2 de outubro de 2019
16 de setembro de 2019
S. Cipriano
Na realidade existem várias versões de um livro conhecido pelo "Livro de S. Cipriano) mas trata-se de um grimório, ou seja, uma coletânea de meros rituais e supostos encantamentos mágicos, que, segundo diversas lendas nunca confirmadas documentalmente teriam supostamente sido escritos por Cipriano de Antioquia antes da sua conversão ao cristianismo. De resto, as referências a esse livro só surgem apenas no século XIX, por isso centenas de anos depois da da data atribuída à morte de Cipriano de Antioquia, que também viveu no século III.
1 de setembro de 2019
Por terras de Santiago
8 de maio de 2019
Prof.ª Maria Eugénia Ferreira da Silva Vieira
2 de abril de 2019
Pe. Joaquim de Oliveira Pinto
Joaquim de Oliveira Pinto, filho de António Caetano Pinto e de Maria Joaquina de Oliveira, nasceu no lugar de Fornos, freguesia de Guisande, concelho de Santa Maria da Feira em 06 de Junho de 1894.
Neto paterno de Manuel Caetano Pinto e de Joaquina Maria de Jesus, do lugar de Casaldaça e neto materno de Manuel de Oliveira e Ana Joaquina, do lugar do Reguengo.
Foi baptizado na igreja matriz de Guisande em 09 de Julho de 1984 pelo então pároco António Domingues da Conceição (1), tendo como padrinhos Alberto Caetano Pinto e Amélia Maria de Oliveira.
Joaquim de Oliveira Pinto, recebeu a ordem de presbítero, em 22 de Julho de 1917.
Foi pároco de S. André de Gião, concelho de Santa Maria da Feira, onde ali tem um busto no topo nascente da antiga igreja matriz, uma homenagem dos seus paroquianos.
Faleceu com 87 anos de idade em 23 de Outubro de 1981. Está sepultado no Cemitério Paroquial de Guisande.
(1) -António Domingues da Conceição, natural de Caldas de S. Jorge, ordenou-se em 21 de Setembro de 1850 e foi colado, em Guisande, a 21 de Dezembro de 1877. Gravemente enfermo, retirou para S. Jorge, em 1904, e faleceu em 19 de Novembro de 1906.
Extracto da certidão de baptismo do Pe. Joaquim de Oliveira Pinto.
16 de fevereiro de 2019
Quando a dignidade vale a luta
Não duvido que tinha muitos adversários, alvos das suas lutas, alguns que agora certamente, deduzo, se apresentaram de gravata e semblante pesado nas cerimónias fúnebres, mas é justo que lhe seja reconhecida a nobreza e dignidade das suas variadas intervenções, mesmo nas mais inflamadas. Tivesse, Caldas de S. Jorge, Guisande ou outra terra qualquer, mais Pintos da Silva.
6 de fevereiro de 2019
Você não tem um pingo de vergonha....
O português comum, que ganha o ordenado mínimo e cumpre as suas obrigações, porque o Fisco é impiedoso, forte com os fracos e fraco com os fortes, esse não tem condecoração nem é falado.
3 de novembro de 2018
Figuras guisandenses - José de Pinho
Aqui nesta minha casa digital, já falamos de algumas importantes figuras, desde logo o Pe. Francisco Gomes de Oliveira, como também o Cónego António Ferreira Pinto, Pe. Agostinho da Silva e o Pe. José Pereira de Oliveira. Todavia, muitas outras figuras guisandenses, do passado e do presente, mereciam ser aqui lembradas, mesmo que os seus feitos não fossem os ligados às letras, artes e ciências, como atrás se disse. Mas, quem sabe, aos poucos vá preenchendo a caderneta.
Neste pensamento e vontade, recordo que pelo início dos anos 90 o jornal "O Mês de Guisande" procurou saber um pouco mais de outras figuras e a algumas fez entrevistas onde se ficou a saber um pouco mais das suas histórias e estórias, nomeadamente dos já falecidos Joaquim Dias, o "Pisco", Belmiro da Conceição Henriques, a Ti Clara e Ti Ana Alves. Deles já só resta a saudade mas através dessas páginas ficaram gravadas memórias que têm o mesmo valor que livros e diplomas.
Neste enredo todo, e tendo vós já visto as imagens acima, muitos, os mais velhos, terão já reconhecido a figura do Sr. José Pinho, morador que foi no lugar da Gândara, vizinho da Casa Neves, no gaveto do velho caminho para o Santo Ovídeo.
Para os mais novos, menos dados a estas coisas de outros tempos, o que é normal, podemos referenciar que era o avô da Marisa Pinho e por conseguinte pai do Sr. Ramiro Pinho, que desde há anos habita no lugar do Casal, na freguesia de Gião, onde tem um escritório de contabilidade.
José de Pinho nasceu em 28 de Agosto de 1912 e faleceu com quase 82 anos em 26 de Março de 1994. Do que conheço e me lembro, era irmão do também conhecido e carismático Miguel de Pinho (cabo cantoneiro) que viveu longos anos próximo da ponte da Lavandeira e da também conhecida Miquelina Pinho que viveu em Casaldaça. Como filhos, do meu conhecimento, deixou o Ramiro (a viver em Gião) e a Fernanda (creio que a viver por Vila Maior).
Já quanto ao recorte de uma primeira página do jornal semanário "O Correio da Feira", datado de 11 de Agosto de 1978, digamos que é ele o acender do rastilho para esta simples evocação ou memória que pretendo fazer sobre o Sr. José de Pinho. Como poderão observar, o tal recorte ainda tem colada a vinheta da assinatura do jornal. De facto José de Pinho foi durante vários anos assinante deste centenário e histórico jornal feirense, o qual ainda se publica. Não eram muitos os assinantes em Guisande, mas ele era um deles.
Do uso deste jornal, vem precisamente a minha primeira memória sobre o Sr. José Pinho. Era eu ainda criança e sempre que ia à Missa ou ao Terço, lá estava ele, na sua figura imponente, pois era homem de porte avantajado, com uma altura muito próxima dos 1,90 m, e nos momentos em que as regras pediam aos fieis para se ajoelharem, ele sacava do bolso do casaco um exemplar do jornal "O Correio da Feira", dobrado em quatro partes e o pousava no soalho da igreja para nele assentar os joelhos. Não que fosse grande almofada o jornal, mas porque impedia de sujar as calças. Era assim naqueles tempos e esse gesto era muito frequente. Alguns homens tinham um lenço só para esse propósito, mas de todos apenas me lembro de ser feito com um jornal por esse morador da Gândara. Ora como era assinante, todas as semanas lá recebia um novo exemplar que certamente guardava no bolso para ler e reler e usar como tapete nas suas devotas genuflexões, fosse na missa à consagração fosse no terço ou adoração ao laudate.
José de Pinho, que se conste não era doutorado, mas era notoriamente um homem culto e de letras. De resto, sempre ouvi apregoar que "quem lê jornais, sabe mais". Para além do referido jornal "O Correio da Feira", era simultaneamente assinante de outros títulos da imprensa escrita, como o "O Comércio do Porto", o "Tempo" e ainda o nosso jornal mensal "O Mês de Guisande", do qual sempre foi um carinhoso assinante. Por inúmeras vezes, quando eu ali ia distribuir o jornal, antes do correio o fazer, ficava largos minutos á conversa com este "doutor" da Gândara. Creio que quem o bem conheceu e com ele conversou não lhe recusará este estatuto.
Por conseguinte, pela amostra dos jornais que assinava e por conseguinte lia com regularidade, notoriamente era um homem bem formado e informado das actualidades, não só do concelho como do país, nomeadamente nesses tempos tão conturbados dos anos 70, politicamente muito marcantes no período pós 25 de Abril de 1974.
De José de Pinho sabe-se que era uma pessoa muito conservadora, homem de ideologia de direita, de resto a justificar a sua relação com o CDS de Freitas do Amaral e Adriano Moreira, que sempre foi apoiante convicto. Não surpreende, pois, que tenha sido assinante do jornal semanário "Tempo", um órgão informativo conotado com a direita. Não se sabe até que ano José de Pinho foi assinante deste jornal marcadamente político, mas eventualmente apenas até finais da década de 1980. De resto os anos 80 foram bem mais calmos e a jovem democracia portuguesa aos poucos ia ficando estabilizada. Talvez por isso e por algumas convulsões internas entre redacção e administração, o "Tempo" terminou o seu tempo e sua missão findou no final do ano de 1990. Todavia, foi marcante e vários jornais retomaram muito das suas orientações, tanto gráficas como de abordagem jornalística.
Ainda quanto ao semanário "Tempo" designado de "liberal e independente", para o contextualizar na figura e personalidade do seu assinante Nº 1881, José de Pinho, este jornal foi fundado em 29 de Maio de 1975 por Nuno Rocha (Porto, 13 de Fevereiro de 1933- Cascais, 5 de Julho de 2016). Este jornalista, que alguém caracterizava como cosmopolita, passou antes por títulos como o "Primeiro de Janeiro", "Diário Ilustrado", "Diário de Lisboa" e "Diário Popular". Considerado controverso e conservador, implementou um estilo no jornal que depois Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso levariam para "O Independente".
Por tentar fundar o "Tempo" Nuno Rocha foi preso a 13 de Abril de 1975, em casa, por membros do COPCON (Comando Operacional do Continente), ficando detido durante 17 horas em Caxias. Este facto não deixa de ser significativo pois mesmo depois da revolução, continuou a haver actos persecutórios criticados ao antigo regime recém derrubado, nomeadamente privação do exercício da liberdade, incluindo a de imprensa e prisão por motivos políticos. No fundo, era fruta da época e para além dos fascistas de direita havia os de esquerda. Coisas e singularidades.
Em 1976, em pleno "Verão Quente", o semanário chegou a vender mais de 100 mil exemplares. Paulo Portas, conhecido político, estreou-se nele como cronista e mais tarde veio a fundar o jornal "O Independente".
Como já referi, o"Tempo" era assumidamente de centro-direita e surgiu então para contrariar a tendência de esquerda dos jornais da época que dominava a imprensa portuguesa. Os articulistas do semanário "Tempo" escreviam e davam conta das preocupações perante o rumo que Portugal levava, durante o PREC e na sua aventura que indiciava resultados catastróficos para o país. Pressentia-se que o país saíra de uma ditadura de direita e que se encaminhava para uma de esquerda, traindo o que diziam ser a gênese da revolução de Abril de 74.
O "Tempo" era assim uma contra-corrente e talvez por cá José de Pinho encontrasse nele e nas suas posições editoriais uma linha de pensamento ideológico que entendia ser a melhor para o rumo do país e daí o tronar-se assinante.
Naturalmente que para além desta faceta de homem de leituras, há muitos outros episódios ligados à figura e personalidade de José de Pinho, mas creio que para além deles, e outros terão melhores testemunhos, por mim quero simplesmente realçar um aspecto que ressaltava, o seu lado de homem culto, que lia muito e procurava estar fundamentado e informado das suas ideias e ideais. Por mim, é essa a memória que guardarei desse homem e dessa figura guisandense.
2 de novembro de 2018
Biblioteca Abade de Pigeiros
24 de outubro de 2018
Biblioteca Abade de Pigeiros
Nota à margem: Sobre o assunto do projecto e seu propósito, escreveu o Sr. Pinto da Silva, das Caldas de S. Jorge, em Maio de 2016 um artigo em que põe o dedo na ferida de alguns aspectos do processo inerente à criação da biblioteca e a sua mudança para o actual espaço. No fundo, feridas que ainda parecem doer e que fazem gemer alguns dos intervenientes e daí a polémica. Resta saber se após a cerimónia da inauguração essas feridas vão sarar e cicatrizar).
16h00 – Missa Paroquial em memória do Padre Domingos Moreira;
17h10 – Romagem ao cemitério e aposição de flores no jazigo do Padre Domingos Moreira;
17h20 – Momento musical com o Ensemble da Banda Sinfónica de Jovens de Santa Maria da Feira;
17h50 – Sessão inaugural;
18h15 – Visita guiada à biblioteca.
Testamento do Pe. Domingos Azevedo Moreira (transcrito do blog das Caldas de S. Jorge, )
27 de setembro de 2018
The Best - Ora bolas
19 de setembro de 2018
José Coelho, que também é Gomes de Almeida
Quem não conhece o Zé Coelho? Pois bem, está hoje de parabéns. 92 anos feitos, porque quis o destino que nascesse no dia 19 de Setembro de 1926. Será já dos homens mais velhos da freguesia de Guisande.
Nasci no ano de 1926
No dia 19 de Setembro.
Aqui conto minhas histórias,
De todas elas eu me lembro.
Minha terra é Guisande,
De Santa Maria da Feira,
Meu amor por ela é grande,
Será assim a vida inteira.
Com sete anos de idade
Comecei a ir para a escola,
E desde aí fui crescendo
Ganhando juízo na tola.
É para as queridas crianças
Que vou contar a minha história,
Recordar meus velhos tempos
Que tenho gravados na memória.
Eram tempos bem difíceis
Diferentes do que tendes agora,
Para a escola ia-mos a pé
E a pé vínhamos embora.
Não havia autocarros
Nem estradas alcatroadas,
Caminhávamos só por quelhas
Velhas, sujas e apertadas.
Só existiam três carros
Aqui, na minha freguesia,
Hoje há casas com dois e três,
O que não falta é burguesia.
Findado o tempo de escola
Logo comecei a trabalhar,
Mas procurando novos rumos
A África fui parar.
Foi em Outubro de 1954
Que para Angola emigrei,
Das dificuldades desse tempo
Vou contar-vos o que passei.
Foi Angola a escolhida,
Por ter língua igual,
Assim aprendi na escola,
Angola também era Portugal.
Passei por grandes dificuldades,
Algumas delas vou contar,
Pois não arranjava trabalho
E o dinheiro estava a acabar.
Só ao fim de alguns meses
Consegui o primeiro emprego,
Ali trabalhei vários anos
Com vontade, força e apego.
Era uma fábrica de cerveja,
E Cuca se chamava,
Bebida loura e fresquinha,
A muitos a sede matava.
Assim fui vencendo na vida
E muita coisa melhorou,
Mas foram tempos difíceis,
Comi o pão que o “diabo amassou”.
Durante o dia trabalhava
Só à noite fazia a comida,
Que guardava para o outro dia.
Assim era a minha vida.
Até a pobre roupa
Era eu quem lavava,
Como o clima era quente
Pela noite ela secava.
Assim trabalhei oito anos
Com amor e dedicação,
Mas ao fim desse tempo
Sofri nova desilusão.
Comecei de novo a sofrer
E a perder já a ilusão,
Pois em Angola rebentara
A chamada revolução.
Dez anos tinham passado,
A Portugal tive de voltar.
Angola estava em guerra
E era perigoso lá continuar.
Em Portugal passei dois anos
Sempre na vida a lutar,
Mas com saudades de África
Desejava regressar.
Foi para a África de Sul
Que desta vez emigrei,
E assim com outra história,
Vou contar-vos o que passei.
Facilmente arranjei trabalho,
Era coisa que lá não faltava,
Mas tinha outro problema
Era o inglês que não falava.
Todo o dia trabalhava
Mas à noite ia para a escola
Aprender a língua inglesa
E encaixá-la bem na tola.
Até para ir ao mercado
Comprar o que precisava,
Como não sabia falar inglês
Nem o dinheiro contava.
Assim fui aprendendo
Mas tudo um pouco custou,
É para vós saberdes, meninos,
O que o emigrante passou.
Trabalhando e estudando
Muita coisa aprendi,
Hoje, com meus oitenta anos,
Estou feliz por chegar aqui.
Meus dois filhos estão na África
E eu por cá, vivo sozinho.
É triste a solidão,
Mas Portugal é que é meu ninho.
Hoje tenho meus pensamentos
Em África e em Portugal,
Mas Portugal é minha terra,
9 de setembro de 2018
Barbearia Central ao Domingo
12 de agosto de 2018
Barbearia Central - Contra os canhões, escanhoar
11 de maio de 2018
Pe. Francisco - 20 anos de saudade
21 de março de 2018
Coisas da bola
7 de novembro de 2017
Livro de apontamentos sobre o Padre Francisco Gomes de Oliveira
A ver vamos se será possível essa concretização com a brevidade possível.
31 de agosto de 2017
Historiando - A lápide da sepultura do Padre Manuel Carvalho
Apesar de o assunto já ter sido pegado por alguém num passado recente, nomeadamente pelo Sr. Mário Baptista, honra lhe seja feita, certo é que nunca se chegou ao apuramento da verdade quanto ao destino ou paradeiro da lápide. Foi, obviamente uma irresponsabilidade de várias pessoas, mesmo que por negligência involuntária, mas seguramente uma enorme falta de sensibilidade pelas coisas da nossa história e memória colectiva mesmo que na forma de uma pedra. Infelizmente para muitos as pedras são isso mesmo, pedras ou calhaus, mesmo que nos contem histórias, recordem factos, nos lembrem ou evoquem pessoas.
Américo Almeida
26 de agosto de 2017
Professor Joaquim Ferreira Pinto e outras histórias
Esta escola integrava os rapazes da freguesia, no entanto não extensível à sua totalidade uma vez que então a frequência não era obrigatória e iriam apenas os filhos de gente mais abastada ou pelo menos mais receptiva a dispensar a mão-de-obra tão importante quanto necessária na lide da casa e dos campos.
Tenho indicação que já por essa altura a frequentaram o meu falecido pai (António Gomes de Almeida), nascido em 1917 e o meu tio Neca (Manuel Joaquim Gomes de Almeida), ainda vivo, com quase 94 anos de idade, que ainda relata as memórias desse tempo e de modo particular o seu tempo de escola. Segundo esses mesmos relatos na primeira pessoa, a escola era composta por uma única e ampla sala na qual o professor Joaquim leccionava em simultâneo as quatro classes. O número de rapazes terá chegado aos 80, por isso uma média de 20 por classe. O horário seria das 08:00 horas às 14:30 horas, sem intervalo para almoço e não raras vezes, por castigo, era suprimida a hora de recreio. Para além deste horário exigente, os alunos que estavam em vias de realizar o exame da quarta classe tinham ainda umas horas adicionais no resto da tarde.
Ainda segundo as memórias do meu tio Neca, o professor Joaquim, era extremamente exigente e mesmo muito severo nos castigos e na disciplina que fazia cumprir a reguadas, canadas e até a "biqueiradas e palmadas". Seria o "terror" dos alunos. Não espanta, pois, que muitos dos rapazes simulassem dores de barriga, vómitos (forçados com dedos enfiados pela goela abaixo) e dores de cabeça, para de algum modo, com o seu ar de doentes e abatidos sensibilizarem os pais (sobretudo as mães) e poderem escapar a umas aulas. A severidade dos regentes/professores desses tempos era quase uma regra. Para o bem e para o mal, as coisas inverteram-se e em poucos anos passamos do 8 ao 80 e por agora a tônica é o desrespeito e mesmo abusos dos alunos para com os professores.
Outra nota curiosa, este posto escolar no lugar do Viso terá sido posteriormente deslocado (cerca de 150 metros para sul) para o lugar das Quintães, passando a funcionar no edifício actualmente pertencente ao Sr. Rogério Neves, próximo da Casa do Santiago e na altura de propriedade do sogro do Sr. Rogério, precisamente o referido presidente da Junta de então, o Sr. José Gomes Leite.
Um ano depois, em 1937, a mesma Junta de Freguesia, por acta datada de 27 de Março de 1938, faz referência à intenção de abrir um segundo posto escolar para raparigas, a sediar no lugar da Leira e a abranger alunos dos lugares não referidos na acta de 1936 (sendo que por curiosidade não são mencionados os lugares da Igreja e Viso, que viriam precisamente anos depois a ser a sede das duas escolas primárias). Convém referir que por essas alturas os acessos entre os diferentes lugares da freguesia eram poucos e fracos, essencialmente por caminhos, e por isso, sobretudo em tempos de chuva, ir de uma ponta da freguesia à outra era um autêntico cabo dos trabalhos. Não espantaria que para se ir de Estôze ao Reguengo ou vice-versa fosse coisa para demorar uma hora por mau caminho, com covas e lama. Por outro lado, as raparigas eram seguramente mais que as mães pelo que a justificação de dois postos assentaria numa necessidade geográfica mas também de lotação.
Estas situações de postos escolares em edifícios particulares e de carácter provisório e certamente que por isso não vocacionados ou preparados condignamente para o ensino, terão sido resolvidas com a construção da Escola Primária do Viso, com duas salas, uma para rapazes e outra para raparigas, como dissemos, no ano de 1949. A partir daí, com uma construção de raiz e com carácter público, terá ficado centralizado na Escola do Viso todo o ensino primário na nossa freguesia de Guisande. Apenas vinte anos depois, em 1969, a freguesia sentiu necessidade de edificar um novo edifício, com a construção da Escola Primária da Igreja. Estas duas escolas funcionaram em simultâneo durante pelo menos 40 anos. Infelizmente, com as políticas de centralização dos serviços do ensino primário a par da nítida baixa de natalidade, tornou-se inevitável o encerramento da actividade escolar primária na nossa freguesia (de que é excepção o Jardim de Infância de Fornos e mesmo assim com algumas crianças de fora da freguesia) e por conseguinte do encerramento dos respectivos edifícios escolares. Do mal o menos, ainda continuam de propriedade pública e por isso ou já integrados ou a integrar em actividades sócio-culturais da nossa freguesia.