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15 de maio de 2022

Pe. Francisco - 24 anos sobre o seu falecimento

 


Passam hoje, 15 de Maio de 2022, 24 anos sobre o falecimento do Pe. Francisco Gomes de Oliveira que paroquiou a nossa freguesia de Guisande durante quase 60 anos.

Paz à sua alma e que continue a interceder por nós, pela nossa paróquia, para a sua unidade e progresso espiritual e social.

4 de março de 2022

Ao longo dos tempos - Carlos Cruzadas


Sob o pseudónimo de Carlos Cruzadas, Carlos da Silva Cruz, um bom guisandense nascido em Labercos - Lomba - Gondomar,  tomou-se de coragem e em edição de autor fez publicar um livro de textos e poemas a que deu o título de "Ao longo dos tempos - Letras, palavras e frases cruzadas"

De algum modo, um registo autobiográfico em que nos diferentes poemas e textos exprime com sensibilidade o seu pensamento e visão sobre os lugares onde nasceu, cresceu e vive e, para além deles, da visão poética das coisas e  do mundo e do seu lugar nele.

Noutros tempos, falamos de poesia e do poema permanente que é nossa freguesia de Guisande e mesmo na partilha da figura que em certa medida me ajudou a cultivar, a de Miguel Torga. De resto, não estará esquecido quando aqui há já uns anitos fomos em peregrinação a S. Martinho de Anta conhecer um pouco daquele reino fantástico de que falava o transmontano.

Assim, aos livros que noutras alturas tive o privilégio dele receber, soma-se agora este muito particular e certamente mais significativo. 

Fico à espera do próximo livro do Carlos Cruzadas. Quanto ao meu, para breve, e um segundo, esse com outro contexto e menos pessoal, se não correr mal será para meados do próximo ano. De resto já está em fase final.

Parabéns ao Carlos e um bem-haja! Deixo como remate um bonito poema do nosso patrono das coisas da poética, Miguel Torga.


Prospecção

Não são pepitas de oiro que procuro.

Oiro dentro de mim, terra singela!

Busco apenas aquela

Universal riqueza

Do homem que revolve a solidão:

O tesoiro sagrado

De nenhuma certeza,

Soterrado

Por mil certezas de aluvião.

Cavo,

Lavo,

Peneiro,

Mas só quero a fortuna

De me encontrar.

Poeta antes dos versos

E sede antes da fonte.

Puro como um deserto.

Inteiramente nu e descoberto.


22 de dezembro de 2021

Pe. Manuel Francisco de Sá

 


O Pe. Manuel Francisco de Sá nasceu na Casa da Costa Velha, em Duas Igrejas, Romariz - Vila da Feira, em 7 de Outubro de 1883, filho de Francisco José de Sá e de Maria Josefa de Oliveira. Faleceu em 3 de Julho de 1944, relativamente novo, com 61 anos..

Sendo mencionado como filho de Francisco de José de Sá, na certidão de baptismo, que abaixo reproduzo, foi registado como sendo filho de pai incógnito, mas na mesma certidão, em assento posterior, foi assinalado que foi legitimado na paternidade por Francisco José de Sá aquando do casamento deste com a sua mãe Maria Josefa.




Foi pároco de  Fiães, que dirigiu durante uma dúzia de anos, entre Julho de 1920 e Setembro de 1931, a freguesia de Fiães, onde se tornou empreendedor e estimado pelas gentes locais. Depois de sair de Fiães foi paroquiar a freguesia de Paramos - Espinho. Com problemas de saúde voltou depois para Fiães, onde residia no lugar dos Valos, ali falecendo em 3 de Julho de 1944.
Por vontade própria quis ser sepultado em Fiães. numa demonstração de amor à freguesia apesar da proximidade da sua terra natal.

Do muito que representou para Fiães, pela sua dedicação, destaca-se a importante monografia sobre a terra, de sua autoria e publicada em 1940, cuja capa abaixo se reproduz. De resto, tinha este sacerdote essa vontade e interesse histórico e documental bem vivos pelo que igualmente escreveu e deixou importantes monografias sobre Paramos, que paroquiou, bem como sobre o lugar de Duas Igrejas de Romariz, onde nasceu, numa edição de 1936, a qual em 1968 foi actualizada e acrescentada pelo Pe. José António Ferreira de Castro, a que se refere a capa abaixo.





Em 17 de Julho de 1969, o então pároco de Fiães, Pe. Inácio António Gomes da Silva, endereçou uma missiva ao pároco de Guisande, o Pe. Francisco Gomes de Oliveira, também natural de Fiães, a convidá-lo a fazer parte numa homenagem póstuma que a paróquia iria prestar ao ex-pároco, Pe. Manuel Francisco de Sá. Abaixo se reproduz o documento que pode ser lido. 


Do programa da homenagem póstuma, para além da parte religiosa, seria colocada uma lápide com o seu nome, junto à casa onde residira e  atribuir o seu nome a essa rua.

Não temos a confirmação se o convite foi aceite pelo então nosso pároco, mas naturalmente que sim, enquanto fianense, bem como dado o prestígio e carinho do Pe. Manuel Sá em Fiães. 
Não tendo, pois, uma relação directa com a paróquia de Guisande, o  Pe. Manuel Sá, até pela proximidade e vizinhança, quer de Duas Igrejas, quer de Fiães, é uma figura e personalidade deveras interessante. Daí o merecido apontamento neste espaço.

5 de dezembro de 2021

Bodas de Prata Sacerdotais e Paroquiais do Pe. Francsico

 


O saudoso Pe. Francisco Gomes de Oliveira, celebrou as suas Bodas de Ouro Sacerdotais e Paroquias em 15 de Agosto de 1989, numa festa que envolveu de alegria e participação toda a comunidade. Antes, porém, em 15 de Agosto de 1964 celebrou as correspondentes Bodas de Prata. Foi igualmente um dia de festa para toda a comunidade mas que, pelas naturais limitações da época, tiveram um carácter menos participativo por parte da população, Basta pensar que em 1989 foi organizado um grande almoço tendo sido convidada toda a população e que decorreu nas amplas instalações da fábrica da Utilbébé, enquanto que em 1964 o almoço restringiu-se à família do pároco e de pessoas mais ilustres da terra. Decorreu então no rés-do-chão do Salão Paroquial nessa altura ainda em obras de construção e ainda por acabar.

A lembrar essa data, acima reproduzimos três "santinhos" que o Pe. Francisco mandou estampar para assim distribuir não só pelos convidados como pela população.

Hoje em dia este tipo de lembranças e recordações são bem mais espampanantes, como acontece nos convites de casamento, mas na realidade pouco efeito têm e muitas vezes passam a ser lembranças efêmeras dada a rapidez e incidência dos divórcios. Mas estas são contas de outro rosário e o que aqui interessa é mesmo evocar a data das Bodas de Prata Sacerdotais e Paroquiais do Pe. Francisco Gomes de Oliveira.

Mas voltaremos a este assunto acrescentando-lhe mais dados e fotografias.

3 de dezembro de 2021

Pe. António Santiago - Pedido para a Missa Nova

 


O documento acima, existente no acervo de velhos papéis da paróquia, é importante e interessante. Trata-se de um requerimento datado de 7 de Agosto de 1961, dirigido ao Bispo do Porto por parte do Pe. António Alves de Pinho Santiago, a pedir autorização para celebrar a sua Missa Nova, no dia 15 de Agosto de 1961, acompanhada pela Banda Musical de S. Tiago de Lobão, com sermão pelo guisandense Pe. José Pereira de Oliveira, da Congregação do Espírito Santo, e exposição solene do Santíssimo no final da missa, bem como a poder continuar a celebrar o santo sacrifício da Missa desde esse dia em diante.

O pedido naturalmente foi deferido, dando-se a curiosidade de lhe ter sido concedida a autorização para poder celebrar durante vinte dias. Certamente que depois com a autorização definitiva logo que nomeado pároco, já que nesse mesmo ano de 1961 recebe do seu Bispo a nomeação para coadjutor da paróquia de Lourosa, concelho de Vila da Feira, onde permaneceu durante dois anos.

Em 30 de Agosto de 1963 foi nomeado pároco de Santa Marinha de Palmaz, concelho de Oliveira de Azeméis. Anos mais tarde, em 1993, ficou também com a responsabilidade da paróquia vizinha de Travanca, no mesmo concelho.

Com a graça de Deus, ainda que debilitado de saúde, continua entre nós!

31 de outubro de 2021

2 de agosto de 2021

Figuras

 


Pedro Ferreira, de 35 anos, nosso conterrâneo (Rua das Quintães - Guisande), foi o escolhido pelo Bloco de Esquerda para liderar a lista concorrente à Junta de Freguesia de São João de Ver, nas próximas Autárquicas.

Votos de sucesso!

26 de julho de 2021

Otelo de quantas estrelas?

Desde ontem que o falecimento de Otelo Saraiva de Carvalho tem dominado as notícias e as reacções dos seus pares e da classe política. Tinha 84 anos e estava hospitalizado.

A personalidade dispensa apresentações e é reconhecida como o estratega do movimento que deu lugar aos acontecimentos de 25 de Abril de 1974 e uma das principais figuras dessa revolução.

Nos dias que correm e no sistema vigente, o politicamente correcto é exaltar a figura de Otelo e o seu papel no Golpe de Estado e todas as outras facetas ou são simplesmente ignoradas ou relevadas pelo contexto pós-revolução.

Sendo certa a importância do papel de Otelo no golpe militar do 25 de Abril de 1974, não se pode simplesmente ignorar, esquecer, indultar ou amnistiar, como fez o sistema, toda a sua acção extremista,  nomeadamente no que concerne à sua participação no grupo terrorista Forças Populares 25 de Abril, a este imputadas quase duas dezenas de assassínios, incluindo, colateralmente um bébé, para além da morte de 4 dos seus operacionais.

O grupo terrorista após uma década de actividade acabou por ser desmantelado e Otelo condenado, mas depois de algum tempo detido preventivamente numa prisão de 5 estrelas, em Tomar, acabou por ser indultado e amnistiado pelo sistema. 

Assinou a amnistia Mário Soares, pois claro, com a aprovação na Assembleia da República dos partidos da Esquerda, pois claro. Soares justificou que compreendia o ponto de vista das vítimas mas que era tempo da reconciliação. Que justiça para todas as vítimas?

Importava a Soares e ao sistema que a coisa fosse relevada, que os processos fossem imbróglios, se arrastassem, que as provas fossem inconclusivas, que os "arrependidos" não falassem demais. Um processo vergonhoso preparado para os indultos e amnistias, porque importava não beliscar uma das figuras centrais do 25 de Abril de 1974. No fundo os pares militares e a classe politica auto protegem-se porque precisam que o sistema, deles, não abane.

Para além dessa herança de morte, Otelo não se livra de ser uma das figuras de proa das facções extremistas que pretendiam conduzir o país para uma ditadura de esquerda de modelo cubano, que pretendia traduzir com o golpe de 25 de Novembro de 1975.

Por tudo isso, Otelo já é uma figura importante da nossa História contemporânea, sem dúvida, mas em proporção inversa uma personalidade  controversa e as acções no contexto do golpe militar não devem nem podem omitir ou esquecer todo o seu envolvimento de extremista e terrorista e dos atentados, roubos, explosões e assassínios decorrentes.

Ontem alguém, creio que a jornalista Fátima Campos Ferreira, que lhe fez uma entrevista biográfica há alguns anos, disse que "Otelo era um homem bom, inteligente, e até sabia cantar e gostava de ter sido actor". Ora as prisões estão cheias de gente boa que sabe cantar e fazer outras coisas, mas que estão a pagar por crimes que cometeram, mesmo que de forma não premeditada ou qualificada. Pois Otelo, fê-lo de forma organizada, preparada, calculada, premeditada e em rigor nada pagou por isso. A preventiva passada em Tomar, era no fundo um Hotel onde recebia com charutadas e bons vinhos todos os seus bons amigos militares e políticos.

É certo que há todo um contexto de revolução e instabilidade decorrente do golpe militar de 1974, que pode ser utilizado para o enquadramento mas não para relevar. Importaria não esquecer.

Na análise da figura de Otelo Saraiva de Carvalho, convirá sem desculpabilização separar o trigo do joio e ter sempre em conta ambas as facetas, coisa que no actual estado de coisas e de sistema parece difícil. 

Fosse alguma da nossa esquerda dada a coisas de religião e santidade e Otelo já estaria num pedestal de altar. Não sendo, esperam-se estátuas em praças, ruas e avenidas com o seu nome. Com sorte, um dia de feriado nacional.

Considerá-lo um homem, com virtudes e defeitos inerentes, é aceitável, valorizar e agradecer o seu contributo para libertar o país da ditadura, sem dúvida, mas daí até fazer de alguém que fez parte de um grupo terrorista que ceifou vidas, um herói nacional, convenhamos que é pedir demais, sob pena de estarmos a legitimar o terrorismo e os extremismos, sejam eles revolucionários,  políticos ou ideológicos. 

8 de fevereiro de 2021

Ó Ana, não arredondes a saia

Já se sabia que na política e nas suas ideologias, ou lá o que isso seja, também há extremos e extremistas.  A eurodeputada Ana Gomes, parece reunir todos os ingredientes para um bom caldo de algum extremismo e até fundamentalismo. É uma acérrima inimiga do extremista André Ventura e do seu movimento Chega, e mais agora após um acto eleitoral para a escolha da figura maior do Estado, em que percebeu que valeu pouco mais que um ou dois por cento que o seu nêmesis.

Vai daí, se não o combate pelos votos e vê o inimigo com potencial de crescimento, a Ana Gomes não querendo perceber as razões que levam o Chega a estar em crescimento, exige a sua ilegalização. Ora parece que para que isso possa legalmente acontecer, terá que haver situações de crime factuais e não nos parece, nem a quem é especialista, que isso tenha acontecido para além da prosápia e extremismo de algumas das posições de André Ventura.

Vamos, pois, ver no que a coisa dá, e qual será a resposta da Procuradoria Geral da República, mas a ter em conta o contexto  seria algo de muito grave que a coisa fosse por aí. É que isto de calar quem nos contesta, de extinguir quem pensa e fala diferente, é algo que não combina com democracia. A Ana Gomes reclama-se como democrata mas parece não se dar bem com algumas das suas premissas. Os outros, os que pensam diferente, considerará ele que esses devem ser extintos ou condicionados até que alinhem no rebanho por ora dominante.

Para além de tudo, este tipo de comportamentos e acções de Ana Gomes, só têm dado força a quem pretende combater. A sua luta devia centrar-se em estabelecer os princípios equilibrados e rigorosos dos direitos e dos deveres, da disciplina e do rigor e não do facilitismo e da parasitismo de que naturalmente padece a nossa sociedade, em que poucos trabalham para muitos. Essa é que é a questão.

Por fim, para que possa perceber um bocadinho da coisa, a Ana Gomes que dê um saltinho às muitas freguesias que no Alentejo, preterindo-a, deram vitórias ou segundos lugares a André Ventura, e que pergunte a toda aquela gente quais os motivos, os receios e as razões para nele votarem. A eles mesmos, comunistas de gema.

9 de dezembro de 2020

Almeida Garrett

Passam hoje 166 anos sobre a data de falecimento de Almeida Garrett (João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854).

Foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português. Grande impulsionador do teatro em Portugal, considerado uma das maiores figuras do romantismo português, sendo ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

Em resumo, uma das grandes figuras da nossa História, artística e literária.

29 de setembro de 2020

A cultura do "mete-me nojo"


Há dias, o inefável e bom português André Vilas Boas, que foi treinador de sucesso no F.C. do Porto, disse para quem quis ouvir, que "lidava mal com o sucesso do Benfica", o que até é normal para um adepto rival, mas pior e mais sórdido do que isso, disse que "se assistir a um jogo do Benfica na final de uma prova europeia, quero que perca". Ou seja, demonstrou o seu bom patriotismo e portugalidade. Siga.

Por estes dias, diz quem viu, que o antigo jogador e capitão do mesmo F.C. do Porto, Rodolfo Reis, disse num programa televisivo onde é paineleiro, que "tudo no Benfica lhe metia nojo". Isto é, não só o seu presidente Luis Filipe Vieira, suspeito de envolvimento em alguns crimes fiscais, como também, directores, técnicos, sócios e adeptos, mesmos aqueles de tenra idade. Até mesmo eu, simples adepto, daqueles que até quase nunca vê os jogos, meto nojo ao Rodolfo, como lhe metem nojo todos aqueles demais adeptos que nem o conhecem, dos de mais tenra idade aos mais velhos. Metemos-lhe nojo só por sermos adeptos de um outro clube que não o seu.

É triste, é lamentável, é mesmo doentio. E seria igualmente se fosse alguém do Benfica a ter esta postura pública para com qualquer outro clube. 

Mas, mesmo que não generalizando, há muitos que se orgulham desta "cultura à Porto", não aquela que faz do clube um grande clube e vencedor, que é, mas da cultura do desrespeito, da ofensa e do anti-desportivismo. Ora se isso é sinal de grandeza, estamos conversados. Por aí, será bom que todos os demais clubes, a começar pelo Benfica, sejam pequeninos.

Há coisas que se dizem, pedras que se atiram, que depois já não são esquecidas só porque a conselho de um  advogado manhoso se pretenda "virar o bico ao prego", ou depois de uma entrada de leão, uma saída de sendeiro.

Há pessoas assim, vulgares, ordinárias mesmo que tenham a realeza no nome. Não pode valer tudo, tanto mais quando se tem memória tão curta.

11 de junho de 2020

Foge, Mário!


A propósito da saída do Governo de Mário Centeno, ministro das Finanças, o primeiro-ministro António Costa contextualizou para justificar o abandono  que "...a vida é feita de ciclos e que por isso compreendia e respeitava a decisão do seu ministro".
Não deixa de ser verdade o que disse António Costa, mas esqueceu-se que na política e sobretudo num Governo, os ciclos são determinados por legislaturas e por compromissos assumidos para com o país e os eleitores. Ora definir o términus de um ciclo quando ainda não está decorrido um ano sobre a tomada de posse do actual executivo, convenhamos que assim os ciclos são quando cada um quiser e o compromisso é uma mera balela, sobretudo quanto não há motivos fortes e pessoais que o justifiquem bem como aparentemente também não de incompatibilidades políticas e de confiança até porque a saída foi anunciada com beijinhos e abraços entre Centeno e Costa.

Mas adiante. Certo é que este desfecho estava já anunciado pelas entrelinhas e sobretudo depois do disse-que-não disse sobre a injecção de milhões no Novo Banco.
Confesso que não tenho grande opinião técnica sobre o ministro em saída. Foi mais um.

Do apelidado "Ronaldo das Finanças", a percepção que eu, e muitos entendidos, têm de Mário Centeno, é que foi sobretudo o "ministro das cativações" e daí não surpreende que se vanglorie pelo tal excedente orçamental histórico. De resto falar num excedente orçamental soa a ridículo quando sabemos o valor da dívida pública. É como estarmos a fazer contas a poupanças ignorando a quem devemos. Mas, ok, linguagem técnica.

Neste contexto de cativações, em que vários sectores do Estado sofreram fortes impactos, como o SNS - Serviço Nacional de Saúde, faz-me lembrar uma história que por cá se conta sobre um certo rapazola, já reformado, que terá muitas economias, não porque tenha tido grandes empregos nem seja reformado da função pública ou de antigas edps, cps e telecoms, mas porque, simplesmente, fazia uma vida de forreta e de pendura. Dizem, até, que ainda terá guardada a nota de 500 escudos que terá recebido de prenda da comunhão solene. Ora este Centeno, de algum modo, mostrou ter estes dotes da poupança, no que é positivo, pois claro, poupar é preciso, mas não de uma forma quase obsessiva, retendo e cativando em quase todos os ministérios, inviabilizando e adiando obras e investimentos. 

Trazendo a coisa para o nosso contexto, é quase seguro dizer-se que o facto de o nosso Centro Social de S. Mamede de Guisande ainda não estar a funcionar plenamente devido à tal falta do acordo de cooperação com a Segurança Social resulta disso mesmo, de adiamento de anteriores decisões tomadas porque sem a disponibilidade de verbas, tudo porque o abaixamento do défice tornou-se uma obsessão para lá mesmo do tal limite dos 3%.

A meu ver, Mário Centeno sai precisamente num momento e num contexto em que o Governo e o país mais precisariam. É pena e de algum modo uma desilusão. Mas há quem prefira abandonar o barco  enquanto está calminho, antes da tempestade chegar ao cais.

Foge, Mário!

12 de janeiro de 2020

Comércio perdicional



É sabido que de um modo geral, salvo raras excepções e em localizações privilegiadas e/ou de impacto turístico, o nosso comércio tradicional tem andado pelas ruas da amargura. Mesmo que de quando em vez venham à praça autarcas e outros "especialistas"  a dar um ar de sua graça, numa espécie de "engana-me que eu gosto", a verdade é que as machadadas são mais que muitas, nomeadamente com a aprovação excessiva de superfícies comerciais, por vezes umas ao lado das outras. Claro que aí lá vem os artistas alvitrar que tal representa novas oportunidades e dinâmicas para o comércio tradicional local, mas obviamente que na generalidade dos casos é conversa para enganar lorpas.

Em todo o caso, e porque nem uma coisa terá a ver com outra, mas apenas para contextualizar as dificuldades de quem explora pequenos negócios, por estes dias soube, com pena e mesmo com tristeza, até porque cliente de há anos,  que acabou o serviço de venda de fruta ao domicilio pela Rosalina Neves, bem como o negócio a ela associado que mantinha na casa paterna, no lugar da Gândara, nomeadamente confecção de pão e doçaria, na minha opinião, de boa qualidade.

De algum modo, este era um negócio com raízes familiares de há longos anos, a que os Guisandenses se habituaram e tinham como seu património, e que por isso, face ao anúncio do seu término, não deixa de ser uma pena para quem de algum modo valoriza o que de bom a freguesia tem. Assim é uma "nossa instituição" que se perde.

Não prevendo o futuro, porque este a Deus pertence, desejamos à Rosalina boa sorte no que quer que venha a fazer. Afinal de contas, como diz o povo, na nossa vida por vezes fecha-se uma janela mas abre-se uma porta.

14 de novembro de 2019

José Cid - Grammy Latino



José Cid, recebeu nesta quarta-feira, 13 de Novembro, em Las Vegas - Estados Unidos, o Grammy Latino na categoria Lifetime Achievment, de excelência musical a favor da música latina.
Aos 77 anos o cantor e autor recebe um prémio de notoriedade e reconhecimento internacional, mesmo que já uma figura com méritos mundiais, mas sobretudo no nosso país onde é uma figura de topo no panorama musical, com uma longa, diversificada e riquíssima carreira.

É, óbviamente, um artista de qualidade indiscutível e pela parte que me toca, não sendo fã daqueles que lhe seguem os passos, sou admirador do seu acervo musical e da importância no contexto do panorama cultural e musical do nosso país.

Não deixo, por isso, de, conjuntamente com os elementos da Comissão de Festas do Viso (Carlos Santos e Vasco Monteiro) de ter tido a sorte e o mérito de o contratar e trazer à festa. Parece que foi ontem mas foi já em 2004. Naquela noite de segunda-feira, o arraial viu, ouviu e experienciou um dos  melhores espectáculos da nossa festa. Não tenho dúvidas que na qualidade musical e peso histórico do artista foi uma das figuras mais importantes que passaram em todo o tempo pelo palco da nossa Festa do Viso.

Para além desse mérito, todo o contexto de contratação e acompanhamento do artista e da sua banda, resultaram em momentos interessantes, desde logo no dia em que eu e o Carlos Santos fomos até à Bairrada, mais concretamente a Mogofores, de forma pessoal assinar o contrato, tendo sido recebidos no palacete onde vive. Era já noite, num Outubro. Depois de ter tratado dos seus cavalos - uma das suas paixões - lá nos recebeu informal e descontraidamente e ofereceu-nos um xerez que acompanhamos com uma fogaça que lhe levamos e que ali logo foi comida pois o artista  "estava com fome". Gostou!

Em todo o processo de contratação e depois no dia da actuação em Guisande, foi muito simples, de trato fácil, mas extremamente profissional, ficando ainda à sua responsabilidade o contrato com o então popular fadista Paulo Bragança, que também participou no espectáculo, bem como ainda os elementos da sua banda, incluindo o carismático Mike Sergeant, companheiro do artista desde cedo.

Parabéns, pois, ao José Cid por mais este reconhecimento da sua arte.

[foto: CM]

18 de outubro de 2019

Mané, um maná no deserto da riqueza


Quem vai acompanhando o futebol profissional mundial, sabe que Sadio Mané, senegalês de 27 anos, é uma das grandes figuras da equipa inglesa do Liverpool, vencedora da última Liga dos Campeões e actual líder isolada da Premier League.

Bastará isso para perceber que não sendo um Lionel Messi ou um Cristiano Ronaldo, ou outros que tais, é um profissional da bola pago a peso de ouro. Por isso têm corrido de forma viral pelas redes sociais e na imprensa, algumas das frases extraídas de uma entrevista que deu ao sítio nsemwoha.com, nomeadamente, em resposta à pergunta, porque ganhando tanto (diz-se que 680 mil euros mensais) levava uma vida modesta e sem exibição de luxos?

Respondeu: "...para que quero 10 Ferraris, 20 relógios com diamantes e dois aviões? Que faria isso pelo mundo? Eu passei fome, trabalhei no campo e sobrevivi a tempos difíceis, joguei descalço e não fui à escola. Hoje com o que ganho posso ajudar muita gente."

E continua: "...no meu país, Senegal, construí escolas, um campo de futebol, ofereço roupas e calçado, alimentos para pessoas em extrema pobreza. Dou ainda mensalmente 70 euros a todas as pessoas de uma região muito pobre do Senegal para contribuir para a sua economia familiar".

Como se percebe, ainda há muita gente que valoriza esta atitude e a realça, nem que seja de forma automática pelas redes sociais. Ou seja, as pessoas percebem o alcance desta postura de alguém que tendo origens na pobreza e tendo a felicidade de ascender a uma posição ou profissão muito bem paga a aproveita para de forma humilde e despojada ajudar quem mais precisa na sua terra, deixando para plano secundário os aspectos de uma vida de luxo e extravagância, tão característica das estrelas mundanas.

Ora se o Sadio Mané faz isso e tem essa consciência humanista, leva-nos a pensar que com muito mais condições, porque infinitamente mais ricos, poderiam também fazê-lo figuras como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, entre muitas outras tanto no mundo do desporto como do espectáculo, etc. Mas mesmo com boas vontades como as do Mané e de muitos outros, a verdade é que a extrema pobreza existe porque em contra-ponto existe a extrema riqueza. Esta de poucos se comparada com aquela, de muitos mais.

É claro que esporadicamente vai-se noticiando que figuras como Messi e Ronaldo, apesar da sua ganância que os leva a fugir ao pagamento de impostos e daí condenados, têm ajudado muitas pessoas e contribuído para organizações, muitas vezes de forma anónima. Claro que têm todo o direito elegitimidade a ter uma vida compatível com o que ganham, por isso de luxo e milionária, mas, mesmo assim, e no caso de Ronaldo, tomado como mero exemplo e porque com luxos e extravagâncias mais divulgadas e mesmo ostentadas, afigura-se-nos como imoral que alguém tenha tanto e de forma tão extravagante e desnecessária, imensamente acima do que precisa para ele e para os seus mesmo que num padrão de muito alta qualidade de vida, pelo que apetece perguntar: No que daria para ajudar pessoas e instituições, um dos seus muitos carros, um dos seus iates, um dos seus muitos relógios de ouro e diamantes, uma das suas muitas casas?

Mas, em tudo isto, e aparte o mero exemplo de alguém apenas porque  é conhecido à escala global, não são culpados nem de longe nem de perto, todos os Cristiano Ronaldos e Messis deste mundo, nem muitos outros bilionários, nem têm eles por si só obrigação de o salvar, mesmo que pudessem (para além do que darão), dar imensamente mais a pessoas e a entidades que zelam pelas pessoas.
A verdadeira culpa é de toda a sociedade, como um todo, que ajuda e permite que indústrias como o desporto, de modo particular o futebol, o espectáculo, o entretenimento, etc,  paguem estas imorais exorbitâncias, como 100 ou 220 milhões por um futebolista (que dizem que custou Neymar ao Paris Saint Germain), acrescidos de ordenados de milhões anuais, e muito, muito mais.

Em resumo, nesta sociedade capitalista e consumidora reside em muito a justificação para que 1% da população detenha 80% da riqueza mundial. Esta é que é a imoralidade e para ela, em muito, contribuímos porque vamos todos contentes pagar bilhete para ver uns artistas pagos a peso de ouro dar uns pontapés na bola, pagar bilhete para ver uma banda ou um artista musical que está na onda, mas em muitas mais opções meramente consumistas que ajudam a alimentar grandes lucros de grandes indústrias, mesmo a desportiva.

Mas é o que temos e estes exemplos como os de Sadio Mané, são mesmo lenitivos que fazendo a diferença para quem os recebe, sem dúvida, mas que se mostram insignificantes na escala do que é necessário para que pelo menos se erradique a extrema pobreza.

Mas Sadio Mané dá um exemplo a seguir a todos os que como ele ganham milhões, que podem ajudar de forma decisiva muita gente, apenas a troco de prescindir de alguns excessos. O excesso aqui deveria ser apenas o de bondade e humanismo. Tão só.

3 de outubro de 2019

Ilustrando...António Topa - PSD



Ilustrando...Rui Rio, presidente do PSD


Dr. Rui Rio, político, presidente do PSD.

Retrato em técnica digital vectorial.

Freitas do Amaral


Faleceu Freitas do Amaral. 

Figura mias do que conhecida e que dispensa apresentações. Com a sua morte, como disse o presidente da república Marcelo Rebelo de Sousa na mensagem de condolências, "... desaparece o último dos "pais" fundadores do nosso regime democrático, depois de Francisco Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Mário Soares, cada um a seu modo".

Não sei se será tanto assim, já que é restringir demasiado o leque de tanta gente que lutou e contribuiu para a democracia, e no caso de Álvaro Cunhal era bem conhecido o seu conceito de "democracia", mas de facto desaparece do mundo dos vivos uma das mais importantes figuras da nossa política do pós 25 de Abril de 1974.

Apesar de alguns "tropeções ideológicos", a propósito do seu último livro  "Mais 35 anos de democracia - um percurso singular", que abrange o período entre 1982 e 2017, editado pela Bertrand, recordou o seu "percurso singular" de intervenção política, afirmando que acentuou valores ora de direita ora de esquerda, face às conjunturas, mas sempre "no quadro amplo" da democracia-cristã.

Infelizmente actual classe política, na generalidade, já nada tem a ver com a massa e tarimba de que foram feitos políticos como do Prof. Diogo Freitas do Amaral. Mas ele foi o seu tempo e as suas circunstâncias.

Paz à sua alma!