9 de outubro de 2022

Guardador de tesouros



Canastro de espigas douradas,

Que te fez o tempo, amigo?

De chuvas, ventos e geadas, 

Foste fiel, fraterno abrigo.


E agora assim, velho, escorado,

Mas ainda seio de ouro a luzir.

És um viajante já alquebrado

Com o destino ainda a cumprir.


Já no campo não cantam as moças,

As desfolhadas já não têm eiras;

Envelheceu a aldeia, já sem forças,

Para outras novas velhas canseiras.


Velho amigo canastro, espigueiro,

Guardador de ouro, lingotes de milho

Guarda-o dentro de ti, companheiro,

Como um pai a proteger um filho.