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5 de abril de 2024

Os Lopes de Guisande


Dizem os entendidos nestas coisas do estudo da origem dos patronímicos, como quem diz, dos nomes de pessoas e  apelidos de famílias, que Lopes foi apelido popular nos países latinos, como Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Com origem do latim lupus, Lopo em Portugal, surge a derivação Lope, que significa lobo. Assim, a referência a este animal, do qual e pela domesticação surgiram os cães, procura conotar as pessoas que recebem esse nome com os seus atributos de coragem e destreza.

Lopes, em Portugal e Lopez em Espanha, foi apelido relativamente comum na península ibérica pela Idade Média. Lopes derivava de filho de Lopo, assim como à semelhança de Henriques como filho de Henrique, Gonçalves, filho de Gonçalo e Fernando, filho de Fernão.

Na actualidade, Lopes é considerado como o 14º apelido mais comum em Portugal. Na nossa História, sobretudo na Idade Média houve Lopes mais ou menos relevantes, como o cronista Fernão Lopes. Também, pela negativa, o Diogo Lopes de Pacheco, um dos assassinos da bela Inês de Castro e o único que escapou à vingança de D. Pedro, o Justiceiro, refugiando-se em Castela.

Descrição heráldica do brasão dos Lopes (representado acima):

Esquartelado: o primeiro e o quarto de azul com uma estrela de ouro, de seis raios; o segundo e o terceiro de vermelho, com uma flor-de-lis de prata; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: um aspa da bordadura.

[fonte bibliográfica "Armorial Lusitano - Anuário da Nobreza de Portugal"]


Os Lopes na freguesia de Guisande:

Com estes apontamentos não tenho pretensões, obviamente, em fazer uma descrição genealógica exaustiva dos Lopes na nossa freguesia de Guisande, porque será tarefa quase impossível face à falta de documentos complementares e em sequência aos que é possível publicamente consultar. Ainda assim, com base em conhecimentos pessoais, na pesquisa e leitura de velhos assentos paroquiais, análises de nomes e datas e cruzamento dos mesmos, consegui apurar alguns nomes e datas e relações entre si que considero bastante substanciais. 

Neste contexto, e como ponto de partida, uso como referência o nome de Domingos José Lopes, casado que foi com Idalina da Conceição, que viveram no lugar da Igreja, na nossa freguesia de Guisande, e que juntos geraram uma família numerosa e que na nossa freguesia será a mais representativa deste apelido. Mas também a par do Joaquim José Lopes, irmão do Domingos, que ficou com a alcunha de "o Cabreiro", e que casado com Maria Alves, também constituiu uma família igualmente numerosa e representativa do apelido. 

O Domingos e o Joaquim tiveram ainda outros irmãos, nomeadamente o Manuel, que morreu solteiro e sem geração e que viveu com outro irmão, o João José Lopes, este casado com a Maria Isaura Ferreira dos Santos e que tiveram três filhos rapazes, o Fernando, o António, que já faleceu, solteiro, e o Joaquim, este casado com a Cristiana Valente, com filhos e moradores no lugar de Cimo de Vila, aqui em Guisande. Ainda como irmão do Domingos, do Joaquim, do Manuel e do João, o José Lopes, que casou e faleceu em Romariz.

Em resumo, pode-se concluir que a génese principal da família Lopes na nossa freguesia de Guisande está assente sobretudo nas gerações que deixaram o Domingos José Lopes e o seu irmão Joaquim José Lopes, como mais representativas em termos de geração deixada. Naturalmente que também os filhos do João, embora estes em menor número.


Vamos pois, começar por estes ramos dos Lopes:


Domingos José Lopes, nasceu a 12 de Abril de 1917.

Era filho de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos. Era neto materno de Joana de Jesus e de avô incógnito (1). 

Foram seus padrinhos de baptismo Domingos José da Mota, do lugar de Casaldaça e Rosária da Conceição, do lugar das Quintães.

Casou em 22 de Julho de 1945 com Idalina da Conceição, esta do lugar de Casaldaça.

Idalina da Conceição, esposa do Domingos José Lopes, nasceu a 24 de Agosto de 1923. 

Era filha de Domingos Gomes da Conceição (alfaiate), que ficou conhecido com a alcunha de "o Pinguinha", do lugar de Casaldaça, nascido a 23 de Fevereiro de 1901 e falecido em 12 de Novembro de 1984,  e de Rosália de Jesus, esta falecida em 23 de Janeiro de 1967. 

Esta Rosália de Jesus nasceu em 6 de Outubro de 1901. Era filha de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Todavia, esta Margarida quando deu à luz a Rosália estava casada com Justino dos Santos, sendo que este estava ausente no Brasil há pelo menos 10 anos e sem qualquer comunicação com a esposa. Era, pois, a Rosália neta paterna de pai incógnito (1) e neta materna de António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus, de Casaldaça. Para além de Rosália, a Margarida de Jesus teve outra filha ilegítima, a Adelina, que faleceu menor, com dois anos de idade, em 20 de Março de 1910. 

A Margarida de Jesus, acima referida, mãe da Rosália, teve ainda uma irmã, a Rosa Maria de Jesus que por sua vez teve uma filha de nome Rosa, nascida em 2 de Março de 1891, filha de pai incógnito e neta materna do referido António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus.

(1) Sobre o conceito de pai incógnito, convém referir que por esses tempos era muito vulgar. Incógnito não significa desconhecido mas tão somente alguém que de demitiu das suas responsabilidades de pai, muitas vezes porque a gravidez resultava de uma relação fortuita, consentida ou não, mas outras vezes por alguém que já era casado ou com estatuto social que impediam a assunção dessa paternidade. Por conseguinte as mães, solteiras, casadas ou viuvas, porque nesses tempos eram comuns as viuvas jovens, quase sempre sabiam a identidade dos pais. Ora se essa identidade não era vertida nos assentos de baptismo, na generalidade dos casos era conhecida da comunidade, da vizinhança.

Continuando, a Idalina da Conceição, era neta paterna de Joaquim Gomes da Conceição (serrador) e de Ana Rosa (costureira), do lugar de Estôze. Esta Ana tinha pelo menos uma irmã, a Maria Rosa, que foi sua madrinha de baptismo. Este Joaquim Gomes da Conceição teve três filhas, a  Arminda, nascida em 4 de Maio de 1906 , a Aurora, nascida em 3 de Novembro de 1909 e Maria da Conceição. Para além do Domingos, teve como filho o Delfim Gomes da Conceição, com a alcunha de "o Piranga", que foi alfaiate em Casaldaça, e que nasceu em 14 de Maio de 1912, e que casou com a Isaura. Ambos falecidos. Deixaram vários filhos, dos quais me lembro do Joaquim (do Serra), Alcino, Alzira, Alberto, Dolores, Brilhantina, Crisantina, Isaura, Fernanda e Georgina.

Como se disse, a Idalina era neta materna de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Era bisneta paterna de João Francisco e de Arminda de Jesus, de Cimo de Vila. Era  bisneta materna de Manuel Francisco e Miquelina Rosa, de Estôze.

No seu baptismo teve como padrinhos o avô paterno e a avó materna.

Esta Idalina, teve vários irmãos, como o Orlando Gomes da Conceição, falecido em 12 de Fevereiro de 1937, apenas com um ano de idade. Teve ainda o Alberto Gomes da Conceição, casado com a Angelina, moradores no lugar de Fornos, com filhos e filhas. Teve irmãs, como a Dorinda, que casou com o Bernardino Gomes da Mota, ambos falecidos e ainda a Delfina (Sr. a Tina) casada como Manuel Alves (Nequita) moradores no lugar do Viso, de resto no sítio e na parte da casa onde morava o seu pai Domingos.

O Domingos José Lopes e a Idalina da Conceição tiveram vários filhos, a saber: O Domingos, que casou com a Maria, a Rosária, casada com o António Costa, o Belmiro, casado com a Isaura, a Délia, casada com o José Pereira Baptista, a Lurdes, casada com o Manuel Ferreira, o Leonel, a Celina, casada com o Agostinho Guedes, o Orlando, casado com a Georgina Santos, a Paula, casada com o José Pinto e o Arlindo, casado com a Maria José Fontes. Houve ainda um rapaz, o Francisco, que seria o mais novo da prole e que terá falecido com poucos meses. Escusado será dizer que de todos estes filhos resultaram filhos e netos.

O Domingos José Lopes, ficou conhecido como o Ti Lopes, e durante muitos anos foi carreteiro, com a sua junta de bois a fazer carretos e a lavrar terras, de resto como o seu irmão Joaquim, também carreteiro e laboreiro (aquele que labora na terra). Foi homem duro, de muito  trabalho no campo a na labuta de criação de um bando de filhos que pelo exemplo e educação deram homens e mulheres de boa cepa..

Viveram no lugar da Igreja, como caseiros do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva.

Faleceu o Domingos em 14 de Agosto 1983 e a esposa Idalina, que lhe sobreviveu, a 9 de Setembro 1997.


Domingos José Lopes e Idalina da Conceição



Domingos José Lopes e Idalina da Conceição, quando jovens





Foto de 1962 - O Ti Lopes com os seus bois, pronto para iniciar a recolha da oblata, nessa altura baseada e oferta de milho e centeio. Ainda o Pe. Francisco, o David cantoneiro, de Estôze, e creio que o irmão do Domingos, o Manuel.




Casa onde viveram o Domingos José Lopes e a Idalina



O Ti Domingos Lopes e o pai do Pe. Francisco - 1957

Joaquim José Lopes, nasceu a 22 de Fevereiro de 1921.

Foram padrinhos de baptismo o Joaquim José Lopes, seu tio paterno, então morador em Pedroso, Vila Nova de Gaia e Maria Rosa da Conceição, do lugar de Casaldaça.

Casou com Maria Alves Cardoso em 11 de Novembro de 1944. Esta nasceu a 1 de Julho de 1924 e era filha de Manuel Gomes da Silva e de Custódia Alves, do lugar de Cimo de Vila. Era neta paterna de Martinho Gomes da Silva e de Olinda Rosa de Jesus (falecida a 3 de Fevereiro de 1937). Era neta materna de António Pereira e Joaquina Alves. Era bisneta paterna  de pais incógnitos e bisneta materna de Manuel Francisco Botelho e de Rosa de Jesus, do lugar da Costa Má, da freguesia do Vale.

Foram padrinhos do seu baptismo o Moisés Gomes da Silva, seu tio paterno e uma sua irmã, a Rosa Alves.

Por curiosidade, este Moisés Gomes da Silva, nasceu em 19 de Julho de 1901. Casou com Eulália Pereira dos Santos, em 15 de Novembro de 1937. Faleceu em 23 de Junho de 1964. Este Moisés e a Eulália viveram em Casaldaça e tiveram vários filhos de que me lembro do Tono da Eulália, que era figura popular no teatro de Natal em Guisande. Esta Eulália nasceu em 24 de Agosto de 1909. Era filha de António Alves da Costa e de Rosa Pereira dos Santos. Faleceu em 9 de Setembro de 1986.Era neta paterna de José Alves da Costa e de Carolina Emília do Espírito Santo e neta materna de António Alves da Mota e de Custódia Pereira dos Santos. Como irmã desta Eulália identifiquei ainda uma irmã, Maria, que nasceu a 17 de Dezembro de 1915.

Do casamento do Joaquim José Lopes e da Maria Alves Cardoso, nasceram vários filhos e filhas, nomeadamente de quem tenho memória: A Albertina, que casou com o Delfim Pinto (falecido), a  Conceição, que casou com o meu primo António de Oliveira Santos (o "Estopa") (falecido), o João, o Joaquim, que casou com a Lúcia, a Maria, que casou com o António Valente, a Madalena, que casou com o Serafim (falecido), o Domingos, que casou com a Natália, o António, que casou com a Fernanda Brandão (separados) e o Fernando, também casado.

O Joaquim José Lopes foi sempre uma figura muito típica e carismática na nossa freguesia e ficou com a alcunha de (o "Cabreiro"). Desconhece-se a origem desta alcunha apesar de haver quem a relacione à freguesia de Cabreiros, do concelho de Arouca. Nada encontrei que relacionasse a famílas daquela zona. Por sua vez a sua mulher, a maria Alves, era conhecida simplesmente por Ti Micas do Cabreiro. Viveram no lugar de Cimo de Vila, numa casa isolada do lugar e que popularmente ficou conhecido como a Coreia, no que terá sido baptizada pelo próprio. Pessoalmente, porque era do lugar e fazia vários trabalhos para os meus pais, tenho dele muitas memórias assim como da Ti Micas e naturalmente dos filhos, alguns, os mais novos, colegas de escola e das brincadeiras de infância. Foram gente de trabalho e de bem, deixando uma geração de filhos e filhas a fazer-lhes jus.


Joaquim José Lopes e a esposa Maria Alves Cardoso


José Lopes, nasceu a 11 de Abril de 1923.

Teve como padrinhos Manuel Caetano de Azevedo, do lugar das Quintães e Maria da Conceição, do lugar das Quintães.

Casou em Romariz com Ângela da Costa em 12 de Abril de 1947. Terá vivido no lugar da Portela - Desconheço a sua descendência.

Tentei um contacto com uma pessoa que acredito ser seu filho, mas às minhas questões ainda não respondeu. Quando e caso sim, actualizarei este artigo.


João Jose Lopes, nasceu a 11 de Julho de 1925.

Casou em 26 de Dezembro de 1968, em Fiães, com Maria Isaura Ferreira dos Santos. Do seu casamento nasceram o Fernando (creio, sem certeza, que casado em Milheirós de Poiares), o António, que faleceu solteiro e o Joaquim, casado com a Mariana, e que vive em Cimo de Vila. Durante muitos anos viveu com esta família a Isaura, que creio que era sobrinha da esposa do Ti João.

O Ti João "do Cabreiro", como ficou conhecido, era igualmente uma figura típica da nossa freguesia e durante muitos anos foi o sacristão, tocador do sino e coveiro da freguesia e que em muito ajudou a paróquia. Vivia no lugar de Cimo de Vila.


João José Lopes, aqui como sacristão ao lado do Pe. Francisco, aquando da celebração das Bodas de Ouro Sacerdotais, em Agosto de 1989


Manuel José Lopes, nasceu a 27 de Setembro de 1915. Dos irmãos incluindo os acima descritos, era o mais velho, mas ficou solteiro e viveu até à sua morte com o seu irmão João. Era jornaleiro e os mais velhos lembram-se dele quase sempre de enxada ao ombro. Homem simples mas trabalhador.

Foram padrinhos do seu baptismo o Manuel Gomes, de Cimo de Vila, e Maria da Conceição, do lugar de Fornos.


Resumo: Estes foram os cinco  irmãos, filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que até ao momento consegui identificar. Desconheço, pois, se outros houve. Destes, a particularidade de serem todos homens.


Ascendência:

Do que consegui apurar, e conforme já escrito, os cinco irmãos, Manuel, Domingos, Joaquim, José e João, eram filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que casaram em 29 de Outubro de 1914. Ele com 28 anos e ela com 26 anos de idade. Viveram em Cimo de Vila.

Este Bernardo José Lopes, nasceu em 13 de Setembro de 1886. Era filho de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos, casados a 5 de Novembro de 1885 quando ele tinha 20 anos e ela 26 anos de idade. António José Lopes era  filho de Manuel Lopes, serrador, natural da freguesia de  S. João Baptista de Videmonte - Guarda, e de Maria Rosa. A Inês Rosa dos Santos era  filha de Manuel António da Mota e de Margarida Rosa dos Santos, de S. Tiago de Lobão. Por sua vez o Manuel Lopes era filho de José Lopes, casado com Ana Rosa. Em resumo, este José Lopes é o tetra-avô dos actuais filhos do Domingos José Lopes, do Joaquim José Lopes e dos demais irmãos.

A esposa do Bernardo José Lopes, a Albertina Rosa de Jesus, nasceu na freguesia deo Bonfim, cidade do Porto, em 7 de Janeiro de 1888. Era filha de Joana de Jesus e de pai incógnito. Esta Joana de Jesus era filha de António Joaquim Gonçalves e de Florinda Rosa, de Mansores - Arouca. Casaram o Bernardo e a Albertina em 29 de Outubro de 1914, tendo ele 28 anos e ela 26 anos de idade. 

Os padrinhos de baptismo do Bernardo foram Bernardo José Leite de Paiva e Bernardina Rosa dos Santos, de Casaldaça.

Faleceu o Bernardo em 16 de Julho de 1944. Faleceu a esposa Albertina em 23 de Novembro de 1964.

O Manuel Lopes, de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, casou com a Maria Rosa, natural de Guisande mas que casaram em S. Tiago de Lobão. Esta Maria Rosa era filha de Manuel Ferreira Valente e de Mariana Rosa, esta de Cimo de Vila - Guisande.

Manuel Lopes, o avô paterno do Bernardo José Lopes, para além do pai deste,  teve outros filhos, de que consegui identificar:

Ana,  que nasceu a 4 de Maio de 1848.

Inês, que nasceu a 17 de Março de 1851.

Foi padrinho de baptismo o avô materno e madrinha a sua tia materna Inês.

Domingos, que nasceu a 15 de Dezembro de 1852.

Emília, que faleceu menor, com 18 meses de idade, a 24 de Julho de 1856.

Joaquim, que nasceu a 28 de Março de 1858.

Teve como padrinho Joaquim Leite de Resende, de Trás-da-Igreja, e como madrinha a sua tia paterna, Rita Gomes.

António, que nasceu a 4 de Março de 1860. Primeiro de nome

Rita, 17 de Fevereiro de 1862

António José Lopes, que  nasceu a 17 de Maio de 1865. Segundo de nome. Pai do Bernardo José Lopes.

Teve como padrinho um Rodrigues Lopes, relojoeiro na cidade do Porto, este representado por João Francisco, seu sobrinho. Deduzo que este Rodrigues Lopes seria tio paterno ou eventualmente tio-avô do baptizado.


Em resumo, do que me foi possível pesquisar e apurar, até ao momento, e sem prejuízo de futuras rectificações à luz de novos documentos,  o apelido desta família Lopes tem origem em  S. João Baptista de Videmonte, do antigo concelho de Linhares e actualmente do concelho e distrito da Guarda. José Lopes, o ascendente mais antigo a que consegui chegar, teve como filho o Manuel Lopes e este  certamente terá vindo para o concelho de Vila da Feira, casado em Lobão com uma rapariga de Guisande e nesta freguesia foi morador no lugar de Cimo de Vila e onde gerou e criou os vários filhos (8) que conseguimos pesquisar.

Curiosidade: Por informação prestada pela Lurdes Lopes,  mesmo que nunca verificado, haveria na sua ascendência algum parentesco afastado com familiares da família dos pais do Américo Baptista da Silva (Américo do Reimão), de Casaldaça. Ora este Américo chegou-me a dizer que de facto teria um parente proveniente de Mansores Arouca. Ou seja, a existir qualquer relação de parentesco, será muito afastada e pelo ramo ascendente da avô paterna da Lurdes. Ora provar essa relação é uma tarefa muito difícil e obrigaria a saber pelo menos o nome completo do dito parente da família do Reimão, proveniente de Mansores. 

Também convém assinalar, e ligando ao dito no parágrafo anterior, que o pai do Américo "do Reimão", Raimundo Francisco da Silva (que foi ferreiro em Casaldaça), por sua vez era filho de Joaquim Francisco da Silva, de Mansores e de Maria Rosa da Conceição, de Guisande, neto paterno de João Francisco da Silva e de Maria Joaquina Santos, neto materno de pai incógnito e de Rosa Margarida dos Santos. Poderá este suposto e oral parentesco com gente de Mansores vir também daqui mas para já sem prova dessa ligação.

Por conseguinte, por agora, esta suposta relação tem apenas uma sustentação oral, do disse-que-disse, é apenas uma mera curiosidade e lateral ao propósito primeiro destes meus apontamentos, que procuram essencialmente estabelecer a proveniência do apelido Lopes na nossa freguesia, e sobretudo relacionada a esta família em particular.


Outros Lopes:

De tempos passados, encontrei ainda na nossa freguesia outras pessoas de apelido Lopes, mas por enquanto ainda não consegui estabelecer qualquer relação com estes Lopes de proveniência de Videmonte - Guarda, de que temos vindo a falar. Certo é que apesar desta existência, não consegui verificar descendência ou porque fossem viver para fora da freguesia ou porque o apelido se perdesse o que por esses tempos era vulgar.

Por exemplo, um Manuel Lopes, natural de Escapães, filho de António Lopes e de Maria Rosa de Jesus, que casou aqui em Guisande em 12 de Novembro de 1905 com Joaquina Maria de Jesus, do lugar da Pereirada, sendo filha de António José Pinto (de Canedo) e de Custódia Maria de Jesus (de Guisande). Não consegui encontrar descendência em Guisande pelo que será de supor que foram viver para fora, eventualmente em Escapães, terra do Manuel Lopes.

Por Setembro de 1754, no lugar do Outeiro morava o casal Manuel Alves Lopes e Isabel Francisca de Jesus. Ele era filho de Manuel Alves e de Maria Lopes, de Valega - Ovar e ela era filha de Domingos Pereira e de Maria Ferreira, do lugar da Pereirada, Guisande.

Deste casal Manuel e Isabel consegui identificar como filhas a Maria, nascida em 7 de Setembro de 1754 e a Tedoósia, nascida em 23 de Novembro de 1758.

Por 1896, nascia no lugar de Fornos um Raimundo, filho de António Lopes, pedreiro, natural de Fafião - Romariz, e de Maria Rosa de Jesus, rendilheira, natural de Guisande, sendo neto paterno de Bernardino José Lopes e de Ana Maria da Silva, e neto materno de Manuel José da Mota e de Maria Rosa. 

Têm ainda como apelido Lopes, por parte da mãe, a Adelina, que era de Canedo, os filhos de Manuel Armando dos Santos (Manel da Joana), que foi do lugar da Lama, como a Maria do Céu, a Paula, a Alzira, a Isabel, a Deolinda e um outro irmão. Em Canedo existem várias famílias de apelido Lopes, pelo que não surpreenderia que com antepassados relacionados aos também antepassados Lopes de Guisande, nomeadamente derivados dos atrás referidos filhos do Manuel Lopes, que foram em número significativo.

Por enquanto fica por aqui a saga dos Lopes de Guisande. Pode carecer de uma ou outra actualização ou correcção, que farei conforme for encontrando novas informações, mas já é um bom ponto de partida, nomeadamente se a alguém da família interessar estabelecer a sua árvore genealógica. Pela minha parte estes apontamentos decorrem do interesse próprio de conhecer as origens e teias familiares de algumas das famílias da nossa freguesia. Já o fiz por aqui com outras famílias e, com tempo, continuarei com outras. 


Igreja matriz de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, terra onde desemboca a proveniência do apelido Lopes em Guisande [fonte: wikipedia]

29 de março de 2024

Inventário das coisas da paróquia - 1911

 


Em Maio de 1911, no pós rebuliço anti-clerical decorrente da instauração sangrenta da República (1 de Dezembro de 1910), foi mandado fazer o inventário dos bens imóveis e móveis pertencentes à paróquia de S. Mamede de Guisande. Era presidente dessa Comissão Paroquial Administrativa Republicana o Sr. Custódio Baptista de Pinho, da Casa da Quintão.

O inventário parece minucioso quanto aos objectos, paramentos e alfaias, mas na realidade é muito ligeiro em alguns aspectos que mereceriam uma melhor descrição, nomeadamente nos bens imóveis, como a igreja, a capela, a então casa dos mordomos ou das sessões, que antecedeu o actual salão paroquial, bem como o cemitério.

Note-se que apesar da residência paroquial ser na altura relativamente recente, porque edificada por 1907, na realidade não consta como bem da paróquia apesar do "exame minucioso" que a Comissão Paroquial disse ter feito. Não encontrei explicação justificativa, mas creio que deveu-se ao facto da residência ter sido construída com dinheiro de paroquianos e eventualmente ainda não se encontrar registada a favor da paróquia. Por outro lado, nesse contexto de instauração da República e do forte clima anti-clerical, havia o risco da residência ser reclamada pelo Estado para a transformar numa escola pública. Poderá, pois, ter sido uma salvaguarda por parte dos elementos da Comissão Paroquial ao não a inventariarem como da Igreja. De resto, nesse contexto, a residência foi mesmo adquirida a título particular, em 1917, pelo então pároco, o Pe. Abel Alves de Pinho, precisamente para evitar esse perigo de tomada de posse pelo Estado.

Mas  sobre este assunto da residência paroquial, sua construção, sua compra e posterior venda, há questões interessantes a ela relacionadas pelo que darão para futuros apontamentos.

De seguida passamos à transcrição do referido inventário, complementado com algumas nossas notas explicativas.


Termo de Abertura

Na qualidade de presidente da Comissão Paroquial Administrativa Republicana desta freguesia de Guisande, concelho da Feira, vou numerar para nele se inventariarem todos os haveres, móveis, alfaias do culto e quaisquer outros objectos pertencentes a esta paróquia.

Secretaria da Junta de Paróquia da freguesia de Guisande, aos sete dias do mês de Maio de mil e novecentos e onze.

O presidente da Comissão: Custódio Baptista de Pinho.

Inventário de todos os haveres, móveis, alfaias de culto e outros utensílios pertencentes à paróquia de Guisande, concelho da Feira, organizado pela Comissão Paroquial Republicana no dia nove de Maio de mil novecentos e onze.

1.º – Um edifício destinado a igreja matriz, com uma torre, dois sinos, quatro altares e as seguintes imagens distribuídas pelos referidos altares: Nossa Senhora do Rosário, Senhora da Conceição, Coração de Jesus, Santa Gertrudes, Santa Rita, mártir S. Sebastião, Senhora das Dores, S. Mamede, Santo António, um Senhor Crucificado e quatro crucifixos; Um vaso  do sacrário de madeira dourada; Seis jarras grossas em cada um dos quatro altares com igual número de ramos; Vinte e seis castiçais de pau e dois de metal; Oito toalhas ordinárias (1); Uma caldeirinha de metal também ordinário; Um turíbulo e naveta de metal (2) ; Umas  âmbulas de metal ordinário  (3); Um baptistério; Uma cruz paroquial de metal; Dois padrões; Uma estola paroquial (4); Quatro dalmáticas (5); Três capas de asperges (6); Seis casulas (7); Um véu de ombros; Quatro golas de corporais; Quatro sanguíneos (8); Dezoito opas de lã e seda; Dez lanternas; Dois estandartes de  (…); Duas bandeiras; Dois pálios usados de seis varas cada um; Uma umbela (9); Uma cadeira paroquial, ordinária; Dois missais; Uma estante; Dois gavetões ordinários de guardar utensílios; Dois manustérgios (10); Três lâmpadas; Quatro bancos, dois dos quais são bastante ordinários; Um baldaquino (11); Quatro jogos de sacras; Três alvas (12); Três assentos e cinco mochos; Uma campainha e dois meninos Jesus. 

(notas explicativas: 

(1) o termo ordinário refere-se a coisa simples, sem grande valor.

(2) naveta: recipiente que acompanha o turíbulo, onde está depositado o pó de incenso.

(3) âmbulas: vasos sagrados usados na consagração

(4) estola: peça da indumentária de um sacerdote

(5) dalmática: peça da indumentária de um sacerdote

(6) asperges ou pluvial: paramento de um sacerdote

(7) casula: peça indumentária usada pelo sacerdote em celebrações solenes

(8) sanguíneo: pano que o sacerdote estende sobre o altar no início da consagração

(9) umbela: espécie de guarda-sol em tecido decorativo

10) manustérgio: pano que o sacerdote usa para limpar/enxaguar os vasos/cálices

(11) baldaquino: um dossel ou pequeno resguardo para a exposição do Santíssimo

(12) alva: peça da indumentária do sacerdote)


2.º – Um pequeno adro pertencente à igreja paroquial, vedado por uma parede e pela frente do cemitério.

3.º – Um cemitério paroquial, próximo à igreja, vedado por um muro com grade na frente e dois portões de ferro.

4.º Uma pequena casa térrea com dois portões para o adro paroquial próximo do cemitério, das sessões da Junta de Paroquial.

(nota: edifício que existia no local onde foi edificado o actual salão paroquial).

5.º – Um edifício destinado a capela de Nossa Senhora da Boa Fortuna, com uma sineta, três altares, uma imagem da Senhora da Boa Fortuna e mais dois santos, sita no lugar de Cimo de Vila  ao cimo do Monte do Viso.

6.º – Uma pequena sacristia anexa à mesma capela, onde se encontram duas mesas ordinárias.

7.º – Um ressaio de terreno pertencente à referida capela e que lhe serve de adro. 

(nota: ressaio, o mesmo que rossio ou terreiro).

8.º – Cinco livros de escrituração; Um copiador e, finalmente, o livro do inventário presente. 


Nada mais se encontrou no exame minucioso a que se procedeu, pelo que se deu por encerrado o presente inventário que vai ser assinado por toda a comissão presente, depois de lido em voz alta.

Guisande, 9 de maio de 1911.

O presidente da Comissão: Custódio Baptista de Pinho

O vice-presidente: Joaquim Alves de S. Tiago

O vogal tesoureiro: José Ferreira Coelho

Vogal: António Pereira de Magalhães

Secretariou: Joaquim Ferreira Pinto 


(nota: Joaquim Ferreira Pinto, secretariou e escreveu o respectivo livro de inventário)

21 de março de 2024

A Maria foi à feira a Cesar e ficou prenha

Creio que já o escrevemos por aqui, desde que há casamentos que nunca deixou de haver mães solteiras e sobretudo com os progenitores a não assumirem a paternidade e responsabilidades inerentes, fosse por verdadeira incapacidade de os responsabilizar ou por silêncio comprado ou ameaçado, sobretudo quando os progenitores já eram homens casados e de estatuto social incompatível com a "vergonha" ou infidelidade a assumir. Acontecia, por exemplo, com patrões relativamente a criadas.

Por conseguinte, nos velhos assentos paroquiais dos baptismos, são frequentes as referências a filhos naturais, não reconhecidos como legítimos, de mulheres e raparigas solteiras. Mas também eram considerados filhos naturais e não legítimos todos os que nascidos fora do casamento, como o caso constante num assento de baptismo de uma Petronilha, nascida em 7 de Julho de 1752, filha de Pedro de Oliveira, homem casado, do lugar de Trás da Igreja e de Maria Guedes, viúva que ficou de Manuel Francisco, do lugar de Casaldaça. 

Ora num desses assentos, de uma rapariga a quem foi dado o nome de Getrudes, nascida em 29 de Março de 1739, filha de uma Maria, solteira, esta filha de Manuel da Mota e de sua mulher Domingas da Mota, do lugar da Pereirada, é curiosa a narrativa feita pelo pároco de S. Mamede de Guisande, o Abade Manuel Carvalho, nos seguintes termos: "..e perguntando à dita Maria, solteira, quem era o pai da dita criança, me respondeu que indo ela em fim do mês de Junho próximo (1), passando à freguesia de Cesar, em o caminho zombara dela um homem que ela não conhecera e dele ficara prenhe, em fé do que fiz este assento, que comigo assinarão o padrinho da baptizada e Manuel Francisco, de Cazaldaça, ambos desta freguesia".

(1) - creio que pretendia dizer "Junho passado"

Em resumo, não deixa de ser curioso. Fica-se sem saber se, todavia, se no caso a Maria ficou grávida por um acto de violação ou de uma brincadeira consentida com um estranho.

Seja como for, o caso, que não seria de todo vulgar, mostra a vulnerabilidade das mulheres e raparigas em certas situações e sem que houvesse justiça  capaz de obrigar à assunção da responsabilidade paternal. Certo é que, a ter em conta a descrição, a rapariga iria sozinha a caminho de Cesar (seria à feira e já existiria nesse tempo ?) e pelo caminho foi abordada por um estranho que "zombou" dela. Dessa "zombaria" passados nove meses nasceu a Getrudes, filhinha de pai incógnito que teve a desfaçatez de "zombar" de uma inocente rapariga a caminho não de Viseu mas de Cesar.

Noutros assentos paroquiais similares, volta a ser usado o termo "zombar", no que modernamente poderemos traduzir como "abusar" ou mesmo "violar".

20 de março de 2024

Francisco Guedes - Homem de quatro mulheres

 


Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.  

O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.

Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758. 

Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.

Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.

Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.

Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.

19 de março de 2024

Nascimentos em Guisande no séc. XIX

Nascimentos em Guisande (de 1844 a 1859). 

Os números a seguir, correspondentes a pouco mais que uma década, revelam que, ao contrário do que era habitual, os rapazes foram nascendo em maior número que as raparigas. Nota-se também que não houve uma tendência de crescimento pois em 1844 nasceram 19 crianças e dez anos depois apenas 14. Pelo meio, em 1855, apenas 10. 

Importa referir que estes números até são percentualmente  interessantes pois por esses anos a nossa freguesia tinha à volta de 500 habitantes residentes. Em 1864 tinha 529, em 1878, 456 e em 1900, ao virar para o século XX, tinha 550 moradores. Só em 1960 é que ultrapassou o milhar de habitantes residentes.

Convém referir que por estes tempos, apesar de algumas mudanças com o liberalismo, os cuidados médicos e de saúde eram escassos ou mesmo inexistentes e as doenças estavam sempre presentes. Muitos bebés, como as mães, morriam durante o parto.

Apesar disso a freguesia foi crescendo em população e passado um século, pelas décadas de 1950 e 1960, os nascimentos na freguesia já andavam anualmente pelas três dezenas ou mais. Claro que depois, a partir da década de 1990, começou uma redução da natalidade e na actualidade os nascimentos são em escasso número não chegando sequer a atingir meia dúzia por ano. Talvez nem metade disso. Por conseguinte a freguesia está a registar por década  uma efectiva perda de população, na ordem já próxima da centena.

1844

Rapazes: 10

Raparigas: 9

Total: 19

1845

Rapazes: 5

Raparigas: 8

Total: 13

1846

Rapazes: 9

Raparigas: 7

Total: 16

1847

Rapazes: 9

Raparigas: 8

Total: 17

1848

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1849

Rapazes: 6

Raparigas: 5

Total: 11

1850

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1851

Rapazes: 9

Raparigas: 9

Total: 18

1852

Rapazes: 9

Raparigas: 10

Total: 19

1853

Rapazes: 4

Raparigas: 7

Total: 11

1854

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1855

Rapazes: 5

Raparigas: 5

Total: 10

1856

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1857

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1958

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1959

Rapazes: 10

Raparigas: 7

Total: 17

1868:

Total: 12

18 de março de 2024

Nossa Senhora da Conceição como madrinha de baptismo


Nos velhos assentos paroquiaIs há sempre coisas interessantes ou curiosas a descobrir. Por exemplo, neste assento de baptismo de Custódia, filha de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro, nascida a 19 de Setembro de 1870, para além de outras informações, ficou-se a saber que teve como padrinho Manuel António de Pinho, avô paterno da baptizada,  e como madrinha, nem mais nem menos que Nossa Senhora da Conceição, sendo tocada com a sua coroa segurada por um João Cando, jornaleiro.

Não deixa de ser inédita esta situação pois de centenas de assentos já analisados não detectei esta situação em outros baptismos.

Seria vulgar? Qual a legitimidade canónica de tal acto? Desconheço mas a investigar mas certamente que não será caso único.

13 de março de 2024

Padre José Francisco, do lugar das Quintães


Na lista de padres nascidos em Guisande, pesquisada e publicada pelo Cónego Dr. António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre a nossa freguesia de Guisande, "Defendei Vossas Terras", de 1936, não há qualquer referência ao padre José Francisco.

De acordo com o recorte do assento de baptismo de José, filho de Manuel Francisco e de Maria Guedes, do lugar de Casaldaça, que nasceu em 29 de Abril de 1737, surge o sacerdote como padrinho e como morador no lugar das Quintães. Não encontrei ainda mais dados sobre este padre e se realmente era natural de Guisande, mas será de presumir que sim. 

A prática de em muitos assentos, sobretudo nos mais antigos, serem omitidos os apelidos das pessoas, e mesmo com os nomes próprios abreviados, não ajuda a deslindar as relações genealógicas. Junta-se à dificuldade a frequente omissão de outros pormenores, como a identificação dos avôs, pelo que é sempre uma tarefa completa a de vasculhar a história, identificar pessoas e seus dados biográficos.

Ainda do lugar das Quintães, existiu o padre José Pinto. Sabemos que em 1769, tinha 79 anos, pelo que terá nascido por 1690. Foi ordenado em 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor. Faleceu em 14 de Novembro de 1775, com 85 anos de idade, tendo sido sepultado dentro da igreja matriz de Guisande. Deixou testamento cerrado com bens por alma de seus pais e seu irmão Manuel e instituiu como sua herdeira uma Josefa  Maria, mulher de Bernardo Pereira da freguesia de Lamas, com a obrigação de lhe fazer os bens de alma e pagar suas dívidas. Durante a sua vida foi padrinho de baptismo de vários guisandenses pelo que consta como tal em muitos assentos paroquiais.

Com alguma incerteza mas com grande probabilidade, do que consegui pesquisar, seria filho de António Pinto e de sua mulher Isabel Dias, tendo nascido a 5 de Janeiro de 1684, sendo baptizado a 7 do mesmo mês. Foram padrinhos, José Francisco, do lugar das Quintães e Isabel filha de Gonçalo Pinto, do lugar da Lama. A ter em conta este assento e esta data de nascimento poderá estar errada a indicação acima de que em 1769 tinha 79 anos.

12 de março de 2024

Quando a morte se hospeda numa casa

Domingos José Gomes de Almeida, foi meu trisavô paterno, casado com Joaquina Rosa de Oliveira. 

Em 6 de Abril de 1894 morreu-lhe um seu filho solteiro, com 32 anos de idade, negociante de madeiras, de nome Domingos Gomes de Almeida. A sua mãe, a referida Joaquina Rosa de Oliveira morreu passados 4 dias, em 10 de Abril de 1894, com 77 anos de idade. E como não há duas sem três, passados outros 4 dias, em 14 de Abril de 1894 morreu o seu pai, o tal Domingos José Gomes de Almeida, com 81 anos de idade.

Não conheço os motivos desta sucessão de mortes, em menos de 15 dias, na mesma casa. Se por desgosto consecutivo da mãe após a morte do filho e depois do pai pela morte do filho e da esposa ou se por alguma circunstância de doença contagiosa ou de outra natureza. 

Provavelmente nunca o virei a saber até porque os assentos de óbito nada dizem a esse respeito. Apesar de morrer jovem o filho, por esses tempos era muito comum o falecimento de gente jovem.

Por outro lado, o pai com 81 anos e a mãe com 77 já tinham umas bonitas idades, tanto mais naqueles tempos quase sem grandes cuidados e tratamentos de saúde, em que a esperança média de vida era naturalmente baixa. 

Por conseguinte, fica apenas a surpresa e a curiosidade pela coincidência, mas é provável que tenha havido uma relação de doença ou emocional

2 de março de 2024

José Gomes Leite

 


José Gomes Leite, que foi do lugar do Reguengo, foi uma figura com alguma importância na nossa freguesia, por ser um abastado proprietário, com ligações familiares por parte da sua esposa à Casa do Loureiro e à família Leite Resende, do lugar da Igreja,  mas sobretudo pela sua ligação à  Junta de Freguesia de Guisande onde, durante pelo menos 20 anos ocupou diversos cargos.

Em 1922 era vice-presidente.

Em 1923, era secretário.

Ainda em 1923 foi tesoureiro.

Em 1926 e entre 1935 e 1945 foi presidente. Foi neste período que foi realizada a abertura da estra que liga da Igreja a Fornos, passando pelas Quintães, Viso e Barrosa.

José Gomes Leite era natural de Pigeiros, do lugar da Bajouca, tendo nascido a 2 de Dezembro de 1886, sendo filho de Manuel Henriques Gomes Leite e de Rosa Maria Pereira de Jesus. Era neto paterno de Manuel Gomes Leite e de Bernardina Henriques de Paiva e neto materno de José Alves da Silva e de Maria Rosa Pereira.

Casou em Guisande em 14 de Junho de 1919 com Margarida Angelina Leite de Resende. Esta nasceu em 3 de Julho de 1884. Era filha de António Joaquim dos Reis Oliveira e de Maria Felizarda Gomes de Almeida, casados em 25 de Maio de 1880.

Por sua vez este António Joaquim dos Reis Oliveira era filho de filho de Manuel de Oliveira e de Ana Joaquina. Era neto paterno de António de Oliveira e Inácia Rosa. Era neto materno de José Francisco da Silva e Rosa Maria.

António Joaquim e Maria Felizarda tiveram ainda um filho de nome Raimundo de Leite Oliveira, que faleceu solteiro, com 23 anos de idade em 18 de Junho de 1905.

Por sua vez a Maria Felizarda Gomes de Almeida nasceu em 28 de Julho de 1958 e era filha de António Leite de Resende (do lugar da Igreja) e Margarida Felizarda de S. José (da Casa do Loureiro). Era neta paterna de José Leite de Resende e Teresa de Jesus e neta materna de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de S. José. Esta Maria Felizarda Gomes de Almeida era irmã de Raimundo de Almeida Leite de Resende, por sua vez pai da D. Anunciação Leite de Resende, de que aqui já falamos.

José Gomes Leite e sua esposa Margarida Angelina Leite de Resende foram pais da Maria Angelina que casou com o Américo Pinto dos Santos (Chefe) e da  Maria da Anunciação Leite de Oliveira Gomes, nascida a 10 de Maio de 1931, que casou em 25 de Fevereiro de 1964 com Rogério Fernandes da Costa Neves, que por sua vez  foram pais da Maria José Gomes Neves que casou com o Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro. Foram ainda pais de Albano Leite de Oliveira que faleceu menor, com apenas 2 anos de idade em 2 de Outubro de 1928.

Tiveram ainda uma outra filha, Maria Alzira de Oliveira Gomes, nascida a 7 de Abril de 1924 e que casou em 18 de Setembro de 1954 com Mário António Moreira Guerner, de Perosinho - Vila Nova de Gaia.

José Gomes Leite faleceu em 30 de Novembro de 1968. A data de falecimento inscrita na lápide sobre o o seu jazigo  no cemitério de Guisande está errada e refere-se à do falecimento da esposa, 19 de Novembro de 1973. Por conseguinte a sua data de falecimento na lápide também está errada como também está errado o seu nome pois escreveram José Leite Gomes em vez de José Gomes Leite. Espanta tantos erros juntos.

Margarida Angelina Leite de Resende de Oliveira, esposa de José Gomes Leite

António Joaquim Gomes Reis de Oliveira, sogro de José Gomes Leite


14 de fevereiro de 2024

Faleceu o Manuel da Viola

Dos velhos assentos paroquiais de Guisande, um curioso assento de óbito feito pelo pároco Manoel Rodrigues da Silva, de um Manoel Ferreira, mendicante (mendigo) do lugar de Gueifar da freguesia de S. João de Ver, considerado como falto de juízo, que faleceu na noite de Sábado para Domingo de 11 de Outubro de 1761, onde se encontrava num palheiro pertença de um Pedro de Oliveira. Está escrito que "somente recebeu o sacramento da extrema unção por não estar em seu juízo além de  que nunca o teve perfeito".

Apesar disso e dessa condição de mendigo, pobre e itinerante, teve ofício fúnebre com cinco padres e foi sepultado dentro da nossa igreja matriz.

Finalmente é dada a informação que o mendigo tinha como alcunha o "Manoel da Viola".

4 de fevereiro de 2024

Alminhas em Estôze

 





No lugar de Estôze, um dos mais antigos da nossa freguesia, existem dois interessantes exemplares de alminhas. Uma delas encastrada na fachada da casa da D. Laurinda Angélica (2 fotos de cima), com imagem em azulejo policromático de um Cristo Crucificado e a ainda as designadas como alminhas do Vitorino (2 fotos em baixo), também com azulejo colorido e com a temática habitual das Senhora do Carmo.

A grafia do lugar de Estôze ao longo dos tempos tem tido algumas variantes e mesmo no dias de hoje presta-se a alguma confusão, nomeadamente quanto ao uso do "z" ou "s" ou ainda quanto ao acento sobre o "o", por vezes com o acento circunflexo ("^") e outras com o til ("~"). Aparece ainda nas duas formas, com "z" ou com "s" mas sem qualquer acento.
Eu próprio poderei nem sempre escrever da mesma forma mas pessoalmente considero como mais correcta a variante"Estôze".
Ainda em documentos antigos já vi a variante Estôs ou Estôz, sem o "e".
De todo o modo é um topónimo de origem desconhecida e mesmo após várias pesquisas não encontrei qualquer outro semelhante no nosso país.

26 de novembro de 2023

Os Caetano de Azevedo de Guisande

Azevedo  é um apelido de família, não muito comum mas com alguma importância na nossa freguesia, nomeadamente o associado ao também apelido Caetano. 

Quanto à origem deste apelido, dizem alguns entendidos nestas questões de genealogia que Azevedo (ou Acevedo) é um sobrenome toponímico ibérico, com origem no couto e honra de Azevedo, no concelho de Barcelos, em Portugal. A palavra Azevedo vem de azevo (em espanhol antigo, acebedo), arbusto espinhoso; do latim acifolium, variação de aquifolium, azevinho.

D. Pedro Mendes de Azevedo é o mais antigo conhecido portador do sobrenome. Fidalgo de D. Afonso Henriques (1106-85) e D.Sancho I (1154-1211) era filho de D. Mem Pais Bufinho (D. Mendo Bufião ou D. Mendo Roufino) e descendente de D. Egas Gosindo Bayán (Baião), sendo este neto de Arnaldo de Bayán, cavaleiro que chegou a Galícia para lutar contra os mouros ao lado de D. Afonso V de Leão (994-1028), em 983. Afirmam alguns genealogistas que Arnaldo era o terceiro filho do imperador romano-germânico Guido de Espoleto (828-94).

Quanto aos Azevedos em Guisande, obviamente que será missão difícil e quase impossível tecer toda a teia genealógica e relação de parentesco entre os seus elementos, por isso com vários buracos, mas do que consegui pesquisar e relacionar deixarei aqui os respectivos apontamentos que servirão a quem neles quiser posteriormente pegar e melhor apurar. É pois um ponto de partida.

O interesse da minha pesquisa relacionada a esta família e a este apelido Azevedo e também a sua ligação ao apelido Caetano, que em alguns casos é nome próprio, liga-se com a figura de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, aqui da freguesia de Guisande. Foram estes os pais de Margarida da Conceição, minha bisavô materna porque mãe do pai da minha mãe. Por isso, por parte do meu ramo materno, este António é meu trisavô. Logo também tenho sangue destes Azevedos. O lugar das Quintães é assim o ninho desta família mesmo que alguns desses elementos tenham temporariamente andado por outros locais.

António Caetano de Azevedo era filho de Francisco Caetano dos Santos e de Ana Joaquina dos Santos, esta filha de João Francisco dos Santos e de Arminda Gomes da Conceição, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, esta filha de Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. 

Desta relação de nomes, numa primeira análise constata-se que a herança do apelido Azevedo por parte do meu trisavô, António Caetano de Azevedo, provém não da parte de seu pai ou avô paterno, como se esperaria, mas sim da parte de seu avô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. De seu pai e também comum a quase todos estes Azevedos é o apelido Caetano.

Aqui chegados, importa ter em conta que por esses tempos os apelidos nem sempre eram respeitados na linha directa da descendência, como por regra acontece nos nossos dias. Por conseguinte, nesses tempos normalmente as mulheres não herdavam o último apelido do pai mas da mãe. E havia casos em que o próprio último apelido do pai era omitido em alguns dos filhos ou colocado num apelido do meio. Por conseguinte não havia esse cuidado ou sensibilidade por parte dos pais em transmitir de forma continuada e sucessória os apelidos de raiz aos filhos e nem as autoridades o exigiam. Ora esta aleatoriedade dificulta em muito a missão de quem pretende pesquisar documentos e relacionar famílias tanto na forma ascendente como descendente e gerar árvores genealógicas com base na herança do apelido.

De resto, durante muitos anos o papel que hoje é garantido pelas conservatórias do registo civil, restringia-se apenas à Igreja e às paróquias em que estas, pelos párocos, por necessidade de controlar os fregueses quanto ao cumprimento e estado da administração dos principais sacramentos, como o baptismo, matrimónio e também os óbitos, registavam, assentavam, os mesmos em livros a cujos escritos se designam de assentos paroquiais. 

Só depois do liberalismo, e foi precisamente em 16 de Maio de 1832 que foi aprovado o decreto que em Portugal proclamou a existência do registo civil para todos os cidadãos, é que foram criados os postos de registo civil, que no caso da freguesia de Guisande era assegurado pelo chamado Posto de Louredo, onde, creio,  se localizava no lugar de Vila Seca, sendo que tenho também a informação segura que funcionava no lugar da Mouta, em caso do Sr. Manuel Paiva, ali conhecido como Manuel da Mouta, homem da agricultura mas inteligente e dominador da palavra escrita e falada.

Pegando então, como base o pai da minha referida bisavó materna, temos a seguinte lista:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Como atrás dito, era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. Caetano Francisco dos Santos e Maria Rosa tiveram filhos para além do Francisco, entre os quais o José nascido a 7 de Dezembro de 1828 e a Rosa nascida em 17 de Setembro de 1841.

O seu pai, Francisco Caetano dos Santos, nasceu a 6 de Janeiro de 1827. Era filho de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, do lugar da Lama. Era neto paterno de José Francisco dos Santos e de Maria da Silva Guedes, do lugar de Azenha – Lobão. Era neto materno de Manuel da Silva e de Ana Maria, do lugar da Lama – Guisande.

Também do que consegui pesquisar este mesmo Francisco Caetano dos Santos teve também os seguintes irmãos (tios paternos de António Caetano de Azevedo):

José, que nasceu a 7 de Novembro de 1828 (há um assento duplicado com a data de 7 de Dezembro de 1828; 

Victorino, nasceu a 2 de Janeiro de 1832; 

António, que nasceu a 7 de Setembro de 1833; 

Rosa, que nasceu a 17 de Setembro de 1840.

Do que consegui pesquisar, este Francisco Caetano dos Santos, para além de António Caetano de Azevedo, teve ainda outros filhos, nomeadamente:

Manuel, que nasceu a 18 de Janeiro de 1852;  

Joaquim, que nasceu a 9 de Maio de 1854; 

José, que nasceu a 31 de janeiro de 1856 e faleceu no Rio de Janeiro – Brasil, a 23 de Fevereiro de 1873;  

Maria, que nasceu em 28 de Novembro de 1857.

Bernardino Caetano de Azevedo,  que nasceu em 18 de Fevereiro de 1861 e faleceu em 19 de  Outubro de 1942. Casou em 14 de Janeiro de 1892 com Clemência Maria de Jesus, filha de Manuel José da Mota e de Maria Joaquina (Este Bernardino e Clemência tiveram uma filha, a Maria, nascida em 26 de Janeiro de 1893 e que veio a casar em 20 de Outubro de 1923 com António Augusto Guedes, tendo este falecido em 26 de Janeiro de 1973).

Joaquina, que nasceu a 25 de Janeiro de 1863; 

Carolina, que nasceu a 3 Maio de 1864 e que casou em 26 de Novembro de 1900, com Hermenegildo Correia, este então com 45 anos de idade, filho de Francisco Correia e Maria Bernardina, de Lobão;  

Domingos, que nasceu em 23 de Fevereiro de 1870 e faleceu em 7 de Dezembro de 1948; 

Justino Caetano de Azevedo, que nasceu em 31 de Outubro de 1878 e faleceu em Lobão em 1 de Março de 1936;

Dos nomes acima, Justino Caetano de Azevedo, para além do ramo do seu irmão António Caetano de Azevedo, é ele próprio um dos ramos principais dos Azevedos em Guisande. Nasceu em 31 de Outubro de 1878. Casou em Lobão com Custódia Fernandes da Encarnação, esta filha de Domingos de Almeida Lopes e de Maria Rosa de Jesus e do que consegui pesquisar tiveram como filhos:

Manuel Caetano de Azevedo, que faleceu em 27 de Junho de 1937 com 55 anos de idade, que casou com Jerónima Rosa de Jesus. Tiveram vários filhos, entre os quais os que consegui pesquisar:

António Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 30 de Maio de 1907. Faleceu com 20 anos de idade em 2 de Fevereiro de 1928 .

Joaquim Caetano de Azevedo, que nasceu em 1 de Abril de 1909 e faleceu em 21 de Novembro de 1996. Casou em 17 de Dezembro de 1932 com Margarida Gomes de Almeida. Tiveram vários filhos entre os quais o Domingos, nascido a 14 de maio de 1933, o Manuel, nascido a 23 de Novembro de 1937 e falecido em 10 de Abril de 2008 e que casou em 14 de Junho de 1960 com Maria Adelaide de Castro Linhares (nascida em 20 de Fevereiro de 1940), a Palmira, nascida a 21 de Novembro de 1940 e que casou em 28 de Janeiro de 1962 com Flávio de Paiva, a Maria Amélia, nascida em 27 de Outubro de 1942 e que casou em 21 de janeiro de 1957 com Eugénio Nogueira Alves. Tiveram como filhos, de que me recorde, a Paula e o Eugénio. Ainda como filha do Joaquim e de Margarida, a Maria da Conceição de Almeida Azevedo, viúva, que vive no lugar das Quintães. Ainda o Joaquim que nasceu em 24 de Agosto de 1952..


Margaria Gomes de Almeida, esposa de Joaquim Caetano de Azevedo


Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 2 de Março de 1911 e que casou em  30 de Janeiro de 1937 com Maria da Conceição e Santos, esta nascida em 8 de Junho de 1914. Faleceu em Guisande  em 2 de Agosto  de 1985. A sua esposa faleceu em 29 de Agosto de 1980.

Este Domingos ficou conhecido como Sr. Domingos “Patela” e teve como filhos um Valdemar da Conceição e Azevedo, que nasceu em 15 de Agosto de 1938. Ainda Maria Célia Azevedo Gomes Giro, nascida a 4 de janeiro de 1941, professora, que veio a casar em 14 de Agosto de 1965 com o Alcides Gomes Giro e de cujo casamento nasceram os filhos Rui Giro, Rosário Giro e Alexandre Giro.


Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa Maria da Conceição e Santos


Manuel Caetano de Azevedo, que nasceu a 28 de Agosto de 1913. Casou com Custódia de Sá Reis em 7 de Dezembro de 1950. Tiveram vários filhos de que conheço o Alcides de Sá Azevedo e o Elísio de Sá Azevedo, que são sócios da empresa de engarrafamento de vinhos “Robalinho”, em Covento – Louredo, que retomaram de seu pai. Ainda como filha a Maria Celeste nascida em 13 de Outubro de 1951 e que casou em Louredo com José Pereira dos Reis.

Rosária Rosa Azevedo, nasceu a 26 de Março de 1918.

Augusto Caetano de Azevedo, que nasceu a 16 de Novembro de 1920.

Lucinda Rosa de Azevedo, que faleceu com 20 meses em 6 de Outubro de 1928.

Abel Caetano de Azevedo, que nasceu a 19 de Maio de 1930. Casou em Louredo em 13 de Dezembro de 1952 com Maria da Costa e Sousa (ainda viva à data em que escrevo estes apontamentos). Viveu alguns anos no lugar das Quintães em Guisande e depois mudou-se para o lugar do Convento em Louredo. Tiveram vários filhos, dos quais me lembro, o Joaquim (falecido com 65 anos em 24 de Fevereiro de 2020), a Maria da Conceição, o Domingos (também já falecido), a Lurdes, a Carminda, o Casimiro e o Alcides. Faleceu este Abel Caetano de Azevedo em 23 de Outubro de 2016.

António Azevedo da Conceição, que nasceu em 23 de Novembro de 1930. Casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.

Rosária da Conceição e Azevedo, faleceu em 13 de Janeiro de 1931 com 6 anos de idade.

Voltando atrás, por sua vez, quanto a Manuel Joaquim de Azevedo, avô materno de António Caetano de Azevedo, e do qual terá advindo o apelido Azevedo, era filho de Francisco António de Azevedo e de Maria Joana (do lugar das Cortinhas – Cesar). A sua esposa Maria Joaquina dos Santos era filha de  Domingos dos Santos de Oliveira e Caetana Maria (de Vila Nova – Romariz).

Do casal Manuel Joaquim de Azevedo e Maria Joaquina dos Santos, consegui pesquisar os seguintes filhos:

Margarida, que faleceu com 55 anos de idade, no estado de solteira, em 23 de Outubro de 1871; Joaquim (primeiro de nome) que nasceu a 18 de Janeiro de 1833; Joaquim (segundo de nome), que nasceu a 4 de Abril de 1837;  José, que nasceu a 3 de Fevereiro de 1839.

Pelo que se constata do que atrás tem sido escrito, o apelido Azevedo, que chegou ao pai da minha bisavô, poderá ter proveniência no seu bisavô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. Ou seja, o seu avô paterno já não tinha o apelido de Azevedo mas sim de Santos. Num assento de óbito da sua filha Margarida, é indicado como sendo ele natural de Cesar, concelho de Oliveira de Azeméis. 

Então, retomando a lista já com as origens a ramificações atrás descritas:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos.  António Caetano de Azevedo e sua esposa Maria Gomes da Conceição, que ficou com a alcunha de "a Tora" tiveram vários filhos, nomeadamente os que consegui pesquisar:

Rosa Gomes da Conceição. Do que consegui pesquisar, como filhos e como mãe solteira teve uma filha, a Laurinda, nascida a 2 de Janeiro de 1908. Teve ainda outra filha, a Melânia, nascida a 26 de Agosto de 1909 e que casou em 28 de Julho de 1932 com António Francisco ferreira, de Pigeiros. Faleceu em 4 de Abril de 1948. Esta Rosa foi madrinha de baptismo do Justino, o seu sobrinho, filho da Margarida. Por sua vez o seu irmão Justino foi o padrinho.

Margarida da Conceição, minha bisavó materna, conforme acima já identificada. Nasceu em 19 de Julho de 1885 e faleceu em 30 de Agosto de 1979 com 94 anos de idade. Tinha 21 anos de idade quando casou em 09 de Maio de 1907 com Raimundo José da Fonseca, de 22 anos de idade, do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz. 

Este meu bisavô materno nasceu em 19 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929 com apenas 45 anos de idade. Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira. Era neto paterno de Manuel José da Fonseca e Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e de Ana Maria de Oliveira. 

Margarida e Raimundo tiveram vários filhos, que, sem ordem de idade consegui pesquisar:

Maria da Conceição, nascida em 12 de Junho de 1909, pelo que terá sido a mais velha dos filhos.

Joaquim José da Fonseca, que casou com Albertina

Alexandrino José Fonseca que nasceu a 13 de Setembro de 1914 e casou em 17 de maio de 1942 com Maria Glória Gomes de Pinho. Viveu no lugar de Azevedo da freguesia das Caldas de S. Jorge, tendo falecido num acidente de estrada, em Pigeiros.

Manuel José da Fonseca casou em 31 de Julho de 1933 com Ermelinda Pedrosa das Neves, de quem teve vários filhos dos quais conheço a Margarida, que ainda vive no lugar de Fornos, casada com o Sr. Justino, ainda a Lúcia, esta casada com o Sr. Óscar Melo, e residente no lugar da Mota, Canedo, o Joaquim, que creio que está viúvo e vive em Vila Nova de Cerveira, o António, nascido em 12 de Junho de 1934, e que casou em S. Silvestre-Coimbra com Maria Isabel Cortesão em 16 de Fevereiro de 1964.e ainda o Gil das Neves Fonseca, que não vejo há muitos anos e que viverá por Lourosa. Casou em 29 de Dezembro de 1974 com Maria Margarida Ferreira de Pinho. Ainda o Reinaldo das Neves Fonseca, que nasceu a 1 de Março de 1944. (foi padrinho do meu irmão Manuel). 

Laurinda da Conceição, que casou com Alexandre Ferreira de Almeida e tiveram como filhos a Conceição, o Joaquim e a Adelaide.

Justino José da Fonseca, já acima referido, que nasceu a 31 de Julho de 1916, que nunca conheci porque faleceu muito novo.

Américo José da Fonseca, meu avô materno, nascido a 20 de Março de 1919 e falecido em 17 de Julho de 2001.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu a 17 de Março de 1890.

Joaquim Caetano de Azevedo, nascido em 1893 e que faleceu com 39 anos em 5 de Agosto de 1932. Era carpinteiro e casou com Aurora das Neves de Azevedo, esta filha de Manuel Henriques dos Santos e Maria Gomes das Neves, da freguesia de Lobão. Tiveram filhos dos quais pesquisei: o Arnaldo Caetano de Azevedo, que nasceu a 6 de Janeiro de 1917; A Maria da Conceição que nasceu a 15 de Agosto de 1922 e casou em Oleiros em 26 de Fevereiro de 1940 com Joaquim Ferreira da Silva; o Joaquim António das Neves Azevedo, que nasceu em 3 de Junho de 1925.

António Caetano de Azevedo, que nasceu a 22 de Janeiro de 1895.

Alexandrina da Conceição (com alcunha de Pazada), que nasceu a 19 de Março de 1901. Casou com 23 anos de idade em 14 de Agosto de 1924 com Américo Augusto da Conceição, de 28 anos de idade, da freguesia de Romariz, flho de José Maria da Conceição e Carolina Augusta da Conceição. Dos filhos que consegui pesquisar, ainda na condição de solteira, a Maria da Conceição Azevedo, nascida em 13 de Setembro de 1923 e que casou em 27 de Julho de 1944 com Joaquim de Oliveira Cadete.

David da Conceição Azevedo, que nasceu a 25 de Maio de 1904. Faleceu em Guisande em 22 de Maio de 1940. Casou em 29 de Junho de 1925 com Francelina da Conceição, esta filha de Joaquim Gomes de Almeida e Maria Rosa de Oliveira, neta paterna de Domingos Gomes de Almeida e Joaquina Rosa de Oliveira e neta materna de Manuel de Matos e Maria de Oliveira. Faleceu este David em 21 de Janeiro de 1940.

Do que consegui pesquisar, este David e Francelina  tiveram os seguintes filhos: David Aníbal da Conceição, que nasceu em 10 de Fevereiro de 1934. que casou em 23 de Fevereiro de 1963 com a  Dolores da Conceição (viúva, ainda viva); Ainda a Natália da Conceição, nascida a 1 de Outubro de 1937 e que casou em 27 de Janeiro de 1962 com Felisberto Rodrigues Moreira (já falecido). Esta Natália e Felisberto tiveram vários filhos nomeadamente a Fátima, a Adelaide, o Paulo e Pedro.

Ainda como filha de David e Francelina, a Laurinda da Conceição Azevedo, que nasceu em 6 de Junho de 1925 e que faleceu em 18 de Novembro de 2020. Casou em Guisande em 28 de Janeiro de 1945 com António Ferreira Alves, este nascido em 12 de Maio de 1925 e falecido em 24 de Março de 2011.

Este casal teve vários filhos, alguns dos quais o Aníbal Azevedo Alves, a Maria Fernanda, que está casada com o Eugénio Azevedo da Conceição, e ainda o António. 

Laurinda da Conceição Azevedo, filha de David Azevedo da Conceição e Francelina da Conceição


Ainda como filho do David da Conceição Azevedo, o Fernando Azevedo da Conceição, que nasceu a 18 de Outubro de 1930.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Justino da Conceição Azevedo (que aparece também como Justino Azevedo da Conceição), que nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 (teve como padrinho seu tio Justino), e faleceu em 31 de Dezembro de 1945, que casou com com Rosa Gomes de Almeida, filha de Maria Gomes de Almeida, e tiveram os seguintes filhos:

David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa. Tiveram os seguintes filhos: António, Joaquim, os gémeos Domingos e Eugénio, Maria Amélia, Maria Adelaide, Alzira e Maria Isaura. Como curiosidade, este David está dado como natural da freguesia de Gião, pelo que os seus pais nessa altura residiriam nessa freguesia. Faleceu em 25 de Outubro de 2016.

David Azevedo da Conceição nascido em 27 de Março de 1921 e falecido em 25 de Outubro de 2016


Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro. Tiveram vários filhos, como a Felicidade, a Elisa, a Alcina, o Manuel e o António.

Rosária da Conceição Azevedo, que nasceu no dia 22 de Junho de 1924.

Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017


Laurinda Gomes da Conceição, segunda de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016. 

Laurinda Gomes da Conceição, nascida a 13 de Agosto de 1933 e falecida em 5 de Setembro de 2016


Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa. Tiveram como filhos o António, o Alberto e a Filomena.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como datas, nomes de familiares e seus relacionamentos. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

21 de novembro de 2023

Guisande - Os lugares da freguesia

Por diversas vezes temos aqui abordado a questão dos nomes dos lugares da nossa freguesia de Guisande. Desde há muitos anos que é de consenso comum e adquirido que a nossa freguesia de Guisande é constituída pela Parte de Cima e pela Parte de Baixo e por 14 lugares, concretamente: Da parte de cima: Igreja, Quintães, Viso, Cimo de Vila, Outeiro, Estôse, Pereirada, Leira e Gândara; Da parte de baixo, Fornos, Barrosa, Reguengo, Lama e Casaldaça.

Esta distribuição dos lugares pelas partes de cima e de baixo não é apenas de referência geográfica mas ao longos dos tempos tem sido usada na prática para algumas situações nomeadamente e por exemplo, o Juíz da Cruz em que era nomeado ou eleito de forma alternada entre as partes de cima e de baixo. Também em diferentes eventos e leilões de angariação de fundos para as obras da igreja, estes eram promovidos e até com alguma rivalidade entre as partes de cima e de baixo, por brincadeira também designadas de Beira Alta e Beira Baixa. 

Em 1758, três anos após o terrível sismo de Lisboa de 1755, em certa medida para saber da situação das terras e consequências do terramoto no território nacional, o Marquês de Pombal mandou realizar um inquérito em todas as paróquias. O mesmo foi enviado a todos os Bispos das Dioceses do país, para que por sua vez fosse encaminhado às então 4073 freguesias existentes em Portugal  e respondido pelos seus párocos. As respostas às diferentes perguntas (ver abaixo) deveriam ser tão precisas quanto possível e de seguida remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

A tarefa de proceder à organização das respostas de todos os documentos coube ao Padre Luís Cardoso, sendo concluída apenas em 1832, já depois do seu falecimento, altura em que se terá completado o índice de todas as respostas aos inquéritos. Os originais das respostas ao inquérito encontram-se na Torre do Tombo.

Na paróquia de S. Mamede de Guisande, sucedendo ao Pe. Manuel de Carvalho, fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, no presente ainda activa, era pároco na altura o Dr. Manuel Rodrigues da Silva, que respondeu ao referido inquérito.

No entanto, na resposta ao ponto 6º do referido inquérito de 1758, o pároco referiu as partes ou metades de cima e de baixo, bem como os 14 lugares, mas estes com nomes que diferem um pouco da situação actual.

Respondeu o abade que a metade de baixo era formada por  sete lugares chamados de Reguengo, Barroza, Fornos, Lama, Lamozo e Cazaldaça; e que a outra metade, chamada de cima, tinha oito lugares, chamados de Leyra, Estôze, Pereirada, Quintam, Oiteiro, Simo de Villa, Quintana e Trás-da-Igreja.

Ora atentos à descrição, e relevando a questão da grafia própria da época, o abade começa por se enganar no total de lugares da parte de Baixo, dizendo sete quando elenca apenas seis. Além disso, acrescenta os lugares de Lamozo e Quintam (este último que corresponderá a Quintão), mas não refere os lugares do Viso e Gândara.

Claro que ficamos sem saber em rigor qual o uso da época, podendo até ser esse o alinhamento dos lugares da freguesia na época, pelo que posteriormente, certamente devido à expansão dos lugares, terão sido acrescidos o do Viso e o da Gândara enquanto que por sua vez os lugares de Lamozo e Quintam deixaram o estatuto de lugares, passando a sítios, que de resto ainda hoje são conhecidos.

O Abade Dr. Manuel Rodrigues da Silva à data do inquérito já paroquiava Guisande há vários anos pelo que não é crível que ainda desconhecesse a composição por lugares da sua paróquia a ponto de se justificar o que poderia ser um lapso.

Em todo o caso, e de algum modo a confirmar essa situação ao tempo do Abade Manuel Rodrigues da Silva, ao consultar os diversos livros antigos dos assentos paroquiais, tenho constatado algumas situações e uma delas é que o lugar da Gândara só começa ser indicado já pelo final do séc. XIX ou mesmo princípios do séc. XX,  porque até não aparece referenciado. O mesmo acontece com o lugar do Viso.

Além disso, e ainda nos assentos do referido Abade, aparece tanto a indicação de lugar da Lama como de Lamoso, o que de alguma forma entendia-se na época como diferenciados embora próximos. O topónimo Lamoso é ainda conhecido e usado, preecisamente para a zona entre os lugares de Casaldaça e Lama. Também pela mão do mesmo pároco aparece de forma diferenciada os lugares da Pereirada e de Pereiras. Este topónimo Pereiras não é conhecido pelo que caíu em desuso mas temos já referências que estará relacionado ao lugar das Quintães. Falaremos disso noutra altura.

Quanto às grafias dos nomes dos lugares, naturalmente que ao longo dos tempos foram sofrendo modificações. Como exemplo e tendo em conta o que fui encontrando nas pesquisas dos assentos paroquiais temos: Reguengo como Riengo; Casaldaça como Casal-de-Aça e Casaldaza; Outeiro como Oiteiro, Quitam e Quintão; Estôse como Estôze e Estôs; Igreja como Trás-da-Igreja e Detrás-da-Igreja; Cimo de Vila como Simo de Vila e Cima da Vila; Quintães, como Quitans; Leira como Leyra; Barrosa como Barroza ou Loureiro; Gândara como Gandra.

Para além dos nomes do que consideramos como lugares, ao longo dos tempos e na actualidade há designações para sub-lugares ou sítios, como por exemplo: Farrapa, Trás-os-Lagos, Pomar, Vale Grande, Lavandeira, Alvite. Albite ou Albitre, Marinhos, Corujeiras, Sentes ou Centes, Souto D´Álém, Barreiradas, Quintão, Linhares, Pinheiro, Santo Ovídeo, Gandarinha, Cruz de Ferro, Pinelas, Quatro Caminhos, Souto, etc.