer coisa como 4,2 milhões de euros, a que acresce mais um milhão e picos para fundações, a comprovar-se considero que de facto é um absurdo e despropositado tal gasto. Mesmo considerando que a coisa vai ser suportada pelo município lisboeta, é exagerado. Creio que o palco, pelo propósito, deveria ser o mais singelo possível. Funcional quanto baste, mas sem aparato desnecessário.

Para além do mais, e do dinheiro a investir pela Câmara Municipal de Lisboa, vão ali ser aplicados muitos outros milhões de euros do orçamento do Estado, o dinheiro de todos nós. O país farta-se de financiar obras em Lisboa, como é este caso e como foi a Expo 98. Uma festa!

Para além deste absurdo faraônico, que não fica bem e um evento da Igreja, no muito que se tem criticado há também muita hipocrisia. Lisboa paga mais do que isso com o evento Web Summit (11 milhões por ano) e o suposto retorno económico não se equipara ao previsto para a JMJ. E, todavia, parece que toda a gente gosta e acha muito bem.

Em resumo, para além da muita hipocrisia de muitas das críticas, vindas de vários quadrantes da sociedade, reafirmo que me parece um gasto exagerado mesmo que até se considere, como dizem, que a infra-estrutura ficará ali para eventos futuros. Parece paradoxal todos estes gastos, com dinheiro à fartazana, e depois andamos a pedir às famílias portuguesas que deem alojamento, cama e mesa a largos milhares de jovens. É algo que não encaixa.



24 de janeiro de 2023

Pedradas...

...Quem nunca tomou conhecimento e aprovou uma indemnização de meio milhão de euros a uma correligionária, e depois esqueceu-se disso, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca fez um orçamento de 750 milhões de euros e que logo de seguida resvalou para três milhões, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca foi secretária de Estado por 24 horas, que atire a primeira pedra.


O problema é que um dia destes não há pedras que cheguem.

22 de janeiro de 2023

Adeus comunidade solidária

Confesso que não me apetece reflectir de forma profunda sobre isso, nem colher ou muito menos dar lições de moral, mas parece-me uma pura constatação de que os nossos jovens quase nunca participam em cerimónias fúnebres, excepto aqueles por questões circunstanciais especiais, desde logo os que pertencem à família dos que partem.

Mas se esta é uma realidade quanto aos jovens, também se nota que dos nossos adultos dos cinquentas para baixo, poucos ou nenhuns se veem num funeral ou mesmo numa missa de sétimo dia, mesmo que a um Sábado ou a um Domingo.

Não são, por isso, sob um ponto de vista moral, nem mais nem menos que os demais, mas que se nota, nota. 

Tenho, naturalmente, algumas razões que me parecem justificar esta realidade, mas para o caso pouco importam. Mais que um mero desrespeito, que não é, ou desinteresse por quem parte ou por quem da família fica e sofre as dores do luto, há sobretudo um comodismo, uma indiferença quase generalizada. E isso porque em grande parte as pessoas já não se conhecem numa perspectiva de comunidade. Cada um leva a sua vidinha sem grandes rasgos de vivência fora de portas ou do círculo restrito da família chegada. Cada um está por si, pelo que quando morre o Ti Manel ou a Ti Maria, mesmo que da vizinhança, ninguém sabe, ninguém conhece ou não quer saber. 

É certo que tantas vezes os funerais são marcados para horas impróprias e inadequadas para quem trabalha e tem responsabilidades. Eu próprio, por isso, acabo por não participar em alguns funerais, com pena, mas procuro sempre que posso e logo depois, transmitir pessoalmente os sentimentos aos familiares mais próximos.

Em todo o caso, há sim, porque é notório e evidente, um desinteresse generalizado, e não espanta, pois, que ninguém deixe de fazer o que tem a fazer, mesmo que no domínio do recreio e lazer, para ir participar comunitariamente nas cerimónias de despedida de algum dos dos nossos que partiu e para, de algum modo, ajudar a mitigar a dor dos familiares nesses momentos de tristeza e pesar. Quem passou por elas, sabe que é reconfortante um apoio da comunidade.

Mas é o que é e não há volta a dar. Estas coisas vão neste sentido e não tardará, daqui a mais duas ou três gerações, desaparecidos os actuais mais velhos, que um qualquer funeral seja um mero frete reservado apenas à participação e responsabilidade dos familiares, e nem todos. Cada um por si. A indiferença ganha campo.

Adeus, comunidade solidária! Descansa em paz!