2 de dezembro de 2022

É disto que o meu povo gosta!




Os critérios, incluindo os de gestão de dinheiro,s em algumas entidades da nossa administração, como é o caso das Câmaras Municipais, são, tantas vezes, verdadeiramente insondáveis. Umas fazem ciclovias todas xpto mas os passeios para os peões estão no geral super degradados, constituindo até perigo para quem neles caminha. Outras, como por exemplo, Arouca, tem uma ponte que custou literalmente milhões, feita não para encurtar ligações viárias e aproximar populações e lugares mas para fins turísticos e recreativos. Apesar disso, não só, mas Arouca, tem um interessante leque de estradas em reles estado, que bem mereciam ser despromovidas à categoria de caminhos de cabras, sem ofensa para as próprias.

Em Arouca os turistas são chamados a experimentar a sensação do abismo e tremuras no estômago, que logo a seguir há-de ser confortado com bifes de arouquesa, mas enquanto isso muita gente local transita no dia-a-dia com estas sensações de ver a aumentar a conta na oficina automóvel, para além de não só lhes moer as suspensões como a paciência.

Mas logo que tocar o clarim para reunir as tropas na eleição, far-se-á fila, incluindo-se nela quem usufrui destes "caminhos", para legitimar os mesmos mandantes como bons decisores.

Como diria o saudoso Jorge Perestrelo, "É disto que o meu povo gosta!"

29 de novembro de 2022

Vão-se foder, que também é de graça!



Vou contar-vos uma história verdadeira:

Há algumas poucas semanas encerrei um fórum que fundei e abri há já quase 20 anos. Não interessa para o caso especificar qual o tema, mas contava com uma comunidade já perto dos 20 mil utilizadores.

Encerrei por vários motivos: Para além do trabalho dispendido quase diariamente na administração, moderação e lançamento dos temas, tinha os custos com o registo de 3 domínios associados, ainda o custo do servidor do alojamento e ainda o preço de software, que periodicamente tinha que ser renovado caso contrário ficava desactualizado, sem suporte e com incompatibilidades nomeadamente ao nível do PHP.

A juntar a isso, frequentes ataques informáticos vindo de gente de áreas concorrentes. Neste mundo digital, como no real, anda sempre gente atenta para copiar e replicar ideias pioneiras e originais. Depois é uma guerra do mata ou morres.

Durante algum tempo, alguma receita publicitária angariada ajudava a mitigar os custos mas nunca deu para tal e esse mercado já foi chão que deu uvas.

Numa determinada altura abri aos utilizadores a possibilidade de poderem, com donativos de qualquer valor, mesmo que simbólicos, poderem contribuir voluntariamente com qualquer verba para ajudaram nas despesas. Mas em rigor, dessa comunidade de mais de 15 mil utilizadores, na altura, e durante um ano em que este aberta essa janlea, apenas um único se dispôs a colaborar com 5 euros. Ilucidativo!

Ainda coloquei a possibilidade de passar o fórum para alguém da área mas quando falava nos custos associados, desistiram porque pensavam que estas coisas funcionam do nada e que também eram de borla.

Em resumo: As coisas são mesmo assim e nada dura eternamente, nascem, crescem, eventualmente estagnam e desaparecem. Mas este meu fórum foi também assim mas não estagnou porque crescia diariamente em número de utilizadores registados.

Mas há alturas em que temos que equacionar se, a pretexto da nossa paixão e entusiasmo por um qualquer hobbie, faz sentido continuar a acumular canseiras e gastos efectivos quando tudo é pro bono.

Depois de encerrado, porque, para de algum modo manter algum relacionamenbte entre os utilizadores mais frequentes, criei um grupo no Facebook, vieram mil lamentos e carpir de penas, mas já nada havia a fazer. Posso, por enquanto, em qualquer altura retomar o projecto, mas não. Vou mesmo cortar o cordão e terminando a validade dos domínios e servidor a coisa extingue-se mesmo.

No fundo, esta situação retrata em muito a filosofias das pessoas e mormente os portugueses. São amigos de receber, de usufruir de tudo e mais alguma coisa mas sempre na filosofia da borla, e mesmo assim sentem-se detentores de direitos e de reclamações sobre algo para o qual nunca com nada contribuiram. É por isso que, não generalizando mas dentro desta espertalhna filosofia, temos largos milhares de pessoas a viverem de rendimentos mínimos dados pelo Estado e outros muitos milhares com serviços de televisão, filmes e músicas pirateados.

Somos, no geral, assim: Oportunistas e chicos-espertos a dar cobertura ao ditado de que somos meio mundo a foder outro meio. A cultura do pagar e compensar quem trabalha ou quem cria, é, em rigor, nula! Zero! Nada! Népias!

Para todos esses oportunistas, vão-se foder, que também é de graça!

Malta humilde

Não há números recentes quanto às prendas de Natal para o Mundial do Qatar. Mas em 2018 os jogadores da selecção luso-brasileira convocados por Fernando Santos para o Mundial da Rússia, ganhavam 700 euros por dia, mas, é claro, a juntar aos prémios e aos milionários ordenados auferidos nos respectivos clubes. 

Caíram nos oitavos, mas mesmo assim, de prémio, cada jogador trouxe qualquer coisita como 66 mil euros. Uma ninharia.

Vamos, pois, todos nós, o Zé, o Alfredo, o Tono, a Maria e a Fátima, que ganham ordenados mínimos, torcer por todos eles. Merecem, são humildes e laboriosos trabalhadores, que lutam com sacrifício pelo amor à camisola!

Haja algum algum bom senso! Afinal é apenas uma indústria e muito bem paga! Merecedores de apoio e admiração são todos aqueles que lutam no dia a dia, com salários mínimos ou nem isso, para pagar as contas , incluindo a da televisão onde se assistem a esses jogos!

Mas, não liguem! Isto é da idade e com o avançar dela já não há lugar a deslumbramentos e já somos daltónicos para coisas que alguns ainda veem com todas as cores. 

Nesta fase já é difícil confundir o relativismo com absolutismo. Ora um jogo de futebol ou uma competição dele, mesmo que milionária, atribuída com sujidade pelo poder dos petrodólares e a decorrer num país onde se ultrajam os elementares direitos-humanos, é apenas isso: Um jogo! Podia ser de xadrez, de damas ou sueca, mas é de futebol!

28 de novembro de 2022

Uniões de freguesias - O que se ganhou?

Em recente reportagem do jornal semanário "Correio da Feira" (13 de Outubro), sobo título "Autarcas divididos quanto à desagregação das uniões de freguesia", é abordada a questão da desagregação das uniões de freguesias no nordeste feirense, concretamente as de Caldas de S. Jorge e Pigeiros, Canedo, Vale e Vila Maior e Lobão Gião Louredo e Guisande.

Do muito que é referido e das justificações adoptadas pelos diferentes autarcas nos processos de votação em sedes de assembleiaas de freguesias, tendo sido aprovadas as desagregações, mesmo que não todas por unanimidade, e depois igualmente em sede de assembleia municipal, uma das tónicas comuns, entre os que foram a favor, contra ou nem uma coisa nem outra, todos transmitem a ideia de que com a desagregação as freguesias mais pequenas perderão capacidade reinvindicativa.

É, obviamente, uma perspetciva legítima, mas na realidade, feita uma análise séria, será mesmo assim? Até porque, pergunta-se, nestes já quase 10 anos de uniões, o que é que cada uma das freguesias menores dessas três agregações ganharam em concreto e de substancial face à situação pré-reforma? Que melhoramentos e obras substanciais foram realizadas? Que modelos de gestão e proximidade às populações foram seguidos e com que vantagens? Veja-se só um unico exemplo: Em Guisande a compra de uma sepultura no cemitério local andava pelos 500 euros. Actualmente custa 2150,00 euros. Mas naturalmente todo o aspecto de taxas trouxe um acréscimo considerável. É isto um ganho prático para as populações? 

Mesmo no sector das limpezas, na anterior situação, todos os dias de semana do ano a freguesia tinha ruas ou troços delas a serem limpas. Tinha sempre alguém que podia ser alocado a uma situação emergente. Havia, pois, sempre ruas limpas. Actualmente a coisa faz-se periodicamente e por isso uma impossibilidade de uma gestão adequada dos casos mais necessários e quase sempre com pouca profundidade. É certo que neste mandato em curso as coisas mehoraram, mas ainda assim sem uma total capacidade de uma limpeza regular e efectiva. Limpeza de sarjetas em ocasiões de chuvas fortes, quem as faz? 

A resposta para ser rigorosa, é nada! As obras mais susbtanciais continuaram a ser feitas nas freguesias cabeça. Já as perdas, essas foram notórias, com um afastamento de proximidade, com elmentos desconhecedores e desfasados das realidades intrínsecas das diferentes freguesias, etc. Ou seja e em resumo, nestes quase 10 anos, uma década, todos os indícios mostram que efectivamente as freguesias menores nada ganharam de acréscimo face às anteriores realidades.

Por outro lado, a ideia de que as freguesias menores têm menos capacidade reinvindicativa é uma falsa questão porque mesmo as mais pequenas freguesias do concelho sempre tiveram capacidade de desenvolvimento proporcional sempre que dirigidas por gente capaz e dedicada. Gião, Louredo e Guisande, mesmo com avanços e recuos, mostrarem isso, indo sempre além dos que os magros orçamentos ordinários permitiam.

Guisande nos últimos como freguesia independente tinha orçamentos anuais a rondar os 100 mil euros o que dava 400 mil no mandato. Em dois mandatos seriam 800 mil. Mas que fossem apenas 90 mil e daí 720 mil euros em dois mandatos. Pergunta-se: Nestes 9 anos de dois mandatos e picos, investiu-se em Guisande 720 mil euros, mesmo contando com o tal esforço no pagamento de dívidas herdadas?  É que não entram nestas contas as obras directas do orçamento da Câmara, como aconteceu com as pavimentações das ruas.

É certo que também concordo que passados os primeiros tempos e as dores das mudanças que foram inevitáveis, as coisas podem passar a ser melhores, pelo menos em teoria, mas só o tempo poderá confirmar isto ou, o contrário.

Para finalizar, são de facto duas realidades diferentes, mas a experiência já quase com uma década não permite nem de perto nem de longe dizer que as uniões trouxeram vantagens óbvias e significativas para as populações a ponto de se poder pensar que a reversão será pior.

Compreendo e aceito todas as posições dos diferentes presidentes de Junta das uniões, mas importa não esquecer algo importante: É que são todos originários das freguesias cabeça e em caso de continuidade do actual sistema, continuarão, concerteza a querer ter presidentes dessas grandes freguesias, numa posição de, msmo que não assumida, de preponderância, de canibalismo político. Aceitarão os de Lobão, os das Caldas e os de Canedo um presidente proposto e vindo de Guisande, de Pigeiros ou Vale, respectivamente? Hummmm! Parece-me que não!

Em todo o caso, esta é apenas uma simples opinião e cada um terá a sua e considerará válidos os seus próprios argumentos. 

Seja como for, numa ou noutra realidade, as dificuldades serão sempre muitas e não há milagres, desde logo porque as áreas de competência e intervenção das juntas são superiores aos financiamentos centrais ou municipais que recebem para isso. Por outro lado, autarcas que trabalham pelas populações apenas por amor à terra e à camisola já são raros e destes poucos os que conhecem cada um dos habitantes pelos seus nomes e a realidade dos diferentes lugares, e daí uma nítida falta de proximidade. Hoje qualquer cidadão da união vai á sede para solicitar um atestado ou expor um problema e é apenas um simples desconhecido. Provavelmente ninguém o conhecerá nem o tratará pelo nome próprio antes de se identificar.

É o que é! 

Romaria - Variante Arouca-Feira

Nisto da curiosidade somos quase todos iguais. Também curioso, fui já experimentar a nova variante Feira-Arouca, um eufemismo para apenas um troço de pouco mais de 7 Km, entre o lugar da Abelheira- Escariz e Gândara-Pigeiros na rotunda da saída da A32, acabada de inaugurar com pompa e circunstância a merecer a visita de um ministro.

Respeitando a velocidade de 70 Km/hora, fez-se em 7/8 minutos. Já tinha experimentado a anterior alterantiva pelas estradas interiores e apenas registei uma diferença de 3/4 minutos. Assim mais do que o tempo poupado, vale a qualidade e segurança do percurso o que pode fazer diferença sobretudo como acesso ao Hospital da Feira para as gentes de Arouca. 

Não sou especialista de tráfego de trânsito e muito menos decisor, mas considero que sob um ponto de vista de retirar trânsito em algumas das ruas locais, sempre tão degradadas, talvez se justificasse uma entrada/saída intermédia, porventura na intercepção da estrada que liga Romariz a Cesar, ali na zona de Vila Nova, mas até pelas características do terreno e relacionamento das duas vias, certamente que o custo dispararia. 

Assim a via é, sem dúvida, muito importante mas, a bem dizer, apenas para Arouca, e para aqueles que de algum modo vivem próximos das entradas. Para o resto, para os aglomerados dispostos ao longo de toda a via,  e mesmo para a generalidade do concelho da Feira, o interesse é muito relativo ou mesmo reduzido.

É claro que que com uma extensão tão curta nunca poderia servir muita população, tanto mais que, como disse, prescindiram de uma ligação intermédia. Sem dúvida, reitero que é importante mas quase exclusivamente para Arouca, o que de resto é merecido. Já ouvi loas exageradas quanto ao interesse da via para o concelho da Feira, o que é manifestamente exagerado. Os de Arouca precisam da via sob um ponto de vista de rentabilidade empresarial e sobretudo de acessos das populações aos equipamentos de saúde centrais, já que se servem essencialmente do Hospital S. Sebastião. Já os feirenses, esses vão a Arouca principalmente pelo laser, à vitela e ao pão-de-ló, pouco mais.

Ainda do que vi, tal como na A32, serão ainda muitos os problemas de escoamento/drenagem de águas, sendo visível as estradas na periferia cheias de lamas. Os empreiteiros são mestres a adotar soluções espertalhonas e poupadinhas, mesmo na reposição de entradas, acessos e caminhos e com elas o prejuízo de terceiros.  A ver vamos se será mais do mesmo que se verificou na A32.

Entretanto, como era expectável, era uma romaria de carros a experimentar. Tenho dúvidas que na normalidade diária o percurso tenha assim tanto trânsito simultâneo nos dois sentidos.

27 de novembro de 2022

Raimundo José da Fonseca, meu bisavô materno



Raimundo José da Fonseca, era meu bisavô materno. Nasceu em 17 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929, muito jovem, apenas com 45 anos.

Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira, meus trisavôs maternos, ambos do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz.

Por sua vez, era neto paterno de Manuel José da Fonseca e de Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e Ana Maria d´Oliveira (todos estes meus tetra-avôs maternos)

Tinha 22 anos quando casou em 9 de Maio de 1907, com Margarida da Conceição  (minha bisavó), esta filha de António Caetano de Azevedo e de Maria da Conceição, do lugar das Quintães - Guisande. Tinha 21 anos quando casou.

Este meu bisavô, tal como o seu pai,  era um afamado mestre canteiro (oficial de pedreiro) e pela nossa região são várias e autênticas pérolas de granito rendilhadas por si e por alguns familiares que com ele trabalhavam. 

Em Guisande é conhecida a capela mortuária da família da Casa do Moreira, do lugar da Igreja e ainda o mausoléu  da família do meu avô paterno. Mesmo na sacristia da nossa igreja a bonita fonte ali existente é de sua autoria.

Nas imagens abaixo, o mausoléu no cemitério em Guisande, com a imagem em mármore de Nossa Senhora e ainda um de características similares, existente no cemitério de Fermedo - Arouca, embora este com a imagem alegórica  da Saudade. 

Ainda na nossa região, são várias as alminhas por eles lavradas.

26 de novembro de 2022

No fio da navalha

O que fazem quatro jovens, em plena madrugada escura, numa época de agitação marítima, junto da linha de água de um mar conhecido por traiçoeiro?.

Terão sido arrastados para o mar, sendo que três salvaram-se e uma rapariga de 20 anos está desaparecida temendo-se naturalmente o pior.

Estes filmes de total insensatez dão nisto. Não há volta a dar. Os acidentes e incidentes estão ao virar da esquina e o mundo é demasiado perigoso. 

Podia ser em qualquer lugar e circunstância, mas o constante caminhar no fio da navalha por muitos jovens, dizem que por irreverência, e de algum modo banalizar o perigo, dá nisto, na tragédia. 

Também eu pai, que me alvoroço com a saída dos filhos, não tenho como deixar de pensar nos pais daquela jovem, porventura sossegados a dormir em casa, quando ela já senhora do seu destino, mesmo o de escolher ir com colegas, de noite e em plena madrugada, para junto da linha de água de um oceano revolto, sabe-se lá por que motivo maior ou menor, foram certamente acordados, alvoroçados, destroçados com a fatal notícia. 

Não há lugar a qualquer moralismo extra, nem podia haver, mas assim tão gratuitamente dói! Dói muito!

[actualização] Já depois da notícia inicial pela qual escrevi, soube, por notícias mais frescas, que afinal o grupo seria constituído por 8 jovens e todos eles terão sido arrastados. Também sabe-se que fariam parte do Exército onde estariam em formação. Estiveram num bar de diversão nocturna até altas horas da madrugada, quase manhã, certamente que a beberem água e sumos. Depois decidiram acabar a noite em grande indo socializar para a zona de rebentamento do mar.

Esta actualização em nada desculpa o procedimento, antes o agrava pela falta generalizade de bom senso e  irresponsabilidade, tanto mais que haveria alertas para o perigo da agitação marítima.

Será de supor que num grupo haja sempre alguém lúcido e sereno o bastante para alertar os demais. Mas não! Em grupo tende-se a ampliar as coisas boas e más, porque há sempre uma maria a ir com as outras, a alinhar, a não querer fazer de fraca.

Infelizmente, a jovem teve mesmo o destino fatal, tendo já sido recuperado o seu corpo. Um peso que há-de acompanhar por toda a vida aquele grupo onde se inseria. Ou talvez não. Nada que não se supere com mais uma noite de copos.

Desculpem qualquer coisinha, mas estas coisas revoltam e porventura somos todos inocentes, apenas vítimas desta coisa transcendente chamada destino.