23 de janeiro de 2022

Diabos e anjinhos

Considero que António Costa é um político hábil e habilidoso. Apesar disso, na percepção de um simples cidadão, no geral e com alguns descontos, tenho-o como uma boa pessoa e honesto. 

A habilidade é uma qualidade nos políticos e faz parte intrínseca da coisa. Não devia ser, porque a essência de quem é político e candidato ao serviço da causa pública e dela dos cidadãos, importaria ser de verdade e transparência, sem manhas ou subterfúgios que de algum modo ludibriem ou desinformem os cidadãos. Mas, não sejamos ingénuos, mais vale esperar sentados se estamos à espera de que a política e os políticos sejam, no geral, exemplos a toda a prova da boa moral e dos bons princípios.

Talvez por isso, ainda hoje ouvi António Costa em campanha a dramatizar a situação, relacionando os números da Covid, levando a supor ou a ludibriar que perante estes números os portugueses não devem ir em aventuras como se uma questão de saúde pública tenha a ver com políticas e propostas. António Costa está a dizer-nos que se votarmos em qualquer outro partido e sobretudo no PSD é um risco porque aí a Covid vai aumentar e agravar-se nas suas consequência. Não o disse literalmente, mas guiou as águas nesse sentido.

É mau demais ir por aí. Esgrimir de forma enfadonha a metáfora do diabo relacionando-o a um partido concorrente, como se todos fôssemos uns idiotas chapados e um bando de criancinhas sem capacidade de pensamento, e depois, ele próprio, entrar despudoradamente numa narrativa de drama e medo com argumentos despropositados. Em democracia há que respeitar as ideias e propostas dos demais. Apoucá-las e menosprezar os seus intervenientes não ajuda. 

Isto, de parte a parte, porque mesmo Rui Rio, político que igualmente considero boa pessoa e honesto, também tido tido estas tentações e algumas sentenças despropositadas e inúteis.