18 de fevereiro de 2022

Ousadia de ser

Pessoas como eu, que gostam de criticar e chamar à atenção do que acham que é incorrecto e está mal, levam-nos a ter mais inimigos do que amigos.

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O problema para quem escreve, opina, intervém publicamente, tem que ver entre uma linha de se incomodar e uma linha de não se incomodar, não ligar, ser manso, dócil e tudo aceitar. A tentação de nada fazer, por vezes, é mais forte e cómoda do que actuar e intervir.

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Seria mais cómodo, nada fazer e dizer, mas ser "livre" é uma opção política e de vida. Se falamos caímos no ridículo e julgam-nos por segundas intenções. Se nos calamos e nada fazemos , portámo-nos como cobardes e mansos à espera de algo.

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Devemos e temos que ter a ousadia e a determinação de incomodar, chamando à atenção, fazer pensar quem nos lê, escuta e vê, ter uma visão diferente do poder instalado. É importante assinalar os abusos, imbecilidades, cinismo, desfaçatez, as suas razões grotescas, por fim, exigir que nos prestem contas e que expliquem as suas decisões.


Joaquim Jorge

Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores

[fonte e artigo completo: Diário de Notícias]