25 de julho de 2025

É preciso agitar o pântano

Já vai por aí um entusiasmo desmesurado sobre a Viagem Medieval que, entretanto e por cerca de duas semanas, encherá a sede do nosso concelho com milhares de visitantes. Uns dizem que 500 mil, outros que 650 mil. Mas que vão fazer pela vida para chegar a um milhão, quiçá aspirando a 2 milhões. Isso é que era.

O interesse que vou vendo por aí, num entusiasmo infantil de gente armada em cavaleiros, senhores feudais, damas, bobos, jograis e outros quejandos, é proporcional ao meu desinteresse absoluto por este evento, sobretudo pelo modelo cimentado na componente gastronómica e da apropriação indevida do espaço público. O resto é entretenimento para encher chouriços, porque mais do mesmo, ainda que se mude a figura do rei. E anda-se há nisto há quase 30 anos. 

Muitos, que desde a quarta classe não leram uma linha da História de Portugal, ou do período da Idade Média, e que reprovariam num simples teste de escolha múltipla, dizem que é uma lição. De facto, nunca é tarde para aprender. 

Um sessão de recolha de sangue cativa o interesse de 20 pessoas, uma sessão de uma assembleia de uma associação cultural e desportiva local, menos de metade disso, uma peça de teatro, talvez 30 ou 40, uma sessão de leitura e poesia, provavelmente uma dezena, a apresentação de um livro, apenas os familiares, amigos e pouco mais, mas para estas farras de comer e beber entre a multidão, com concertos de música ou batalhas encenadas, é que resulta. "Panem et circenses". A fórmula pode parecer estafada mas já os romanos a aplicavam com êxito. Modernamente é replicada com igual êxito pelos autarcas e é vê-los entusiasmados com as ruas do burgo apinhadas com 100 mil pessoas diárias e a sonhar com o dobro disso. O céu é o limite. No rebanho há sempre lugar para mais um.

Apesar disso, desse entusiasmo de autarcas, sobretudo os que têm a jusante interesses eleitorais, a coisa funciona porque dá nas vistas e é manancial para as redes sociais, mas no resto, no que interessa ao dia a dia das pessoas, há ruas com erva de 2 metros a ocupar passeios, ruas interrompidas com abatimentos, estradas em reles condições, obras e melhoramentos por fazer, lixo por recolher, etc.  É o que é! Não há volta a dar e o mal vai sendo geral e só por isso se percebe que uma Câmara de um município com quatro mil e poucos habitantes, no interior do país (Penamacor), desbarate 150 mil euros num concerto de uma banda musical. Deveria haver limites para a pouca vergonha, ou pelo menos ao bom senso, mas não há. 

Para mim, depois de algumas das edições iniciais, mais genuínas, menos produzidas e dadas a especulações no que se vende, perdi o interesse por este evento. Sobretudo quando a coisa se tornou num negócio. É disto que estamos a falar. Um negócio, dos grandes e lucrativos e só por isso se percebe que certos dirigentes e certas figuras da organização andem por lá há decadas. Além do mais, na Idade Média não se passam facturas da caneca de vinho, do chouriço assado ou das sandes de porco. O Fisco por ali não meterá o bedelho. O controlo fiscal deve ser mesmo medieval.

Dizem que o evento representa centenas de milhares para a economia local. Sem dúvida, para os mesmos de sempre, dos que têm lugar cativo e sobretudo para a vizinhança. Por cá, o Café do Manel ou do Armando ficam a ver navios. A mim, nestes quase trinta anos, nunca me caíu um centavo no bolso. A economia é como a água da chuva, que se esvai por onde o terreno inclina.

Para além de tudo, é quase imoral, e de legalidade duvidosa, o que mais me faz espécie, que uma boa parte da zona nobre da cidade, de acesso livre e público, fique quase duas semanas condicionada e à qual se acede apenas pagando bilhete e usando a pulseira, uma espécie moderna marcação de gado. Quem pretender andar por ali livremente à sombra do Rossio ou do castelo, que tire o cavalinho da chuva, vá de férias e regresse depois de assentar o pó na relva seca. 

Pela sua dimensão e duração, há anos que  justificar-se-ía que este evento fosse realizado em recinto próprio, como numa Feira Popular, quiçá no Europarque, até porque dizem que é a cidade dos eventos.  Mas, está visto, não vão por aí, preferindo, sem oposição e numa de quero, posso e mando, ocupar e condicionar uma boa parte da cidade durante duas semanas, como um domínio privado.

Para os que adoram e não falham, bom proveito! Por mim, passo ao lado, mesmo que tenha que assistir a este massacre nas redes sociais, no antes, durante e depois. Já cansa!

Bem sei que estarei pouco acompanhado neste desinteresse, mas, porra, por vezes é preciso agitar o pântano e seguir em sentido contrário ao rebanho.

22 de julho de 2025

O PARP é parco de apoios e amplitude


Afinal, depois de tanto alarido, o PARP - Programa de Apoio À Recuperação do Património, promovido pelo nosso município, nomeadamente no que se refere a projectos apresentados por pessoas singulares, não passa de uma amostra. 

De facto, a ter em conta o regulamento, no universo do concelho serão apenas 10 os projectos a apoior e apenas com uma comparticipação de 25% do orçamento até ao limite de dois mil euros. 

Para além de tudo, o amplo leque de documentação e outras burocracias, estou certo, afastarão uma grande parte de quem pensaria aproveitar o apoio.

Tomando, como exemplo, os espigueiros tradicionais, só em Guisande são mais de 60. Significa isto que nem sequer dará uma média de um espigueiro por freguesia.

Concerteza que o que for apoiado e realizado ficará bem, mas convenhamos que foi muita a parra para tão pouca uva.

Desengane-se, pois, quem esperava ver este ou aquele bonito espigueiro recuperados. Nem sempre o que parece é e neste concelho gasta-se muito mas é em farras.

Quanto ao contexto de freguesia, considerando que os prazos para apresentar as candidaturas serão entre 21 de Julho e 15 de Outubro, por isso ainda na vigência da União de Freguesias, seria bom que pelo menos fosse apresentada pela actual JUnta a candidatura de apoio ao restauro das alminhas, nomeadamente no lugar da Igreja.


A recta final com muitas curvas



Estamos já em pré-campanha para as eleições autárquicas de Outubro próximo. Já são conhecidos vários dos cabeças-de-lista concorrentes às diversas freguesias, tanto pelo Partido Socialista como pelo PSD. É certo que pela parte de Guisande ainda nada foi anunciado de forma pública, mas acredito que entretanto.

O processo da desagregação da nossa União de Freguesias está em curso e a partir da tomada de posse da Assembleia de Freguesia e Junta, Guisande, como todas as freguesias saídas das uniões, passará a ter vida própria e a ser dirigida por gente da terra.

No caso da ainda nossa União de Freguesias, é sabido que o actual presidente ja foi anunciado como candidato pelo Partido Socialista à Junta de Freguesia de Lobão. Queira-se, ou não, daqui até às eleições estará a pensar no futuro e, por conseguinte, empenhado em criar condições para ser reeleito, o que, creio, não será difícil. 

Em todo este contexto, intencional ou não, e quero crer que não, começa a ser difícil perceber se temos o actual presidente da Junta apenas como tal ou se mais como candidato pelo PS à futura Junta de Lobão. 

Começo a perceber que a dinâmica da Junta na nossa freguesia já não é a mesma desde que a desagregação se tornou uma inevitabilidade. Começou com o recuar do compormisso na comparticipação financeira para o relvado sintético no campo de jogos no Guizande F.C., reduzindo drasticamente o apoio, pondo em causa a obra, apesar de ter sido assumido o apoio de forma pública e categórica. 

A limpeza nos espaços públicos, nomeadamente nas ruas, está a atingir um desmazelo nunca visto. Algumas fotos abaixo são elucidativas. É passar pelas ruas da freguesia, sobretudo Rua Nossa Senhora de Fátima, Rua 1.º de Maio, Rua de Trás-os-Lagos, Rua da Fonte, mas várias outras, para perceber do que falo. 

Há algumas situações ainda por resolver, como os remates no pavimento nas sarjetas feitas na Rua Nossa Senhora de Fátima, no lugar da Gândara. A Rua dos Sebastiões está cortada ao trânsito, vai para meses, devido a um abatimento no piso, tendo também, por isso, sido interrompido o respectivo asfaltamento. Também já percebi que a instalação das redes de água e saneamento na Rua da Zona Industrial, e respectiva pavimentação, vão ficar para a futura Junta. Está esta rua num estado lastimável e vergonhoso. Mesmo algumas simples situações que fui reportando oficialmente por email, não têm merecido nem resposta nem resolução, apesar de fáceis, como o colocar de um sinal de STOP em falta.

Por conseguinte, oxalá que esteja enganado e até dou o benefício da dúvida, mas, experimentado, começo a perceber que algumas dessas situações já não irão ser resolvidas até às eleições e vão ficar mesmo  para a futura Junta de Freguesia, na velha filosofia de "quem vier atrás que feche a porta". 

Não obstante, nada disto me surpreende, porque, no fim das contas, apesar de melhoramento de alguns aspectos, reconheça-se, como a proximidade às pessoas e aos grupos, todo o período de vigência da União de Freguesias não foi muito diferente nas coisas essenciais, nas obras e melhoramentos, e só não percebe que a freguesia de Guisande foi sempre o parente pobre quem andar desfazado da realidade ou  ofuscado por eventuais militâncias e simpatias pessoais. Eu próprio tenho simpatia e consideração, mas procuro manter alguma clarividência na análise geral. Além do mais, quando fiz parte da Junta no primeiro mandato da União, com graves problemas herdados e com menos recursos financeiros, o executivo foi alvo de constantes queixas por parte de quem agora governa, sem que, contudo, faça melhor e diferente, nomeadamente nas limpezas das ruas, como é fácil verificar. Só não vê quem não percorre a freguesia ou fecha os olhos. Além do mais, o que se vai limpando é já depois de meses de desmazelo e mau aspecto.

De resto, nunca houve milgares, porque seja numa União de Freguesias, seja numa freguesia, as dificuldades e carências são muitas face aos poucos recursos, tanto mais quando se tem uma política de gestão em dispersar uma parte substancial dos recursos em coisas bonitas, do agrado de foliões mas efêmeras, como o fogo de artifício, que deslumbra mas nada sobra, nem as canas. 

Com todas estas dúvidas e receios, vou, mesmo assim, esperar que o pouco tempo que resta até às eleições não seja mesmo de total abandono da freguesia. Esperar para ver.







21 de julho de 2025

Centro Social com novos (velhos) corpos gerentes


Realizou-se nesta Sexta-Feira, 18 de Julho, pelas 20:00 horas, uma sessão extraordinária da Assembleia Geral da Associação do Centro Social S. Mamede de Guisande.

Pretendia-se eleger novos corpos gerentes para um novo mandato de quatro anos, já que a Comissão Administrativa tinha limitações na sua acção para além de ser uma situação provisória e que estava a causar transtornos em certas situações, nomeadamente na formalização de apoios de entidades terceiras. 

Como se esperava, não surgiram quaisquer listas candidatas como opção à situação ou aos anteriores elementos. Nesta freguesia de gente boa, infelizmente não falta quem mande bitaites, a favor ou contra a instituição ou de alguns dos seus elementos, mas na hora de dar o corpo e nome ao manisfesto e mostrar como é que se faz melhor, é vê-los de rabinho entre as pernas, acomodados, sem canseiras.

Assim, neste contexto de dificuldades e manifesto desinteresse geral,  mas com algum sentido de responsabilidade e de modo a não prejudicar o presente e futuro imediato do Centro Social e seus objectivos, que se reconhecem de importância para a freguesia, foram eleitos os mesmos elementos do anterior mandato, que resignados, aceitaram voltar a assumir funções. 

Corpos gerentes:

Direcção:

Presidente: Joaquim da Conceição Santos

Tesoureiro: Celestino da Silva Sacramento

Secretária: Maria Zélia Ferreira de Almeida

Vogais: 

Fernando Jorge Pereira de Almeida, Eugénia Maria Faria Silva e Alcides Jerónimo Ferreira dos Santos


Mesa da Assembleia:

Presidente: Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro

1.º Secretário: Américo Fonseca Gomes de Almeida

2.º Secretário: Manuel Henriques Gonçalves


Conselho Fiscal:

Presidente: Orlando da Conceição Santos

Relator: Manuel Tavares

20 de julho de 2025

Jornada de recolha de sangue em Guisande - 19 de Julho de 2025

Foi ontem, Sábado, dia 19 de Julho, entre as 9:00 e 13:00 hoas, no Centro Cívico, no Monte do Viso.

Registaram-se 22 presenças e 16 dádivas validadas.

Infelizmente, apesar da divulgação, apelos e  incentivos, continuam a descer os números dos participantes e das respectivas dádivas. Os mais velhos, por limite de idade ou problemas decorrentes de impedimentos clínicoss, são cada vez menos e os mais jovens também não têm estado à altura dessa sensibilização.

Desejamos que não, mas com os números a reduzirem, chegará uma altura em que, eventualmente, não se justificará programar as habituais recolhas semestrais na freguesia. Oxalá que não e que, de algum modo, haja uma maior sensibilização, de todos os que possam, em dar resposta às necessidades dos nossos hospitais e doentes.

Tenhamos esperança!

14 de julho de 2025

Recuperação dos símbolos e heráldica da freguesia

Ainda faltam 3 meses e picos para que, depois de realizadas as eleições autárquicas, programadas para 12 de Setembro próximo, a futura Junta e Assembleia de Freguesia de Guisande tomem posse, dando-se por extinta a União de Freguesias onde, da qual, por enquanto, ainda faz parte. Neste momento nem sequer se sabe oficial e publicamente quem tomará parte nas listas concorrentes. Há, pois, muita água para correr debaixo das pontes.

Em todo o caso, parece-me a mim, mas decidirá quem assumir o poder,  que nessa altura deverão ser logo retomados os anteriores símbolos da freguesia, nomeadamente o brasão, a bandeira, o selo e mesmo o logotipo, usados aquando da extinção da freguesia e sua integração na famigerada União de Freguesias. Será também essa decisão uma forma simbólica da recuperação da independência.

Fica, pois, a sugestão para os futuros responsáveis.









Festa do Viso 2025 - Cartaz