20 de fevereiro de 2023

Bacalhau no Pinhão com vista para o Douro








Uma rápida viagem por terras do Douro. Paragem para pequeno almoço em Vila Real, na antiga Pastelaria Gomes com a prova das populares "cristas de galo", seguindo-se uma visita ao berço de Miguel Torga, em S. Martinho de Anta, em repouso à sombra dos ciprestes, ainda um saltinho à Senhora da Azinheira e depois uma passagem por Sabrosa e a descida ao Pinhão, onde almoçamos.

Dez anos depois de uma primeira vez, em trânsito para uma visita local, o regresso ao restaurante LBV 79. Não tanto por uma primeira boa impressão mas por falta de tempo de procurar de um local alternativo e porque a localizaçao é excelente com amplo parque de estacionamento e vista para o rio Douro que em frente se espraia.

Instalação cuidada e pessoal simpático. Ainda em S. Martinho de Anta, contactei para reservar mas informaram que não aceitavam reservas e que o atendimento seria por ordem de chegada com abertura às doze horas. Assim, para não facilitar e porque convinha partir cedo para outras paragens, uns ligeiros minutos antes do meio dia fomos os primeiros a entrar e a ocupar uma das mesas na sala no primeiro Andar. Foi-nos dada a opção de almoçar no pequeno terraço voltado ao Douro mas com a temperatura um pouco fresca, preferimos ficar na sala, mas pretendendo ficar um pouco desviado da porta de acesso ao terraço para evitar correntes de ar, foi-nos informado que a mesa pretendida estava reservada. Uma situação estranha já que meia hora antes fomos informados no contacto telefónico que não aceitavam reservas.

O menu apresentava variedade de pratos com doses individuais e a preparar na hora. para ser mais rápido optamos por bacalhau recheado com presunto com acompanhamento de batata frita e legumes salteados e pontilhado por duas azeitonas. Outra versão com puré de batata, dois camarões e legumes salteados e ainda outra com costeletas de borrego grelhadas com acompanhamento de batata frita aos cubos e um raminho de alecrim. Ainda uma salada mista de alface, tomate e pepino para acompanhar os pratos sem legumes.

Quanto ao vinho fomos num maduro branco da casa, bastante aceitável, fresco e com toques de casta moscatel. Uma garrafa de água, azeitonas, saborosas e pão, também saboroso. Porções de manteiga que não consumimos.

Quanto à comida, uma apresentação razoável mas de sabores e preparação sem qualquer deslumbramento. Doses individuais suficientes mas o bacalhau com postas estreitas e baixas e de tempero um pouco para o salgado. As batatas excessivamente queimadas. O puré com pouco sabor, consistência desligada e pobre. Sensaborona pelo que ficou nos pratos.

Com alguma comida a sobrar, nomeadamente o puré, não fomos nas sobremesas apresentadas, que pareciam comuns e algo caras. Apenas café e uma conta para quatro pessoas de 100 euros.

Em resumo, sem desmerecimento mas pratos um pouco caros para a relação de qualidade e quantidade, certamente a aproveitarem o fluxo turístico que ali ocorrre. Na nossa zona, com a mesma quantidade e qualidade até superior, come-se por metade do preço. Também o sistema de serviço, a confecionar na hora, sem pratos já prontos, faz com que a demora e a refeição se tranformem em quase duas horas à mesa. Deste modo não surpreende que em pouco tempo estivesse bastante gente em lista de espara.

Em resumo, uma experiência que não se pode classificar de negativa, mas muito vulgar e abaixo das expectativas a ter em conta a frequência e comentários ao local, sem qualquer nota de diferença na relação preço, qualidade, quantidade, serviço e tempo de espera. Numa próxima paragem no Pinhão, geograficamente um local bonito mas urbanisticamente desmazelado, confuso e com excessivo movimento, teremos que experimentar uma das outras opções de restauração.

17 de fevereiro de 2023

Era uma vez uma bonita tradição

A tradição da Páscoa na nossa paróquia e o papel do Juiz da Cruz no contexto da mesma, está em agonia ou mesmo já sepultada. Abandonada que foi a velhinha tradição do processo de eleição ou escolha, foi solicitado de forma reiterada à comunidade que alguém se voluntariasse para tal cargo. Não sei se apareceu alguém e quem, mas tudo indica que ninguém, pelo menos reunindo os critérios que pautavam a escolha, desde logo pelo critério de nunca ter sido juiz.

Pode-se assim dizer que a paróquia e mesmo a freguesia aos poucos está-se a descaracterizar no que de tradições se orgulhava e parece não haver volta atrás. É certo que as coisas têm que ser adaptadas aos novos tempos e circunstâncias mas parece mais que evidente que essa adaptação é mais no sentido de atenuar os estragos e de ajustar as coisas às limitações do que propriamente uma renovação com enriquecimento e valorização.

Todos somos responsáveis desta letargia porque desde a morte do Pe. Francisco, já há 25 anos, que a paróquia nunca encontrou um rumo certo, congregador e agregador. Foi meio século de descaractrização, de erosão e perda dos valores tradicionais de que nos orgulhavam enquanto comunidade. Parece-me, repito, que responsáveis somos todos nós, mas em muito também pelos critérios da Diocese e suas autoridades que olham para estas coisas das paróquias apenas como fontes de receitas.

No que respeita a esta tradição da Páscoa e do Juiz da Cruz, a coisa foi-se e já nada será como dantes. Os caminhos que vinham a ser seguidos só podiam dar a este destino. Desvalorizamos as coisas, desleixamo-nos e até alguns de nós andamos a mandar cartas registadas dirigidas à Comissão Fabriqueira a demitir-nos dessas responsabilidades como se nada tivéssemos a ver com elas. E não por razões de fundo mas tão somente por não gostarmos de assumir compromissos, de canseiras, de responsabilidades. Quem assim pensa e age não tem qualquer sentido de vivência em comunidade. É um direito legítimo de cada um, certamente que sim, mas que em muitos aspectos empobrece uma comunidade. É uma filosofia de "cada um por si".

Assim vamos indo e andando e esta freguesia não tarda a não ter ponta por onde se lhe pegue no que diz respeito à sua antiga e forte identidade e personalidade. Certamente que por sinais dos tempos, num contexto e realidade de estagnação em que damos conta que por ano morrem uma dúzia de pessoas (e só nos últimos 2 meses foram metade disso) e quanto a nascimentos apenas ou ou outro como amostra. Já se adivinha onde vamos parar. 

Numa altura em que se aguarda pelo desfecho do processo de pedido de desagregação da nossa freguesia da actual união, é de questionar que caso a coisa seja concretizada, quem é que dará a cara e o corpo ao manifesto e ao exercício de cidadania para liderar e defender os interesses da freguesia e da sua população? Porventura os mesmos que mandaramn cartas a demitir-se de outras responsabilidades? Quem apenas vive para si, como se a responsabilidade de cidadania e serviço público seja um dever e obrigação apenas dos outros? Mas quem são os outros? Os outros não serão também cada um de nós?

Pessoalmente, nesta matéria, não dou lições de moral a ninguém mas também as dispenso receber de outros porque creio que já fiz a minha parte no que diz respeito a participação na comunidade e na cidadania: Fiz parte de Grupo de Jovens, fiz parte do grupo de Leitores, só não fui Ministro da Comunhão porque a seu tempo alguém não quis, fiz parte do Grupo Coral, fiz parte da LIAM, fiz parte das comissões de festas de todas as festas religiosas, fiz parte da Comissão de Festas do Viso, fui Juiz da Cruz, fiz parte de duas associações culturais e da direcção do Guisande F.C. Colaborei com as diversas Juntas de freguesia em diversos momentos e acções e participei em eleições e fiz parte de uma Junta de Freguesia, mesmo que em condições difíceis. Apesar disso, sempre que posso e sou solicitado, procuro ajudar e contribuo para as despesas e eventos religiosos ou outros.

Como disse, não é nada de mais e muitos mais guisandenses também tiverem e têm este tipo de participação cívica e comunitária, mas tomara que todos, tanto os que ainda nada fizeram como os mais novos, tenham pelo menos alguma desta intervenção. Mas sabemos que tendencialmente não é este o caminho que as pessoas de um modo geral tomam nos dias de hoje. Isso dá trabalho, canseira,  perda de de tempo pessoal e até mesmo despesas e, para mal dos pecados, quase sempre sem reconhecimento público e até com críticas, na maior parte das vezes injustas e injustificadas.

Por todo este conjunto de coisas e situações, é que estamos neste estado. Como diria alguém conformado com a situação, "é o que é!" . A ver vamos no que dá mas as perspectivas e expectativas são baixas. Estamos em crise!

15 de fevereiro de 2023

As chatices do ChatGPT

Do tão falado ChatGPT, um modelo de linguagem baseado em Inteligência Artificial, questionado sobre as grandes limitações é a própria ferramenta quem responde:

- Como um modelo de linguagem treinado em larga escala, o ChatGPT é capaz de gerar respostas altamente coerentes e relevantes em uma ampla variedade de tópicos. No entanto, ainda há algumas limitações e falhas em seu desempenho, incluindo:

- Viés: assim como qualquer modelo de linguagem baseado em dados, o ChatGPT pode incorporar viés em suas respostas com base nos dados de treinamento disponíveis. Isso pode resultar em respostas que refletem preconceitos ou estereótipos.

- Conhecimento limitado: o ChatGPT só pode fornecer informações com base no conhecimento que foi fornecido em seu conjunto de dados de treinamento. Portanto, se houver informações ou conhecimentos ausentes ou limitados nesses dados, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer respostas precisas.

- Contexto limitado: o ChatGPT não é capaz de entender completamente o contexto em que uma pergunta é feita. Portanto, em algumas situações, o ChatGPT pode fornecer respostas que parecem relevantes, mas na verdade estão fora do contexto da pergunta.

- Falta de empatia e senso comum: embora o ChatGPT possa gerar respostas que parecem inteligentes e razoáveis, ele não tem empatia ou senso comum humanos. Portanto, em situações onde é necessário levar em consideração o contexto social ou emocional, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer respostas apropriadas.

- Erros de geração de linguagem: como em qualquer modelo de linguagem gerativa, o ChatGPT pode produzir respostas que contenham erros gramaticais ou semânticos. Esses erros podem afetar a clareza e a precisão da resposta.

Relativamente à falta de "empatia e senso comum", questionei a máquina para fornecer um exemplo de  decorrente dessas limitações. A resposta:

- Embora o ChatGPT seja um modelo de linguagem avançado e capaz de fornecer respostas úteis em muitas situações, ainda há casos em que sua falta de empatia e senso comum pode resultar em respostas inadequadas ou até mesmo ofensivas.

- Um exemplo de resposta que pode ser vista como falta de empatia ou senso comum seria o seguinte:

- Pergunta: "Minha avó acabou de falecer. O que eu devo fazer agora?"

- Resposta inadequada: "Sinto muito pela sua perda. Talvez você deva aproveitar a oportunidade para limpar a casa dela ou ver se há algo que você possa herdar."

- Embora esta resposta seja tecnicamente correta em relação à pergunta, ela não leva em conta o contexto emocional e social da situação. A resposta não demonstra empatia pela perda do indivíduo e oferece uma solução superficial e materialista para um problema emocional. Isso pode ser considerado inadequado ou ofensivo por algumas pessoas.

- Por isso, é importante lembrar que o ChatGPT é uma máquina e não possui as mesmas habilidades sociais e emocionais que os seres humanos possuem. Portanto, em situações que exigem empatia ou senso comum, é sempre importante usar o bom senso e considerar outros recursos, como conversar com amigos ou familiares, um profissional de saúde mental ou um especialista no assunto em questão.

Em resumo, de facto a ferramenta tem muitas limitações, porventura mais do que as que ela própria enumera, mas convenhamos que apresenta resultados surpreendentes em muitas matérias e como tal  pode ter um amplo e enorme contributo em muitas áreas do conhecimento, para o bem e para o mal. Os cábulas, aqueles que querem e precisam de mostrar trabalho, mesmo sem qualquer esforço ou talento, podem ter aqui um amigo para a vida e sem a necessidade de ter que o compensar com jantares ou prendas. Importa, pois, que paralelamente sejam criados mecanismos para interceptar "chicos-espertos", o que, diga-se, não será fácil.

13 de fevereiro de 2023

Viagem

Chegado aqui,

numa escalada suada,

eis-me no ponto cimeiro

do promontório agreste.

Em frente,

Diante dos meus olhos, 

Oferece-se um mar imenso,

Regaço pronto a acolher

a última nau ou caravela.

Embarcarei na viagem final

como marinheiro destemido

à descoberta do continente celeste, 

de uma nova terra 

que sustente a imortalidade.


12 de fevereiro de 2023

O sermão da montanha sempre actual

Neste 6º Domingo do Tempo Comum - Ano A, o Evangelho remete-nos para o Sermão da Montanha, feito por Jesus à multidão que o seguia. Esta parte é uma das passagens mais importantes do Novo Testamento, registada em 3 dos 4  evangelhos (deMateus, Marcos e Lucas). Nele, Jesus apresenta seu ensinamento moral e espiritual a uma multidão de pessoas que o seguiam.

Do ponto de vista teológico, o Sermão da Montanha é considerado uma das mais claras expressões da ética cristã e do reino de Deus anunciado por Jesus. Nele, Jesus apresenta aos seus seguidores a importância da paz, da justiça, da misericórdia, da fé e do amor ao próximo. Além disso, o Sermão da Montanha também apresenta o conceito de perdão, o papel da oração e a importância de viver de acordo com a vontade de Deus.

Do ponto de vista geral, o Sermão da Montanha é considerado uma das mais importantes passagens da literatura mundial. Ele tem sido estudado e debatido por filósofos, teólogos e pensadores ao longo dos séculos e continua a ser uma fonte de inspiração e orientação para muitas pessoas de todo o mundo.

Em resumo, o Sermão da Montanha é uma das mais ricas e significativas expressões do ensinamento de Jesus e uma fonte importante de orientação moral e espiritual para o cristianismo e para a humanidade em geral.

Ver para crer


Ouvi uns certos passarinhos a piar  que o município, aproveitando fundos europeus, irá requalificar alguns espaços desportivos no concelho e um deles poderá ser o rinque polidesportivo de Guisande, localizado no lugar de Casaldaça junto ao edifício de habitação social. Será mesmo?

Numa primeira análise, saber de qualquer investimento a fazer em melhoramentos e requalificações de espaços e equipamentos públicos é por si só uma notícia positiva e de louvar. 

Mas importará sempre, para que os dinheiros públicos sejam considerados como bem investidos em situações de necessidades concretas, que se procure saber e garantir uma adequada correspondência entre o investimento e a necessidade e como tal um bom aproveitamento.

Ora, no caso deste equipamento em Guisande, desconheço se, quem terá tomado a decisão do investimento com a requalificação do espaço, nomeadamente em todo o piso que está degradado e sem condições de drenagem, terá realiazdo um estudo prévio e enquadramento que sustentem que o equipamento será utilizado com regularidade.

Quem conhece o estado da situação a que chegou o nosso rinque polidesportivo e o seu grau de abandono e degradação, sabe que em grande parte isso decorre de o mesmo não corresponder a uma necessidade e procura efectivas. Ou seja, na actualidade, face a um notório decréscimo anual de nascimentos, de crianças e juventude, a população está a envelhecer e são poucos os que procuram este tipo de espaços para praticar desporto, desde logo porque, sem cobertura, apenas permite uma utlização sazonal. Quem de algum modo forma equipas para jogar, nomeadamente futebol de salão, procura pavilhões cobertos e confortáveis. Não há volta a dar. São mais que muitos os rinques abandonados e sem utilização.

Neste contexto não me parece que a eventual requalificação do espaço por si só venha a concorrer para uma mudança de paradigma e para uma utilização constante. Sem uma associação ou clube que o tenha à sua guarda e o dinamize e ali promova actividades com regularidade, não estou mesmo a ver que o espaço venha a ser bem utilizado e de forma recorrente e sustentada. Oxalá que seja o contrário e que as coisas mudem de modo a justificar-se qualquer investimento que ali se venha a concretizar, mas cheira-me que não. Provavelmente a coisa continuará às moscas e num novo ciclo de abandono e subaproveitamento.

Mas nestas coisas, ver para crer. Aguardemos para ver se o que se fala é mesmo verdade e, a acontecer, no que dará. Talvez ocorra um milagre e dele possamos depois concluir: - Foi dinheiro bem empregue!